História Flores - Capítulo unico

Naquela semana eu havia começado a fazer exercícios, tentando aliviar todo aquele estresse e raiva que havia dentro de mim.  Começava correndo todas as manhãs, colocava meus fones de ouvido e meu tênis de corrida. Era uma sexta-feira, eu já estava me acostumando com aquilo. Acabei mudando de rota, o percurso antigo sempre tinha as mesmas pessoas. Sai correndo sem prestar atenção em nada, até que eu senti que aquela rua me parecia um pouco familiar, continuei correndo. Só havia um carro parado na rua, logo um homem saiu de dentro dele com um buque de flores enorme, ele foi em direção a uma casa, eu conhecia bem aquela casa.

Ele tocou a campainha e logo ela saiu, com a cara de sono mais linda do mundo. Eu costumava ver seu rosto amassado todas as manhãs.  Ela abriu a porta e deu o sorriso mais largo do mundo, falou algumas palavras que eu não entendi, mas provavelmente ela estava reclamando por tê-la a acordado cedo, ela odiava isso. Logo pegou as flores e o beijou, sorrindo. Ele exclamou o mais alto possível ‘’ EU TE AMO! ‘’, o pior de tudo é que ela também disse que o amava. Meu coração se partiu em pedaços, eu corri o mais rápido que pude pra casa.

Havia um canteiro de flores que tínhamos feito juntos, comecei a pisoteá-los e despedaçá-las com as mãos, e a chorar também. Os vizinhos passavam e ficavam me olhando, como se eu fosse louco. Comecei a espalhar as flores por todo o jardim, e dentro da minha casa também. Joguei flores e terra por todos os lugares possíveis. Fiquei me olhando freneticamente no espelho e então eu me sentei, na nossa cama. Levantei e fui até o banheiro e peguei a lamina de barbear comecei a cortar meus pulsos e logo meu corpo todo estava cortado. Eu a prometi que nunca mais me machucaria dessa maneira, mas, ela prometeu me amar pra sempre. Se ela não cumpriu sua promessa por que eu cumpriria a minha? Não seria justo.

‘’ Olhei até ficar cansado de ver os meus olhos no espelho. Chorei por ter despedaçado
as flores que estão no canteiro. Os punhos e os pulsos cortados, e o resto do meu corpo inteiro.
Há flores cobrindo o telhado, embaixo do meu travesseiro. Há flores por todos os lados
, há flores em tudo o que eu vejo ‘’

Eu estava cansado, eu não queria mais viver, eu não queria mais sofrer! Fui até minha cozinha e peguei a maior faca que eu tinha e cravei em meu peito. Doeu! Mas eu sofri bem menos do que eu sofri por ela.

‘’ As flores de plástico não morrem ‘’