História Flawless - Katherine

No dia seguinte, as coisas estavam tensas na sala de aula. Chelsea e eu acordamos um pouco mais tarde que o usual, já que ficamos conversando até tarde.

Peguei uma regata listrada preta e branca, e uma calça jeans – não muito antes de Jenny aparecer à porta com aquela voz nada alta de se-você-não-acordou-vai-acordar-agora, nos apressando. Ela não se dava muito bem com a colega de quarto, Cath Walker. Talvez porque a garota era tão chamativa quanto um band-aid, e Jenny... Bem, ela sempre foi tão chamativa quanto um outdoor.

Já prontas, seguimos em direção ao refeitório.

...

Como imaginei, o falatório estava mais alto do que o de costume.

De longe, era possível ver as diferenças sociais entre as pessoas. Nas mesas de fundo, ficavam os bolsistas e os considerados “perdedores”. Nas mesas do meio, ficavam os jogadores de basquete – vulgo babacas – que se sentiam Michael Jordan, e nas mesas da frente, ficavam as patricinhas burras que eram mais fáceis que prova de Informática. Além de nós, é claro. E, no fundo, eu ficava feliz em não fazer parte de nenhum desses rótulos. Ninguém deveria, obviamente.

Fomos para a fila da comida, onde as bandejas eram cheias com café com leite, frutas e pães.

- Olha lá – disse Chelsea, encarando a mesa dos jogadores de basquete -, como o desespero está no rosto deles.

Jenny riu, e completou:

- E que rostos bonitos, não? Olha aquele garoto, Meu Santo De...

- Você não consegue ficar um minuto sem pensar em garotos, Jenny? – perguntou Chelsea. Às vezes eu achava que ela invejava a “facilidade” com que Jenny tinha relacionamentos.

- No que você quer que eu pense? – respondeu, rindo.

- Eles parecem bem aflitos – falei. – Bem, a parte boa é que, sem tantas boladas na cabeça talvez eles fiquem mais inteligentes.

Fitei mais uma vez a mesa deles mais uma vez antes de sairmos, e senti que um deles estava me encarando. Talvez fosse pedir cola. Talvez ele levasse um soco na cara se fizesse isso.

...

Na aula de Biologia, haviam três jogadores de basquete no fundo da sala. Eles pareciam tentar prestar atenção, mas estavam completamente absortos.

“Tem alguém olhando você, Katherine” disse Jenny a meu ouvido.

 “Cala boca, Jen” murmurei.

“ Olha logo. Logan Watson, filho de... adivinhe quem? Henry Watson. Wat-son. Ele é tão rico que o papel higiênico dele deve ser uma nota de 100.

Olhei-o rapidamente, e imaginei o que ele queria. Mas não estava interessada. Até porque 1) eu não ajudaria um babaca daqueles e 2) Bem, ele era babaca. Não preciso de mais motivos.

- Eu não dou a mínima – disse.

- Mas ele é bonitinho. – ela comentou.

É.. eu não podia dizer que não. Mas também não diria que sim. Simplesmente porque não sou dessas.