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História Flores de Inverno (Jerza) - Sentimento Familiar


Escrita por: Andynyxx

Notas do Autor


OOooooooiiii
pqp eu realmente deveria estar dormindo, mas go fuck the school aheusheisjs
Brincadeira, como prometi ta aqui o capítulo, espero que gostem, porque eu amei escreve-lo mas nós autores, sempre aachamos que esta faltando algo, por isso pedimos a opiniao de vcs
Lhes amos seus lindjos, <3 <3
Me digam oq acharam, serio. X3
Em fim, to com sono mesmo, então vou responder os comentarios do Cap anterior amanha, ok.? Kissus *3*

Capítulo 8 - Sentimento Familiar


Fanfic / Fanfiction Flores de Inverno (Jerza) - Sentimento Familiar

 

-Hey, vocês. -Jellal acordou com alguém cutucando insistentemente seu rosto, estava pronto pra xingar quem quer que fosse, até perceber que eram as unhas azuis de Erza que estavam dando beliscões em sua bochecha. -Mas é folgado vocês, hein. Vamos, já são seis da tarde.

-O QUE? SEIS? -Ele gritou, olhando em seu relógio pra confirmar as horas.

 -Sim, vocês dois dormiram a tarde toda. Sinta-se feliz por atrapalhar o sono da peste da minha filha que já é um terror pra dormir de noite. Acorda, Lise.

-Ah mamãe, me deixa dormiiir -Lise reclamou, enfiando o rosto no peito de Jellal.

 -Annelise Scarlet.

-Ah é, deixa você! -Ela levantou de uma vez e com a cara amassada apontou o indicador pra mãe. -Eu estava sonhando com a Flora me levando nas suas costas pra Alfea, saiba que você me impediu de virar uma fada!

-Vai virar um bife esfolado de Annelise se não subir pra tomar banho agora mesmo. -Erza usou seu tom autoritário que fazia gelar a espinha de qualquer um, mas Lise, geniosa apenas bufou e subiu as escadas pisando forte. -Ela tem essa fixação por fadas desde que a amiguinha Lídia disse que conversou com elas em seu sonho,  agora Lise vem lendo sobre fadas em todo o lugar. Precisa ver o histórico de navegação dela. Eu até esperava encontrar umas besteiras de criança, mas absolutamente tudo é sobre essas benditas fadas.

 -Hum, é um dia isso passa. Mas fadas são mesmo legais... Caramba, eu não devia ter dormido.

-Realmente. E caso não tenha percebido. -Ela andou até a janela e abriu as cortinas, revelando uma escuridão na Rua e muita água caindo. -Provavelmente a tempestade vai ser tipo a de ontem, então é melhor você ir embora. -Erza não entendeu quando viu sua face se contorcer em desanimo, como ele fazia quando tinha acabado de fazer alguma merda.

-Você ficaria muito irritada se eu te dissesse que meu carro está totalmente sem combustível e que não dá mesmo pra andar nem cinco metros?

 -O QUE, COMO ASSIM?

-Bom, me desculpa. Eu esperava ver um filme e ir andando mesmo a um posto buscar um galão de gasolina ou algo assim. Não seria um problema.

-E agora é, porque com essa chuva não dá pra ir. Aí meu deus, cacete, Jellal, qual seu problema?

 -Procrastinação...?

-PARA DE BRINCAR COM ISSO! -Ela jogou uma almofada nele, da qual desviou facilmente. -Eu deveria fazer você ir assim mesmo.

-Mas você não vai ne? Porque você é uma adorável mulher compreensiva e bondosa que-

-Bondosa o cacete. Vou pensar no seu caso. -Ela negou com a cabeça e começou a recolher as vasilhas de pipoca e os copos de chocolate quente que ela havia feito. -Vou lavar a louça. -Ela foi indo em direção à cozinha e ele a seguiu, coçando os olhos de sono.

 -Hum, ok. Vou te ajudar.

-Ah, sinceramente Jellal, eu ainda sei lavar louça sozinha.

 -É, mas me sinto mal não ajudando. E huuuum, que cheiro é esse?

-Macarrão -Ela apontou pra panela que exalava o cheiro. -E molho de requeijão, é o favorito dela.

-Eita, pelo cheiro vai ser o meu também. Foi isso que ficou fazendo enquanto dormimos?

-O que? Pff, não, isso eu faço em uma hora. Enquanto vocês dormiam eu fiz Tentação de Morango que ta na geladeira.

-Ah cara, você fez tentação, eu não acredito.

 -É, mas não vá se animando não que eu ainda não sei se vou te mandar embora com chuva mesmo.

 -Ah, seu coração não é tão duro. -Ela olhou pra ele, desafiando-o a duvidar. -Ahn, ok... Alias, a Lise... Ela sabe tomar banho sozinha? -Ele pegou uma vasilha pra secar.

 -Claro que sim Jellal. Ela tem oito anos, não cinco. -Ele estreitou os olhos.

-Eu com oito anos não sabia tomar banho sozinho.

-Você com oito anos era idiota, mas graças a deus a inteligência minha filha puxou da mãe. -Ele riu quando ela piscou, sarcástica.

-Ah Erza, eu adoro esse seu humor ácido... -O tom nostálgico com o qual ele falou pegou os dois de surpresa. Por um momento ele realmente sentiu como se sempre tivesse amado a acidez de suas palavras, mas essa sensação passou tão rápido quanto veio. Ela assumiu uma expressão totalmente aflita e de repente a louça suja pareceu se tornar bem importante pra ela.

 -A-Annelise está demorando muito.

 -Anh, é... -Ficaram em silêncio, até Erza começar a remexer um armário e tirar três saquinhos de lá.

-Suco de manga ainda é seu favorito?

-Ah, é, sim... É.

-Ótimo. -Ela pegou uma jarra de água na geladeira e começou a cortar o saquinho, o tempo inteiro mantendo o olhar longe dele. Jellal estava prestes a falar algo, qualquer coisa –porque realmente não tinha nada planejado –quando Annelise o interrompeu.

-Mamãe, pode pegar minha toalha? Eu esqueci. -Ela gritou do andar de cima, sua voz saiu meio abafada pelo som do chuveiro. Erza pegou um pano pra secar as mãos, mas ele apontou pra panela em cima do fogão. 

-Deixa que eu dou a toalha pra ela. Se você sair eu não vou ter ideia de como olhar isso.

-Não sei se gosto da ideia de você andando pela minha casa assim... -Ele piscou e saiu andando de costas pra poder olhar pra ela.

-É isso ou perder horas de trabalho no seu macarrão com queijo.

-É requeijão. E foi uma hora só. -Ele piscou de novo e saiu em direção às escadas. Quando ele começou a pular os degraus de dois em dois ela entendeu de onde a filha puxou a mania.

*

Ele abriu a porta branca, escrita ‘Lise’ com as letras feitas por estrelas azuis e sua visão foi tomada pelo padrão roxo-rosa-branco do quarto da menina.

 O cômodo em si não era tão grande, mas por onde quer que olhasse tinha purpurinas e coisas brilhantes.

-Lise? -Ele chamou, e foi respondido pelo rostinho molhado que apareceu na porta do banheiro.

-Oi. -Ela coçou os olhos pra tirar a água. -Esqueci minha toalha. -Ela apontou pra toalha vermelha em cima da cama. -Também não peguei minha roupa, só peguei o básico, mas acho que mamãe vai querer que eu e agasalhe.

-É, ela vai sim. -Ele abriu o guarda-roupa, meio tímido. Se sentia muito grande naquela decoração infantil. Além do mais o armário mais parecia um arco-íris e ele ficou parado olhando pra porta aberta, esperando por instruções. Quando Lise rolou os olhos ele quase riu pela semelhança com a mãe.

 -A porta esquerda é onde ficam as roupas de sair, as de apresentação do piano, minha roupa de judô, que eu parei de fazer na verdade e o uniforme das escolas. A direita é onde ficam as roupas de casa e as de frio. Pode pegar esse conjunto azul com nuvens na blusa, por favor. –Ele seguiu as ordens e entregou tudo a ela, que negou com a cabeça, como se rindo por sua timidez.

Só então ele parou pra olhar o quarto que era bem criativo na verdade. O chão era coberto por um tapete Rosa escuro, da mesma cor das cortinas da janela, exceto que essa tinha flores brancas. A cama ficava na parede da janela e tinha três colchões, provavelmente para protegê-la da friagem do chão (ponto pra Erza e sua preocupação/paranoia) e era forrada por um edredom roxo. O guarda roupas ficava na parede oposta a cama e provavelmente era branco, o que daria pra ver melhor se ele não fosse coberto por figurinhas coloridas. Logo ao lado ficava o banheiro, de onde saia vapor pela fresta da porta.

 -Gostou do meu quarto? -Ela saiu com a toalha no cabelo e se sentou na cama pra calçar as meias.

-É... Criativo. Mas bem diferente do que eu faria.

 -Foi a tia Lucy que me deu. Ela decora coisas. Olha, meu lugar favorito é aqui! –Ela apontou pra uma mesinha de computador, que tinha um notebook e algumas bonequinhas em cima. -O not é da mamãe, mas ela me deixa usar quase sempre. Também tem meus brinquedos... –Lise subiu no pufe preto e pôs a mão mostrando as duas prateleiras quadradas cheias de bonecas, bichos de pelúcia e brinquedos aleatórios. -Eu não gosto muito deles. As bonecas perderam a graça há um tempo e as pelúcias me fazem espirrar. Ah, mas amo meu Loop. - Ela pegou e abraçou um gato de pelúcia rajado. -Mamãe não me deixa ter um gato de verdade. –Contou, erguendo o indicador.

-Faz sentido. –Ele pôs as mãos nos bolsos da calça, se perguntando quando a ‘’tour’’ terminaria.

-Mas o melhor é isso! -Ela abriu uma ''gaveta'' grande da mesinha, que na verdade era um estrado cheio de livros. -Eu amo ler. Mamãe sempre me traz livros porque ela também-

 -Ama ler. –Ele disse abruptamente. -Ela Ama ler. –Lise arregalou os olhos e encarou o garoto que pela segunda vez falou com aquele tom nostálgico. Ele massageava as têmporas e demorou a perceber o que havia dito.

-É. Ela ama sim. Como sabe?

-Hun, é, intuição...?

-Ah ta bom -ela riu. -Aliás Jellal, de onde você e a mamãe se conhecem? Ela nunca me fala disso.

-Olha pequena, desculpa, mas eu realmente não sei. -Jellal suspirou e passou a mão pelos cabelos azuis pra coloca-los pra trás.

-Seu cabelo é da mesma cor que o meu ne?

 -Não... Se não me engano o seu é mais escuro. Bem mais, Lise.

 -Na-na, é da mesma cor oh -Ela tirou a toalha do cabelo que caiu ainda molhado pelos ombros. Jellal abriu q boca e tentou respirar fundo. -Annelise, por deus, sua mãe vai matar você. Vai matar mesmo.

-O QUE? POR QUE? -Ela começou a olhar em volta procurando algo de errado.

-Como que você acabou de sair do hospital com crise de asma e lava o cabelo nesse frio? Quer pegar uma inflamação no pulmão e morrer de vez.?

 -Há seu jeito de brigar é engraçado. Minha mãe ja estaria gritando, mas você parece mais apavorado que eu. -Jellal botou as mãos na cintura e encarou a menina. -Mas tudo bem, não se preocupe com isso, ok? Vem cá. -Ela o pegou pela mão e puxou pelo corredor onde tinha uma porta que provavelmente era o banheiro e no fim do corredor mais um quarto.

 -Aqui, é o quarto da mamãe. -Ela girou a maçaneta e abriu a porta, mostrando que o quarto de Erza era na verdade apenas um pouco maior que o de Lise, com as paredes pintadas de Preto e Branco e um carpete vermelho cobrindo todo o chão, uma cama de casal coberta por um edredom preto, onde Lise não perdeu tempo em pular repetidamente. -A cama da mamãe é grande -ela disse entre risadas. -Mas ela não gosta que eu pule porque na nossa outra casa eu cai e cortei a testa. -Ela mostrou um risco quase da mesma cor de sua pele, no canto oposto a marca de nascença. -O médico disse que ia sumir logo, mas mamãe disse que se eu caísse de novo ela ia abrir minha cabeça de um jeito que não ia fechar mais.

 -Uau, bem didático. Mas como você vai resolver o cabelo molhado? Eu não dou muito tempo pra ela sentir nossa falta. 

-Annelise, desceu pelo ralo, foi? -A voz de Erza veio meio preocupada, meio irritada.

-Viu?

-Não mamãe -Lise gritou de volta. -to mostrando meu quarto pro Jellal, eu to com ele.

-Isso não diminui minha preocupação em nada.

-Mamãe não confia em você.

-Percebi.

-Mas olha, aqui. -Ela puxou uma gaveta do guarda-roupa de Erza e tirou uma caixa media de la.-Isso, é um secador. -Ela ligou o aparelho na tomada e ficou esperando o jato de ar quente, em quanto chamou-o com a mão. Ele se aproximou, com um tremendo nó no estômago. -Segura aqui.

 -Serio?

 -Claro, vem. -Ele segurou o secador, enquanto ela penteava os cabelos, secando-os. -Viu como é fácil?

-Sua mãe não vai gostar disso.

-Ah, ta, ta. Vai penteia aí atrás. -A contragosto ele pegou o pente e secou as mechas de trás.

-Você sempre desobedece a sua mãe assim? Isso não é certo, Lise.

 -Ela nunca faz nada de verdade. Quer dizer ela me deixa de castigo às vezes, mas ela sabe que eu sei me cuidar.

-Não sabe não, Lise. Você tem oito anos, aquele dia que foi a minha casa podia mesmo ter se machucado. Alguém podia ter pego você. Sabe que sua mãe te ama e se preocupa.

 -Se ela se preocupasse mesmo não me deixava tanto tempo sozinha. -Ela murmurou mais pra si que pra qualquer um, mas Jellal parou com o secador no ar, encarando a menina de olhos baixos pelo espelho da penteadeira. -Me deixa guardar isso. -Ela pôs em cima da cama e procurou na gaveta de cima da penteadeira por um laço de cabelo. -agora é só prender e ela nem vai perceber. -Ele ficou mudo por um tempo enquanto ela arrumava o edredom que estava caído. Até que ele notou algo estranho.

-Hey Lise. Por que essa gaveta aqui é fechada com cadeado?

 -Hum? -Ela fechou a gaveta e foi até ele. -Ah, são coisas dela. Sabe, umas coisas bobas da escola.

-Da escola?

-É, Ela sempre guardou com cadeado. -Lise passou o dedo pelo pequeno cadeado e sorriu. -Ela disse que fazia isso pra eu não mexer, mas ela não sabe que eu sei que a chave fica.... -Ela andou de volta até o guarda-roupa, abriu uma das portas e começou a tatear. -Bem aqui! Olha. -Ela tirou a mão que segurava uma chave prateada. -Achei quando tinha seis anos. Mas eu não sabia ler direito então só deixei pra lá.

-Ótimo. -Ele pegou a chave de sua mão e caminhou até a penteadeira.

 -Hey, eu não deveria deixar você mexer ai.

 -Você também não deveria ter lavado o cabelo, mexido no secador nem pulado na cama, mas você fez tudo isso, então acho que não esta tão limpa assim pra falar. -Lise deu de ombros e se sentou na cama, balançando as pernas enquanto Jellal abria a gaveta.

-É melhor ser rápido, mamãe logo vai subir aqui.

-Shhh, vem aqui me ajudar. Você não queria saber onde eu e sua mãe nos conhecemos? Talvez haja uma pista aqui. -Lise fitou a porta por alguns segundos antes de assentir e se juntar a ele. -Uau. Uma caixa?

. -Naaao, o que tem dentro da caixa. Olha. -Ela girou uma pequena trava, abrindo a caixa e arrancando um suspiro de espanto quando ele viu que dentro da caixa havia uma agenda, e um caderno com uma capa de veludo azul, com letras em dourado, que ele reconheceria em qualquer lugar como o nome de sua escola. As letras diziam ‘’Trinity Force High School - 2005-Diary’’e escrito embaixo ''Erza Scarlet''. Ele se lembrava, seu Colégio tinha a tradição de entregar o diário do aluno todo fim de ano letivo, com provas, certificados, boletins e qualquer coisa que tivesse na escola.

-O que é isso? -Lise sussurrou.

 -É o diário da sua mãe. -Ele abriu e começou a folhear as páginas plastificadas.

-Olha, ela tinha as melhores notas.

-Hey, olha, não é seu nome aí? -Lise pós o dedo em uma página. -Pro-je-to de Qui-mi-ca.

 -Uou, fizemos um projeto de Química juntos? -Ele voltou a folhear, passando por boletins e resenhas de livros, provas, até que chegou a páginas que não eram plastificadas, mas tinham quatro fotos coladas estrategicamente em cada uma delas. As quatro primeiras eram de Lucy e ela juntas, na escola, na página seguinte, ele foi tomado por surpresa de novo ao ve-la abraçada ou conversando com Gray e Juvia em duas fotos e pessoas que ele conhecia do Colégio em outras duas.

 -O que foi? -Lise pôs a mão em seu ombro.

 -Conheço... Essas pessoas. -Mas a última parte foi a que mais lhe chamou atenção, dentro do plástico havia cartões e folhas aleatórias, com desenhos e adesivos colados, dois pôsteres de bandas de rock e em cada uma dessas folhas ele reconheceu sua caligrafia. Jellal pegou cada uma das incontáveis cartas e abriu, só pra ler coisas que ele não se reconhecia falando, mas que sabia que era dele, piadas sem graça, declarações que tentavam ser românticas, mas passavam longe. Coisas que um Jellal de quinze anos teria escrito.

-Isso é meu, Lise. -Ele sussurrou. -São minhas bandas favoritas, olha isso. -Ele riu -É uma foto do meu cachorro, eu me lembro disso, como pode estar aqui? Olha isso... -Ele continuou meio absorto.

 -Uau, vocês se conheciam mesmo.

-Entende o que isso significa, Lise? -ele sorriu, e continuou sem esperar a menina responder. -Sua mãe não pode mais me esconder, nem me negar nada. Eu tenho provas, eu-

-Jellal! -Lise pôs as mãos na cintura e negou com a cabeça. -você não pode falar nada pra ela.

-E por que não? -Porque você vai me entregar, vai ficar óbvio que fui eu que te deixei mexer nas coisas dela! Ela vai me deixar de castigo!

 -Ah Lise. -Ele riu e acariciou a cabeça da filha. -Tudo bem, ok? Eu sei como falar com sua mãe, mas eu não posso deixar isso assim. Ela não vai brigar contigo, ok?

 -Ai ai... -Lise suspirou e se deu por vencida. Jellal piscou pra ela, conferiu se tinha guardado as duas fotos das quais precisaria e juntos eles guardaram a bagunça.

 Erza estava impaciente, esperando com os pratos sobre a pequena mesinha que tinha na sala, aparentemente as duas sempre comiam ali juntas.

-Uau, vocês demoraram todos esses milênios só pra ver o quarto dela? Aposto como ela te mostrou cada porcaria de boneca.

-Foi sim mamãe! -Lise sorriu e bateu palminhas enquanto Erza enchia seu prato de macarrão. -Jellal disse que era... huuum.. -ela olhou pra Jellal, tentando lembrar as palavras. -Ah! ''Criativo, mas bem diferente do que eu faria'' - a menina imitou uma voz grave e logo começou a rir como se tivesse contado a melhor das piadas.

Erza sorriu, terminando de servir os partos e o suco. Jellal teria rido também, mas sua mente estava tão confusa que não conseguia sentir nada além de um nervosismo intenso. Mesmo assim ele comeu, sentindo seu peito aliviar um pouco, suavizado pelo momento em família (se é que ele podia se dar ao luxo de chamar assim) e pelo jantar maravilhoso. Lise foi a primeira a terminar, e também retirou os pratos e copos da mesa. Depois a pequena se deitou no colo da mãe e se aninhou ali, finalmente ficando quieta, o que não era costume dela

 -Hum, Lucy me deixa, aff. -Erza resmungou, mexendo no celular. -Eu não devia ter te falado sobre a crise da Lise, meu deus é uma mensagem a cada cinco minutos! -voltou a resmungar.

 -Lucy? Ela... Vocês se conhecem há muito tempo? -Ele perguntou como quem não quer nada e Erza sorriu, ainda olhando pro celular.

-Ah sim... Quando nós conhecemos eu era ainda mais nova que a Lise. Foi na pré-escola, eu a defendi de um menino e desde então ela não desgrudou de mim, o que era bem estranho, considerando que éramos completos opostos. -Erza dizia num tom nostálgico, acariciando a cabeça de Lise que aos poucos fechava os olhinhos.

-Uau e durou tanto?

-Pois é.. Ela foi uma das poucas pessoas que me ajudou quando Lise nasceu. Ela ate chegou a morar lá perto de mim por um tempo, mas logo voltou pra ca.

-Hum. Ela morou com você?

-Jellal. -Erza olhou pra ele como se olha pra uma criança que quer pedir algo. -Está tentando me arrancar informações?

 -N-Não! -Ele pôs o cabelo pra trás, com uma mão. -Eu só quero saber... Como você fez pra cuidar da Lise. –Erza suspirou e ajeitou Lise que ainda lutava contra o sono em seu colo.

 -Na verdade, meu pai me expulsou de casa e minha mãe brigou pra que ele me deixasse ficar, mas ele não quis. Então ela me deixou ficar numa casa que ela tinha em Clyde Hill e estava alugada. Bom, Lucy se mudou pra lá porque tinha uma sede da faculdade que ela queria fazer, então foi mais pura coincidência. Mas quando eu precisava trabalhar ela ficava com a Lise, sabe? -Ela sorriu, mais uma vez falando mais pra ela mesma que pra ele.

-E como acabou numa confeitaria?

 -Os fundos que minha mãe tinha guardado pra faculdade, ela me deu quando fiz 17 e então abri a confeitaria. Era pequena no início, mas então Natsu chegou e criamos nossa sociedade. Os pais dele tinham o dinheiro e nós o trabalho, não demorou pra que virasse uma empresa consideravelmente conceituada. -Ele sentiu o tom de triunfo, como se seu sucesso fosse algo que ela quisesse esfregar na cara dele. E queria mesmo.

 -Imagino como foi difícil. -Ela ergueu uma sobrancelha e assentiu. Olhou pra baixo, pra Lise e deu um sorriso triste.

 

-Vamos, vou te pôr lá em cima, querida. -Erza sussurrou e deu um beijo estalado na testa de sua filha. -Ah meu amor, pensei que você nem fosse querer dormir... Esses remédios estão acabando com você... -Murmurou enquanto subia as escadas. Da cozinha, Jellal podia ouvir a porta do quarto da menina abrindo e isso fez seu estômago ferver de nervosismo. Ele sabia que não podia mais esperar, ele sabia que assim que ela descesse as escadas tudo aquilo teria que ser esclarecido.

-Ela dormiu mesmo, não quis nem que eu lesse pra ela. E ela adora o livro ‘’Holly Dance’’... -A ruiva divagou, entrelaçando as mãos e se concentrando na louça. Ele quase se sentiu mal por trazer aquele assunto à tona num momento tão delicado. Quase.

- Erza... Você... Chegou a terminar o colegial? -Ele tomou coragem, embora tivesse se imaginado cuspindo as palavras, elas saíram lentas e falhas.

-Hum...? -Ela secou as mãos e só então ele percebeu que ela já havia lavado a louça, secado e guardado e ele perdera-se no tempo, pensando no que falar. -Que tipo de pergunta é essa? -Ela franziu o cenho e jogou o pano na mesa.

-Você... estudou na Trinity Force, não é?

-Eu...? -ela tentou mostrar desinteresse, mas os dois sabiam que isso não funcionaria. -Bom... -Ela inspirou e encostou-se às costas do sofá. -Talvez eu tenha, por quê?

-Erza, pode parar! Eu vi o seu Diário Anual, vi o nome da escola, vi as atividades, vi as fotos!! -Ele avançou, parando de frente pra ela, que ainda assim manteve sua expressão de total frieza. -Por que você torna tudo tão difícil?

-Quem foi que te deu o direito de mexer nas minhas coisas? -Ela suspirou -Ah, claro, minha filha.

-É isso que realmente importa? -Ele sentiu a voz sair dolorosa, enfiou a mão no bolso pra tirar as duas fotos que havia pegado. Empurrou contra o peito dela, sem vontade de dizer qualquer coisa que fosse.
Ela pegou as fotos e pela primeira vez sua face mudou lentamente, de incredulidade, para raiva e depois pra o que pareceu ser tristeza.

-Duke. 

-É, Duke! Meu cachorro! Por que diabos você tem uma foto do meu cachorro?!! - Ele jogou as mãos pra cima e se virou de costas. Erza ficou em silêncio por um tempo.

-Você não deveria...

-Você tem bilhetes com a minha letra, nós fizemos um projeto de Química juntos! Você tem fotos com meus amigos...

-Eram meus amigos também. -Ela olhou pro lado, as unhas arranhando levemente o próprio braço. -Você não precisa agir como se você se importasse. Não precisa dar esse show todo quando na verdade eu não era importante o suficiente para que ao menos se lembrasse de mim! -Aos poucos sua máscara fria foi caindo e ao final da frase Erza já tinha lágrimas nos cantos dos olhos.

-É, eu não me lembro mesmo! Não é minha culpa se eu-

-Se você é o Centro do universo e os sentimentos das outras pessoas fossem feitos pra te agradar? O Jellal, adorável garoto que era simpático e gentil com todo mundo. Quem é que não gostava de você? Nós éramos tão diferentes! -Ela se ergueu e chegou cada vez mais perto, sua voz tão alta que ele teve medo de que Lise acordasse. -Eu era a garota que todos mantinham distância, na escola a problemática que brigava com todo mundo por qualquer coisa, a que era constantemente suspensa e era uma dor de cabeça pros professores! 

-O que você...? -Ele tentou falar, mas ela só voltou a gesticular enquanto externava sua raiva.

-E em casa? O desgosto que não seguiria os passos do irmão tão bem sucedido e que acabou grávida e solteira, de modo que somente me expulsar de casa lavaria a vergonha da alma do meu querido pai machista! Como... Como se eu existir nunca tivesse sido o bastante pra receber amor. -Ele contraiu a face, ainda sentia a raiva e vontade de brigar, mas percebeu que os dois estavam brigando contra a coisa errada. -Mas você não. Você me amou por amar...  pelo menos eu achei que tivesse. -Ela limpou os olhos, mordendo o lábio inferior pra conter a ânsia de desabar novamente. -Eu só queria esquecer tudo isso, Jellal. 

-Eu só queria lembrar. -Ele sussurrou, se aproximando e pondo a mão em seu ombro. -Não me lembro de ser esse garoto gentil-

-Você foi sim. 

-Acredito em você, só não me lembro. -Ele respirou fundo, pela primeira vez ela não se afastou. -Erza, preciso te perguntar uma coisa. -Ela estremeceu. -Por que guardou? Entendo guardar as coisas da escola, mas por que guardou aquelas fotos? Por que guardou aqueles bilhetes? –Ela permaneceu cabisbaixa, pra surpresa dele, suas mãos seguraram sua cintura, fincando as unhas ali, mas não que ele realmente se importasse, qualquer toque dela era bem vindo. -Você disse que queria esquecer.

-Eu queria. -Suas mãos subiram, parando nos ombros e depois envolvendo o rosto. Ele segurou e acariciou seus dedos. -Eu quero. -Ela finalmente subiu o olhar, Jellal quis se perder naquele castanho pra sempre. -Mas eu não consigo. Você está lá, sempre, não importa o quanto eu queira que você suma da minha vida. -Seus olhos transbordaram de lágrimas - Você está sempre lá. Oito malditos anos se foram e não teve um dia sequer que não pensei em você. Com ódio, raiva, com desprezo e desgosto e com o peito doendo por você ter acabado comigo, mas todos os dias eu pensei em você. E você Jellal, nem ao menos se lembra de mim. Tem noção do quanto isso dói? Como? Eu fui tão insignificante assim?

-Não Erza, Não! Por favor... -Ele segurou seu rosto na palma das duas mãos, como se fosse frágil a ponto de quebrar. -Você precisa acreditar em mim, aconteceram muitas coisas. Eu gostaria de dizer que jamais me esqueceria de alguém como você, mas eu esqueci e não foi porque eu quis. -Ele queria colocar toda a ênfase que pudesse em suas palavras. Precisava que ela acreditasse e talvez esse ódio diminuísse. Ele se sentia mal, mas não conseguiria contar a ela. Não algo tão doloroso de seu passado. Por mais que sentisse que a amava, por mais que no fundo soubesse que a conhecia e por mais que ela fosse mãe de sua filha, ele não podia contar sua dor pra uma mulher que era quase uma estranha. Ele não conseguiria.

-Estou cansada disso, Jellal. Eu queria que as coisas não fossem tão difíceis, mas eu simplesmente não posso ignorar oito anos de sofrimento só porque você quer entrar na minha vida de novo. Você não vale a pena Jellal. Oito anos foram o bastante pra eu sumir da sua vida por mais que você estivesse presente em cada momento da minha.

-Erza, pelo amor de deus! Acha que eu queria que as coisas fossem assim? Acha que eu não queria esclarecer de uma vez por todas o que aconteceu? 

-Eu não me importo com o que aconteceu! -Ela gritou e se afastou dele. -Foram suas palavras! Você me mandou embora! 

-Eu me arrependo tanto disso! Eu nem ao menos me lembro, mas me arrependo tanto! Eu amo a Lise, eu daria qualquer coisa pra ter visto nossa menina crescer. Seus primeiros passos e primeiras palavras e primeiro dia na escola. Ela até toca piano, como eu queria tê-la visto se apresentar... -Ele cedeu suas poucas estruturas, Erza Não sabia se estava pronta pra lidar com sua sensibilidade novamente. Jellal sempre fora muito aberto e emotivo, pelo menos com ela, ele nunca escondia nada e esse foi um dos motivos pelo qual o amou. E ele estava ali, bem agora; deixando que ela visse suas mais profundas dores, como sempre fizera. Ele não mudou, afinal, ainda era o mesmo garoto gentil que conhecia. Ela queria acreditar que era. 

-Não é justo, Erza. Você tem todas essas memorias. Não só da infância de Lise, você tem as nossas memórias. Da nossa adolescência e do que tivemos juntos. Eu não tenho nada disso e mesmo assim sinto que eu não posso te deixar escapar. Sinto que você deveria estar comigo nesse momento. Tudo o que eu tenho pra me agarrar são sentimentos e mesmo assim estou aqui, com esses sentimentos. Sei que você também os tem. Sei que, além disso, você ainda tem as lembranças do que tivemos. Tenho certeza que por conta própria Eu jamais teria te mandado embora. Porque agora mesmo eu mal te conheço e tudo o que quero é que fique. Comigo.

Erza contraiu a face, tentando segurar as lágrimas. Ela não entendia o que estava acontecendo ali, mas sabia que algo em toda a história dos dois estava muito errado. Por mais que ela tivesse ouvido as palavras da boca dele, por mais que o ódio ainda estivesse ali, o amor que sentia por ele foi sutilmente emergindo, tomando conta de seu coração e mente e quando ela menos esperava estava novamente segurando seu rosto. Ele olhava pra baixo, os olhos verdes brilhando por conta das lágrimas, que se misturavam as dela. Ele abaixou o rosto, colando suas testas e ambos fecharam os olhos, se permitindo ouvir apenas o barulho das respirações.

-Estou tão confusa. Por todo esse tempo achei que te odiasse, mas agora estou aqui e ódio é o último sentimento em mim. -Ele sorriu, com uma mão segurou sua nuca e a outra suas costas, a apertou contra si, aumentando o calor entre os dois, engraçado como a proximidade dela trouxe um calor familiar e que era como se ele estivesse precisando por todo esse tempo sentir. Foi ela quem tomou iniciativa, puxando seu rosto e tocando seus lábios, logo aprofundando o beijo, lembrando-a do pensamento de tanto tempo atrás de que seus corpos eram realmente feitos pra se encaixar. Ele a segurou, com cuidado e com força; pra não machuca-la e pra não correr o risco de perdê-la.

Jellal só sabia que não poderia ter pensado em nada, mesmo que quisesse. Ela era doce e conseguia ser provocante em apenas um beijo, enquanto ele tentava acompanhar seu ritmo, mas acabava apenas se deixando levar.
Seu coração sabia que ele conhecia aquele beijo. E a ruiva apertava sua cintura, pra ter algo pra se segurar, pois aquela sensação de que tudo desabaria quando se soltasse ainda era a mesma.

Quando se soltaram, ambos respiravam pesadamente, ela ainda tinha lágrimas nos olhos e ele não conseguia sentir nada mais que paixão e a tentativa falha de se lembrar quando havia sentido algo assim.

-Eu amo você, Erza. -foi o que ele conseguiu falar, e sem solta-la, sentiu quando seu corpo começou a temer aos poucos: era de choro.

-Sabe o que não é justo? Você aparecer depois de tanto tempo pra pôr em dúvida as coisas da quais eu tinha certeza. Eu tinha certeza de que te odiava! Eu tinha certeza que jamais voltaria a sentir isso por você. -Ela foi se afastando aos poucos, ele queria responder, mas não sabia o que falar. –Por que você ainda faz isso comigo, Jellal? -Ela praticamente gemeu, com as lágrimas agora escorrendo e subiu as escadas o mais rápido que pôde. Ela não sabia o que Jellal tinha feito ou sentido, apenas se fechou em seu quarto e sentou se costas pra porta, com a cabeça entre os joelhos, deixando toda aquela frustração sair em forma de choro. 

O que mais a intrigava era que não estava com raiva dele, queria sim ouvir o que ele tinha a dizer e tentar entender se algo tinha ficado mal explicado. Ela estava com ódio de si. Por dar essa chance a ele, por deixa-lo ver suas fraquezas, por dar abertura a alguém que viria só pra causar mais dor.

Havia sim a chance de eles se acertarem, mas só considerar isso j fazia com que ela se sentisse uma idiota. Como acreditar na pessoa que a fizera sofrer por tanto tempo.
Como acreditar em alguém que ela sabia, só causaria mais sofrimento?

''Porque existe uma centelha de esperança. ''
Essa voz interior dizia, e ela sabia que ia ouvir. Sempre foi assim, Erza Scarlet sempre acreditou que as pessoas eram boas, por mais que sempre a magoassem no final. Jellal era o ápice desse pensamento. Ele representava sua maior dor.

''Mas, talvez também representasse sua maior felicidade. ''

 


Notas Finais


É isso pessoal :3 não sei quando quando sai o próximo, mas prometo não demorar (otimismo é tudo ne)
Kissuuuus *u*


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