História Flowers and Drawings for her - (Camren) - Muito para o pouco.

Narradora Pov. :

O relógio marcava duas horas da manhã. O apartamento estava calmo, silencioso, todos estavam dormindo. Todos, exceto, Camila. A latina pensava e repensava na conversa que havia tido com Dinah e Normani mais cedo, onde chegaram a conclusão que ela, junto a sua irmã mais nova, poderiam sim morar em sua antiga casa, mas, elas só poderiam fazer isso, se Camila não abandona-se a terapia e o emprego, e sempre deveria dar notícias a uma delas.

O corpo magro de Camila se encolheu na varanda, o vento era gelado naquela madugada, combinando com o clima interno daquele local. Apoiada no batente da varanda, a latina observava os prédios que ali brilhavam, chamando sua atenção.

Tudo é tão grande

Pensou ao notar o tamanho daquelas torres de concretos.

Tudo é tão grande para pessoas tão pequenas.

Concluiu seu pensamento.

Casas enormes para famílias pequenas, com pessoas vazias. Somos vazios! No final de tudo, todos querem a mesma coisa, a Atenção. Somos seres racionais, agimos buscando reconhecimento e público. Por mais que você negue, no final, todos querem ser consagrados.

Mas, isso não tem problema, afinal, sabemos quando parar. Sabemos ?!

Só que a grande questão na mente da latina era, ''Por que precisamos disso? Por que precisamos sempre mostrar aos outros que somos capazes de fazer algo ?"

E foi assim durante anos. Camila, sendo em casa, na escola, na rua, sempre quis ser capaz, sempre quis surpreender. Mas sabe quando um sentimento fala mais alto que o outro ? Então. Antes, o medo a tomava. Hoje, ela sente alivio e tristeza. Ela não queria estar triste, mas estava.

Talvez se eu já estivesse morta, Clara ainda estaria viva, e Lauren estaria feliz. Mani e Dinah não viveriam preocupadas. Sofia não estaria traumatizada. Selena não estaria presa. Talvez a minha morte seja melhor do que a minha existência.

No andar de cima, Dinah tinha Normani em seus braços. As duas não conseguiam dormir, apenas cochilavam, mas logo acordavam preocupadas, com o nada, já que nunca estava acontecendo nada. Até essa noite. E justo nessa noite, o casal não cochilou, e sim, entrou em um sono profundo.

Lauren havia tomado um calmante, que havia dado um efeito muito promissor, fazendo a morena praticamente entrar em coma. Sofia dormia no outro quarto com a porta entreaberta. E Camila estava lá, sozinha na varanda, apoiada no para-peito, observando os prédios e pensando em sua "miserável existência", como repetia em sua cabeça.

Caminhando lentamente dalí, a latina pegou o bloco de notas que estava sobre a mesinha de centro da sala, junto a uma caneta.

"Volto logo ... Ou não. -Camila. :)"

Escreveu com letra cursiva, deixando novamente o bloco sobre o objeto. Capturou o moletom grande de Lauren, que estava jogado no sofá. Calçou seu par de All Stars brancos e surrados que estavam na porta, abriu a mesma, olhou pela última vez para o apartamento, e saiu dalí.

A latina caminhou até o saguão do prédio, vendo que o porteiro lhe olhou curioso, mas ela apenas ignorou. Andando sem rumo pelas ruas de Miami, Camila pensou em se arriscar entre os carros, talvez tendo a sorte de ser atingida e morrer. Sim, ela queria aquilo.

Um copo vazio prestes a cair da prateleira do armário. Era assim que ela se sentia. Algo frágil, vunerável, sentia que todos pudessem ver seu outro lado, e assim a julgariam por ela estar vazia.

A única coisa que a preenchia, era o amor a sua volta. Mas sabe quando nem o amor é o suficiente ? Ela precisava de mais, ela queria mais! Mas ninguém a entendia. Camila precisava de uma nova vida, novas oportunidades, precisava se reconhecer. Precisava viver, e não apenas existir como estava fazendo desde à 10 anos.

Quando se deu conta, Camila estava no estacionamento da lanchonete. A mesma que veio com Lauren. No mesmo local que foi pedida em namoro. Ela sorriu ao se lembrar daquela noite tão perfeita. Tudo era perfeito quando ela estava com Lauren, mas parecia que ela conseguia estragar até a perfeição. Sua mente lhe contava isso, entre sussurros ensurdecedores. A garota sentia vontade de gritar.

Aquilo era demais pra ela. Era muito para o pouco.

Olhou em volta e viu que estava sozinha, respirou fundo, e retirou do bolso aquele objeto gelado, o observou por alguns segundos e respirou fundo.

[...]

[10:00]

-LAUREN! -A morena dispertou desesperada ao ouvir o grito de Normani, se desesperando ainda mais, ao notar que sua namorada não estava no quarto. Sem se importar com nada, ela apenas correu até a sala, onde Normani andava em círculos e Dinah falava irritada com alguém na porta.

-O que aconteceu ? Cadê a Camz ? -Se aproximou de Normani.

-Ela não está aqui ... Já não estava quando acordamos. Pensamos que ela estava no seu quarto, mas os tênis dela não estão na porta, e Sofia acho isso! -Falou desesperada entregando o bilhete para Lauren.

Lauren sentiu sua cabeça girar e seu mundo ir ao chão. Camila havia saído sozinha e com a cabeça cheia, todas sabiam do risco, todas tinham noção das tendências suicidas da garota. A menina de olhos claros nem reparou que chorava, só notando quando sentiu uma lágrima molhar sua mão.

-SEU INCOMPETENTE! EU AVISEI QUE ELA NÃO PODE SAIR SOZINHA! SAIBA QUE POSSO TE COLOCAR NO OLHO DA RUA! -Dinah gritava com o homem na porta, que Lauren identificou como o porteito do prédio. A loira bateu a porta com força, sem falar nada, subiu as escadas até o quarto de Lauren, as garotas estranharam e apenas a seguiram.

-Dinah, o que está fazendo ? -Normani questionou ao ver a loira revirando a cômoda da garota.

-JAUREGUI, CADÊ A MERDA DA SUA ARMA ??? -Lauren travou ao ouvir aquilo. -ANDA !! ME RESPONDA ! EU JURO QUE SE ELA ... -Respirou fundo. Lauren rapidamente começou a revirar a cômoda.

-Como sabe que ela estava aqui ? -Questionou tirando as gavetas.

-Todas tem um fundo falso, era do meu avô, ele costumava esconder dinheiro nelas. -Disse passando as mãos entre os cantos do móvel.

-Oh, merda ... Camila sabia disso ? -Começou a se desesperar.

-Eu espero que não. -Quando Lauren abriu o compartimento secreto, seu corpo automaticamente foi ao chão.

-Não ... Não ... A ARMA SUMIU! -Lauren gritou. Normani não conseguia se mexer, Dinah contou até dez, olhou para Lauren com a pior expressão possível, e saiu dalí. -DINAH ? -Chamou indo até o corredor, só ouvindo o barulho da porta batendo com força. -Ela saiu ... Nós temos que procurar a Camz! -Normani ainda estava paralisada. -Vocês tentaram ligar ? Normani ?? -Segurou os ombros da garota, que a olhou com ódio.

-Eu juro que se alguma coisa acontecer com a Camila por conta do seu segredo idiota, eu mesma vou fazer questão de te matar! E não duvide disso! Agora, pegue essa sua profissão e faça alguma coisa! Ache-a, se não fizer isso, recolha suas coisas e volte para Nova Iorque agora mesmo! -Tirou os braços da garota de seus ombros, e saiu dalí.

Lauren não sabia o que dizer, mas sabia que tanto Normani quanto Dinah estavam certas. Se Camila tivesse achado a arma, a culpa seria inteiramente dela. Pegando uma calça jeans e um moletom, se vestiu na velocidade da luz, capturou sua mochila e coturnos. Pegou a chave do Porsche e correu até o estacionamento.

Dirigindo o mais rápido que podia, Lauren pensou no que poderia fazer naquele momento. Com o sistema, acionou uma chamada com Camila, mas seu telefone estava fora de área.

-Qual é princesa .... Não faz isso comigo ... Eu não posso te perder também ... Eu não vou suportar viver sem você. -Disse sozinha, enquanto algumas lágrimas grossas corriam em seu rosto.

Correndo contra o tempo, o trânsito parecia não querer colaborar. O carro de Lauren parou bem na frente da praia, olhando rapidamente para a areia, a morena teve a impressão de ter visto sua namorada sentada alí. Estacionando carro de qualquer jeito e rapidamente, Lauren correu em direção a garota que estava sentada observando o mar.

A de olhos claros suspirou em alivio ao ver que era sua namorada. Se aproximando calmamente, Lauren se sentou ao lado da garota, que automaticamente, segurou a mão de Lauren.

-Amor ... O que aconteceu ? Onde estava ? -Perguntou olhando a latina, que continuava olhando para frente.

-Eu enterrei. -Sussurrou.

-Enterrou ? Enterrou o que ?

-Sua arma ... Me desculpa, mas ou eu fazia isso, ou eu iria me matar. -Disse fria, sem esboçar qualquer reação sobre aquilo. Lauren sentiu seu peito doer.

-Não tem problema, amor, o importante é que você está viva. -Disse sincera.

-Minha existência é importante ? -Perguntou mexendo os pés na areia.

-Mas é claro que é! Você é a pessoa mais importante do meu mundo! -Camila suspirou. -O que passa nessa cabecinha, em ?

-Eu matei sua mãe. Te deixei mal. Me perdoa. -Abaixou a cabeça.

-Hey ... Calma ai ... Você não matou minha mãe, e nem me deixou mal. -Assegurou olhando seu perfil. -Amor ... Olha pra mim, por favor. -Camila exitou alguns segundos, mas olhou para Lauren. As duas se sentiram mal ao ver os olhos da outra. Olhos inchados e vermelhos, cheios de dor.

-Estava chorando ? -Perguntou preocupada. -O  que aconteceu ? -Lauren sorriu de leve.

-Estava preocupada com você, assim como as meninas, e a Sofi também. -Se aproximou mais, fazendo um carinho em seu rosto. -Me promete que nunca mais vai sair sem avisar ?

-Eu sei me virar sozinha.

-Eu nunca duvidei disso ... Mas você entendeu a situação, você é esperta, Camz. -Beijou sua testa. -Eu estava tão preocupada com você ... Não sabe o quanto estava me culpando. -Abraçou Camila, que não demorou a se aninhar em seu corpo. -Eu te amo, Camila ... Nunca se esqueça disso! Eu te prometi, e vou cumprir, vou estar com você para sempre! -Sussurrou para a latina, que chorava baixinho, abraçando mais ainda o corpo da namorada.