Havia uma certa lista de cinco coisas que Levi poderia fazer durante horas e horas, continuamente, e nunca se cansaria. Essas coisas eram: limpar, escrever, pintar, tocar piano, e acima de tudo, escutar Eren tocar violão.
Eren costumava chamá-lo de "Clean Freak" devido às suas manias de limpeza, geralmente ele só mandava o pirralho ir à merda e continuava limpando o que quer que fosse.
Levi era um escritor de sucesso, bastante conhecido por escrever sobre dramas, paixões que deram errado, e todo tipo de tragédia. O que era extremamente irônico, já que Eren vivia lhe dizendo que o romance dos dois era perfeito, mas o menor nunca mudou seu modo de escrita de qualquer maneira. Ela era sua válvula de escape toda vez que imaginava um mundo sem Eren.
Levi também gostava de pintar, sempre que precisava relaxar, ele pegava uma tela, tintas, e pintava um novo mundo. Eren costuma dizer que Levi pinta sentimentos. Raiva, paixão, sofrimento, amor. Todos esses e muito mais. Levi costuma dizer que Eren é louco. O único sentimento que o menor consegui identificar em suas pinturas foi amor, em um retrato de Eren.
Quando precisava extravasar, Levi tocava piano. Eram melodias tristes, cheias de agonia. Nesses dias, Eren sentava perto de si ao lado do piano e deitava a cabeça em seu ombro, dizendo que qualquer que fosse o problema, se resolveria. Levi apenas continuava tocando, deixando suas dores tomarem forma de notas.
Mas dentre todas as coisas que poderia fazer por horas e horas sem se cansar, a sua favorita era, sem dúvidas, escutar seu amor tocando violão. Era lei, todo final de tarde, o moreno se sentava em uma cadeira na varanda do seu apartamento e tocava por minutos ou horas. Levi não ficava ao seu lado nesses momentos muitas vezes, afinal estava bastante ocupado com o seu último livro que ainda precisava ser terminado e ajustado, porém do seu escritório conseguia escutar, todo santo dia, o harmonioso som que era o amor da sua vida dedilhando as cordas do violão.
Era algo tão etéreo que parecia intocável. De certa forma, lhe trazia paz, era revigorante escutar aquela melodia geralmente calma ecoar por toda a casa compartilhada dos dois. Era assim que Levi sabia que Eren era real, que ele estava ali, e que ele era seu.
Foi em um entardecer laranja de Novembro quando Levi decidiu se juntar a Eren nas suas dedilhadas diárias. O moreno se encontrava sentado com "perna de índio" sobre uma cadeira na varanda, seu inseparável violão em seu colo, sendo tocado suavemente. Uma mesa separava os dois amantes. Levi se encontrava encarando o pôr do sol enquanto bebia um chá quente. Apreciava a melodia de Aquarela, de Toquinho. Sua música brasileira preferida. Tanto sua quanto de Eren, na verdade. E agora o moreno dava vida à melodia tão conhecida. Nunca errava uma nota se quer, era impecável.
— Posso te fazer uma pergunta? — perguntou Eren de repente, não esperando o menor responder. — O que eu sou para você?
— Você é a minha inspiração. E um artista não é nada sem a sua inspiração.
Eren voltou à prestar atenção no violão, completamente satisfeito com a resposta.
— E o que eu sou para você? — dessa vez fora Levi quem perguntara.
— Você é minha melodia. E um músico não é nada sem a sua melodia.
O moreno disse quase que automaticamente, não que fosse algo falso, pelo contrário, era tão verdadeiro que reconheceria isso de longe.
— Eu tenho uma proposta para você. — falou o tocador de violão. — Eu serei para sempre sua inspiração, se você for para sempre minha melodia. O que acha? Parece bom?
Levi fechou seus olhos, sentindo os últimos raios solares lhe tocarem a face, bebeu mais um pouco de seu chá e colocou a xícara na mesa. Desviou sua atenção completamente para o instrumental de Aquarela que Eren tocava. Após uns segundos, respondeu tanto a pergunta do amado quanto descreveu aquele momento que ficaria para sempre em sua memória:
— Parece mais que perfeito.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.