História Flawless - Logan

Essa garota me irritava. E, mesmo que eu tenha sido a vida toda impaciente o suficiente pra não agüentar uma garota como ela, parecia a minha única chance. Eu jamais entenderia a língua do Pessoal da Mesa do Fundo e, não parecia ter outro jeito.

Quando olhei pela quadra, Kian parecia ocupado demais pra me dar atenção, então olhei para Johhny. Alguns segundos depois ele tirou os olhos da garota da arquibancada e me disse com a cabeça para seguir Katherine.

Corri em direção à ela – não sei antes dar um olá as líderes de torcida – e encontrei-a no final do corredor.

- Katherine! – eu disse, e alguns alunos nos encararam.

- Meu Deus, como você é chato, garoto! – ela exclamou, sem olhar para trás.

Puxei seu braço e a fiz parar, mas ela praticamente arrancou meu braço.

- Já disse. S-e v-i-r-a – ela falou, suspirando.

- Eu preciso da sua ajuda, ta? Qual é o seu problema, afinal? Por que você não pode só me ajudar? – falei irritado.

- Porque você tem que se virar? Fazer as coisas sozinho? Ou você acha que sempre vai ter alguém pra te ajudar?

- Era o meu plano de vida – respondi, sincero.

- Ah, garoto... – ela reclamou, se virando para ir embora.

- Quer saber? Eu não preciso de você, Hoffmann. – gritei.

- Ótimo – ela disse, já virando o corredor.

- Eu...

- Cara, ela já foi – afirmou Kian, que brotou subitamente ao meu lado.

...

Nos dias seguintes, os treinos foram se intensificando – o que basicamente significava que passávamos mais tempo na quadra. Nesses dias, cada vez mais garotas apareceram nas arquibancadas para nos ver jogar. Paige Wells, Lucie James, Marie Black. Poderia citar o nome de todas elas o dia todo mas, bem, talvez não o nome de todas elas. O nome não é importante.

Katherine Hoffmann apareceu com mais freqüência nos treinos, sempre com um livro na mão e com a garota que Johnny parecia interessado. Além de Jenny, é claro.

Ela não parecia prestar atenção em muita coisa do jogo, mas aposto que só estava bancando a difícil. Talvez ela tivesse mudado de idéia e fosse apenas orgulhosa demais pra assumir. Bem, talvez eu também não precisasse mais da ajuda dela.

Brincadeira, eu precisava sim.

Mas, mesmo se agora ela quisesse, eu não. À medida que o tempo passava, eu me desesperava e tentava focar nos treinos – o que era irônico já que, se eu não passasse, não haveria jogo.

Numa das pausas de um dos treinos, Johnny e eu decidimos descansar alguns minutos na arquibancada. Katherine estava algumas fileiras acima – novamente, estudando. Sem que ela percebesse, a observei por um longo tempo. Ah, se ela não fosse tão difícil...

Nem tão metida, tão chata, tão convencida. Eu realmente não tinha paciência pra isso.

Já Johnny parecia estar se dando bem com a tal Chelsea. Parecia que eles faziam só pra me irritar. Pegar logo as amigas da Katherine? Sério? Qual é o próximo passo, encontro duplo?

Apesar de tudo, eu estava ansioso pela festa. Daqui alguns poucos dias, e tudo se resolveria. Pelo menos por uma noite, nada importaria.

Pouco antes de voltarmos para o treino, encarei novamente Katherine e, dessa vez gritei:

- Mudou de idéia, Kate? – ela ficara vermelha. Não sei era raiva ou vergonha, mas era engraçado.

Ela me mostrou o dedo do meio e voltou ao que estava fazendo. Sorri, divertido.

...

Já no nosso dormitório, Kian e eu conversávamos enquanto Johnny não aparecia. Perguntei à ele qual era a dele com Jenny e ele disse que ainda não sabia. Ele nunca sabia.

Então foi a vez dele me perguntar se eu só estava querendo a ajuda de Katherine. Respondi, é claro, que era só ajuda. O que mais eu iria querer de uma garota que nem ela?

- Muitas coisas – respondeu ele. – Se tratando de você.

- O que isso quer dizer?

- Bem, você é orgulhoso. Ela, obviamente também. Não vai te “ajudar” – fez as aspas com os dedos – porque te acha um babaca, e você não vai implorar porque é orgulhoso. E é claro que, se ela aceitasse, você não iria querer ajuda “só com as notas”.

- Kian, eu já te disse pra se f...

Johnny entrou na hora e cortou minha frase. Ele sorria, e parecia tão feliz que me deixava miserável.

- Então, como foi com a Chelsea? – perguntou Kian.

- Eu vou definitivamente pegar ela na festa de Boas-Vindas – disse ele, e riu.

Bem, eu só acho que Katherine poderia aprender um pouco com as amigas.

...

Naquele dia, acabamos dormindo tarde. Kian e eu discutíamos sobre o que eu podia fazer para Katherine me ajudar. Ele dizia que eu precisava fazer algo que instigasse seu interesse, e não tentar seduzi-la com o sorrisinho de lado. Ele dizia que era cafona.

- Não é cafona se funciona com todas.

- Bem, então Katherine não é todas – ele afirmou pra me irritar.

Embora tenha bancado o babaca toda a conversa, acabou me dando uma idéia útil. Ele disse para eu tentar fazer uma aposta com ela. Sim, definitivamente. Uma garota como ela não perderia uma aposta por nada. Mas quem iria sair ganhando, era eu.