História Flawless - Logan

Nos dias que se passaram, eu e Katherine continuamos nos encontrando na biblioteca para estudar. No começo, as coisas pareciam normais mas, ao longo do tempo, as pessoas começaram a falar. Katherine Hoffmann e Logan Watson juntos? Era simplesmente bizarro, eu concordava. O problema é que, todo mundo me conhecia. E, todo mundo conhecia ela também.

Todos comentavam, o que me irritava muito. Kian acabou explicando para um cara que explicou pra namorada que explicou pra outra pessoa que, enfim, eu precisava de notas. De repente, tudo ficou bem visível. As pessoas achavam engraçado. “O jogador de basquete e a super inteligente da escola”, há-há.

Como nós discutíamos bastante, e na maioria das vezes nossas discussões se tornavam bem... Audíveis, ninguém conseguia PARAR de falar nisso. Eu estava ficando realmente nervoso com isso, não só porque Katherine já me irritava o suficiente por todo mundo, mas eu precisava das notas. Da ajuda dela.

Num dos únicos momentos em que não estávamos discutindo, e a matéria estava quase (QUASE) entrando no meu cérebro, acabamos conversando sobre a aposta.

- O que exatamente eu ganharia com a aposta? – ela perguntou. Aceitara a aposta num momento de raiva, simplesmente porque eu mexi com seu ego. Mas agora ela queria ganhar algo.

- O direito de jogar na minha cara que você ganhou e eu perdi? – falei.

- Mesmo se você perder, você vai ganhar. Vai passar de ano. – ela respondeu, revirando os olhos.

- Que sortudo eu sou, então – falei. Rapidamente, ao ver sua face irritada, acrescentei: - Bem, mas você pode...

- Se eu ganhar, você vai tomar café, almoçar e jantar na “Mesa do Fundo”. Por uma semana – ela falou, taxativamente.

Revirei os olhos e suspirei.

- Por quê?

- Sei lá. Pra aprender que eles são pessoas normais.

- Eu nunca disse que eles não eram normais. Só não sou amigo deles.

- E por que isso? – ela indagou, parecendo realmente interessada.

- Sei lá. Vocês só estudam o tempo todo, não gostam de festa, isso tudo me parece idiota.

- Só porque todo mundo  gosta de festa, e todo mundo não gosta de estudar?

- Olha Katherine, eu não vou discutir com você – falei, irritado. Eu não iria ficar discutindo princípios e morais com ela.

- Não estamos discutindo. Só tô dizendo que você deveria pensar nisso. Diferente não é errado – ela disse, de uma forma que me pareceu filosófica demais.

De qualquer maneira, acabamos voltando a estudar. Nesse dia, estávamos estudando História, e, embora Katherine fosse uma pessoa completamente chata, ela tinha um jeito diferente de me explicar. Não era entediante. Mesmo que, aos poucos, eu conseguia entender o que ela estava dizendo e, até mesmo (surpreenda-se), assimilar. Apesar de tudo ela sabia o que estava fazendo.

Voltei para meu dormitório num dos dias depois dos estudos, onde encontrei Kian, de novo, jogando videogame. Logo que entrei, ele disse, animado:

-Olhe isso – me apontou um papel branco com um monte de riscos esquisitos.

- O que é isso? – perguntei. – Sua lição de artes da quinta série?

- Não, tonto. É hebraico – ele falou, voltando ao videogame. – Finalmente descobri o lado bom de ser judeu. Na mesa em que eu faço as provas – ele explicou -, sempre alguns dias antes de fazer os testes eu risco bastante a mesa. Tipo, deixo só alguns espaços em branco. Aí, no dia da prova, eu coloco as respostas em hebraico, nesses espaços. Só eu entendo, e se perguntarem, são só desenhos.

- Genial – falei. – Mas como você entende hebraico? – eu disse. – Ênfase no HEBRAICO, CARA.

- Ah, meu caro, inocente Logan. Eu não sou novo no ramo das colas, não é mesmo? Aprendi hebraico na quarta série, quando percebi que matemática não era mais soma e subtração.

Muito esforço pra mim, pensei. Era mais fácil continuar tendo as aulas com a Katherine, já que, chata ou não, eu estava aprendendo. Não sei como, mas estava.

- E Johnny? – perguntei.

- Saiu. Com a Chelsea. Sério, ele nunca saiu tanto tempo com uma garota – comentou Kian.

- Ele nunca saiu mais de uma vez, com uma garota, você quer dizer – falei, rindo.

- Você entendeu.

Juntei-me a ele no videogame, até a hora do jantar, quando nos encontramos com Johnny no corredor, em direção ao dormitório.

- Olhe quem apareceu – falei, sarcástico.

- Não por muito tempo – ele comentou.

[...]

Já na mesa, na hora do jantar, Johnny dissera que Chelsea o estava ajudando com “algumas matérias”, e que ela era mais legal do que ele pensava.

- Algumas matérias, sei – comentei. – Como assim, mais legal? Estaria Johnny West apaixonado?

- Por favor, Logan. Só estou dizendo que ela é legal. Engraçada. Eu até entendo o que ela fala – disse a última parte com uma voz surpresa.

- Então ela é gostosa – resumiu Kian.

- Também. – Então ele olhou para a mesa em que ela estava sentada, juntamente com Katherine, Jenny e mais duas meninas. Katherine estava rindo, junto com uma das meninas. Ele sorriu quando a viu. Foi estranho. Foi um sorriso rápido, como quando você fica feliz com alguma coisa mas não pode dizer porque é segredo. Tipo quando você já sabe o presente que vai ganhar, mas não pode estragar a surpresa.

Acho que eu estava começando a entender porque ele estava saindo com a Chelsea. Era uma das poucas vezes que conhecíamos uma garota que não era só gostosa, mas inteligente. Eu não estava por Katherine como ele estava por Chelsea, mas entendia o que ele queria dizer.

...

Kian e eu voltamos para nosso dormitório depois do jantar, precisávamos descansar para o treino no dia seguinte. Estes, por acaso, estavam ficando cada vez mais interessantes. Katherine, Chelsea e Jenny sempre estavam lá. Suponho que Jenny para ver Kian, Chelsea para ver Johnny e Katherine para ver o tal jogador do outro time. Joshua. Não fazia muito sentido a relação dos dois. Tipo, eles ficavam juntos só quando ele vinha jogar? Qual é a graça disso? Por que ele iria ficar com Katherine pra depois pegar outras em Nova York? Fiquei confuso. Tentei parar de pensar nisso e ir dormir, mas não consegui. O tal Joshua era bom. E acho que não só no basquete.