História Flowers and Drawings for her - (Camren) - Voz de choro.

Camila :

-Camila ? -Encaro Mani que se mantinha atenta na estrada.

Nesse momento, estámos voltando pra minha casa. Desde que entrei no carro de Normani, evitei falar.

Minha cabeça rodava entre milhares de coisas, desde o meu passado, que por mais que eu quisesse, eu não o esquecia, acredito que essa lembrança, já virou uma parte de mim, uma parte totalmente desnecessária. Mas agora, também pensava em Lauren, e em como ela mexeu comigo em menos de 24 horas.

-Você está bem ? -Pergunta me olhando rapidamente.

-Estou sim ... Só um pouco cansada. O dia hoje foi cheio. -Dou um sorriso triste.

-Quer conversar ?

-Não precisa ... Obrigada, o dia foi cheio, mas foi bem legal. -Ví ela sorrir.

-Mas não é pra mim que tem que agradecer.

-Como não ? Você que me levou !

-Mas quem passou o dia com você, foi a Lauren. -Diz num tom malicioso.

-Nem começa, Mani !

-Mas eu não disse nada ... É, como foi o almoço de vocês ?

-Foi normal. -Dei de ombros.

Pra ser bem sincera, eu adorei almoçar com Lauren. Ela me fazia sorrir com coisas bobas, e ria das minha piadas sem graça pelo caminho. Nunca me senti tão viva, quanto naquele momento com ela.

-Foi tão normal, que te deixou até sorrindo como uma boba ! -Disse dando risada. Nem reparei que sorria enquanto lembrava dela, balanço a cabeça negativamente, e volto a encarar a paisagem lá fora. -Ela me parece ser uma ótima pessoa. -Disse me fazendo bufar.

-Normani, nós já conversamos sobre isso, quando eu me sentir pronta pra isso, você saberá ! Não é facil pra mim, sei que nunca vai entender, acho que nunca ninguém vai me entender ! -Falei segurando o choro.

-Ei ... Calma Mila ... Desculpa, não quero te pressionar, quer saber, esquece isso ... Já quer ir pra sua casa ?

-Por favor.

-Ok ... Amanhã vai comigo de volta pra lá ?

-Acho que não ... Não estou me sentindo muito bem ... Se até amanhã eu estiver melhor, te aviso.

-Mila ...

-Normani, eu te ligo avisando. -Ela nada disse, apenas me deixou em casa.

Mani sempre esteve ao meu lado, sempre cuidando de mim, mas às vezes, ela faz perguntas demais, deixando minha cabeça cheia. Não a culpo, mas às vezes eu só preciso parar e pensar, me fechar por um instante no meu mundo.

-Vou esperar sua ligação. -Ela diz quando lhe dou um beijo na bochecha, dou um leve sorriso.

-Ok ... Obrigada Mani. -Ela sorri, e saio do carro.  Fecho a porta, seguindo para a entrada da minha casa. Pego minhas chaves, e abro a porta.

Caminho até a sala, onde Sofi, minha irmã, assistia desenho.

-Kaki !! Você demorou ! -A pequena exclamou pulando em meu colo.

-Eu sei meu amor, eu estava com a Mani. Onde está a mamãe ?

-Estou aqui ! -Ela diz se aproximando. -As meninas não vieram ?

-Dinah e a amiga dela estão cansadas da viagem, Mani já foi pra casa ... Eu vou pro meu quarto tomar um banho. -Deixo Sofi no chão, depositando um beijo no topo de sua cabeça. Deixo um beijo no rosto da minha mãe, e subo para o meu quarto.

Entro no banheiro, e começo a tirar minhas roupas. Quando já estava completamente despida, me observei no espelho.

Encarava cada detalhe do meu corpo, e aquela sensação de nojo de mim mesma, faz com que uma lagrima corra em meu rosto. Observei aquelas pequenas marcas, quase invisíveis em mim.

"Me solta, por favor"

Malditas lembranças ! Abro a gaveta que fica em baixo da pia, pegando aquilo que um dia senti que poderia me ajudar, em alguns momentos, realmente me fez sentir melhor. Encarei o objeto metálico e respirei fundo.

"Não me machuque, por favor"

Peguei o pequeno objeto, me encarei novamente no espelho. Lágrimas e mais lágrimas. Aquela garotinha assustada estava alí. Estendi meu pulso e o encarei, quando iria dar o próximo passo, meu celular toca, me fazendo saltar.

Pensei em ignorar, mas o barulho já se tornava insurpotável. Pego o celular, e na tela estava como ''Número Desconhecido" Bufei, levando o objeto até minha orelha.

-Alô ?! -Falei ainda tentando acalmar meu choro, mas minha voz estava trêmula.

Lauren :

Já passava das seis da noite, e já começava a me estressar naquele apartamento. Pois é, não gosto muito de ficar presa. Já que não conheço a cidade, resolvo pegar o carro de Dinah para dar uma volta, já que a mesma parecia que não dormia a três anos.

Me troquei, vestindo uma regata preta soltinha, um short jeans rasgado, e amarrei uma blusa xadrez na cintura. Completando com meus inseparaveis coturnos pretos. Deixei meus cabelos soltos, e não exagerei na maquiagem, apenas marquei meus olhos e boca.

Desci para a sala, onde Dinah estava largada no sofá. Ela me olha de cima a baixo com a sobrancelha erguida.

-Wow ... Se eu não namorasse, te pegava ! -Reviro os olhos. -Vai aonde desse jeito ?

-Dar uma volta, to precisando me distrair. Vou levar seu carro. -Olho em cima da mesa de centro da sala, e vejo um papel conhecido. -O que é esse papel ? -Perguntei me aproximando. Jane pega o papel, e observa.

-É o desenho que você deu pra bunduda, acho que ela esqueceu. -Peguei o papel das mãos dela.

-Será que ela não gostou ? -Perguntei receosa.

-Claro que gostou ... Ela é bem esquecida e atrapalhada, vá se acostumando. -Apenas concordo. Guardo o papel dobrado na minha pequena bolsa, e pego as chaves do carro que estavam no balcão da cozinha.

-Não sei que horas volto.

-Ok ... Pra quê vai levar o desenho ? -Disse se levantando do sofá.

-É ... Pra nada não. -Digo meio nervosa. -Até mais chefinha. -Lhe lancei um beijo, e sai do apartamento, seguindo para o elevador.

Adentrei a caixa de metal, apertei o botão para seguir ao estacionamento, e uma ideia veio a minha cabeça. Mas claro que seria uma loucura, mas vai que ?!
Pego meu celular, e disco o número de Mani.

[CHAMADA ON]

-Mani ?

-Oi ... Aconteceu algo ?

-Não ... É ... Posso te pedir uma coisa ?

-Claro !

-Poderia me passar o número da Camila?

-Posso saber pra quê ? -Disse, e juro que ela estava segurando o riso.

-É ... Só pra mim ter salvo ... Pode passar ou não ? -Perguntei, e ouvi ela dar uma leve risada.

-Ok ... -Ela me passa o número, e anoto na palma da minha mão com uma caneta preta. O elevador abre, e sigo até o carro.

-Obrigada Mani.

-Por nada ... Lauren ?

-Fala.

-Só tenha paciência com ela, ok ? -Mas será que todo mundo acha que vou atracar a menina ?

-Tá bom ... Boa noite !

-Beijo.

[CHAMADA OFF]

Desligo a ligação entrando no carro. Olho o número em minha mão, e respiro fundo. Não queria leva-lá para um encontro, ou algo do tipo, só queria sair um pouco com ela, tenho uma curiosidade sobre ela, adoro desafios, e Camila, parecia ter vários mistérios para serem desvendados.

Pego o celular, e digito o número, conto até três, e aperto o botão para fazer a ligação. Já estava quase desistindo, pois apenas chamava, talvez ela estivesse ocupada.

[CHAMADA ON]

-Alô ? -Ouço sua voz, e meu coração acelera.

-Camila ?

-Lauren ? -Ela diz com a voz meio rouca.

-Eu mesma -Ouço ela soluçar. -Camz ? Está chorando ? -Pergunto preocupada.

-Não ... É ... Como arrumou meu número? -Disse com voz de choro.

-Com a Mani ... Camila, por quê está chorando ?

-Não é nada Lauren ... Mas, o que devo a sua humilde ligação ? -Pergunta aumentando um pouco o tom de voz, para mais animado.

-Então ... É ... Eu gostaria de sair um pouco ... Mas não conheço muito por aqui, pra ser sincera, só conheço o que me mostrou. -Dou um riso fraco.

-Ahh, posso te indicar alguns lugares, não conheço muitos, mas acho que serve.

-Na verdade, queria saber se não queria me acompanhar ... Digo ... Não queria ir sozinha, e a Jane tá um saco. Então, aceita dar uma volta ? Se não quiser tudo bem. -Falo mais nervosa ainda.

-Ó ... Bom ... Acho que seria legal sair um pouco.

-Mesmo ? -Digo animada. -Quer dizer, legal ... Pode me passar seu endereço ? -Ela me passa o endereço, e digito o destino no GPS. -Acho que daqui à uns 30 minutos eu chego aí.

-Ok ... Até mais, Lolo. -Meu coração dispara.

-Até.

[CHAMADA OFF]

Dou partida no carro, tetando normalizar minha respiração só de pensar que eu ia ver a Camila, sentia meu estomago revirar.

O que está fazendo comigo Camila ?

Ligo o rádio do carro, deixando em uma estação qualquer. Sentia minhas mãos soarem, cada vez que o GPS dizia que estava mais próxima do local.

"Você chegou ao seu destino" Diz a voz robótica. Meu coração acelera.

Pego meu celular, e digito rapidamente uma mensagem avisando que tinha chegado.

Não sei o que aconteceria aquela noite, só queria ver como Camila estava. Ela estava chorando quando liguei pra ela, o que só me deixou mais ansiosa.

Batuco as mãos no volante no ritmo da música. Vejo a porta da casa ao meu lado ser aberta, e Camila sair da mesma, ela caminha até o carro. Destravo o mesmo, e saio para comprimenta-lá.