História Flowers in the garden - O amor da primeira vista ?

Ellione passou o resto das aulas pensativa. Estava preocupada com Iago, já que o mesmo não voltara logo. Bateu o sinal do intervalo, pegou o seu lanche e saiu correndo antes de todo mundo, esbarrando em 5 ou 6 pessoas, mas estava com muita pressa para pedir desculpas.
  Chegou na sala do psicólogo, ficou parada na porta, tentando fazer com que a sua respiração voltasse ao normal. Pôs as mãos no joelho, ainda ofegante. Quando já estava mais calma, bateu na porta. Viu pela pequena janela da porta - que agora estava coberta por uma cortina - uma silhueta se aproximar. Ouviu o girar da maçaneta e a porta sendo aberta, revelando o psicólogo.
- Olá novamente, senhor Wang. - Se curvou em respeito ao mais velho, ele estendeu a mão para a garota, e a mesma a apertou, fazendo um breve cumprimento.
- Olá, Ellione. Por favor, pode me chamar de Bruno. - Sorriu de canto.
- Tudo bem, então. O Iago já acordou? - Perguntei, com um tom de preocupação na voz.
- Sim, ele já está bem, tivemos uma longa conversa. - Depois de dizer, cedeu um espaço para Ellione entrar, e foi o que fez. Encontrou Iago tomando um gole de café no sofá, estava com os olhos fechados. Afastou a xícara da boca e passou a língua ao redor dela, tirando o excesso do líquido que ficara ali. Quando abriu os olhos, foi direto de encontro com os da menina, ambos abriram um sorriso. Ellione foi correndo em sua direção, jogando novamente toda a vergonha para o alto, dando um abraço no maior. Iago retribuiu, ficaram alguns segundos ali, coladinhos, até Bruno pigarrear. Os dois voltaram a realidade e olharam para o mesmo.
- Vamos comer algo? - Disse, simpático. Ellione e Iago assentiram e saíram da sala, indo em direção à cantina.
  Mal sabiam os três que estavam sendo observados.
  A irmã mais nova de Ellione estava à espreita, só vigiando-os. Contaria para a mãe umas belas mentiras, lógico que ela acreditaria.
- Amiguinho novo? - A amiga perguntou.
- Pelo visto sim. - Disse, fria.
- E o que você vai fazer? - Olhou para Anna, a mesma a olhou de volta, sorrindo cínica.
- Espere por amanhã - Disse esfregando uma mão na outra, como se tivesse um plano bolado em mente. Depois de dizer, pegou o celular e tirou algumas fotos. - Eu tenho um plano. - Saiu correndo dali, ainda mexendo no celular, estava aprontando algo.
  O resto do dia se passou normal, Ellione não quis comentar sobre o que eles falaram, ela não queria dar uma de curiosa, esntão, esperaria a "hora certa".
  Estava voltando para casa com Anna, cabisbaixa, distraída em seus pensamentos.
- Quem é aquele moleque? - Anna indagou, firme.
- Um amigo.. - Disse, calma.
- Hmm.. - A conversa terminou por aí.
  Chegaram em casa, Ellione foi direto para o seu quarto, jogou a mochila na cama e correndo para o banheiro.
  Enquanto isso, lá em baixo, Anna chamava impaciente pela sua mãe, que estava ocupada demais vendo os seus doramas no tablet.
- MÃÃÃE.. - Gritou, novamente.
- JÁ VAI, MENINA! - A mulher pausou o dorama e deixou o tablet no sofá, levantou enquanto resmungava alguns palavrões. Chegou na cozinha, dando uma broncas em Anna, que não se importava. - O QUE VOCÊ QUER? - Falou, gritando.
- Ish, que stress é esse? - Falou a menina em meio de risos. - A noite não foi boa? - Sorriu maliciosa.
- Não fale assim comigo, peste! Você não tem nada a ver com isso.
- Tá, enfim.. A Ellione está de namorico com um menino novo da sala dela, tenho até provas. - A mãe parou, subitamente. Anna desbloqueou o celular e mostrou uma bela montagem que fez ainda na escola. Era "Ellione e Iago se beijando".
- Quem ela pensa que é? Eu não posso permitir isso! ESSA MENINA JÁ ESTÁ COM FOGO? - Disse a última frase nos berros, pegou bruscamente o aparelho da mão da menina e saiu da cozinha com passos pesados e largos, indo em direção ao quarto da menina.
  Abriu a porta com tudo, a mesma bateu na parede e voltou vagarosamente, Ellione abriu a porta do banheiro, assustada.
- O que houve? - Perguntou a menina, com a voz trêmula. A mulher a segurou pela nuca e mostrou a imagem para ela. Ellione arregalou os olhos, já marejados.
- ME EXPLIQUE ISSO, AGORA! - Estava vermelha de tanta raiva.
- Eu juro que não fiz isso! - Tentou se explicar. Sentiu a ardência na bochecha, com o tapa que a mãe deu, sua cabeça foi para o lado. Ainda nessa posição, ficou encarando o nada, lágrimas já estavam transbordando de seus olhos, colocou a mão sobre a vermelhidão em seu rosto, e se virou vagarosamente para a mãe.
  A menina, que estava fora de si, cerrou o punho, pegou impulso e deu um soco no rosto da mãe, abrindo um corte no lábio inferios da mesma.
- VOCÊ NÃO PERCEBE QUE É UMA MENTIRA? - Esse soco foi para que a mulher caísse na realidade, mas só fez piorar a situação. A mãe pegou a menina pelos cabelos, dando tapas e socos pela mesma. Derrubou Ellione no chão e começou a chutar o estômago dela, o que fez com que saísse sangue de sua boca. Anna estava na porta, observando. Viu que a situação estava ficando feia e segurou a sua mãe, a puxando para fora dali. A mulher gritava palavrões para Ellione, que ficou estática no chão, encolhida, chorando muito.
                                                               ***
  No outro dia, Ellione estava super quieta. Evitou falar com Iago, o ignorava. tinha vários roxos e cortes pelo rosto e corpo, os mesmos cobertos por band-aids. Iago estranhou a atitude da menina, ontem, que estava feliz, mudou para uma menina melancólica, com vários machucados no rosto. Ele tinha certeza que ela havia sofrido uma agressão, mas não quis falar com ela, respeitou-a. Conversou com Bruno e os dois a observaram pelo resto do dia, Bruno não quis incomodar Ellione, ela parecia não querer falar com ninguém. Por onde ela passava, vários comentários e cochicos surgiam. A olhavam, aflitos. Bruno e Iago precisavam socorrê-la, estava em apuros.