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História Fix You - Capítulo 53


Escrita por: hxrricanne

Notas do Autor


olááááá, galerinha linda!!! como vão vocês? curtindo a vida adoidados? eu espero que sim
aaaaaaa eu to meio griapadex e amanhã acordo cedo pq tenho aula, então não vou ficar de lenga lenga pra poupar tempo pra mim que preciso dormir e pra vc que quer ler logo
se divirtam, bichanos!!!

Capítulo 53 - Capítulo 53


— Tem certeza? — perguntei, apreensivo.

Através do telefone, pude ouvir algo sendo digitado nas teclas do computador.

— Certeza, senhor. Nenhuma reserva no nome de Lauren Hunter.

Suspirei. 

— Tudo bem. Obrigado.

Encerrei a chamada e joguei o telefone na cama. Desanimado, encarei as anotações e recortes espalhados a minha volta no colchão, desejando que eles me trouxessem no mínimo uma pista útil. Lola subiu na minha cama e começou a farejar as folhas.

— Isso aí não é lugar pra você... — tirei a cadela de cima dos cadernos e a coloquei no meu colo.

Lola estava estranhando a minha casa. Desde aquele episódio no quarto de Lauren, quando me afoguei nas minhas memórias e cheguei a agarrar uma das suas blusas, percebi que realmente não conseguiria passar mais um segundo naquele apartamento na ausência dela. Por isso, precisei retornar ao meu lar — se é que ainda podia chamá-lo assim. A casa estava tão fria e mórbida que era como se eu nunca tivesse vivido ali. Durante as semanas que passei morando no apartamento de Lauren, facilmente me acostumei com os móveis coloridos, as cortinas estampadas, o cheiro de comida no ar e principalmente o perfume dela impregnado em cada canto. E agora que eu estava de volta à minha suposta residência, era como se eu nunca tivesse estado em um local tão desconhecido em toda a minha vida. E eu finalmente pude enxergar o buraco negro onde me enfurnara nos últimos anos.

— Espero que você goste daqui, garota — cocei a região atrás da orelha de Lola, a nova habitante da casa. — Também espero que a gente não tenha que ficar por muito tempo.

Novamente, olhei ao redor. Era hora e retomar meu foco.

Todas as pistas levavam ao Peru. Dentre as dezenas de países que estavam naquelas anotações — entre eles a Grécia, a Nova Zelândia e o País de Gales —, o Peru era o único que tinha informações listadas, e um círculo de marca texto ao seu redor fazia com que não restassem mais dúvidas sobre qual era o local escolhido por Lauren. Depois que vi de perto os cadernos tão cuidadosamente preenchidos, tive certeza que aquele era um trabalho exclusivo dela e nunca poderia ter sido forjado por alguém.

Com o peito pesado, passei o dedo pela caligrafia bonita dela, quase como se pudesse estar acariciando Lauren de verdade. Ao lado de uma foto do Peru recortada de um jornal, estavam escritos preços de passagens, hotéis e atrações turísticas, o que me fazia me perguntar qual era o intuito dela nessa viagem. Independente de qual fosse, só esperava que ela vivesse para poder cumpri-lo.

Novamente, fitei as anotações. De todos os hotéis listados, só faltava um para eu ligar, e, mesmo precisando lidar com a falta de esperanças graças a todas as outras ligações frustradas, sabia que não podia deixar nenhuma pista passar. E foi o que eu fiz. 

Arawi Lima Miraflores Hotel, buenas tardes. ¿Como puedo ayudarlo?

— Boa tarde. Você fala inglês? — questionei, pois sabia que meu espanhol era péssimo.

Solo un segundo.

O telefone foi passado para outra pessoa, e daquela vez quem assumiu a ligação foi uma mulher, falando em inglês:

— Boa tarde, senhor. Como posso ajudá-lo?

— Boa tarde. Gostaria de saber se há alguma reserva no nome de Lauren Hunter. 

— Ok, irei conferir. Aguarde um instante.

Novamente, sons de digitação surgiram na ligação e eu voltei a me sentir apreensivo. Uma resposta poderia mudar tudo.

— Sinto muito, senhor, mas não existe nenhuma reserva no nome de Lauren Hunter no sistema.

Contive um suspiro.

— Obrigado, de qualquer forma. 

— O senhor gostaria de fazer uma reserva? — a mulher tentou oferecer seus serviços.

Ponderei por alguns instantes. Sabia que existiam grandes chances de Lauren estar no Peru naquele momento, mas também existiam grandes chances de ela estar em qualquer outro lugar do mundo. Mesmo sem nenhuma confirmação, talvez fosse uma possibilidade me arriscar e ver com meus próprios olhos se ela estava lá ou não. Definitivamente não poderia deixar nenhuma pista passar.

— Ainda estou pensando em fazer uma viagem praí. Se eu decidir alguma coisa, ligo de novo e faço uma reserva.

— Tudo bem. Agradecemos a preferência.

Depois que a ligação terminou, peguei meu notebook e procurei no Google preços de passagens para o Peru. No entanto, antes que eu pudesse clicar em qualquer site, a notícia de que os aeroportos da Inglaterra estavam fechados por conta de uma nevasca chamou minha atenção.

— Merda... — resmunguei.

Abri a notícia. Dependendo de quando fosse, eu poderia ter minha resposta se Lauren tinha viajado ou não. 

"Aeroporto Lees Bradford ficou fechado durante o domingo (09) e a segunda (10) graças a forte nevasca que atingiu a região de West Yorkshire. Muitos voos foram cancelados por conta do mau tempo e ainda não há previsão para a reabertura."

Lauren tinha sumido no dia 8, sábado, durante o casamento de Mia — o que significava que ainda havia uma remota chance dela ter conseguido pegar um voo e sair do país sob o domínio dos sequestradores. 

Sentindo a tensão crescer cada vez mais, bati a tela do notebook e soltei o ar com força, prendendo meu cabelo entre os dedos e o puxando na intenção de descontar minha frustração. Talvez isso me fizesse voltar a pensar. Precisava voltar a ser racional e analisar tudo desde o princípio.

Ergui a cabeça quando me dei conta do pensamento. Desde o princípio. Era isso.

 

O caminho para fazenda tinha sido complicado, já que as estradas estavam cobertas de neve e os pneus derrapavam constantemente. Os céus tinham dado uma trégua, mas de noite nevara o suficiente para uma camada espessa de gelo cobrir tanto o asfalto quanto a vegetação.
Não entendia como eu tinha deixado de lado por tanto tempo uma parte tão importante da investigação. Fora na fazenda dos pais da Mia onde tudo aconteceu. No dia, eu tentara encontrar alguma coisa, mas acho que estava tão desesperado que não prestara atenção nos detalhes. E agora, com mais calma, eu poderia fazer isso. Como diziam: o criminoso sempre retorna ao local de crime. Se ele não tivesse de fato retornado, pelo menos alguma coisa, pela menor que fosse, teria deixado para trás.

Eu tinha avisado aos pais de Mia que iria dar uma passadinha na fazenda deles, e, depois de explicar o motivo, eles prontamente concordaram; por isso passei com facilidade pelos seguranças da portaria. Enquanto seguia pelo caminho entremeado por cercas brancas, observei que havia outro carro no estacionamento. Deve ser de algum funcionário, pensei, e por isso não me preocupei. Entretanto, quando cheguei mais perto, um detalhe importante me fez franzir o cenho: a placa do carro... era da Perrie. Que merda ela estava fazendo ali?

Curioso, estacionei a moto atrás de algumas árvores e observei os arredores tentando ver de onde ela iria sair. Logo, sua figura saiu de uma construção não muito grande, sendo acompanhada por alguns caras que pareciam trabalhar ali. Sua expressão era séria e Perrie parecia fazer perguntas, já que os sujeitos pensavam antes de falar e ela apenas assentia. 
Ao fim da conversa, Perrie os cumprimentou e observei seus passos até o carro. Ela estava visivelmente encucada. Depois de abrir a porta do automóvel, olhou em volta algumas vezes e me abaixei para fugir o máximo possível do seu campo de visão. Entrou, bateu a porta, deu partida e sumiu entre as ruelas da propriedade rural. 

Sem sua presença, saí da minha tocaia e deixei a moto no estacionamento. Eu estava ainda mais desconfiado que antes, e sabia, se quisesse sanar minha dúvida, a quem recorrer. Mas antes, precisava coletar informações sobre o dia do casamento.

Dei três batidas na porta da construção de onde eu tinha visto o movimento. Fui atendido por uma senhora que aparentava estar na casa dos sessenta e fui direito ao ponto:

— Será que podemos conversar?

A senhora parecia confusa, mas de qualquer forma concordou e abriu espaço para que eu passasse. Me conduziu a mais uma das salas com mobília rústica que tinham naquele lugar e me fez me sentar no enquanto preparava um chá e trazia biscoitos para mim, mesmo depois de muita negação da minha parte. 

Olhei para a mesa de centro na frente do sofá. A marca de batom na xícara e os farelos no prato mostravam que alguém estivera ali antes de mim, e claramente a pessoa era a Perrie. O que será que ela queria ali?

— Aqui, senhor. — a mulher retornou segurando uma bandeja de prata e deixou mais uma leva de chá com biscoitos, levando consigo a antiga e abrindo um sorriso amarelo. 

Aproveitei o lanche e aguardei seu retorno. Quando o fez, me encarou, esperando que eu abrisse a boca.

— Então — comecei depois de tomar um gole do chá e comer um dos biscoitos amanteigados. — A senhora estava aqui no dia do casamento da filha dos donos da propriedade?

— Sim, senhor. Foi um evento lindo — ela disse com um sorriso.

— De fato. Mas eu tenho algumas dúvidas sobre o dia. Será que poderia respondê-las?

— São sobre a menina que desapareceu?

Engoli em seco.

— Sim.

— O senhor é policial?

— Não. Só estou fazendo uma investigação própria.

Ela hesitou.

— Bom... Tudo bem. Pode perguntar.

— Se lembra se todos da lista de convidados compareceram? Quem estava checando?

— Éramos eu e meu filho, que fez parte da segurança. Pelo o que eu vi, sim, todos da lista compareceram. 

— A senhora se lembra se alguém que não estava na lista entrou?

— Não. Só entrou quem foi chamado.

— Certo. — pensei por alguns instantes. — E sobre os convidados? A senhora se lembra se algum deles teve algum comportamento estranho?

— Acho que não. Espera — ela se interrompeu. — Eu me lembro de dois homens... Não muito velhos, deviam estar na casa dos vinte ou trinta... Eles estavam muito tensos e completamente vestidos de preto.

Arregalei os olhos.

— Quais eram os nomes deles?

A mulher espremeu os olhos, se forçando a lembrar.

— Acho que eram Kevin e Thomas.

Apertei a alça da xícara, tenso. Só podiam ser eles.

— A senhora os viu de novo no decorrer do dia?

— Não. Eles simplesmente sumiram.

Eram eles. Eu tinha certeza. 

Os sequestradores.

— Quais são as chances disso estar relacionado com o desaparecimento? 

— Não sei. Talvez grandes. Eles me pareceram bem suspeitos. 

— Viu se a menina que sumiu falou com eles em qualquer momento?

— Desculpa. Mesmo se eu soubesse quem ela é, eu só fiquei na portaria.

Assenti, sério. 

— Quem cuida das câmeras de segurança?

— O Rodolf.

— Ele tá aqui? Será que pode chamá-lo?

— Claro. Só um momento.

Ela sumiu durante um tempo. De repente, eu tinha perdido a vontade de comer.

A senhora retornou com um homem barrigudo e careca. Nos cumprimentamos e a mulher explicou a situação para ele.

— Em que posso ajudá-lo? — Rodolf perguntou.

— O sistema de segurança da fazenda é forte? 

— Acredito que sim.

— Você estava gerenciando as câmeras no dia do casamento?

— Sim.

— Você saiu dali em algum momento?

— Em dia de evento as filmagens nunca podem ficar sozinhas. Ordens do patrão.

— Não teve nenhum momento, mesmo que rápido, que você tenha ficado sem supervisioná-las?

— Bom... Teve uma hora que um cara bateu à porta e começou um papo sem noção. Acho que ele estava querendo me enrolar, mas pra que eu não sei.

— Ele se identificou?

— Não.

— Mas você se lembra quais eram as roupas dele?

— Ele estava vestido de preto.

Troquei um olhar com a senhora. As coisas estavam começando a se encaixar.

— Você conversaram por tempo suficiente pra alguém entrar na cabine e mexer nas câmeras?

— Impossível alguém ter feito isso. Ninguém passa pelo meu olhar. Por quer saber? — Rodolf pareceu ofendido.

— Porque eu conferi algumas filmagens e vi uma montagem em uma delas. E como eu sei que o senhor não faria uma coisa dessas, só pode ter sido outra pessoa.

— Só se foi em outro dia, porque enquanto eu estava ali nada passou por mim.

Assenti apenas para deixar o cara satisfeito. Não tinha saco para discutir, mesmo que começasse a ter noção de como as coisas aconteceram.

— Acho que por enquanto é só. Obrigado. Só tenho mais uma pergunta: tinha alguma garota aqui antes de mim?

— Como o senhor sabe? — a mulher perguntou.

— O que ela queria?

— Ela fez algumas perguntas parecidas com as suas. 

Franzi o cenho. 

— Como assim?

— Ela chegou aqui com esse mesmo ar misterioso e cheia de perguntas, exatamente como você. — a senhora disse com uma expressão confusa no rosto. — Até pensei que fosse uma policial.

Cocei a barba, tentando raciocinar. Qual era a porra do propósito de Perrie? É claro que quando a vi entrando lá, já desconfiava de quais eram suas intenções. Coisa boa não viria dali; mas também não fazia ideia de que ela tivesse o mesmo interesse que eu. 

Agora eu tinha mais um problema, e Perrie Edwards era o nome dele. 

 

Lauren's P.O.V (Point of View)

 

Acordei sentindo a boca seca. Cocei os olhos e pisquei algumas vezes para ajustar a visão, e logo uma sensação fria e úmida no meu pescoço me fez estranhar. Passando a mão pela região, constatei que minha blusa estava encharcada do que parecia ser suor. A noite fora fria, e eu sabia disso pela quantidade de vezes em que acordei por não conseguir suportar o barulho dos meus dentes batendo e os calafrios percorrendo meu corpo. Então, se eu estava suada, era sinal de que a febre tinha passado — ou o que quer que estivesse contido naquele xarope medíocre que Molly me forçara a tomar tinha feito meu corpo borbulhar.

E foi então que percebi algo de errado além do suador repentino. Ainda sonolenta, encarei meu tronco e gelei quando percebi dois braços me circundado. Com o coração acelerado, olhei para frente e percebi que Molly já não estava mais no cantinho onde adormecera na noite anterior. Olhei para a minha barriga, onde duas mãos estavam pousadas — com unhas cobertas de esmalte preto descascando — e uma delas segurava firmemente uma arma, e concluí que só havia uma pessoa no mundo que poderia estar me envolvendo tão assustadoramente. 

Podia sentir seu peito subindo e descendo na minha nuca. Ficar tão perto dela me dava nojo, mas sabia que qualquer movimento brusco poderia despertá-la, e era perigoso demais acordar uma pessoa que estava com o dedo enroscado no gatilho de uma pistola. 

Cada vez que eu dormia, torcia para acordar e perceber que tudo não se passava de um sonho. A passagem dos dias me deixava cada vez menos esperançosa e sentindo que cada vez mais se aproximava o dia em que eu não seria mais útil para Molly. E, quando isso acontecesse, sabia que bastariam segundos para que eu fosse eliminada sem dó nem piedade e toda essa ansiedade acabasse de vez. Eu convivia com a morte a alguns passos de distância — naquele momento, bem atrás de mim — e não havia para onde fugir.

Eu me culpava por tudo aquilo estar acontecendo. Eu tinha sido avisada. Tinha recebido mensagens durante os últimos meses e até mesmo sido ameaçada. E, mesmo assim, mesmo que estivesse com medo de até aonde aquilo iria e imaginasse com que tipo de gente estava lidando, nunca me preparei para o pior, e agora ele estava acontecendo. 

Tinha tido muito tempo para pensar nos acontecimentos dos dias anteriores. Todas as palavras de Molly ainda não tinham sido suficientemente digeridas e, ainda que eu já conhecesse aquela história, nunca poderia imaginar que havia um lado tão sombrio de algo já tão macabro. 

Eu não fazia ideia de que a relação de Molly com Brian era tão forte a ponto de ela tramar uma vingança tão fria e dolorosa. Não fazia ideia de que a máfia de que Zayn fizera parte tinha proporções tão grandes. Não fazia ideia da vida que a minha vizinha levou por anos. Não fazia ideia de que eu tinha sido um exemplo para alguém.

Quer dizer... Eu sabia que Molly era uma adolescente diferente. Seus anos de rebeldia eram a maior prova disso. Mas os Campbell sempre pareceram uma família tão unida. Viviam na casa dos meus pais e sempre faziam churrasco juntos. Quantas pessoas sequer desconfiavam do caos que se passava dentro da casa deles?

O fato de que eu passara minha vida inteira perto da confusão onde hoje eu estava era intrigante. A única coisa que me separava de Molly era um muro. Todos os dias nos víamos na escola. Brian, o estopim de todo o problema, estava algumas turmas a frente de mim, e Zayn provavelmente também, além de Amy e todas as pessoas que atualmente eram meus amigos. Não me lembrava de nenhum deles, e provavelmente cruzávamos uns com o outros nos corredores sem saber o que o destino nos reservava. 

Mesmo que muitas revelações sérias tivessem me sido feitas, havia uma em específico que ainda me deixava chocada. Meu contato com Molly oscilara o tempo todo. Éramos muito próximas na infância, mas nos afastamos quando Molly se tornou quem era hoje — provavelmente quando começou a se envolver com a máfia — e logo sumiu da cidade. Depois de alguns anos, fui reencontrá-la no trabalho, mas nossa relação nunca mais foi como antes. Sentia como se ela tivesse um ódio mútuo por mim. Em que parte de toda essa trajetória ela sentira qualquer atração por mim?

Segundo ela, eu havia sido seu primeiro amor de infância. A ideia me assustava, mas me deixava confusa. Éramos pequenas demais para ter noção do que era sexualidade, e depois de não muito tempo Molly começou a agir como se eu fosse um ser desprezível. Como ela poderia ter nutrido algum sentimento por mim me odiando tanto pelas comparações imbecis que seus pais faziam?

Era perceptível que a saúde mental de Molly não era das melhores. Ela alternava entre ser uma mente diabólica e uma mulher com o coração quebrado. Enquanto tinha horas em que ela me espancava por prazer, em instantes ela caía em lágrimas e agia como não fosse nada mais que uma criança sozinha que tivera tudo arrancado de si. Mesmo com toda a repugnância que eu tinha por ela, mesmo com todo o mal que ela fazia a mim e a quem eu amava, uma parte de mim entendia seu lado. Nas vezes em que ela ruía e mostrava seu lado sentimental, eu sentia que ela revelava quem era de verdade, e que a Molly durona e diabólica era apenas um escudo que ela criara pra se proteger. No fundo, ela ainda era de fato uma criança injustiçada, com pais medíocres que a tratavam como lixo, e enlutada pela perda do irmão. Pela perda, de como ela mesma tinha dito, da única motivação que tinha. 

Eu não podia reclamar da vida que eu havia levado. Mesmo com todos os conflitos, minha família era maravilhosa. Meus pais amavam muito um ao outro, assim como aos filhos, e Andrew, ainda que fosse um porre na maior parte do tempo, me protegia e fazia questão de me ver feliz. Quem seria a Molly hoje em dia se tivesse tido a mesma sorte que eu? 

Respirei fundo para conter o nó na garganta. A vida era injusta demais. 

Olhando para a forma protetora como Molly me envolvia, uma certeza eu tive: podia parecer loucura, mas algo me dizia que ela ainda gostava de mim. Pelo menos, foi o que deixara claro durante todas as vezes em que sua mão boba me tocou e suas palavras se encheram de malícia. Até mesmo pelo surto que ela tivera quando eu tentara seduzir Kevin para fugir e quando se preocupou com a minha saúde me obrigando a tomar um xarope horrível. 

Se eu fosse esperta o suficiente, poderia usar isso ao meu favor. Aparentemente, alguma importância eu tinha para ela, e esperava que fosse grande o suficiente para que eu conseguisse persuadi-la. Era insano demais pensar que eu poderia seduzir Molly, uma pessoa tão instável e do mesmo sexo que eu, mas situações desesperadas exigiam medidas desesperadas. 

Quase como se lesse meus pensamentos, senti Molly se remexer atrás de mim, e a maior firmeza com que segurou a arma denunciou que ela estava acordando. Fiz questão de ajeitar meu cabelo para mostrar que também já estava acordada. 

— Você começou a tremer no meio da noite — ela explicou, e senti sua respiração nos meus cabelos. — Sua temperatura variou de 37,5° a 40°.  Achei que um pouco de calor humano fosse ajudar enquanto o remédio não fazia efeito.  

Fiquei em silêncio. O que poderia responder?

Molly checou minha temperatura encostando as costas da mão na minha testa e pescoço.

— Você tá suada pra cacete. — ela disse e começou a se movimentar atrás de mim, se levantando. — Vou te arranjar uma blusa nova, mas vê se não baba nela feito um bebê chorão como você fez na última noite.

De pé a minha frente, Molly estava prestes a seguir seu caminho cela afora quando eu falei:

— Obrigada. 

Ela parou por uns instantes, estagnada como se quisesse descobrir se o que ouviria fora real ou não. Depois de provavelmente perceber que não estava sofrendo alucinações, ela virou o rosto na minha direção e engoliu em seco. Achei que fosse dizer mais alguma coisa, mas apenas se virou e seguiu seu rumo. Entretanto, pela forma como suas bochechas se levantaram enquanto Molly dava as costas para mim, pude constatar que ela estava sorrindo.


Notas Finais


eu sei que o capítulo ficou meio fraquinho e tal, mas espero que já conheçam a história o suficiente pra saber que quando a atualição tá assim é pq vem coisa por aí
então... se preparem
espero que tenham gostado e ficado ao mínimo satisfeitos <33 pelo ritmo tenso que tá agora, vou tentar postar mais rápido, mas não garanto nada pq minha criatividade é instável
não se esqueçam de me seguir no twitter e vir conversar comigo!!!!! amo fazer novos amiguinhos, e caso queiram fazer algum comentário ou mandar a real do tipo "mona, ta demorando demais pra postar" sintam-se à vontade :) >>>>>>>>>>>>>> https://twitter.com/foolforbaek
beijux e até a próxima <33


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