História Flowers - Derrotado

[...]

Justin Bieber P.O.V

Quando Lisa saiu do meu quarto chorando parecia que meu mundo tinha desabado. Eu preferia levar uma facada no peito, preferia que ela dissesse mais palavras ruins, mas só não queria ver ela saindo por aquela porta, com eu não podendo fazer nada. Eu, realmente, faço tudo errado. Tinha que ter explicado tudo pra ela, tinha que ter explicado cada detalhe do meu passado e, então, nenhum de nós nos machucaríamos dessa forma, do jeito que foi.

—Papai? —Maggie entrou no meu quarto com sua feição animada e angelical de sempre, que em pouco tempo se transformou em preocupada.

—Oi, filha —limpei as lágrimas que insistiam em cair.

—Você está triste?

—Não, filha, estou bem. O que você acha de passar alguns dias na casa da vovó?

—Não quer ficar comigo, papai?

—Papai está ficando doente, meu amor, não quero que você fique também. —odiava mentir para Maggie, mas como explicaria para uma criança que eu estava arrasado por Lisa ter ido embora, ela não ia entender o por quê.

—Onde está a tia Lisa?

Meu coração despencou por mais uma vez no dia e meus olhos se encheram de lágrimas, mas eu tinha que ser forte por Maggie.

—Ela foi embora, uma emergência.

—Você pode ligar para ela?

"Não, meu amor, a tia Lisa odeia o papai por uma burrada que fiz", poderia ter dito isso, mas não para uma criança de quatro anos. Não para Maggie.

—Hoje não, tá? Vou pedir para o nosso motorista te levar.

—Tudo bem. Te amo, papai.

—Também te amo, Mag.

[...]

No segundo dia, pedi para a empregada deixar minha comida na porta. Estava parecendo o Batman, meu quarto não via a luz do sol e eu muito menos.

Sei que tenho que tomar vergonha na cara e lidar com a situação como um homem, mesmo sabendo disso toda hora eu ligava para Lisa mas ela não me atendia; eu não quero lhe dar espaço, eu quero que ela me escute e volte para mim.

Ela precisa me escutar, ela precisa saber da história, ela precisa me entender.

[...]

No terceiro dia, os outros se repitiram e eu conseguia sentir um vazio ainda mais forte a cada hora que passava, o que me fazia pensar em como Lisa estava.

Ela estaria triste? Ou não? Será que ela estaria sorrindo? Será que ela foi trabalhar? Ou estaria em casa se lamentando igual a mim? Ela não tem motivospara se lamentar, ela não fez nada, eu fiz.

—Justin, cara, abre essa porta —ouvi Ryan batendo na porta, e consequentemente, atrapalhando meu silêncio contínuo.

—Me deixa, Ryan.

Eu só quero ficar em paz, só queria pensar em como seria se eu tivesse conversado sobre tudo com Lisa. Eu só queria que Rachel não tivesse voltado.

—Ou você abre essa porta ou eu vou arrombar.

—Ryan.

—Um... Dois —abri a porta— Nossa, cara, você está horrível.

—Veio para jogar na minha cara o óbvio? —me sentei na cama, eu quero meu sossego de volta; Ryan já conseguiu tirar ele todo em menos de dois minutos.

—Você ainda está assim por causa da Lisa?

—O que você acha?

—Eu, como seu melhor amigo, não posso deixar você se afundar.

—Ryan, ela está indo trabalhar?

—Todo dia, mas ela está tão mal quanto você, Justin.

—Cara, quando eu era menor sonhava em ser tanta coisa nessa vida… Olha pra mim hoje, não virei nada do que sonhei e pior, nem mesmo sei o que me tornei.

—Você se tornou um grande empresário, um pai maravilhoso e um melhor amigo.

—Me deixa, Ryan —me deitei, eu precisava pensar sobre tudo, nada disso foi o que sonhei— Por favor, me deixa aqui sozinho.

—Justin, você pre...

—Por favor, Ryan. Por favor.

Quando Ryan saiu e e a porta se fechou, eu fiquei com um pensamento na minha cabeça —que pela primeira vez nos últimos dias, não era Lisa—; quem eu tinha me tornado? Era isso que eu sempre quis? Aliás, o que eu sempre quis? Eu cresci pra o que?

[...]

No quarto dia eu estava de pé colocando minha gravata e me olhando no espelho.

—Senhor Justin? —a empregada entrou no quarto.

—Sim?

—Seu paletó —ela disse enquanto estendia em minha direção.

—Obrigado.

Ajeitei meu relógio e peguei minha pasta.

—Maggie volta hoje da minha mãe.

—Já sabemos, senhor.

—Ok, bom trabalho.

—Obrigada.

Desci as escadas e entrei no carro.

—Pra empresa, senhor Bieber?

—Sim.

A empresa ficava perto da minha casa, então o caminho nem era tão demorado. Assim que passou algumas poucas quadras, chegamos.

E pela primeira vez eu tinha me permitido olhar o caminho, as pessoas, a paisagem e não só um celular em minha mão.

—Não precisa vir me buscar hoje.

Tinha muita coisa para resolver, resultado de ficar quatro dias em casa e ser o dono de uma empresa.

—Sim, senhor.

Assim que desci do carro, meu celular tocou.

—Senhor Bieber, já assinou nosso contrato?

—Ainda não, estou analisando —comecei a andar em direção à entrada.

—Precisamos da sua assinatura —entrei no elevador apertando o botão para o último andar.

—Eu sei que precisam. Vocês já me ligaram umas cinco vezes só essa semana, quando eu quiser assinar o contrato, eu vou assinar —sai do elevador.

—Sim, senhor Bieber.

Comecei a andar até minha sala e esbarrei numa pessoa fazendo ela cair.

—Li...Li...Lisa

—Oi, Justin.

Ajudei ela a se levantar e recolhi os papéis do chão, ajudando-a.

—Hum.

Eu precisava dizer tanta coisa pra ela, mas nada saía da minha boca enquanto aqueles olhos olhavam para o meu.

—Eu preciso voltar para a minha sala —ela se virou, e foi andando.

Fale alguma coisa, Bieber.

—Lisa! —ela parou de andar, continuando de costas— Eu estou com saudades... —droga, não tinha que falar isso. Merda, Justin— Digo, Maggie está com saudades.

Fechei os olhos me xingando de todos os nomes possíveis e impossíveis. Ela não disse uma única palavra e voltou a andar. Ótimo começo de dia, e então eu respirei fundo entrando na minha sala.

(...)

—Senhor Bieber? —minha secretária disse enquanto entrava na minha sala.

—Pode falar, Jade. —disse levantando a cabeça para a olhar.

—Já está ficando tarde, somos os únicos na empresa.

—Ah... você está liberada, vou ficar mais um pouco para terminar de ler os contratos.

Ela concordou e saiu da sala, então eu me encostei na cadeira respirando fundo, olhei uma foto de Maggie em cima da minha mesa e peguei.

Ela é tão linda, tão doce, é perfeita.

—Pelo menos eu nunca vou te decepcionar, meu amor.

Meu celular começou a tocar e vibrar em cima da mesa, peguei o mesmo enquanto via o nome de Lisa brilhar na tela.

Ela estava me ligando.

—Lisa —falei animado.

—Oi, Justin, aqui é a mãe dela.

—Olá, senhora Smoak. Aconteceu alguma coisa?

—Sim, Justin, aconteceu.

Me ajeitei na cadeira. Lisa estava bem? Sim, ela tinha que estar bem.

—Com a Lisa?

—Lisa foi atropelada, Justin.

E meu mundo caiu em menos de uma semana, mais uma vez.

[...]