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História Flor de Lótus - Capítulo VI


Escrita por: MrsChappy

Notas do Autor


► cнαρρү ◄
Olá queridos e amados leitores, pensam que nós esqueceríamos de vocês? Nem pensar!
Parabéns à leitora que faz anos dia quatro neste mês, não cito nomes porque ela pode ser envergonhada, mas não esqueci disso não, eheh. Obrigada pela mensagem a outra leitora perguntando sobre este capítulo, eu e a Water ficamos muito felizes por saber que estão mesmo a gostar da FL, acompanhando-a de coração, sempre ansiosos pela nova actualização. Obrigada por cada favorito e comentário, incrível como em tão pouco tempo e com poucos capítulos, a história teve tanto apoio. A Water e eu quase babamos de orgulho por tanto carinho. Agradecemos profundamente.
Amamos cada um de vocês.
Já agora comento sobre um pedido feito por vários leitores, e que eu e a Water já falámos, o tamanho dos capítulos. Como sabem, nós temos alguns capítulos feitos para não falharmos as actualizações mensais, porém o tamanho é sempre por volta das mil palavras. O que de facto não é muito. Por isso um cuidado que temos tido é aumentar para as duas mil palavras, porém, isso só vai acontecer a partir daquele que já tínhamos feito por último... Os capítulos maiores vão demorar um pouco a aparecer mas vão surgir. Não pensem que desvalorizamos ou ignorámos esse pedido, eheh. Era só esse o aviso que queria deixar. Beijinhos.

Capítulo 8 - Capítulo VI


Não importa quanto você se esforce, você só poderá redimir-se com o perdão da outra pessoa.

— Kaoru Kamiya.

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Paciência é muito mais do que uma virtude. É uma arte. Permanecer firme diante do imponente tempo sem perder a compostura é um talento. Dizem que a paciência é o segredo do sucesso, e a melhor amiga da perfeição. Paciência é a chave do conhecimento.

Infelizmente, Karin não era agraciada com a mesma.

Bufou, olhando o céu pouco entretida. A chuva não havia tardado, e agora, alguns raios iluminavam a abóboda celeste cinzenta — embora  sua vista, infelizmente, estivesse entrecortada pelas hastes metálicas da janela. Era a única coisa que podia fazer, além de ouvir fofocas alheias concebidas pelas bocas imersas em infidelidade dos guardas. Haviam fofocas até mesmo sobre seu irmão! Quem diria que ele acabaria interessado na shinigami baixinha que mudara a vida de todos eles… Ichigo e ela tinham muitos assuntos para debater.

Em algum momento da conversa, até havia se juntado a eles no bate-papo, contudo a troca de turnos estragou sua diversão. Pelo menos, havia conseguido dois supostos amigos.

Seus olhos já haviam se acostumado com o cinza opaco da cela. Estava deitada na desconfortável cama, preparando-se para seu oitavo cochilo, revezando entre lamentar sobre não ter tomado o café da manhã adequadamente e a falta que seu game portátil fazia. Suas costas ardiam e seu pescoço dava fisgadas dolorosas de minuto em minuto. “Para quê tortura se há estas malditas camas?”, pensou amarga, porém sentindo muita preguiça para se mover até o chão.

“ — Realmente, vais continuar a ignorar-me só porque te orientei a fazer o certo?

Karin não respondeu a Toyotama, desejando imensamente que alguma onda atingisse-o ou que alguma água-viva se enroscasse em sua cauda. Dragão desleal! Ela tinha certeza de que ele e aquele tal de Byakuya estavam armando um complô contra si.

Mais que depressa, os pensamentos de Karin focaram-se em Toushirou. Saber que estava tão perto dele lhe inquietava, de verdade. Durante aquela finita eternidade em que estava ignorando constantemente sua geralmente amada zanpakutou, não havia parado de refletir sobre ele, sobre eles e sobre a promessa que os ligava.

Seus sentimentos era uma incógnita para si. Se estava ansiosa para reencontrá-lo? Com certeza. Afinal, por mais que negasse veemente, ainda haviam os seus sentimentos para serem levados em conta. Entretanto, existia algo mais… Um sentimento negativo, distinguiu — correção: sentimentos negativos.

Além da animação e do fato de que estava totalmente enamorada por ele, havia ali raiva, angústia, decepção, tristeza e desgosto. Afinal, uma promessa quebrada era uma promessa quebrada, e Karin não dava razão a nenhum ato de desonestidade. Ele havia quebrado seu coração, uma parte da alegria de Haru-baa-chan e havia conseguido rachar a parede de confiança feita de aço entre eles. Se Karin confiava cegamente nele? Sim, ele era um bom homem, esforçado e verdadeiro. Porém, a morena ainda tinha um pé atrás.

Não duvidava dele. Mas não conseguia encontrar o perdão que costumeiramente ofereceria — embora o perdoaria num piscar de olhos. Era difícil de explicar, e mais ainda de sentir. Subitamente, havia perdido a vontade de ficar deitada, então começou a dar curtas passeatas pelo cômodo, remoendo toda sua sanidade.

Cerrou os punhos, sentindo as compridas unhas machucarem sua pele clara. Sem ter consciência de sua reiatsu e do efeito dela, a chuva lá fora se tornou uma tempestade. Os céus enegreceram, como se as nuvens estivessem pútridas, e a chuva tornou-se insuportável — gotas grossas e onerosas, como se pesassem toneladas. Agora, relâmpagos dançavam na pura incandescência, enquanto os ruidosos trovões sacudiam as construções da Seireitei. O clima esboçava tudo o que estava sentindo; recriava toda sua agonia.

Pelos deuses, como amar poderia trazer tanta dor? Nenhuma dor física conseguia igualar-se a que estava sentindo agora. Aquilo era uma tortura! Uma agonia paralisante, criada pela droga da promessa e pela tristeza que havia acumulado-se em seu peito, fazendo seu coração bater intensamente, mas rarefeito em quantidade de pulsações.

— Deveria aprender a controlar suas emoções, Kurosaki. — A voz de Byakuya a despertou de seu estado catatônico, mas não aliviou toda a agonia de seu ser.

Virou-se, na intenção de retrucar o capitão, contudo, ele não estava desacompanhado. Karin jurou que naquele instante um terremoto colossal e maciço tinha atingido seu corpo, pois até mesmo Toyotama suspirou em descrença.

Toushirou lhe encarava tão surpreso quanto ela.

“ — Mestra, mantenha a calma. “

“ — Fácil falar, Toyotama!

Ele estava tão bonito, Karin reparou. Havia mudado o cabelo, a pele estava mais bronzeada e o rosto mais definido. Até mesmo seu corpo estava diferente. E os olhos turquesas… Aqueles olhos eram os portões do Nirvana, sem dúvidas.

Porém…

— E você deveria desenvolver a capacidade de não se meter onde não é chamado! — Rebateu, áspera, embora sentisse a pele formigar e o cérebro desnorteado.

A presença de Toushirou lhe ocasionou um frio imponente e impossível de não ser sentido — como se ele estivesse tentando congelar o momento e compreender em pedaços o que realmente estava acontecendo. Seu coração acelerou por ele, mas não deixou que seu amor platônico lhe influenciasse na razão: Toushirou havia quebrado uma promessa, que, ao menos, a morena havia levado em consideração.

— O que faz aqui, Kurosaki? — Toushirou balbuciou seu sobrenome, surpreendendo-a tal qual Byakuya. Ele parecia confuso e até mesmo desconfortável com sua presença… Como se ela não fosse bem-vinda ali.

O Hitsugaya escolhera a frase errada. Fora como apertar o detonador de uma bomba. Se antes a reiatsu de Karin flutuava em desequilíbrio, agora afundava em ira. Ela havia ido lá para vê-lo! Tinha ido por causa da promessa que ele tratou com descaso! Tinha ido pela velha Haru — e que os deuses mantivessem-na viva durante o período em que estava fora — e seu desejo de ver o amigo novamente!

Não conseguiu expressar sua decepção e angústia em palavras, mas canalizou tudo que sentia em seus olhos. E por um breve instante na fachada austera de Toushirou, vira-o titubear atordoado.

— Vocês capitães realmente não tem noção de espaço pessoal, não é mesmo? — Disse em total momento de rebeldia. — O que querem?

Como Toushirou ainda lhe fitava mortificado, Byakuya respondera, notoriamente desconfiado:

— Viemos levá-la até o Comandante. Ele deseja vê-la.

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Previsivelmente, aquela reunião seria um caos. Assim que os pés de Karin pisaram a superfície do primeiro bantai, todas as atenções voltaram-se para si. Como um disfarce, mantinha a feição suave e distraída, contudo, estivera atenta a todos os detalhes. Inclusive reparou a densidade de reiatsu que cada capitão emanava.

— Jovem por acaso você veio a mando dos quincys? É sua aliada?  — Ela focou o olhar, com uma sobrancelha erguida, na figura suspeita. Um Comandante usando um kimono floral?

— E quem são esses? Deveria saber? — Kyouraku analisou a invasora com um pequeno sorriso, apesar de não o aparentar, estava divertindo-se com a situação. E suspeitava, qual fosse a origem de todo aquele caos. Se ela fosse como o irmão, o motivo de ela invadir um mundo desconhecido, só podia ser um… Um shinigami em específico.

Hirako não conteve sua gargalhada sonora ou as lágrimas que surgiam no canto dos seus olhos. Os shinigamis viveram os últimos dias apreensivos, não dormiam pela perturbação que os perseguia em sonhos… Tudo causado por um mal-entendido.

Ninguém conseguia evitar de sentir-se aliviado, ou de entreter-se minimamente. Afinal, um capitão só tinha duas tarefas em tempo de paz: dar ordens e preencher relatórios. Ter uma confusão inofensiva, transfigurava-se numa brincadeira.

O vaizard encontrou na morena o desleixo peculiar de Ichigo. Apesar de a advertirem com o tom que ela utilizava, ninguém esperava que ela obedecesse.

— Irmã do substituto de shinigami, Ichigo Kurosaki, qual a razão para entrar sem autorização na Soul Society?

— Meu nome é Karin, não a “irmã” do Ichi-nii.

“— Criança, não comeces um duelo verbal com o Comandante dos esquadrões! Limita-te a responder.”

“— Caso não te lembres, Toyotama… Eu já me ferrei com os teus conselhos.”

Durante uns segundos, ela ficou quieta, pensando numa resposta. Desviou seu olhar, por um instante, até ao Toushirou, que a encarava curioso junto dos capitães restantes.

— Na verdade, isso é algo que não lhe diz respeito.

— Kurosaki! Está falando com o Comandante!

— Fica quieto, Toushirou, não preciso de lições de um aluno do primário.

Por um acidente de hábito, ela o tratara como de usual. Se estava magoada? Sim, no entanto, não conseguia manter-se indiferente ao seu olhar, nem ser totalmente rude com alguém que a salvara tantas vezes.

Um erro, não apaga todos os momentos bons que compartilharam.

Com alguma dificuldade, ela não revelou a nostalgia que lhe preencheu o peito calorosamente.

Por sua vez, eram notórias as veias que surgiam pela face do albino. Junto da chuva, o frio começou a perfurar a pele dos shinigamis protegidas pelas vestes negras. Murmurava entre dentes, desprezando o pormenor de ser escutado pelos capitães junto de si.

— Não mudou nada…

Mantendo a compostura, Karin decidiu focar-se na reunião, mais propriamente no homem com o tapa-olho. Inconscientemente, acabara por seguir o conselho de Byakuya: controle suas emoções.

— Por que haveria de confiar em vocês? Não é por serem amigos do Ichi-nii que irei revelar meus motivos. — Hirako, paciente e acostumado com aquela típica rebeldia dos Kurosaki, tentou explicar a situação que a envolvia, sem despertar alguma atitude imprudente desta.

— Karin, você invadiu a Soul Society… Era de esperar que não tivesse uma recepção calorosa… Nós temos um regime supervisionado com leis rígidas para evitar confrontos. Percebe a sua situação? A nossa ordem era matá-la, se não comentasse ser irmã de Kurosaki Ichigo, era isso que faríamos. E teve sorte por membros do Gotei, do nível de tenente e capitão, comprovarem sua história, caso contrário, era inútil conversar.

Durante o discurso, ela revirava os olhos e remexia as mãos entre as almas que a impediam de usar seu poder espiritual. Exageradamente desconfiados…

— Invadir? Só vim fazer uma visita. E eu tenho uma zanpakutou que diz que tenho poderes de shinigami, para onde eu deveria ir tendo de treinar meus poderes? Para o mesmo lugar onde vivem aqueles monstros com máscaras? Ou ficar no meu mundo e magoar alguém?

De todas as maneiras possíveis, notava-se o quão Karin estava irritada. Estivera horas entediada e desconfortável numa maldita masmorra, como se fosse uma criminosa, Toushirou não demonstrara o mínimo de arrependimento, ainda a tratara como estorvo, e a sua zanpakutou e os capitães ainda tentavam lhe inserir moralismos e etiquetas.

Apesar do tom cortante usado, ela não deixara de ter alguma veracidade em suas palavras. A Kurosaki não conhecia as leis daquele mundo, por isso, eram previsíveis suas atitudes irresponsáveis. Para além disso, já ouvira falar daquele espaço pelo irmão mais velho e outros shinigamis do Gotei 13, e por fim… ela entrara num dos distritos de Rukongai, nunca invadira a Seireitei, nem sequer houvera essa tentativa. Tecnicamente, ela não cometera nenhum crime. Era uma alma com poderes, porém como ainda era humana, alertara-os para outro perigo.

A maioria dos capitães murmurava sobre o cenário actual e as eventuais repreensões possíveis para a Kurosaki, que apesar de escutar tudo, ignorava. Os diálogos prosseguiram até que o Comandante levantou a mão, num ligeiro aceno, para atrair a atenção dos capitães que imediatamente se silenciaram.

— Karin Kurosaki, perante suas palavras, devo entender que pretende entrar num bantai?

Uma proposta milagrosa que acendeu o espanto por todo o salão de reuniões. Desde o capitão mais inexpressivo até a Toyotama arregalaram a face em surpresa. Uma humana viver entre os shinigamis? Uma viva coabitar com os mortos?

Tão prontamente como apareceu, a surpresa fora substituída pelo sorriso de canto. Karin conseguira um meio para arrastar o capitão do décimo esquadrão até ao Mundo Real.

Contra todas as conspirações e leis, mesmo que, porventura, ele não merecesse seu perdão; ela o obrigaria a cumprir a promessa. Afinal, essa foi a razão pela qual embarcou na aventura de rumar até à Sociedade das Almas.



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