História Flames 2 - Uma coisa viva se transforma

Acordei com um enorme tumulto ao redor da construção, me levantei de pressa, e vesti um leve vestido qualquer, saí da casa e me deparei com meus súditos correndo de um lado para o outro, desesperados. Tentei abordá-los, mas nenhum me dava ouvidos por conta do que, sei lá o que, estava acontecendo, andei um pouco e avistei Flambo, chamei-o e ele me escutou.

-rainha Flame!- ele apareceu por trás de mim e pulou em meus braços.

-o que está acontecendo aqui?! O que houve?- perguntei rápido.

-um dragão está descontrolado na vila pobre deles!- disse Flambo, e um aldeão para pra ouvir a conversa.

-sim! O dragão calmo da caverna está abalado!! Vamos todos morrer!- continuou a correr em direção a velha mina da vila.

-que?! Não! Espera!- o túmulo continuava, resolvi tomar uma atitude. Voei na vertical e todos olharam para mim. -me ouçam todos!- gritei -Sigam Dominic, ele vai levá-los a um lugar seguro!-
Me virei para Mark -Mark, busque os que foram para a mina, lá não é seguro para tantas pessoas!- minha voz continuava alterada.

-Flambo certifique-se de que ninguém correu para a floresta! Vão, eu vou dar um jeito nesse dragão!- voei em direção a vila, ultrapassei as montanhas e lá eu estava, na montanha mais próxima da vila, um dragão escamado com grandes olhos vermelhos, asas e cauda espinhentas. 

"Moleza!" Pensei e parti para o ataque, bolas de fogo por todos os cantos que atingiram a pele do dragão com velocidade, mas ao final ele não sofreu dano algum, somente o irritou. O dragão então, rugiu para mim, e enfurecido lançou seu fogo também. Comecei a acertá-lo em lugares sensíveis como olhos, nariz e boca, eu estava fazendo de tudo pra derrota-lo.
 De novo não obtive sucesso, e após eu cessar as inundações de fogo fui surpreendida, com uma cauda escamosa me jogando para o chão em alta velocidade.
Atingi o chão sendo arrastada na terra e batendo contra uma árvore. Tentei me levantar aos poucos, cambaleei mas consegui ficar de pé... 
Eu havia feito alguns cortes nessa forte queda, principalmente na parte das costas de meu vestido. Doía mas voei de volta para a batalha, com meu corpo em uma temperatura alta eu não conseguia manusear uma espada ou objeto cortante, o que, infelizmente, era a única coisa possível de derrotar o dragão.
O mesmo estava aterrorizando os camponeses, cuspindo fogo nas casas, alterei a rota. Fui primeiro até as casas, transformei as chamas das casas em minhas chamas e logo as apaguei, e foi aí, que eu tive uma ideia.

Os dragões devem ter algum órgão que eles transformem sua energia em fogo, se eu por acaso o tingir de roxo, ele fique passivo ou eu possa matá-lo, de duas uma!

Talvez eu não consiga mas não posso simplesmente deixar esse dragão por aí! Voei agora em direção dele, ele começará a tentar me acertar com a cauda, garras e fogo, seu olhar era indiferente, como um animal irracional, apenas querendo sossego, não se importando se estava machucando inocentes. 

Ele lançou seu fogo, contínuo, contra mim, revidei com minha chama, eu estava exausta, mas ou eu me acabava ali e agora, ou eu não teria mais força para afasta-lo da vila. Eu estava conseguindo, meu fogo atravessava o dele, até que.... 

Eu consegui! Atingi dentro do dragão, ele caiu, estávamos lutando no ar.

Desci, vendo a figura enorme caída, sem reação. Os camponeses com o enorme som da queda, vieram me dar vivas ou ver se eu não havia morrido, até os feridos estampavam no rosto um sorriso depois que viram a fera caída.

 mas quando toquei o solo, um vento quente soprou atrás de mim, olho os camponeses e eles não tem reação. Me viro e me deparo com o dragão abrindo os olhos, mudando de cor lentamente, o vermelho se corroeu e virou um lindo tom de roxo, o dragão olhava fixamente para mim, se levantou e minhas pernas tremeram.
Eu simplesmente não conseguiria vence-lo novamente.

Foi aí que, o dragão em sua postura alta e aterrorizante, os camponeses já amedrontados, e eu trêmula e fraca, o dragão abaixou sua cabeça em minha direção.

"Já era..." fechei os olhos e... Quando os abri.

O dragão estava em uma posição de respeito, respeito perante a mim!
Abri um sorriso e acariciei o nariz do enorme bicho.

-O dragão é nosso!- anunciei a todos, que exclamaram de felicidade vivas e pulos, e outros com certo receio e medo.

Voltamos para a construção, cheguei perto de onde ficava a planta, logo achei o arquiteto.

-nós temos um quarto para dragão na obra?- ri, com o dragão vindo atrás de mim.

-ohhh!- ele olhou o dragão de baixo para cima - f-farei um sim- e apressou-se para encaixar em algum lugar da planta. Deixei o dragão em um canto da obra e me dirigi para a enfermeira, pois, eu estava, literalmente, aos trapos

Chegando lá, me sentei em uma das camas, as mãos da enfermeira eram delicadas e cuidadosas, ela limpava e fazia os curativos com precisão, deixei-me relaxar, fechei meus olhos e deixei ser cuidada...

Sinto um onda forte de ardência em meu braço esquerdo e logo me desperto com um gemido de dor.

-sabia que você poderia ter morrido?- Dominic havia me acordado com uma gaze para limpar meu braço, e com força demasiada. 

-ah sim- abri um sorriso -mas estou bem aqui não estou?- disse despreocupada.

-sim, na enfermaria!- ele franziu as sobrancelhas. Ri dele, a preocupação dele estava muito na cara.

-relaxa eu estou bem, e olha só! Agora temos um dragão!-

-da pra você ser mais cuidadosa?!- 

-sim! Eu cuidei de todos, não viu Domi?-

-Princesa! Seja mais séria!- desfiz meu sorriso e inclinei levemente a cabeça, olhando para meus machucados.

-sabe Domi... Por mais que eu podia ter simplesmente afastado o dragão da vila, eu não o fiz. - olhei para ele que agora escutava atentamente -eu sentia que era uma provação, tanto da minha promessa de protegê-los quanto o fato da obediência sob minhas ordens.... E sabe, essa provação me fez perceber uma coisa... -

Ele prestou atenção em cada palavra e estava ansioso pelo término de meu discurso...

-que você fica muito dócil preocupado comigo!- ri enquanto ele corava.

-só por você ser minha rainha!- virou o rosto e eu continuei a rir.

-tudo bem meu caro Dominic- sorri

-só vou ficar aqui por que a enfermeira já passou do horário dela- murmurou

-eu não falei nada haha- 

Passei o resto do dia descansando com Dominic cuidando de mim, Mark e Flambo vieram ver meu estado, acharam incrível o que eu fiz, mas Mark comentou de minha aparência toda aos pedaços, e dizendo ainda que nunca faria aquilo se o resultado fosse esse.

Já era de noite e Dominic tinha dado uma saída, estava sozinha no quarto da pequena enfermaria provisória. A noite estava sem nuvens quase, a lua invadia a janela. Dominic chegou com uma bandeja de metal na mão.

-trouxe isso pra você, a enfermeira disse que não era apropriado, mas cá entre nós.... A enfermeira não entende nada sobre seres do fogo!- rimos, eu me pergunto as vezes quando que Dominic passou a ser menos rabugento comigo.....

Ele abriu a bandeja e lá estava um enorme pedaço de carvão, certo não era a comida mais lindamente apresentável, mas era a que dava mais energia.

-obrigada Domi- sorri.

-de nada Princesa..- decorei aquilo como se não comesse a uma semana, Domi se sentou ao lado da cama, numa cadeira com o mesmo material da parede. Ficamos em silêncio por um bom tempo, observando o quarto e a noite.

Quando me dei conta, Dominic já estava dormindo ao meu lado, apoiando a cabeça na cama. Aquele carvão realmente não era 'apropriado' pois passei a noite inteira com energia. Me lembro somente de ter adormecido olhando e passando a mão nas chamas de Dominic lentas. Fora isso, cai em meus sonhos, nada extraordinários, somente lembranças de uma antiga eu...