1. Spirit Fanfics >
  2. Flor de Lótus >
  3. Capítulo VIII

História Flor de Lótus - Capítulo VIII


Escrita por: MrsChappy

Notas do Autor


► cнαρρү ◄
Amores, eu e a Water amamos todos vocês! Alcançamos os 100 favoritos com nove capítulos, muita emoção! Ficamos extremamente gratas pelo carinho de cada review... Sempre nos dão imenso apoio para prosseguir Flor de Lótus, e se nós conseguimos fazer um bom trabalho, isso está muito relacionado com os nossos leitores! Domo arigatô.

Capítulo 10 - Capítulo VIII


“É impossível exprimir a perturbação que o ciúme causa a um coração em que o amor ainda não se tenha declarado.”

— Madame de La Fayette.

|x|

Quando chegou em seu escritório, sentiu uma imensa vontade de quebrar a mesa em sua frente. Seu peito estava em brasa, e seu coração ardia como uma ferida recém-aberta.

Sob seus pés, o piso de madeira do escritório começou a congelar. Nunca estivera tão contente com a ausência de Matsumoto. Queria socar Byakuya. Queria socar Kyouraku. Queria se socar.

Toushirou não esperava nem em mil anos encontrar Kurosaki Karin na Seireitei. Eles tinham muita conversa para pôr em dia, e ela tinha muitas explicações a dar-lhe. Porém… Ela não era a única que devia explicações, notou, lembrando-se do olhar acusatório que aquelas fascinantes íris negras lhe lançaram.

Admitia que não se despedir fora a pior das ações possíveis, entretanto, precisava de espaço. A presença de Karin era deveras intensa, beirando ao sufocante — e sem aviso prévio de sua chegada, a sensação era apenas intensificada sem o devido preparo. Sentia seu cérebro se sobrecarregando. Precisava de tempo para acostumar-se.

Acostumar-se com o quê, na verdade? Habituar-se à reiatsu tão autossuficiente dela? Sua audácia e arrogância que ele conhecera já à tempos, contudo desacostumara-se? Talvez com a intensidade de sentimentos que ambos trocaram em apenas um olhar.

Ou com sua aparência, uma outra voz em sua consciência — uma certamente mais observadora e pretensiosa — apontou. A Kurosaki agora tinha características amadurecidas, traços que antes não haviam em seu corpo. O rosto estava mais definido, os lábios mais cheios, os cabelos sedosos e um corpo com ângulos e curvas que ele jamais chegara a conhecer.

Era inegável que a aparência da morena mexera consigo, mas não fora o que lhe causara tal sensação. Talvez a situação em que se encontravam?

Tantas perguntas e nenhuma resposta.

Se jogou na cadeira, massageando as têmporas. Dentro de sua mente, as memórias e a voz de Karin explodiam como fogos de artifício, criando cores e diferentes tipos de cintilação. Os olhares, suas afrontas e até o momento vergonhoso no qual ela revelara seu apelido aos outros capitães.

Novamente, a voz de Byakuya ressoou em seu hipocampo, e a raiva de Toushirou esfriou o tempo e expulsou a confusão. Pelos deuses! Dívida? Que tipo de resposta era aquela? Dane-se a coerência e a veracidade, Kurosaki deveria estar em seu esquadrão e não no Sexto! Ela nem nobre era!

Toushirou abriu os olhos na última afirmação. No final da Guerra tornara-se de conhecimento público que Kurosaki Ichigo era parte Quincy por lado materno. E uma puro-sangue ainda por cima. E como todos os Quincy descendiam de Yhwach, que era filho do Rei das Almas… De certa maneira,  ela era nobre.

Mas que droga!

Pegou a caneta com brusquidão. Seus pensamentos rodavam e seus neurônios estavam prestes a entrar em combustão. Contudo, era um capitão, e tinha suas responsabilidades. Karin e toda sua confusão poderiam esperar para serem o foco de sua meditação.

“— Você sabe que está fadado a tornar-se desatencioso enquanto não conversares com ela, não é mesmo?”

Toushirou suspirou profundamente, preferindo ignorar o dragão de gelo. Poderia Hyourinmaru ao menos lhe oferecer um incentivo e não um fato desanimador?

— Maldita Kurosaki problemática! — Murmurou, largando a caneta e puxando os fios claríssimos. Provavelmente continuaria a lamuriar se uma risada não lhe tivesse ganhado a atenção.

Fora mais forte que ele, para ser sincero. Assim que focalizou a visão, urrou:

— Matsumoto!

— Parece estar com problemas, taicho. Precisa de uma ajudinha?

— Fora da minha sala Matsumoto, agora!

— Mas taicho… e a papelada? — O sorriso não desgrudava a cara risonha da ruiva, ela cruzava os braços, aumentando o volume excedente em seus seios, quase pulando para fora das vestes. Não que ela se incomodasse com esse aspecto ou que Hitsugaya se envergonhasse.

— Agora!

Matsumoto não dissimulou o seu divertimento, não baixara o volume de suas gargalhadas. Pretendia abandonar os aposentos do capitão, que naquele meio tempo estava quase congelado, porém, sorria perante a aura maligna gélida. Após sete anos, ela finalmente enxergou de novo, uma emoção distinta para além de culpa e tristeza.

Os dias do décimo esquadrão voltariam a ser barulhentos… animados. Tudo por causa da chegada inapropriada de Kurosaki Karin.

Sempre desconfiou, e posteriormente com a ausência das visitas peculiares ao Mundo Real obteve a certeza, que ela era uma menina especial. Sempre conheceu o prodígio albino respeitando as regras, logo, consequentemente evitando qualquer contacto desnecessário com seres humanos. Shinigamis e humanos não poderiam coabitar.

Rukia Kuchiki fora a primeira a quebrar essa imposição, o segundo Renji Abarai. O terceiro… Hitsugaya Toushirou, com a irmã de Ichigo. Um fenômeno surpreendente, até para si, que era a tenente do albino durante muito tempo.

No entanto, ela quebrara e adentrara na vida de seu taicho. Sempre bagunçando seus sentimentos, e a prova nítida encontrava-se sob o gelo que arrepiava os dedos de seus pés, remexia-os procurando aquece-los.

— Não pense muito, taicho. Mulheres gostam de atitudes! E não se esqueça de ir receber a Karin-chan!

Claro… a notícia que a irmã de Kurosaki Ichigo iria permanecer durante um tempo indeterminado pela Soul Society, como uma shinigami no sexto bantai, já era viral. Na reunião de tenentes não se deve ter falado de outra coisa, e aquela Matsumoto… De certeza que comentara que Karin era uma conhecida deles.

Recordar-se do sorriso estonteante da morena, sempre que se aproximava dele para o obrigar a participar nas partidas de futebol, que o seguia até a casa de Haru-baa-chan… “Toushirou”, a forma informal com que se dirigia a ele, e inesperadamente, deixara de a corrigir e acostumara-se com esse tratamento vindo por ela… Só aumentara a sensação de que ela devia ficar no seu esquadrão!

A raiva apossou-se de sua reiatsu que elevava seu sobretudo de capitão. Desde quando o Kuchiki se interessava por recrutas? Principalmente um Kurosaki? Todos sabiam que essa família arrastaria encrencas e chamaria a atenção. Por que um capitão tão aristocrático e discreto se interessaria por alguém assim?

E por que ele se incomodava com isso, afinal?

Tão avoado com seus pensamentos, só notou que alguém adentrara pelo escritório com o ruído da porta rangendo pelo chão. Suspirou fundo, sem analisar a presença atrás de si.

— Matsumoto, já lhe disse para… Hinamori? O que faz aqui?

— É assim que recebe sua amiga, Shirou-chan? — Momo sorriu tranquila, prevendo alguma atitude brusca desse gênero.

— É Hitsugaya-taicho! Não respondeu minha pergunta. — Algumas veias tornavam-se visíveis na sua testa, quase latejando. Uma reacção que evaporara durante longos e enfastiosos anos.

Notou as partículas de gelo queimando os móveis da habitação, inspirando profundamente, evitando algum dano considerável. Voltou sua atenção para os papéis amontoados, ligeiramente húmidos com a queda de temperatura. Ia pegar na primeira folha, quando Hinamori surge ao seu lado batendo na sua mão estendida com um olhar sério, sob as íris turquesas incrédulas.

— O que está fazendo, Shirou-chan?

— Do que está falando? Quem devia perguntar isso era eu! — A tenente de coque o encarou entristecida, esmorecendo os ombros, apesar da sua discrição… nenhum desses gestos passou despercebido por Toushiru.

— Por que tem medo do que está sentindo, Shirou-chan?

— Como assim? O que quer dizer? — O receio presente em seu olhar o denunciou. Temia que aquilo em seu peito, pudesse ser realmente isso… Receava que a fúria fosse causada por, ciúme…

— Shirou-chan somos amigos de infância. Eu conheço-te. Sei quando não estás bem… e sei que conheces a novata, Karin Kurosaki.

Bastou escutar seu nome, para as muralhas de gelo de Toushirou ruírem. Desviou o olhar da amiga de infância ligeiramente ruborizado, fazendo com que ela entendesse seu constrangimento, rindo baixinho amenizando o clima.

— Está vendo? Você sente algo por ela. Não fuja Shirou-chan, não quero ver meu irmãozinho sofrendo.

— O que está sugerindo, Hinamori?

— Sabes o caminho para o sexto bantai, não sabes? Então vá ter com ela. Só quero o Shirou-chan que conheci de volta, e acho que só essa Karin pode o trazer.

Expirou todo o ar contido em seus pulmões, ainda mais confuso consigo mesmo. Ela o observava risonha, deixando alguns doces sobre a sua secretária, saindo de sua sala, sem se despedir.

Toushirou aconchegou-se na poltrona, durante alguns minutos, só pensando e revivendo aquela manhã mentalmente. Avistou os doces perto de si, com uma gula incompreensível, foi gozando do presente suculento. Suas memórias agora perdiam-se em momentos mais longínquos e nublados, sendo a protagonista uma jovem de olhos ónix.  

Notou que os doces acabaram e não tinha mais com que disfarçar o formigueiro em seu peito, suspirando.

— Fui um idiota, não fui Hyourinmaru?

“ — Ainda vai a tempo de concertar seu erro mestre.”

— Ela deve estar furiosa por ter ido embora sem dizer nada.

“ — Então, peça desculpas e mostre que está arrependido. A Kurosaki não tem mau coração mestre, ela o irá perdoar.”

Uma curva singela surgiu na sua face jovem,  como há muito não aparecia. Felicidade. Numa euforia, pouco usual de Hitsugaya, ergueu-se quase atrapalhando-se com os pés, abrindo a porta do escritório, sumindo pelo shunpo num ápice. Nunca desejou chegar tão rápido ao Sexto Esquadrão.

Duas presenças ocultas, nos corredores que conduziam ao local de trabalho do capitão daquele bantai, assistiam interessadas nas atitudes do mesmo. Hinamori e Matsumoto, entreolharam-se, revelando um sorriso cúmplice, comemoraram.

— Ele vai ter com ela!

O reencontro era apenas o início de uma incógnita tempestade emocional. As cicatrizes do passado e o sangramento dos ferimentos presentes seriam um impedimento para o perdão?



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...