História Flawless - Katherine

Algumas roupas colocadas e cabelos ligeiramente arrumados depois, abrimos a porta. Meu rosto deveria estar vermelho de ódio, e Logan estava tão irritada que quase quis rir. Como imaginei, Kian e Jenny estavam abraçados, na entrada do vestiário, sorrindo de forma capciosa.

- Eu odeio vocês – foi a primeira coisa que Logan disse.

- Porra Jenny – falei. – Te dei meu dormitório várias vezes para suas sacanagens e você não podia dar cinco minutos pra minha?

- Nós.Estamos. Esperando. Vocês – afirmou ela.

- Quer saber, vamos pra festa. Eu mato vocês depois – disse Logan.

[..]

Aquela foi a última festa antes Da Super Festa de Verdade. A festa de comemoração da taça. O jogo final bem tenso e acirrado. A cada cesta que nosso time fazia, o adversário fazia mais uma. Nos últimos minutos, ninguém estava mais esperando ganhar. Suponho que a única coisa que eles realmente queriam era perder com alguma dignidade.

De qualquer maneira, eles ganharam. Foi bem High School Musical se você quer saber. Revirei os olhos pra tanto clichê que acontecia naquele momento da minha vida.

A festa foi incrível. Todo mundo estava bêbado e feliz. Porém, Logan quis ir para casa mais cedo. Ele tinha bebido o suficiente pra estar bêbado, e, ironicamente, sua versão bêbada estava mais sensata e responsável do que a sóbria. 

Pra variar, não tinha ninguém em sua casa. Nós fomos direto para o quarto, mas, não rolou nada do que você provavelmente estava pensando. Bem, pelo menos não antes dele dizer o que tinha que dizer.

Nós estávamos apenas deitados em sua cama – estou até surpresa com a inocência da situação toda -, abraçados, quando ele voltou no assunto “da ideia”.

- Então, Hoffman – ele começou -, a gente tem que conversar sobre nossas férias. Diferente de você, eu não ia conseguir bolsa pra porcaria nenhuma. Então, o meu pai depositou uma grana alta pra pagar o curso lá em Boston.

- E qual era sua grande ideia? – questionei, apreensiva. Já era estranho não estarmos fazendo nada na cama dele, e Logan parecia realmente sério sobre o que ia falar. A situação toda era bem curiosa.

- Eu encontrei um jeito de resgatar esse dinheiro de volta. É só cancelar a inscrição, na verdade. Acho que eles não reembolsam tudo mas, com o que a gente conseguir recuperar, dá pra gente fazer uma viagem pra Las Vegas.

Sorri, e dei risada em seguida. Ele estava bêbado de verdade, lembrei.

- Claro.

- Estou falando sério – afirmou ele, firme. – Ao longo dos anos, eu aprendi a imitar a voz do meu pai muito bem. Eu ligo, cancelo o curso, a gente pega o dinheiro e viaja. A sua mãe nem mesmo precisa saber.

- A questão não é essa, Logan – falei. – Você realmente acha que é só ligar e cancelar um curso assim?

Ele pareceu surpreso com essa preocupação.

- Acho. No máximo, uma assinatura falsificada, mas isso Kian faz de graça.

- Ah, sim, lembrei que o seu melhor amigo é tipo um agente da CIA disfarçado – disse. – Logan, você está bêbado. Amanhã a gente fala sobre isso, se você estiver falando sério.

Ele me puxou mais para perto, e realmente, logo adormeceu. Viagem a Las Vegas, pensei. Esse garoto é louco.

[...]

E para minha surpresa, ele estava mesmo. Fui surpreendida por toda a manobra da situação. Ele e Kian planejaram tudo (claro, porque se o Kian não estivesse no plano não ia dar certo). Até Jenny sabia de tudo.

Eles fizeram toda a “parte suja” do plano, e eu fingi aceitar o curso para a felicidade de minha mãe. Disse a ela que cuidava de tudo, para que ela não precisasse se preocupar com nada. Uma semana depois, arrumei as coisas como se fosse para Nova York. A sensação de mentir para minha mãe naquele nível era tão maravilhosa que agradeci por Logan ter tido aquela ideia.

Como Martha Hoffman nunca fora a mais carinhosa ou compreensiva ou atenciosa das mães, afirmei logo que ela não precisava me levar ao aeroporto. Ela, claro, aceitou sem pestanejar.

[...]

- Pronta para Las Vegas? – perguntou Logan, assim que toquei a campainha de sua casa.

- Você ainda pergunta – sorri. Suas malas estavam ao lado, e pela porta pude ver Jenny e Kian ajeitando os detalhes finais. – Seu pai não desconfiou de nada?

- Não. Por incrível que pareça, ele acreditou quando eu disse que “estava na hora de ser mais responsável”. Sinto que a minha mãe deu uma ajuda mas, isso não importa.

Fomos de táxi até o aeroporto. Jenny e Kian foram conosco. Quando chegamos, uma hora e meia mais cedo, ficamos algum tempo esperando na recepção, e aproveitamos para nos despedir.

- Finalmente – falou Kian, sorrindo de uma forma marota que me fez desconfiar. Fiquei ainda mais suspeita quando Jenny suspirou, fazendo uma careta e tirando algo da bolsa. Dez dólares.

Logan franziu o cenho, tão confuso quanto eu.

- O que... tá rolando? – perguntou ele.

Kian e Jenny se entreolharam, e concordaram mutuamente em algo que eu não conseguia compreender.

- Só quero dizer, antes de qualquer coisa, que eu sempre apoiei vocês. De verdade. Como um bom amigo – falou ele.

- Depois de tantas lições, brigas, e a porra toda, e vocês ainda estão juntos – disse então, Jenny, apertando os lábios para não rir.

- Isso não é bom? – perguntei.

- A gente apostou se vocês iam ficar juntos ou não – disse Jenny de uma vez.

Ergui as sobrancelhas.

- Vocês o quê?

- Eu estava bêbado.

- E eu nunca ia atrapalhar o namoro de vocês de qualquer maneira – disse ela.

- É sério isso, Jenny? – questionei. Logan, no entanto, parecia feliz. Ele e Kian então se abraçaram.

- Poxa cara. Não sabia que você confiava tanto assim em mim, a ponto de apostar – falou ele.

Revirei os olhos, rindo junto com Jenny.

- Garotinhas.

Nossa vez de embarcar então chegou. Nos despedimos dos dois e seguimos em direção à Las Vegas. E de repente os papéis se inverteram de uma maneira completamente louca: Logan estava sendo “responsável” (mesmo que para tirar férias escondidas do pai), eu estava mentindo para minha mãe, e tudo estava dando estranhamente certo.

Sinto que, logo logo, vou passar a gostar de verão.