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História Flor de Lótus - Capítulo II


Escrita por: MrsChappy

Notas do Autor


► cнαρρү ◄
Olá queridos leitores. Agradecemos cada favorito recebido, o carinho de comentário e todos aqueles que marcaram sua presença ao visualizar.
Nós não pretendemos abandonar esta história, ou deixá-la parada tanto tempo que se esqueça dela! N Ã O M E S M O.
Por isso, nós postaremos, a partir de hoje todos os dias 3 de cada mês. Um capítulo pode ser pouco por mês, sei que sim, sou leitora e entendo. Até a Water comentou que gostava de postar duas vezes por mês. Mas isso traz problemas. Podemos não garantir postar sempre, ao menos, desta forma podemos nos comprometer e cumprir.
HitsuKarin não vai cair no esquecimento, vão por mim. Foi dos poucos casais que não foi destruída pelo cannon. #HitsukarinForever
Eu e a Water agradecemos todo o apoio que esta fanfic tem recebido. Só quero pedir que não se calem, se não gostam de algo nos digam por favor. Se querem algo, peçam! Nós podemos tentar arranjar uma forma de colocar na história. Se gostam, digam! Por favor. Nós queremos melhorar, mas para isso precisamos da opinião de leitores.
Beijinhos,

Capítulo 3 - Capítulo II


“Só quem já disciplinou sua mente e harmonizou seu mundo interior tem condições de fazer alguma coisa pelos outros.”

— Zíbia Gasparetto.

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A realidade é medonha. Por vezes, seria bom haver um escape… Uma ficção para além do mundo que se conhece, para fugir das lembranças e refugiar-se no esquecimento absoluto. Ter um mundo interior que é o reflexo daquilo que é a personalidade do seu portador. Um sítio só dessa pessoa, um canto para o sossego da alma.

Maldita promessa.

Todos os dias, Karin ao despertar, abria as pálpebras com ansiedade. Com um aperto no peito,“será hoje que ele volta?”. Talvez estivesse a ser injusta. Compreendia que ele estava ocupado, que tinha outras prioridades, no entanto, a sua fastidiosa rotina não era o suficiente para varrer de sua mente a lembrança de que ele prometeu um dia regressar.

Malditos sentimentos.

Por que ela estava tão interessada na visita de Toushirou, afinal? Não queria admitir, mas estava com medo. Receava a resposta a essa pergunta, queria esquecer o que sentia apenas durante alguns instantes para acalmar a dor que sentia.

Contudo, mesmo que a mente esquecesse, não era possível ainda assim o coração lembrar?

Odiava ter que esperar. Preferia ir buscá-lo à força e obrigá-lo a desculpar-se com a Haru-baa-chan. Se tivesse meios para isso.

— Karin-chan!

— Quieto, velho! — Karin como um hábito matinal socara o pai, esquivando de um dos seus abraços. Aproveitando a breve oportunidade de sua inconsciência, dirigiu-se à cozinha procurando por Yuzu, mas a mesma deixara um recado em como tivera de sair.

“Karin-chan, fui comprar os alimentos para fazer o jantar. Tome conta do otou-san.

Por favor, não briguem. Nem destruam a casa. Voltarei em breve.

Yuzu.”

Torceu o pescoço irritada, escutando os ossos estalarem. A mera previsão em que teria de aturar, sem ninguém, uma das crises de Isshin Kurosaki já fazia com que seu eventual bom humor desaparecesse totalmente. Não dava para ele ser um pai normal?

— Droga, terei de ficar sozinha com o velho.

— Será magnifico! Um dia a sós com a minha filhinha Karin! Podemos aproveitar este momento e relembrar os passeios em que você ficava no meu colo, dormindo em meus braços…

— Nem pensar, velho tarado! — Com um pouco mais de força, Karin ponteia o pai, fazendo com que este rodopiasse contra a parede, quebrando-a.

— Masaki, nossa filha não me ama! É uma filha ingrata como o Ichigo!

Alguns espíritos participaram na reunião familiar. Detectando o poder espiritual da morena, aproximavam-se dela, sabendo que ela os veria. Alguns simplesmente a encaravam, outros mais ousados, encantados por sua beleza fria, persistiam com tentativas mais audazes. Tocar seu cabelo, sentir a textura de sua pele, inspirar seu cheiro.

As lamúrias do patriarca da família Kurosaki também não cessavam. Uma manhã perfeitamente usual, e um tanto perturbada, como era comum naquela habitação. Contudo, Karin ao contrário dos outros dias não estava com a habitual paciência. Estava irritada, sem nenhum motivo aparente.

Frustrada, abandonou o compartimento dirigindo-se à saída sem despedir-se. A pele ficou ligeiramente arrepiada com a queda drástica de temperatura. Não esperava que tivesse tanto frio. Mas optou por suportar esse facto, do que ter de entrar em casa de novo.

Sempre ambicionou uma vida simples desde o falecimento de sua mãe. Porém, enxergar fantasmas mesmo não acreditando neles, em determinada altura, e ter um irmão mais velho que é um substituto de shinigami não contribuiu para realizar o seu desejo.

No entanto, era isso que ela realmente desejava?

Esse fenómeno estranho devido a sua reaitsu alta foi um dos factores que a ajudou a lidar melhor com a ida de sua okaa-san. Ela não podia ter uma vida normal, se ela própria não o era. Além do mais, não ver espíritos implicava não poder conhecer e conviver com o jovem albino.

“— Também nunca nos poderíamos encontrar se não fosse esse seu dom, Karin.”

A Kurosaki parou abrutadamente na calçada, sentindo a pequena brisa bagunçar seu cabelo negro. Uma pequena nuvem saía entre seus lábios, enquanto a ponta de seu nariz ia ficando avermelhada por conta dos pequenos flocos de gelo que pairavam no local.  

Era a mesma voz do lago, estava convicta. Os minuciosos flocos de gelo que balançavam com a prosperidade do vento, derreteram, convertendo-se em gotas de água. O céu cristalino fora escurecido com as nuvens, porém, apesar da conversão nebulosa do tempo, a temperatura ficou amena. Karin, inclusive notou que ao respirar já não observava o vapor sair pela sua boca.

— Toyotama?

“— Vejo que se lembra de mim, criança. Isso irá facilitar a minha explicação.”

O que começara como uma inofensiva chuva moderada desfigurara-se num aguaceiro. Num processo natural, as roupas foram grudando no corpo feminino, e as gotas embaciando sua visão. Apesar que conseguiu distinguir com clareza o controlador das abundantes partículas que a encharcavam.

O mesmo dragão movia-se numa dança elegante entre as gotas, efectivamente, como se ainda nadasse no lago.

— Do que está falando?

“— Da sua nova vida.” — A chuva molhava suavemente o rosto de Karin, ao passo que o vento refrescava seu espírito. Algo de solene adveio, seu corpo parecia flutuar em adrenalina, e seu poder espiritual elevou-se perigosamente sentindo todas as reaitsus a quilómetros de distância.

Os olhos cor de nanquim se arregalaram intensamente mediante da fala do dragão, porém, antes que pudesse exigir explicações ou emitir algum som, o mundo tornou-se silencioso e toda a claridade se esvaiu como se estivesse novamente sob as águas do lago.

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Quando tinha quatro anos, Karin realizara um trabalho no fundamental muito simples: era para desenharem suas visões do mundo perfeito. O lugar em que seus corações encontrariam a paz. Essa é uma de suas mais antigas memórias — embora não faça ideia do que tenha desenhado, sinceramente.

Entretanto, se ela pudesse responder, no presente, se havia achado o lugar perfeito, ela diria que havia encontrado-o. Bem diante de seus olhos, abaixo de seu nariz, todo este tempo. Um verdadeiro tesouro escondido no armário.

As obsidianas da garota esquadrinharam o local, reluzindo em admiração. Ela estava sentada num pequeno cais de madeira escura, decorado com pequenos postes tradicionais de luz, com o papel de arroz todo colorido e decorado com carpas. Até onde sua visão alcançava, o oceano se estendia em tons mistos de azul e verde, movimentando-se sinuosamente em ondas poderosas. Ele ia de encontro ao céu absolutamente negro, salpicado com estrelas e exibindo uma lindíssima lua amarelada. O cheiro de maresia e o som que preenchiam todo aquele lugar eram impagáveis.

— Gostou? — A voz masculina e harmoniosa tirou-a de seu torpor.

Quando Karin se virou, o ar fugiu de seus pulmões. Ela já havia visto o dragão duas vezes, mas ficar cara a cara era totalmente diferente. Se antes ela achava que o dragão era grande, seus conceitos haviam mudado — Toyotama deveria ter, no mínimo, o comprimento de um prédio de vinte andares. As escamas que recobriam o corpo do dragão eram tão negras quanto as plumas de um corvo, e as únicas alterações de cores ocorriam ao redor dos olhos negros, se tornando azuis. Sua forma era inteiramente tradicional, Karin reparou. Longos bigodes esverdeados saiam do foucinho e não havia asas. Parecia uma gigante serpente, embora possuísse uma beleza simplesmente etérea que os mesmos répteis estavam longe de ter.

— Toyotama? — Seus lábios abriram-se num “O” mediante a aparência do dragão.

O dragão abriu um sorriso, revelando uma fileira imensa de dentes brancos e pontiagudos, que poderiam muito bem rasgá-la em pedaços se bem quisesse.

— Vejo que me reconhece, então. — A voz dele pareceu ecoar em todo seu organismo. —Porém, sabe quem eu sou?

Karin lançou um olhar cético na direção de Toyotama. Como assim “conhecê-lo”?

— Para alguém que se diz interessada em História e Literatura, você não está muito afinada, Karin. — Toyotama provocou, vendo uma veia explodir na testa da morena, irritada.

— A única menção de Toyotama no Folclore é sobre a filha de Ryuujin. E de qualquer maneira, o que você tem haver com a deusa dos mares e dos dragões? — A Kurosaki arqueou uma sobrancelha, soberba.

Desta vez, quem se irritou foi o dragão, que soltou um muxoxo, dizendo: “Malditos! Isso é sacanagem! Só por causa do meu cabelo me fizeram passar este vexame”. A cauda de Toyotama se remexeu inquieta, e Karin não pode deixar de mirar a extensão coberta de escamas. De fato, ele era magnífico.

—Bem, Karin, — O dragão se recompôs, pondo-se a falar corretamente. — Não tenha plena confiança nessa história. Estes autores costumam confundir muitas coisas. Nem todos nasceram abençoados com a capacidade de ver claramente como você. Estes humanos do passado perdiam a calma por qualquer coisa, e acabavam por fantasiar com algo que não existia.

— Toyotama, pare de rodeios. — A Kurosaki argumentou, ríspida. Estava começando a perder a pouca paciência que restava-lhe. — Quem você é?

— Sou o deus do mar e dos dragões. Toda água que corre no universo está sob meus domínios. E também sou a personificação de seu coração, o outro lado de sua alma. — Ele pronunciou com firmeza. — Eu sou sua Zanpakutou, Kurosaki Karin.

Karin piscou uma, duas, três vezes. A intensidade da fala do espírito fora suficiente para roubar-lhe o ar. Não satisfeito com o estado catatônico da jovem, Toyotama prosseguiu:

— Meus poderes não são fracos, pequena. Você precisará ser muito forte para conseguir harmonizar-se com as águas. Meu domínio abrange dês das águas que fazem sua vida confortável as chuvas que caem dos céus, das pequenas gotas de orvalho ao imenso oceano. Posso curar ou destruir. E quando aprenderes a manter-me sob controle, terás acesso livre a toda água que quiser. — O dragão revelou, sentindo toda a admiração que exalava de Karin. — Mas, isto são ações do futuro, pequena. No momento, você deve estar curiosa para conhecer seu mundo interior.

— O meu o quê? — Franziu o cenho.

Sem responder, a cauda de Toyotama moveu-se com maestria, indicando o mar atrás de Karin, e então, um pequeno, mas encantador templo atrás de si. A madeira do cais estendia-se num breve caminho que findava na entrada das portas corrediças, decoradas com um papel de arroz semelhante ao das lanternas, todo azulado e com desenhos de criaturas marítimas.

As pernas de Karin moveram-se quase como automaticamente. Passou correndo por um Toyotama divertido, então adentrou o local, embasbacada com a delicadeza das pinturas e tapeçarias que havia ali dentro. Sempre lhe fascinara as antigas obras, era uma de suas paixões, ao lado do futebol e dos jogos.

Correu seus dedos pela madeira lisa das paredes, enquanto era observada por um par de olhos intensos.

— Toyotama... — Iniciou, atraindo a atenção do dragão. — Por favor, ensina-me a trabalhar em conjunto contigo. Eu quero aprender, te desvendar.

O dragão pareceu surpreso com a fala da mestra, contudo, logo deixou que um brilho intenso de orgulho dominasse seu olhar.

— Tens um longo caminho pela frente, pequena. Precisará aprender não só meus caminhos, como outras artes. Terá de desvendar a si própria, e explorar seu coração. Entretanto, sei que consegues. — Karin aproximou-se de Toyotama, colocando uma de suas alvas mãos no foucinho do espírito, sentindo as gélidas e sedosas escamas por debaixo de seus dedos.

Abriu um sorriso determinado, voltado seu olhar para o mar turquesa — uma cópia da cor dos olhos de certo capitão.

“Se prepare, Toushirou!”, ela pensou, “Você não vai me escapar agora!”. E dentro de seu coração, uma nova chama ascendeu.

A esperança.



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