História Flowers and Drawings for her - (Camren) - Assuntos a tratar.

Lauren:

Após combinar na floricultura uma pequena surpresa para Camz, fui procurar algum hotel onde meu pai poderia ficar hospedado.

O trânsito estava caótico, mas meu humor estava tão maravilhoso, que nem reclamei. Liguei o rádio na estação que Camila gostava, sorri quando percebi que Ed Sheeran cantava.

Avistei um hotel próximo ao prédio de Dinah, estacionei na frente, e logo desci com a minha mochila nos ombros.

-Bom dia. -Falei assim que me posicionei a frente do balcão, uma moça me analisou e logo abriu o sorriso.

-Em que posso ajudá-la? -Disse a morena de olhos claros.

-Eu gostaria de alugar um quarto, durante uma semana, estou fazendo umas pesquisas sobre locais, tem que ser um tanto específico ... Será que eu poderia dar uma olhada neles?

-Oh ... Mas é claro. E quais seriam essas exigências?

-Tem que ter um escritório, um quarto espaçoso, cozinha e sala ampla. Melhor ... Dois quartos. -Falo me lembrando que provavelmente Taylor gostaria de vir com nosso pai.

-Certo ... Temos alguns disponíveis na cobertura. Vou pedir para um funcionário lhe acompanhar. -Diz sorridente. Fala algo em seu rádio e logo um rapaz simpático aparece.

-Me chamou, senhora? -Diz o garoto de aparência jovem e cabelos longos.

-Sim, Harry, leve a senhorita ... -Deu uma pausa para que eu completasse.

-Jauregui, Lauren Jauregui. -Estendi minha mão para o rapaz, que a apertou de bom agrado.

-Jauregui? A desenhista da Harmony? -Diz surpreso.

-Eu mesma. -Falo um pouco sem graça.

-Sou muito fã do seu trabalho. Meu sonho é trabalhar com moda, assim com a senhorita Jane, uma das minhas maiores inspirações. -Fala com um enorme sorriso.

-Muito obrigada pela admiração. Aposto que Jane também agradeceria. -Ele sorri.

-Harry, aposto que a senhorita Jauregui não tem o dia todo. -Fala a secretária séria. O garoto abaixa a cabeça e concorda.

-Por favor, por ali. -Diz apontando o elevador. Logo estamos na caixa de metal.

-Então ... Harry. -Falo assim que a porta se fecha. -Gosta de moda? -Ele me encara sorrindo, mostrando suas covinhas.

-Sim ... Minha maior paixão.

-Estuda moda?

-Oh, não, bem que eu queria, mas meu pai não aprova. Trabalho aqui pra juntar meu dinheiro pra pagar a faculdade. -Dá um riso fraco.

-Entendo ... Tem quantos anos?

-Tenho 19. -A porta se abre. -Bom ... Esse corredor inteiro são quartos duplos, incluem suítes e um escritório cada. Uma cozinha e sala bem grandes.

-Todos estão disponíveis? -Ele concorda com a cabeça. -Gostaria de olhar o último do corredor, por favor. -O garoto concorda caminhando até o último quarto do corredor. Sei que meu pai adora privacidade enquanto está trabalhando.

Harry digita uma senha no painel da porta, a abrindo. Assim que entro e observo o apartamento, sabia que era o certo.

-Vou ficar com esse, durante ... -Penso um pouco. -Uma semana.

-Tudo bem ... Então vamos descer para fazer todo aquele processo. -Diz rolando os olhos, rimos. -A senhorita me parece ser bem diferente do que se mostra nas revistas. -Fala fechando a porta.

-Me chame apenas de Lauren, por favor. -Ele concorda. -Detesto revistas e essas coisas. Então sempre parece que sou a pessoa mais grossa do mundo. -Falo enquanto seguiamos até o elevador.

-Entendo ... Saiba que ganhei meu dia. Conheci uma das melhores desenhistas no ramo da moda. -Sorrimos.

-E meu dia acaba de ficar melhor. -Digo sincera. A porta se abre e volto para o balcão. Após todo o processo, finalizo os documentos, e digo que meu pai ficaria no quarto, sendo assim, a chave seria entregue apenas quando ele chegasse.

-Foi um prazer lhe conhecer, Lauren. -Diz Harry assim que me virei para sair.

-Digo o mesmo, amei seu cabelo. -Pisco, suas bochechas coraram, sorrimos. -A propósito. -Abro minha mochila. -Toma. -Digo entregando meu cartão a ele.

-Isso é ... -Diz analisando o pequeno cartão.

-Meu número. Me liga, acredito que posso te ajudar em seu processo pra faculdade de moda. -Seus olhos se arregalaram.

-Como? -Fala surpreso.

-Preciso de um novo secretário ... E você se encaixa no que procuro. Me ligue amanhã, marcaremos uma reunião na Harmony. Leve seus melhores desenhos e essa sua simpatia. -Pisco. -Até logo, Harry.

-Muito obrigado. -Diz sorridente. Concordo e sigo para fora do hotel.

Entro no carro, afivelo o cinto, e resolvo passar no mercado para comprar umas coisas. Sorrio ao lembrar de Harry. O garoto me parecia ser uma boa pessoa, e por que não ajudá-lo?!

Assim que estaciono no mercado, meu celular toca. Olho para tela e sorrio ao ver a foto de Camila.

[CHAMADA ON]

-Oi, meu amor. -Falo sorrindo, escuto sua risada baixa.

-Oi amor ... É ... Dinah perguntou onde está. -Disse tímida, ouvi as risadas das meninas ao fundo, provavelmente o celular estava no viva-voz.

-Acabei de chegar no mercado. Querem alguma coisa?

-Eu quero doce! -Mani fala rindo.

-Todas queremos doces! -Dinah exclama. -Pode me fazer uma favor?

-Depende.

-Tem como buscar a Sofi na minha casa?

-Mas já? Pensei que ela só viria a noite. -Escutei seu suspiro, e um barulho indicando que ela havia tirado do viva voz.

-Então ... Nós precisamos ter uma conversinha com ela ... Agora. Pode fazer isso pra mim? -Mordo meu lábio preocupada.

-Posso. Vou comprar os doces e logo pego ela.

-Obrigada. E Jauregui?

-Sim?

-Ainda vamos conversar sobre sua noite com a minha bebê. -Escuto Camila gritar em discordância. Rio.

-Ok, Jane ... E novidades, acho que arrumei um secretário novo.

-Certo, depois falamos sobre tudo. Não demore.

-Sim, senhora. Deixa eu falar com a Camz. -Escutei ela dizer "Vai começar a melação" Sorrio.

-Oi. -Diz timida.

-Hey Babe, gostou das flores?

-Eu amei, são lindas,, anjo. Obrigada. -Jurava que ela estava mordendo o lábio enquanto sorria.

-Imagina babe, sempre o melhor pra você. -Escuto sua risada. -Quer algo do mercado?

-Hmm ... Banana?!

-Banana para a minha namorada então. -Rimos. -Tem nutella aí?

-Tem meio pote.

-Tudo bem, princesa. Então logo nos vemos. Beijos, te amo.

-Se cuida, amo você.

[CHAMADA OFF]

Sorrio encostando minha cabeça no banco. Abro a porta do carro e logo estou dentro do mercado.

Compro tudo e mais um pouco. Chocolates e balas são apenas o mínimo de variedades que estavam nas minhas 5 sacolas. Parecia uma criança. E claro, banana para minha latina.

Logo já estou de volta ao carro. Ligo o rádio antes de dar partida, e logo já estou a caminho da casa da mãe da Dinah.

Estaciono o carro na calçada, e me permito observar a enorme casa, que mais parecia uma mansão. Nem a mãe dela escapou.

Sigo até a porta, aperto a campanhia, e logo um pequeno garotinho a abre.

-Hey, Seth. -Falo pegando o pequeno no colo.

-Tia Lern. -Diz sorridente. -Mamãe disse que pode entrar, Sofi banho. -Fala enrolando um pouco a língua, me fazendo rir.

-Tudo bem. -Entro e fecho a porta em seguida, colocando o garotinho no chão. -Onde está a Regina? -Pergunto. O garoto pensa um pouco e logo aponta pra escada.

-No quairtor com a mama. -Sorrio. Seu jeito de falar é muito fofo.

-Lauren! -Exclama Milika do alto da escada. Logo vindo ao meu encontro me abraçando.

-Oi tia, como está? -Falo assim que nos soltamos.

-Ótima, e por esse seu sorriso e olhos brilhando, posso dizer que está melhor do que eu. -Sorrio tímida.

-Realmente, estou muito feliz. Amar nos deixa feliz. -Sinto minhas bochechas corarem.

-Então, qual o nome da felizada? -Diz pegando minha mão e analisando a aliança em meu dedo.

-Camila. Irmã da Sofi. -Falo sorrindo.

-Cabello? Oh, ela é uma ótima garota! Muito educada e atenciosa, espero que sejam mais felizes do que já são.

-Obrigada, tia. -Falo sorrindo.

-Lern?! -Ouço a voz de Sofi do alto da escada.

-Oi baby. -Percebo seu olhar triste. -O que foi? -Ela desce as escadas e abraça minhas pernas. Me ajoelho ficando na sua altura.

-Eu acho que fiz besteira. -Fala e abraça meu pescoço. Aninho seu pequeno corpo ao meu. Escuto seu choro baixinho, Milika me pareceu assustada.

-Hey ... Baby, olha pra mim. Não precisa chorar. -Limpo suas pequenas lágrimas. Depositando um beijo em sua testa.

-Mas a Kaki e a Tia Mani com a Tia Dinah vão brigar comigo, e você também. -Abaixa a cabeça novamente.

-Eu prometo de mindinho que não vou brigar com você. -Ela me olha esperançosa.

-De mindinho? -Concordo com a cabeça, juntando nossos dedos formando nossa promessa.

-Agora me fala, o que aconteceu? -Ela olha pra Milika e depois pra mim. Se aproxima do meu ouvido e sussurra.

-É segredo. -Concordo com a cabeça.

-Tudo bem. Então pega sua mochila e vamos pra casa. Mas antes, o que acha da gente te comprar coisas pra desenhar? -Seu sorriso foi o mais puro que eu poderia ver.

-Sim, sim. -Concorda com a cabeça freneticamente, me fazendo rir. -Vou pegar minhas coisas lá em cima. -Fala já subindo as escadas. Me levanto e recebo um sorriso de Milika.

-Ela realmente gosta de você. -Fala sorrindo.

-E eu dela. Essa menininha me conquistou quase tão rápido quanto a irmã. -Digo fazendo ela rir.

-É seu dom com crianças. -Sorrio.

-Quem sabe, não é mesmo?! -Sofi vem descendo as escadas com uma mocilha em mãos. -Obrigada por ficar com ela. -Digo abraçando a mais velha.

-Que isso, nós adoramos ter uma das irmãs Cabello aqui. E volte mais, traga Camila para nós fazermos um almoço.

-Pode deixar. -Pego a mochila de Sofi. -Até mais. -Sorrio.

-Tchau tia. -Diz Sofi a abraçando.

-Até mais querida.

[...]

-Hey Baby, quer me contar agora o que aconteceu? -Falo pra garotinha que estava no banco de trás.

-Hmm ... Eu ... -Mexe as pequenas mãos.

-Não lembra que eu prometi de mindinho não brigar? -Falo a olhando pelo retrovisor. Ela suspira e concorda.

-Eu sonhei com a mamãe. -Fala nervosa. O sinal fecha, me viro para encara-lá.

-E o que tem de errado nisso? -Pergunto sem entender sua preocupação.

-Tia Dinah disse que eu não podia falar com ela por enquanto, e eu falei, no sonho. -Sorrio.

-Baby, não tem nada de errado em você falar com ela no sonho. De verdade. -O sinal abre, sigo meu caminho até o shopping.

-Eu até tentei não falar, mas eu ... Estava com saudade, e não resisti. -Diz triste. Um nó se formou em minha garganta. Deve ser difícil pra ela.

-Olha, eu sei que sente falta dela, mas por enquanto, vai ser assim. Não precisa sentir medo de falar com ela em sonhos. -Vejo ela concordar com a cabeça. -E o que você disse pra ela?

-Que eu estava com saudade, mas que também estou gostando de ficar com vocês. Sinto falta dela me contando histórias antes de dormir. Também falei que amava muito ela, e que estou cuidando da Kaki pra ela não tomar remédio sozinha. -Meus olhos se enchem de lágrimas.

-E ela te respondeu?

-Não. Só sorriu. Mas eu gosto quando ela sorri. -Eu não sabia o que dizer, nem o que fazer. O que falar para uma criança de 6 anos nesse momento?

-Pode ter certeza que ninguém vai brigar com você por isso. -Vejo ela sorrir. -E fez o certo em contar, estou orgulhosa.

-Não gosto de mentir, nem de esconder as coisas. -Fala balançando as perninhas.

-Isso é ótimo. Saiba que sempre pode me contar as coisas.

-E você me conta as suas? -Sorrio.

-Conto sim.

-Então somos melhores amigas?

-Melhores amigas. As melhores de todas. -Ela bate palmas em comemoração as minhas palavras.

Assim que estaciono no shopping, pego meu celular mandando uma mensagem pra Camila.

Lauren: Vou demorar mais um pouco, trouxe Sofi para o shopping.  :) ily

Abro a aba de conversa com Dinah.

Lauren: Seja lá o que for que vá conversar com Sofi, seja carinhosa e cuidadosa, ela está com saudade da mãe.

-Vamos as compras? -Falo tirando meu cinto, Sofi sorri tirando o dela também.

Caminhamos o shopping todo de mãos dadas. Sofia me parecia mais animada. Compramos várias coisas para desenhar. Incluindo telas e tintas. Logo estávamos de volta ao carro.

[...]

-Chegamos! -Exclamo assim que abro a porta do apartamento. Sofi passa correndo pra abraçar a irmã, sorrio. -Alguém pode me ajudar? -Falo olhando as várias sacolas a minha volta. Mani logo me ajuda a botar tudo sobre o balcão da cozinha.

-Você demorou. -Diz Camila me abraçando.

-Foi mal amor, tive um imprevisto. -Falei baixinho, beijando sua testa.

-Devo me preocupar? -Pergunta me encarando.

-Bom ... Talvez. Mas por enquanto, não. -Lhe dou um selhinho.

-Jauregui, podemos? -Dinah diz me encarando séria. Concordo com a cabeça.

-Já volto. -Lhe dou mais um selhinho.

Sigo Dinah até seu escritório. A loira fecha a porta e se senta em sua cadeira de couro preta. Me sento em uma das poltronas a sua frente.

-Temos alguns assuntos a se tratar. -Fala me encarando. -Vamos começar com o mais leve. Arrumou um secretário?

-Talvez. O garoto é apaixonado por moda e por você. -Ela sorri convencida. -Me parece se encaixar em todos os quesitos. Ele trabalha em um hotel pra pagar a faculdade, pois seu pai não aprova que seu filho estude moda.

-Marcou uma reunião?

-Falei pra ele me ligar amanhã. -Ela concorda sorrindo.

-Ok, agora ao outro. Sofia. Qual o motivo daquela sua mensagem? -Suspiro.

-Quando eu cheguei lá, ela estava chorando e disse que tinha feito besteira. Depois, ela me contou que sonhou com a mãe, e pensou que ficariamos bravas por ela ter conversado com Sinu, no sonho.

-Oh. -Fala surpresa.

-Ela disse que está com saudade da mãe. Eu não sabia muito bem o que falar pra ela, mas garanti que ninguém brigaria com ela por sonhar com a mãe. Afinal, ela só tem 6 anos, deve ser difícil. -Jane suspira.

-Se pra nós é complicado, sabendo o porque, imagina pra ela que não sabe o motivo da mãe ter sumido. -Mexe no cabelo nervosa. -Eu vou falar com ela, com calma, no tempo dela. Os dias dos tribunais se aproximam, e sabemos o quanto crianças podem ser manipuladas fáceis, por isso não quero contado dela com a mãe.

-Eu entendo seu lado, de verdade, e acho certo. Só não esqueça que ela não tem culpa de nada. -Ela concorda.

-Agora, ao assunto que pode levar a sua morte. -Engulo seco. -Sua noite com a minha Chancho.

-O que que tem? -Mordo meu lábio inferior.

-Lauren ... Você tem noção do que fizeram?

-Sim, fizemos amor. -Sinto minhas bochechas corarem.

-Não sei se te bato ou te abraço. -Sorrimos.- Vocês deram um passo importante, principalmente pra Mila. Olha, eu estou orgulhosa dela, mas de você também.

-De mim? -Ergo uma sobrancelha.

-Sim. Você me surpreendeu. Fez tudo certo, no tempo dela. A respeitou. E a deixou feliz, ela está feliz por causa de você. -Sorrio. -Eu vejo o quanto se amam, e fico tão feliz quanto vocês por isso. Estou com raiva por ter tocado na minha menininha, mas estou feliz por amar ela tão intensamente. -Seus olhos estavam marejados. -Obrigada por fazer ela feliz. -Sorrio. -Mas minha ameaça continua, se machucar ela, seremos eu e você, e espero que leve sua sorte junto. -Sorrio.

-Pode deixar, obrigada. Vou cuidar dela quase tão bem quanto você cuida. -Ela se levanta me puxando pra um abraço apertado.

-Aproveita que estou sentimental. -Rimos.

-Com certeza.

-Eu te amo, sabia? -Diz me encarando.

-Eu também te amo, chefe. -Pisco.

-Sorte sua que só diz e faz coisas certas. Se não esses seus olhos iriam virar pingentes. -Rimos.

-Acabamos aqui? Quero passar um tempo com a minha namorada. -Ela sorri e concorda.

-Lern, não comenta nada disso sobre a Sofi com a Mila, deixa eu conversar com ela.

-Tudo bem. Mas não demora, não quero adiar isso mais do que foi adiado.

-Sim senhora, agora vai lá amar ela. -Pisca. Sorrio saindo do escritório.

Camila estava na varanda, me parecia longe. Me aproximo aos poucos. Assim que me coloco atrás dela, jogo seu cabelo para um lado só, depositando um beijo em seu pescoço, ela se arrepia.

-Você demorou. -Fala tombando a cabeça um pouco pro lado, me dando bandeira branca para continuar com os beijos.

-Desculpa, estava recebendo um sermão da minha chefe. -Falo sorrindo e abraçando sua cintura. Ela colocou seus braços sobre os meus, continuei com a trilha de beijos em seu pescoço e ombro.

-Sermão? -Vira um pouco pra me encarar.

-Sim. -Morde o lábio inferior. -Não morde assim, me deixa hipnotizada e com uma vontade louca de te beijar. -Ela sorri timida e se vira, ficando de frente pra mim. Seguro sua cintura, deixando leves carícias no local.

-Esse sermão tem haver com a gente? -Morde novamente o lábio. -Não foi proposital. -Diz rindo após perceber seu movimento. Sorrio.

-Sim ... Tem haver com a gente. -Seu rosto se ruboriza. -Não precisa ter vergonha, amor. -Beijo o canto de seus lábios.

-O que ela te falou?

-Bom, isso é segredo. -Falo rindo. Sua boca abre em forma de indignação.

-Lo ... É sério, o que ela te disse?

-Me agradeceu. -Disse por fim. Ela me olhou sem entender. -Me agradeceu por cuidar de você. -Sorrimos.

-Oh ... Isso eu também agradeço. -Me abraça, enterrando sua cabeça em meu pescoço.

-Nada que eu me arrependa de fazer. -Sinto ela sorrir. Giro me encostando, ainda com ela em meus braços. -E também ameaçou arrancar meus olhos pra fazer pingentes. -Ela me encara séria.

-Se ela fizer algo com seus olhos, quem vai matar ela sou eu. -Sorrio.

-Relaxa babe, ela não vai precisar fazer isso. -Selo nossos lábios.

E lá estavam as velhas borboletas novamente.

-Oh ... -Falo assim que encerramos o beijo. -Tenho que ligar pro meu pai, já aluguei o quarto dele. -Pego meu celular no bolso, digito o número do meu pai sem desgrudar Camila de mim.

[CHAMADA ON]

-Papa? -Falo assim que ele atende.

-Lauren? -Meu corpo fica tenso. Camila repara e me encara preocupada.

-Clara. -Falo mudando meu tom de voz. -Meu pai pode atender?

-Ele não pode atender VOCÊ no momento. -Diz seca. Enfatizando o "Você" suspiro.

-Ele não pode me atender, ou você não quer que ele me atenda? -Digo tentando manter a calma. Camila mantinha o olhar preocupado sobre mim.

-Mais respeito ao falar comigo.

-Respeito ... Que interessante. Era só isso que eu havia te pedido, mas mesmo assim até hoje não o recebi. Quer saber Clara, passar bem, depois falo com ele.

[CHAMADA OFF]

Desligo antes de ouvir sua resposta. Meu dia estava bom demais pra ela tentar estraga-lo. Suspiro pesado e conto até 10 mentalmente.

-Está tudo bem? -Diz a latina preocupada.

-Está sim. -Beijo sua testa. -O que acha da gente ver um fime lá no meu quarto? Quero ficar abraçadinha com você, te mimando e te amando. -Beijo seu pescoço. -Hmm, o que acha?

-Eu adoraria. -Diz sorrindo. Seguimos para o meu quarto. Mas antes, recebi um olhar mortal de Mani e Dinah quando disse que estaríamos lá em cima. Ignoro e continuo meu caminho.

-Vou trocar de roupa, vai escolhendo um fime aí. -Digo beijando sua bochecha. Finalmente iria ligar aquela televisão no meu quarto.

Pego uma troca de roupa. Uma camiseta grande e um shorts de malha. Me viro e encaro Camila que me observava discretamente.

-Se incomoda? -Pergunto fazendo menção em tirar minha camisa. Ela nega com a cabeça. Me troco ali, reparando que seus olhares variavam entre meu corpo e a televisão.

-Pode ser "Simplesmente acontece"?-Pergunta assim que termino. (N/ Meu filme, ninguém sai!)

-Qual você quiser, princesa. Eu vou pegar doces pra gente. Não demoro. -Deixo um beijo em sua testa e sigo até a cozinha, onde Mani mexia algo na panela.

-Hey ... Falou com seu pai? -Pergunta assim que nota minha presença.

-Não consegui. Mas vou deixar uma mensagem pedindo pra ele me ligar. -Ela concorda.

-Lern. -A encaro. -Eu poderia estar com um ódio mortal de você, mas eu não consigo. Você fez tudo certo. Obrigada. -Sorrio.

-Não tem que agradecer. Não faço nada por favor, faço porque a amo. -Seus olhos se marejaram.

-Sabe ... Você é a primeira namorada da Camila que realmente conquistou a Dinah e a mim. A única que fez tudo certo. -Pego um pote e corto uma barra de cocolate colocando-a para derreter no microondas.

-Isso é bom. -Sorrio. -Camila namorou muito? -Pergunto curiosa.

-Não ... Apenas um uma namorada antes de você. Mas ela saia com uma menina, mas não deu certo. Camila estava em um momento difícil, e achou melhor se afastar.

-Ahh sim, entendo. -O microondas apita. Tiro a calda de lá. Pego um prato e três bananas, as cortando em rodelas em seguida. -Então Selena foi a única? -Ela me olha surpresa.

-É, a que mais durou. Ficaram quase um ano juntas. Ela te falou sobre as duas?

-Oh, não. Eu deduzi por acaso. Nos encontramos outro dia na sorveteria. Camz me pareceu surpresa com a presença dela. Por que elas terminaram?

-Eu não sei ao certo. Só sei que Camila que terminou, meio que do nada. Selena era uma boa menina também, mas sei lá, algo nela não me agradava. -Concordo com a cabeça.

-Ela parece ser legal. -Dou de ombros. -Cadê a Sofi?

-Foi pro banho. To fazendo almoço pra ela ... E, posso te fazer uma pergunta? Talvez você não saiba a resposta, mas preciso pelo menos ter uma noção do que pode acontecer. -Fala enquanto eu misturava algumas balas em outro pote.

-Pode fazer. -Falo ficando um tanto preocupada.

-Você acha que se seu pai conseguir, temos chances de pegar a guarda da Sofi? -Suspiro.

-Não entendo muito sobre justiça, mas, as chances são consideráveis. Se colocarmos a situação de Sinu, tanto o passado, quanto presente, já temos um ponto ao nosso favor.

-Como assim?

-Ela engravidou de um detento. O pai de Sofi é um pedofilo, infelizmente. E considerando seu presente, ela abandonou uma menor para fazer sei lá o que. Camila é de maior, responsável e um ser humano maravilhoso, o único ponto que me preocupa, é a moradia fixa. Aquela casa é da mãe dela, o conselho tutelar iria exigir uma casa para Sofia, com condições financeiras e localização favoráveis a elas. Camila também precisaria trabalhar, pra ter uma renda fixa. Mesmo Sofia recebendo possivelmente uma quantia de Sinu, eles ainda iriam querer isso. -Falo a encarando.

-Isso vai dar trabalho ... Muito. -Concordo. -Moradia podemos arrumar, isso é fato. Emprego é o difícil. Camila não iria se sentir confortável, iria demorar pra se acostumar, e provavelmente pioraria seu estado. -Suspiro.

-Temos que analisar as opções e pensar com calma. Amanhã quando meu pai chegar, já nos juntamos a eles e marcamos uma reunião. -Ela concorda com a cabeça. Pego dois pacotes de salgadinhos e duas latas de refrigerante na geladeira. -Bom, meu amor me espera lá em cima, conversamos depois sobre isso. -Pisco, ela sorri.

-Deixa eu te ajudar. -Pega dois, dos três potes sobre o balcão, e um pacote de salgadinho das minhas mãos.

Subimos até meu quarto, e abro a porta do mesmo, encontrando minha cama vazia, franzo o cenho.

-Pode deixar aqui Mani, obrigada. -Falo apontando a cômoda. Ela concorda e sai do quarto. -Amor? -Chamo trancando a porta. -Camz? -Bato na porta do banheiro.

-Hm, eu já estou indo. -Escuto o chuveiro ser ligado. Tento abrir a porta mais a mesma estava trancada.

-Camz, abre a porta amor. -Falo preocupada, ela não responde. -Camila, por que está trancada? -Silêncio. -Amor, o que está acontecendo? -Começo a entrar em desespero. -Camila! -Bato três vezes forte na porta. -Camila, abre a porta! -Praticamente grito pra ela.

Escuto três batidas na porta do meu quarto. Abro a porta me deparando com Dinah me olhando procupada. A mesma fecha a porta entrando.

-Ela estava aqui sentada, eu desci ... Ai ela se trancou no banheiro. -Falei quase chorando. Dinah rapidamente seguiu para a porta do banheiro.

-Chancho? Tá tudo bem? Precisa de ajuda? -Diz tentando manter a calma, mas suas mãos tremiam. -Camila? Mila? Se não abrir eu vou arrombar! -Diz um pouco mais alto. Como não ouve resposta, se afastou. Pensei que ela fosse chutar a porta, mas ela pegou uma chave reserva em um das gavetas dali.

-Por que não me avisou sobre isso? -Ela revira os olhos e coloca a chave a girando.

-Mila. -Abre só um pouco da porta. -Vamos, saia daí, Lauren está aqui. -Abre a porta.

Camila estava sentada no chão, com as costas enconstada na banheira. Ela tremia e chorava baixinho. Meu coração se partiu ao ver a cena.

-Amor ... O que houve? -Falei me aproximando lentamente, checando para ver se não estava machucada.

-Mila? -Diz a loira baixinho. A latina dobra os joelhos, escondendo seu rosto entre as pernas em seguida. Me sento ao seu lado.

-Princesa, olha aqui ... O que aconteceu? -Mordi meu lábio preocupada. Ela me encarou.

Seus olhos que antes eram brilhantes, agora estavam vazios. Sem brilho, somente demonstrando medo e dor. Seus lábios tremiam, ela voltou a chorar, escondendo o rosto novamente entre as pernas.

Dinah se sentou no chão também, ficando de frente pra ela. A deitei em meu colo, ela continuava chorando como uma criança. Fazia carinhos em seu rosto, tentando acalmar mais a mim, do que a ela.

Encarei Dinah com a sobrancelha erguida. Ela apenas disse um "Deixe ela chorar" Somente para que eu escutasse. Concordei com a cabeça.

Não sei quanto tempo se passou, só sei que ela chorou até pegar no sono. Com ajuda de Dinah, a levantei a pegando no colo. Deitei ela na cama, liguei o ar e joguei um cobertor sobre seu corpo.

Me sentei ao seu lado, observando seu rosto. Seus lábios estavam um tanto brancos. Me deixando a cada segundo preocupada. Observei Dinah atrás de mim, que fez um sinal para que saissemos do quarto, concordei deixando um beijo na testa da latina.

-O que houve com ela? -Falei assim que saimos de lá.

-Ela está em estado de choque. -Fala nervosa. Suspira. -Provavelmente se deu conta de algo, ou lembrou de algo. Ai ela fica assim. Chora durante dias, não come, não fala.

-Isso já aconteceu antes?

-Sim. A psicóloga dela disse que o melhor que podemos fazer, e ficar ali, sem falar nada, apenas mostrando que nos importamos e que sempre estaremos aqui por ela. Não precione ela a falar. Não provoque muitas reações. Isso passa. -Fecha os olhos, vejo uma lágrima escorrer pela sua bochecha.

-Ela fica muito tempo sem comer? Falar?

-Da última vez foram três dias sem falar. Foi quando completou 10 anos do caso. Comer é complicado, tem que ter paciência, mas ela se alimenta quando não aguentar mais. Agora o cuidado é redobrado. Mantenha o banheiro trancado. Amanhã ela tem consulta na psicóloga.

-Posso ir?

-Pode, será bom pra ela. -Vi que ela ia chorar. A puxei pra um abraço.

-Acredite, estou mais preocupada que você. -Falo segurando meu choro. -Se ela falar qualquer coisa ...

-Me avisa. Fica lá com ela, tranca o quarto. Fiquem juntas. Vou avisar a Mani. -Suspira. -Mostra todo seu amor por ela, ok? Isso é importante. -Concordo com a cabeça.

-Pode deixar. -Entro novamente no quarto, trancando a porta em seguida.

Meu corpo se arrepia com a sensação fria por conta do ar-condicionado. Caminhei lentamente até a cama, onde me deitei por debaixo do edredom.

Abraço sua cintura, fazendo ela deitar sobre meu peito. Logo ela se aninha a mim, me abraçando também. Deixo alguns beijo no topo da sua cabeça.

-Eu amo você. -Digo baixinho. Logo acabo pegando no sono também.