1. Spirit Fanfics >
  2. Fox >
  3. Ganhar ou Perder

História Fox - Ganhar ou Perder


Escrita por: Aibabi

Notas do Autor


É sábado! UuhHuuull!
Eu só queria dizer que amo esse capítulo, pra mim é um dos melhores que já escrevi.
Espero que gostem tanto quanto eu gostei.

Enfim, boa leitura!

Capítulo 17 - Ganhar ou Perder


O som era cortante como uma faca fria em um inverno congelante, levantou a pequena cabeça e olhou a imensidão de um céu azul acinzentado, a neve caía lentamente manchando o chão azul de branco. Misturava-se com um chuvisco fraco e fino que não permitia que o chão mudasse de cor. Mas o cheiro ainda era forte. Cheirava a asfalto molhado e fogo. A fumaça subia para o céu e o vento levava as cinzas das fênix mortas.

Animais indefesos corriam para a floresta enquanto tentavam se esconder do fogo que insistia em viver, mas as fênix não renasciam. Um homem vestindo negro caminhava sobre as cinzas e elas levantavam voo atrás de si, tinha se tornado um pequeno mar de cinzas em que aquele homem se jogou. O rosto fino tinha sido consumido por ele, engolido e perdido. O cheiro enchia suas narinas. Um cheiro estranho asfixiante de Perigo. Morte.

Cheiro de morte. Levantou voo para longe dali, antes que se tornasse cinzas como as outras, chegou a sua casa por cima de uma montanha verde e desceu pela chaminé até parar na sala ao lado de um homem sentado observando o céu pela janela. “Aconteceu” ouviu o homem dizer, mas não conseguia responder, não tinha lábios. O homem levantou as mãos e passou-a lentamente sobre suas penas enquanto olhava para o espelho ao seu lado. As penas brilhantes, vermelhas, brancas e negras e um bico grande e poderoso capaz de enfrentar qualquer inimigo.

“Sinto muito Exuri” o homem murmurava enquanto a tocava com lágrimas salgadas pinicando nos olhos. “Adeus”.

Erina acordou quente e suada e sentindo-se impotente, ouviu um grito irreconhecível sair da própria garganta e sentiu alguém sentando na ponta da cama.

— Acordou? — Era a voz de Sve. — Estava murmurando qualquer coisa, parecia estar tendo um pesadelo. Você está bem?

— Sim. — Sentiu o travesseiro e a testa molhada, o sono já tinha se esvaído e ela olhava assustada enquanto tentava focar sua visão naquela escuridão. — Tive um sonho estranho, eu era uma fênix.

— Não sabia que você queria ser uma Guardiã.

— Não, fênix, a ave.

Ele tocou sua perna e Erina sentiu uma pequena tranquilidade sendo passada para ela, não ignorou-a, Sve beijou as costas de sua mão antes de se afastar para sua cama ao lado.

 

Tinha passado três dias desde o ataque dos fugitivos de Habena. O clima entre alguns selecionados tinha melhorado, mas outros ainda pensavam em ir embora. Depois do ocorrido Azzu decidiu passar um pequeno tempo sem provas, mas nada tirava da cabeça de Castin de que aquele tempo tinha atingido seu limite. O salão estava cheio de selecionados conversando entre si, alguns olhavam com curiosidade para o lado de fora, queriam ser os primeiros a anunciar caso algum fugitivo apareça.

Castin estava sentado ao lado de Soria observando a todos com cautela, não era difícil para ele perceber que estavam amedrontados desde a noite do ataque. Isso é bom, ele pensava, assim poderia tirar proveito da situação e eliminar aqueles que se acham os melhores, como Izel. Azzu sorriu docemente para eles do pequeno batente, para Castin era um pouco óbvio que estava prestes a anunciar a prova.

— Espero que já estejam recuperados daquele susto incômodo. Vocês são os selecionados escolhidos a dedo pelo nosso querido Jolve Damiwon, e precisamos continuar com o desafio dos blocos. — Ela estudou os selecionados com seus grandes olhos escuros pintados de verde para combinar com suas roupas e em seguida abriu um sorriso para tranquiliza-los. — Três dias se passaram, o povo de Casmir quer conhecer o vencedor, e para chegarmos até ele precisamos eliminar alguém. A próxima prova será nesta tarde, espero que todos estejam prontos.

Eles foram levados para um pequeno jardim coberto de orquídeas habenárias da Siriólia, Castin se sentiu como se estivesse em casa, num jardim revestido por aquela beleza incontestável. Percebeu de imediato que Siriólia teria vantagem naquela prova, mas odiava não saber o motivo. Odiava ter que se privar do conhecimento de qualquer pequeno detalhe escondido pelo desafio.

A prova tinha sido explicada e tinha deixado a todos com um olhar assustado e confuso. Era a primeira prova em grupo. Os blocos se enfrentariam pela primeira vez unidos. Todos os blocos tinham o mesmo objetivo, encontrar a pedra dourada escondida no jardim. Castin não pôde evitar não pensar que eles estavam em uma caça ao tesouro fácil demais para ser verdade, mas achava que era compreensível que Damiwon tenha disponibilizado uma prova tão simples depois dos últimos acontecimentos.

Azzu sinalizou e a prova começou imediatamente, Castin não conseguia não se sentir um idiota disfarçado, uma marionete em um jogo de imbecis em uma prova de mentira dada para eliminar qualquer um da maneira mais estúpida que alguém conseguiria pensar. Ele se perguntava como alguém como Damiwon, o mago mais inteligente que algum dia já pisou em Casmir conseguiu ter tirado uma prova tão estúpida de um cérebro tão brilhante.

Erina tropeçou em uma pedra negra como ônix e a pegou em sua mão, era brilhosa e encantadoramente bela, quando a tocou e olhou para ela sentindo-se atraída por sua beleza, viu algo parecido com um grande olho negro com extremidades que se abriam ao redor. Suas pupilas dilataram e em um piscar de olhos estava em casa. Andava pelo corredor até seu quarto, viu o pai chegar do trabalho segurando sua pasta negra, sua mãe descia as escadas, os passos pesados enquanto corria para ligar a televisão. Erina se sentiu perdida, não entendia o que estava acontecendo, ela não devia estar ali, até onde conseguia se lembrar, estava em uma prova no Bloco Três, Nevaspa.

— O papai chegou! — Ermin bateu na porta e a despertou, ela o olhava assustada sem entender ao certo o que aquilo significava.

Assim que desceu as escadas, lá estava seu pai sentado no sofá abrindo sua maleta com um sorriso animado. Quando olhou para baixo, em sua mão estava a Varinha Negra.

— E aqui está. — Seu pai entregou para Ermin uma pequena varinha marrom, menor que a de Erina. — Não é uma Nigtzen, mas você é forte.

— Veja Erina, agora podemos lançar feitiços um no outro. — Ele riu alegre enquanto exibia a varinha. — Vamos, lute comigo, vou ganhar aquela aposta.

— Aposta?

— Sim, de que eu posso ganhar da vencedora da Esfera Prateada.

Um pensamento estalou.

— Eu?

Erina olhou ao redor, seu pai e sua mãe estavam abraçados, felizes, mas algo não parecia certo, aquilo não era sua realidade, ela não devia estar ali, devia? Ou será que estava apenas delirando? Talvez tivesse acontecido exatamente o que ela queria, venceu o Desafio dos Blocos sem mover um dedo.

Ouviu uma batida na porta e Ermin caminhou até lá, Rian estava parado sorridente ao lado de Sve e Dária. A menina sorriu enquanto Rian se aproximou mais e puxou Erina para um abraço apertado, segurou seu rosto entre as mãos delicadamente e beijou seus lábios.

Erina quase saltou para trás de susto, mas era apenas um pensamento surpreso, ela continuou parada exatamente onde estava saboreando do momento em que seus lábios quentes tocavam os dela.

— Senhor e Senhora Flox, será que eu posso roubar a filha de vocês por alguns minutos? — Rian perguntou enquanto passava o braço por sua cintura.

Não, não podia ser real. Rian a tinha beijado, mas aquilo era um sonho. Quando ela acordaria? Ele a levou até o lado de fora, onde pararam sob a árvore que ela costumou subir a vida inteira. Rian a puxou para que se sentassem na grama verde que revestia o chão.

— Então, quando vamos contar? — Ele perguntou, os olhos brilhavam de entusiasmo.

— Contar? — O quê? Para quem?

— Não se faça de desentendida, vamos contar agora ou não? — Ele bagunçou seu cabelo e beijou a ponta do nariz, era algo que ela nunca imaginou que poderia acontecer.

Isso é um sonho. Tem que ser um sonho!

— Vamos morar juntos, lembra? Equala. Para de brincar, Eri.

Eri?

Ela precisava acordar, mas então por que sentia essa vontade assustadora de continuar sonhando? Gostava da sensação dos braços dele na sua cintura, dos olhos dele nos dela, de provocar um sorriso, de encostar a cabeça em seu peito e mais ainda, gostava da sensação dos seus lábios nos dela. Tinha passado os últimos minutos beijando-o.

— Você está diferente, está mais ousada. — Ele riu. — Mas eu gosto.

“Erina” ouviu alguém gritando dentro de casa.

— Precisamos voltar, — Falou triste enquanto levantava da grama, mas se prendeu em seu abraço para sentir seu calor. — Vamos contar para eles de uma vez, quero ir para Equala com você, Castin.

— Castin? — Rian perguntou confuso. Erina se entregou ao conflito e percebeu que não encontrava respostas para nada, ela estava atraída demais àquilo a ponto de passar a acreditar que era real. O rosto de Rian de repente se transformou e não era mais ele ali, o cabelo esbranquiçado e os olhos azuis de gelo a encaravam. Aquele mesmo sorriso que vira antes brincou em seus lábios quando ele se aproximou para beijá-la.

Será que ela sentiria frio?

— Não! — Gritou afastando-o.

— O que foi meu amor?

— Você não é real.

Ele riu mais uma vez e se aproximou, mas ela o manteve distante com as mãos abertas em seu peito que parecia misteriosamente quente, diferente da última vez que lembrava tê-lo tocado.

— Somos só nós dois aqui, meu amor, qual o problema?

“Erina” a mesma voz gritou.

Erina!

— Erina! Erina acorde! — Eliss a balançava de um lado para o outro enquanto Erina desviava os olhos da pedra negra e encarava os da garota parda. Sve estava parado bem ao lado dela e Rian caminhando preocupado mais à frente.

O que aconteceu?

— É tudo culpa sua! — Eliss bateu em sua mão expulsando a pedra negra que rodopiou até o outro lado. Ainda estava confusa, era mais um sonho? — Nós perdemos a prova por sua culpa.

— Perdemos?

— Você ficou parada o tempo todo olhando para aquela maldita pedra enquanto gritávamos por ajuda, perdemos a prova e a culpa é sua! Agora um de nós quatro será eliminado.

Não. Não. Não era isso que ela queria, não era. Queria voltar para o sonho, lá estava melhor, não importa com quem. Onde está a pedra?

— Erina, olha para mim! — Sve a balançou. — Aquela pedra te fez mal, mas nós estamos aqui por você, não se preocupe.

Alguns os observavam de longe com caretas estampadas em seus rostos e olhos aliviados. Ainda confusa viu Castin se aproximando, segurava algo em sua mão. E se na verdade aquele for o mundo real e este a ilusão? De alguma forma, aquele parecia ser melhor e ela queria voltar para ele e estar nele para sempre.

— Isso é seu. — Ele entregou a ela a pequena pedra negra, dessa vez o brilho tinha se apagado. Sve sentou-se protetoramente ao lado.

— Não, não é. Eu nem sei o que é isso.

— É uma Aquímera, pedra da utopia. Ela escolheu ser encontrada por você, não no melhor momento para falar a verdade. Mas é o que ela faz, ela te escolheu e agora você pode usá-la contra quem quiser. Mas escolha bem, Flox, seja lá quem você escolher, terá a Aquímera em suas mãos e pode usá-la contra você novamente.

 

A segunda parte da prova seria no salão no fim do dia, faltavam duas horas. Erina, Sve, Eliss e Rian estavam sentados lá quando Hamo se aproximou com uma pequena caixa negra cheia de pontos vermelhos como sangue.

— Aqui dentro tem quatro bolinhas, os que pegarem bolinhas da mesma cor vão se enfrentar numa luta de varinhas. Por favor, crianças, deem tudo de si. — Hamo parecia triste e cansado, Erina sabia que aquilo era tudo que ele não queria, assim como tinha certeza de que era culpa dela e por isso devia ser eliminada. Seria o certo a fazer por seus amigos.

Mas ela tinha aquele desejo de vencer e não podia ignorá-lo.

— Nos enfrentar? Está dizendo que vamos lutar um contra o outro? — Eliss perguntou assustada mantendo os olhos sempre em Hamo.

Seus olhos entristeceram-se mais ainda quando deu a caixa para Eliss. Ela balançou a mão no fundo e tirou uma bolinha azul de dentro.

— Precisam fazer isso.

— Mas somos do mesmo bloco, estamos lutando por Evolírio, não faz sentido eliminarmos uns aos outros. Não posso lutar contra meus aliados, seria como trair a mim mesmo. — Sve parecia triste e desorientado.

— Quem você quer que segure a Esfera no final? — Hamo perguntou fazendo sua barba ruiva mover-se violentamente, sua voz grave e rouca, mas seus olhos tristes e expressivos como eles nunca viram antes.

— Eu.

— Para isso, eles também precisam ser eliminados.

— Sim, mas não por mim.

— Por você, mesmo que indiretamente.

Rian tirou uma bola preta e Eliss pareceu respirar aliviada percebendo que não teria de enfrentar o menino que está apaixonada. Era a vez de Erina, ela colocou a mão dentro do cubo e duas bolinhas bateram nela agitadas e pequenas, quando prendeu uma e levantou o braço, viu a cor preta e se permitiu voltar a respirar.

Ela enfrentaria Rian.

— Erina contra Rian e Sve contra Eliss. Aquele que primeiro desarmar o oponente, vence. Os dois que perder a primeira rodada se enfrentam na segunda, e quem perder será eliminado.

— Algum conselho?

— Não lutem por Evolírio, lutem por vocês mesmos.

Faltava alguns minutos para a prova começar. Se Erina deixasse que Rian vencesse e depois deixasse que a outra pessoa vencesse, esse sentimento de culpa sumiria de seu coração?

Hamo Quoto sentiu um pequeno aperto no peito, era a pior parte. Ele sempre se repreendia por se apegar tanto àquelas crianças, mas não podia evitar. Estavam lutando por um bem, lutando por seus blocos e sempre acabaria torcendo por eles, sempre se arriscaria o máximo que pudesse por eles, para protegê-los. Enquanto caminhava, viu o garoto da Siriólia se aproximando, o mesmo que tinha que expulsar da biblioteca todas as noites depois do toque de recolher. Ele sempre caminhava até a biblioteca, já sabendo que o encontraria por lá, apesar disso, admirava que o garoto gostava de aprender, aquilo lembrava a ele seus tempos de escola, quando Damiwon contava sobre Maldox e ele ouvia atentamente, já se preparando para ser um conselheiro.

— Senhor Quoto. — Castin se aproximou.

— Sim, rapaz? — Hamo parou de andar e observou os olhos cor de gelo do garoto a sua frente.

— Escutei o que disseram no outro dia sobre a Flox.

— O que dissemos? Perdão, mas não estou com a memória muito boa. — O homem o olhava com curiosidade e confusão, Castin esperava que alguém como ele entendesse mais rápido.

— Depois da noite do ataque dos fugitivos...

— Não sabemos se foram os fugitivos.

— Não, senhor Quoto, vocês sabem, apenas não podem dizer para os selecionados. Mas no meu caso é diferente porque eu também sei, então é melhor simplesmente não confirmar nada para não levar a culpa do que mentir. Mas não foi sobre isso que vim falar.

— Sim, Erina Flox. O que tem ela?

— Escutei o que o senhor e Sairus Lacoste disseram para ela. — O barbudo pareceu não se importar.

— Sim, rapaz, assim como todos os outros selecionados, não contamos nenhum segredo, agora se me der licença...

— Ainda não entendeu. Eu escutei, os outros ouviram. Sei do que se tratava, não precisei pensar muito sobre o assunto para compreender, se algum dos selecionados for um pouco inteligentes também perceberão.

Era isso, o menino era um pouco inteligente, mas tinha realmente compreendido ou só estava querendo descobrir qualquer coisa? Jogando palavras e descobrindo segredos, era uma das aulas que os Guardiões aprendiam, talvez um dia queira ser um, mas agora era apenas Castin, um Evirus da Siriólia, o Bloco Um. Um Evirus que carrega em si toda uma lenda, apenas uma criança.

Ou talvez suas noites na biblioteca tenham dado a ele a inteligência e esperteza para realmente ter descoberto um segredo.

— O que está insinuando?

— Não estou insinuando nada, senhor, eu estou afirmando. Acreditam que a Flox é a escolhida de Sirun, não é?

Oh, Olarus!

— Criança...

— Não sou criança! — De repente sua voz soou mais alta que o normal e aquilo dava a Hamo a resposta de que sim, era apenas uma criança imatura e incapaz de lidar com certas situações. — Nunca fui.

Desde sua infância, Castin nunca teve a chance de ser criança. Seus irmãos brincavam nos jardins e na escola todos corriam e se divertiam, mas ele parava sob uma árvore de casca branca com seus livros e passava todas as suas tardes assim. Sozinho, lendo livros e ouvindo como pano de fundo as risadas das crianças ao seu redor, todos extasiados enquanto ele se perdia em mundos irreais que as histórias ofereciam. E não era culpa dele, era algo que gritava dentro de si e o impedia de se divertir como os outros, algo nos mistérios de quem ele é e o porquê é.

Apenas preferia gastar seus dias lendo e conhecendo o mundo que o sustenta que simplesmente correr por ele.

— Evirus, está enganado.

— Mais uma vez mente! Se for mentir é melhor não falar nada, mas se for falar que seja alguma verdade, pois eu já a conheço. Sirun renascerá e você e o Guardião acreditam que Flox é a escolhida.

— Qual o seu ponto? Onde quer chegar?

— Quero que vejam o quanto estão enganados.

— E parece que você vai nos mostrar.

— Talvez.

— E quem acredita ser o escolhido de Sirun? Você?

— Não. Eu ainda não sei, mas não é a Flox.

— O que te faz pensar isso? Quais as provas que tem? Porque diferente de você nós temos algumas suspeitas que... — O homem se calou imediatamente e se repreendeu baixinho. — lá vou eu, falar mais do que posso de novo.

— Flox tem uma luz que predomina sobre qualquer escuridão que venha a tentar nascer nela. Só um cego não vê.

— Luz? Jovenzinho volte para o salão, logo a prova começará; volte para seus companheiros de bloco. Erina pode ser eliminada agora mesmo e então saberemos que você está certo.

— Sabe que estou certo, senhor Quoto. Sabe disso.

— Eu sei que estou cansado e meu queixo está coçando, sabe como é difícil coça-lo por baixo de toda essa barba? Vá agora e tente resolver este mistério.

 

O Pégaso olhou nos olhos de Erina, pelo menos ainda o teria e sua varinha, a Nigtzen. Tinha passado o resto da tarde ao lado do cavalo alado, contou a ele todas as suas inseguranças e seu medo, segredou sua culpa e quase adormeceu com a cabeça sobre sua asa quente e macia.

Depois, quando era a hora, foi Aros quem foi chamá-la, eles caminharam lado a lado até o grande salão.

— Você vai conseguir. — Ele murmurou baixinho, com medo que alguém estivesse escondido em algum lugar para ouvi-los.

Mas eu não sei se devo conseguir.

— Como você sabe?

— Por que estou falando com você, e eu sou sua sorte.

— Pensei que fosse o contrário.

Os outros selecionados já estavam no salão, Azzu tinha chegado e estava prestes a anunciar, quando Rian tocou seu braço. Diferente daquele sonho, aquele toque era rígido e forte, nada carinhoso, nada quente, nada apaixonado. Aproximou o rosto do dela.

— Eu sei o que está pensando em fazer. — Murmurou.

— Não, não sabe.

Não tem como ele saber, era impossível.

— Veja Erina, a culpa não foi sua. Mesmo com a sua ajuda não conseguiríamos vencer a prova. Não torne tudo fácil, não nos engane e não se engane. Eu mereço uma luta digna, Eliss e Sve também merecem; e se formos eliminados, então seremos eliminados, mas que seja com alguma dignidade. Lute comigo com tudo que você tem, não tenha medo de vencer de mim, não tenha medo de perder para mim. Apenas lute.

— Eu vou tentar.

— Quero que prometa. Quero que me prometa que vai lutar com tudo que tem.

— Rian...

— Por favor, Erina, pela amizade que construímos aqui, me prometa.

— Eu não posso, a culpa é minha e... — Ela balançou a cabeça sentindo-se derrotada. — O tudo que tenho está abalado demais.

Foi interrompida pela voz de Azzu que estava iniciando a prova.

Lutar com Rian foi mais rápido do que ela imaginava. Sua cabeça estava na utopia, estava na culpa. Ela não se lembrava dos feitiços que deveria dizer e quando menos esperou, sua varinha voou para o outro lado do salão.

Os dois desceram as escadas que os separavam dos outros selecionados enquanto Sve e Eliss ainda lutavam em cima. Rian segurou-a pelo ombro.

— Me prometa.

Ela fechou os olhos com força. Em alguns minutos voltaria para cima para enfrentar Sve ou Eliss e um dos três seria eliminado, ela não queria ter que ver o rosto de um deles e dizer adeus.

— Erina olha para mim, eu não quero te perder. Por favor, não quero que vá embora. — Ele a apertou contra seu peito, respirava pesadamente e o coração batia rápido. — Me promete. Promete que vai vencer.

— Você não devia me pedir isso, eles também são Evolírio.

— Eu sei. — Murmurou derrotado. — Eu sei que não devia pedir ou querer, mas é o que quero e não vou mentir, eu prefiro você. Então vença essa prova, por favor.

— Eu prometo.

Um apito e quando Erina olhou para cima, a varinha de Sve tinha sido arremessada para o outro lado. Ela trocou olhares com Rian e subiu no palco enquanto ouvia Eliss rindo nos braços dele. Sve sorriu tristemente.

Atelai Nuorus. Atelai Nuorus...

Foi o primeiro feitiço que ela pensou.

— Parálytos! — Sve gritou, mas Erina criou uma pequena linha de proteção, que logo foi quebrada quando ela correu para desviar dos outros feitiços que ele lançava sobre ela para fazê-la perder a varinha. Um dos feitiços a atingiu, mas ela apenas caiu no chão com força, a varinha ainda presa em suas mãos. De onde estava ela viu os olhos tristes de Hamo e os implorantes de Rian.

Naquele momento, Erina não precisou gritar nenhum feitiço, apontou a varinha e uma onda negra saiu dela de encontro ao peito de Sve. Ele caiu e Erina parou na frente dele apontando sua varinha negra. Quando olhou para suas mãos, notou-as vazias e percebeu que sua varinha estava caída bem ao lado dele.

Os olhos dela se encheram de lágrimas enquanto os de Sve não se desviavam dos dela. Sua varinha tinha caído de sua mão assim que bateu as costas contra o chão. Ela ainda estava com a varinha apontada para ele quando o sinal tocou encerrando a prova e anunciando o eliminado. Os selecionados começaram a murmurar.

— Diga adeus. — Erina disse para Sve. Os olhos dele estavam vermelhos e não expressavam nenhuma emoção.

Por favor. Por favor. Pensou tristemente, diga "não para sempre", por favor.

Era o que todos respondiam quando alguém ia embora, mas ainda esperavam se reencontrar. Sve piscou e abriu a boca para responder:

— Adeus.


Notas Finais


É... Desculpa?
Me doeu o coração eliminar o Sve, porque eu amo ele! Mas faz parte da história, tinha que acontecer assim :/
Sve e Dária, os dois eliminados do Evolírio, sempre é mais difícil com eles.
Enfim, espero que tenham gostado do capítulo, tirando o fato do Sve ter sido eliminado.
Não esqueçam de comentar o que acharam <3
Um beijão!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...