História Flawless - Logan

Merda.

Essa foi literalmente a primeira palavra que passou pela minha cabeça.

 Merda. Merda. Merda. Merda. Merda.

Eu não podia ficar sem jogar basquete. Isso não era possível. Nem mesmo numa frase.

Sabe quantas garotas eu já peguei por causa do basquete? Além do mais, eu era incrível jogando. Eu só não era o capitão do time por falta de disciplina.

- Uou, essa foi pesada – disse Kian, com certo tom de sarcasmo. Era fácil pra ele falar. Não era nenhum gênio no meio “acadêmico”, mas sabia colar como ninguém. Era quase um Mestre dos Disfarces. Sem nenhum exagero, ele já colocou cola até na etiqueta da minha camiseta.

- Ah, qual é. Eles não estão sérios. Nunca fizeram isso antes. É besteira – Johnny não parecia preocupado. Tanto ele quanto eu – e também metade da escola – dávamos um jeitinho pra passar de ano. O problema era, que meu pai não sabia do “jeito”, e se ele descobrisse que eu parei de jogar por causa das notas, eu estava ferrado.

Corri em direção ao faxineiro que colara o aviso, e, esquecendo completamente seu nome – se é que eu algum dia soube – perguntei-lhe se aquilo era verdade.

-Você tá falando sério?

- Ordens da direção. Pelo que eu saiba, não vai adiantar conseguir a nota na diretoria, se é que você me entende – respondeu ele, como se aproveitasse meu sofrimento. Saiu em direção ao almoxarifado, e eu, com os olhos arregalados, voltei para a arquibancada.

Encarei Johnny e disse:

- Não vai mais poder... você sabe...

- Como assim? – perguntou ele, parecendo finalmente se tocar que a coisa era séria.

- Você entendeu.

Johnny fez uma cara indecifrável, como se seus neurônios estivessem funcionando, logo antes de dizer:

- Bem, eu nunca fui muito religioso, mas eu acho que a gente podia começar a rezar Pai Nosso, cara.

- Eu sou judeu – lembrou Kian.  

...

Treinador Kane apareceu um tempo depois, confirmando nossas sentenças de morte. Ele disse que não teria jeito, e que precisaríamos tirar notas boas para jogar.

Ele era um bom treinador, embora severo. A única coisa que apreciei no momento, foi o fato dele não ter nos passado nenhum sermão. Eu não tinha paciência pra isso.

Ele explicou que jogaríamos contra a Academia Internacional de EF, de Nova York, e que precisávamos treinar. O time deles era super bem preparado, e nós tivemos alguns desfalques ao longo do mês. James Byne quebrara a perna e Neil Wright tivera que voltar para casa.

Depois da bomba que jogaram em cima de nós – principalmente em cima de mim – não ouvi mais nada do que Kane falava. Johnny ainda conseguiria passar, provavelmente. Mas eu? Era uma negação. Passar nas provas honestamente simplesmente não era uma opção.

-Talvez possamos pedir ajuda a algum nerd – disse Johnny.  – Qual deles não iria querer andar com os jogadores de basquete?

- Se nós ainda formos jogadores de basquete, você quer dizer – falei. – Mas é uma boa idéia. Podemos  tentar.

Eu tentaria discutir com Kian, mas, nos conhecíamos desde a terceira série e os métodos que aquele cara usava pra colar eram insanos. Não sei se ele colava em hebraico, ou em Código Morse, mas ele tinha um talento natural.