História Flawless - Katherine

Meus lábios não pareciam obedecer aos comandos do meu cérebro, mesmo que, não creio que nem ao menos meu cérebro queria parar com aquilo. Os lábios de Logan eram macios e ágeis, suas mãos quentes acariciavam meu cabelo e desciam para a minha nuca, causando-me um arrepio. Continuamos com isso por algum tempo, quando percebi que não podia continuar com aquilo. Meu corpo estava cada vez mais entregue, à mercê dele. Estávamos nos aproximando.

- Não posso continuar com isso – falei, depois de sair do beijo. Nós estávamos os dois sem nenhum ar nos pulmões, os lábios vermelhos marcados. Precisei de um segundo pra me recompor. – Não, Logan – falei, levantando. Peguei todo meu material, e soquei-o dentro da bolsa, desastrada e pessimamente. As páginas provavelmente se amassariam e ficariam, quase tão marcadas quanto minha boca estava naquele momento.

Virei-me para ir embora, mas ele me puxou pelo braço, nossos corpos ainda mais perto um do outro. Sua mão esquerda lentamente se apoderou da minha cintura, e por um segundo quis fingir não perceber.

- Por que não? Por que você tem que fugir disso, Katherine? – ele perguntou. – Vamos lá. Finja que eu sou uma redação e argumente por que exatamente você tem que fugir da gente – ele falou, antes de completar: - Eu tenho passado tempo demais com você, sabe?

- Porque... Não tem a gente, Logan. Isso não existe – falei, taxativamente. Respirei fundo. Eu precisava manter a calma, ou pelo menos a estabilidade mental (que por acaso foi dar uma volta no shopping, porque eu estava surtando). – Eu não posso.

- Isso, claro. Fuja. Diga que não pode só porque no fundo, Katherine, lá no fundo, você sabe que quer – ele disse. Qual era a dele com a porra da Psicologia Reversa? Abriu um sorriso enorme ao ver minha confusão. Aqueles dentes brancos malditos que me faziam querer fazer uma besteira sem tamanho.

- Não ouse usar sua Psicologia Reversa comigo – exclamei, irritada. Ele parecia se divertir com isso.

- Então não me obrigue a usá-la – ele rebateu.

- Eu não estou fazendo nada – disse, me desvencilhando de suas mãos. – Quer saber? Na verdade, eu tô indo embora – anunciei.

Segui em direção à porta, contrariando seus protestos. Parei na porta, sem abri-la, e voltei em direção a ele. Peguei meu caderno de Química, em cima da almofada.

- É melhor não esquecê-lo de novo, não é mesmo? – falei, saindo novamente. E dessa vez eu não iria voltar.

- Qual é, Hoffmann. Não faça isso. Você só tá mentindo pra si mesma, sabia? PORQUE EU SEI QUE VOCÊ TAMBÉM QUER – ele berrou, quando percebeu que eu já estava quilômetros longe de sua casa.

[...]

Eu andava depressa, sem perceber o quanto eu estava eufórica. Droga, ele beijava bem. Mas não. Eu não podia. Meu lado racional me dizia isso. Minha cabeça estava girando, meu cérebro tinha um nó. Eu me sentia como uma montanha-russa. Eu o queria, sabia disso agora, mas eu Só estou dizendo que ninguém muda em semanas, e eu não tinha certeza se poderia lidar com o Logan egoísta, que rotula as pessoas e as divide, ele parecia a minha mãe. E infelizmente, sobre ela, eu nada poderia fazer.

Esta, por um acaso, me esperava sentada quando eu finalmente cheguei a casa:

- Onde você estava, Katherine? – perguntou ela.

- Hã... Na casa de um amigo – falei. Amigo. Aquele beijo dizia ao contrário.

- Logan Watson? – perguntou ela, interrogativa.

- Sim. Ele precisava de ajuda com... Uma matéria – falei. – Mas já estou indo estudar – continuei. – Vou adiantar uma matéria de Química – menti, apontando-lhe o caderno.

Ela sorriu, aprovando com a cabeça, então subi as escadas de forma rápida e andei até meu quarto, fechando a porta em seguida.

Peguei meu celular, e mandei uma mensagem para Jenny:

Eu: Jenny. Você, Chelsea. Na minha casa. Agora.

Rápida, ela logo respondeu:

Jenny: O.k. Digo a sua mãe o de sempre?

Eu: sim.

Sempre que alguma de nós tinha algum assunto urgente, era isso que fazíamos – e a desculpa de sempre, que logicamente nunca falhava com a minha mãe era, “vamos adiantar matéria”. Acho que ela se sentia tão feliz de saber disso que acabava caindo feito um patinho. Peguei o caderno e reli alguns dos exercícios, lembrando daquele que Logan tinha feito, antes de me beijar.

Não queria aceitar, mas eu ainda mordia os lábios pensando no que ele havia feito. No que havia causado. Sério, como uma pessoa pode querer tanto uma coisa e ao mesmo tempo não querer? Simplesmente não parecia possível.

[...]

Quando as meninas chegaram, minha mãe dissera que iria nos dar privacidade e saiu de casa. Enquanto Chelsea não entendia muito bem o que estava acontecendo, Jenny já estava fazendo planos e o escambau, o que me deixou aturdida.

- Me conte tudo. Não esconda-me nada – ela disse, dando ênfase nas duas últimas sílabas.

- É, o que aconteceu? Eu estava dormindo e de repente Jenny aparece gritando na porta da minha casa – disse Chelsea. – Espero um bom motivo para estragarem meu sono.

- Logan me beijou – falei de uma vez. Eu precisava tanto contar aquilo a alguém.

Jenny arregalou os olhos, e sorriu, parecendo prestes a gritar. Ela estava mais feliz que eu.

- EU NÃO ACREDITO! VOCÊ N... Espera, não me diz que você saiu do beijo – falou ela.

- É óbvio que ela saiu.              

- É claro que eu saí – falei. – É o Logan.

- Mas você queria, certo?

Pensei por um segundo.

- Querer, assim, no sentido lógico da co...

- Fala logo.

- Queria. Mas eu não posso. Você sabe o porquê – direcionei meu olhar a Chelsea, já que ela sabia meus motivos.

- Por favor, diga a verdade somente uma vez. Ele não é como a sua mãe, tá legal? – me repreendeu Jenny, suspirando e parecendo realmente irritada. – Você tem que parar com isso. Logan é só uma pessoa, e qual é o problema de ficar com ele, de qualquer maneira? Ele não mata, rouba, nem seqüestra ninguém. Eu sei que esse é o seu jeito, Katherine, mas não estou pedindo pra você casar com ele.

- Ela tem um bom argumento – afirmou Chelsea, bocejando.

Perguntei-me por um segundo por que Jenny estaria tão irritada com esse assunto, porém, eu já tinha problemas demais pra resolver.

Logan: Katherine, será q a gnt pode conversar?

- Ele me mandou uma mensagem – falei, assim que vi na tela do celular.

Como três adolescentes de filmes americanos, nos unimos para ver a mensagem.

- Fala que sim. Fala que sim – disse Jenny.

Eu: fala.

Logan: eu ainda acho q vc tava BEM errada em estragar o nosso beijo daquele jeito. Foi bem mal educado da sua parte. Mas eu não quero q isso mude as coisas entre a gente.

Eu: NÃO TEM NADA ENTRE A GENTE, LOGAN. E se vc tá preocupado com as suas notas, fica tranqüilo. Eu não vou parar de estudar com vc, depois de tanto trabalho. Eu não sou tão horrível assim.

Babaca. Só estava preocupado com as notas.

Logan: td bem, mas eu não estava falando disso. Talvez eu seja masoquista, sei lá, mas eu me acostumei com vc me xingando Emoticon rindo (2x). Eu gosto de estar com vc. Mesmo com uma almofada de distância.

E quanto essa parte de “não tem nada entre a gente”, isso é uma opinião muito sua.

Corei de novo, de tanta raiva.

- MEU DEUS, PUTA MERDA, POR QUE VOCÊ TÁ DISPENSANDO ELE? – berrou Jenny, vermelha como um pimentão.

- Cara, isso foi muito fofo – afirmou Chelsea, bocejando mais uma vez.

Quase taquei o celular longe.

- Agora é sério, Katherine. Pare com isso. Logan não é só essa pessoa que você tá pensando.

- Ah, claro. Em semanas ele simplesmente mudou porque isso é um filme americano – falei.

- Ele não mudou – disse Jenny. – Ele está tentando mudar. E pelo que ouvi de Kian, não é só por você, minha cara.