História Flawless - Katherine

Quem aquele idiota do Logan Watson achava que era? Pior, quem ele achava que eu era? Eu não sou nenhuma dessas piranhas que se jogam em cima dele. Se precisava de notas, que fosse estudar.

Isso era, entre outras coisas, o que mais me irritava na maioria das pessoas daquele Colégio. Conseguir as coisas sem nenhum esforço. Qual é o sentido disso? É mais fácil então, contratar alguém pra viver a vida pra você.

Segui em direção à aula de Física, onde Jenny e Chelsea conversavam ávidas – provavelmente sobre a patética tentativa de Logan de passar de ano. Me aproximei e as duas pararam instantaneamente de falar, mas começaram a rir ao me olhar. O professor ainda não havia chegado.

- Então, “Kate” – disse Jenny.

- Nunca achei que fosse ver você ao menos falando com o Watson – comentou Chelsea, e elas riram novamente.

- Eu já mandei vocês...

- Calma, criatura. A gente só estava aqui, pensando...

- No quanto você devia pegar o Logan – completou Chelsea, de uma vez.

Tirei o material da mochila e suspirei, irritada. Eu jamais ficaria com um cara como ele. Qual, é. O velho truque do sorrisinho de lado? Como se eu não soubesse.

Séria, encarei as duas e fingi uma voz de compreensão.

- Vocês estão drogadas, não estão? Podem falar, não tem problema...

- Katherine, é sério. Ele é gatinho, rico, e... Precisa da sua “ajuda” – disse Jenny, fazendo as aspas com os dedos. As duas primeiras características eram os únicos critérios que Jenny tinha. Não que ela fosse interesseira ou só se importasse com a aparência, longe disso. Porém, ela nunca se importou em ter um relacionamento sério – e o pessoal rico e bonito do colégio também não.

O Professor logo entrou na sala, e as duas calaram a boca. Enquanto anotava os cálculos da lousa, ri da palhaçada de Jenny.

Tá, não vou dizer que não. Ele era bonito. Tinha o corpo de um jogador de basquete.

Mas a mente de uma criança de cinco anos. Seria idiotice ao menos cogitar esse hipótese.

...

Pelo que notei, as únicas aulas que eu e Logan tínhamos em comum eram Biologia e Física. Quando já estávamos na terceira aula, de Inglês – que antecedia o intervalo -, Chelsea e eu começamos a conversar.

Diferente de Jenny, que não tinha nenhum “critério” na hora de ficar com ninguém, nós éramos um pouco mais seletivas. Não estou dizendo que eu bancava a difícil o tempo inteiro – somente com caras como Logan – mas eu não passava o rodo que nem uma faxineira de Shopping Center. Das duas, ela era a mais sensata.

O que Jenny tinha de inteligência nos estudos, tinha de falta de juízo. 

Mas nós éramos diferentes nesse ponto. Ela sabia como separar um relacionamento de, bem, uma noite só. Contudo, eu nunca ficaria com um acéfalo só porque ele é bonito ou tem a conta bancária do Bill Gates.

Como já havíamos terminado o exercício, Chelsea virou-se para trás para que pudéssemos conversar.

- O.k., fala – ela disse, sem rodeios.

- Falar o quê?

- Eu sei que você jamais ficaria com caras como Logan, porque você odeia... Bem, pessoas como ele. Mas por que você ficou tão irritada? Quer dizer, ele é só um idiota que está desesperado para passar de ano – ela falou, com sinceridade.

- Chelsea, minha mãe passou a minha vida inteira tentando rotular as pessoas. Dividí-las em grupos. Os inteligentes e os burros; os bonitos e os feios; os ricos e os pobres; os que teriam sucesso e os que fracassariam. Logan Watson é exatamente assim. Você acha que ele não sabe que é bonito e rico e que qualquer garota morreria pra ficar com ele?

- Então você acha ele bonito? – perguntou ela, e sorriu.

- Você entendeu. Eu não me importo de quem ele é filho, ou o que ele faz ou qual é a droga do sobrenome dele.

- Então está dizendo que jamais ficaria com ele, de verdade?

- De verdade.

- Em nenhuma hipótese?

- Em nenhuma hipótese.

Ela suspirou e virou-se novamente.

...

Na hora do intervalo, o assunto – não só entre nós, mas entre todos da escola – parecia ter mudado. O Campeonato Intercolegial de antes das férias estava chegando e, embora eu não me importasse muito, não podia deixar de comentar.

O bom desses campeonatos, era que eles eram a oportunidade (e desculpa) perfeita para fazerem festas. Mesmo que não fosse proibido, o reitor não permitia mais do que algumas festas por mês. Entretanto, como a imagem é tudo no Cook Allen, as festas para os jogadores dos times adversários eram uma amostra da “simpatia” pelos outros times.

Era festa quando eles chegavam; uma festa depois que eles chegavam; uma festa para anteceder os jogos; uma festa depois do começo dos jogos; e uma para encerrá-los. O que eu posso dizer? Aqui as pessoas eram festeiras.

Os estudantes da Academia Internacional de EF, os adversários do nosso time do colégio, estavam vindo para Chicago. Eles ficariam aqui até o começo de Julho, pelo que eu sei. E, mesmo que eu não tenha dado tanta importância a isso, Chelsea, e principalmente Jenny, não me deixavam esquecer.

- Então, você vai se reencontrar com o Joshua Smith? – perguntou Jenny, enquanto comíamos sanduíche de peru. Joshua Smith era meu “ex-namorado” que estudava no EF, e nós sempre acabávamos nos reencontrando nos Jogos e... Bom, a nossa relação era complicada. Eu gostava dele, ele gostava de mim, mas ele morava em Nova York, eu em Chicago, e eu não tinha paciência pra esse tipo de ‘relacionamento à distância’.

- Talvez – respondi, e nós rimos.

- Bem, acho que eles chegam em duas semanas – informou Chelsea. – Porque é o tempo dos treinos e depois já começam os torneios.

Confesso que estava animada com o reencontro com Joshua. Mesmo que por algumas semanas, gostava de ir às arquibancadas para vê-lo jogar. Ele era o único cara por quem já fiz isso.

Eu não ajudaria Logan Watson porque ele não merecia; Não ficaria com ele, porque era um babaca.