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História Fluorescent Adolescent - Cocaine-Girl Ends


Escrita por: lolabacci

Notas do Autor


Primeiro capítulo de Fluorescent Adolescent.

em homenagem à Jacqueline Holland;

Capítulo 2 - Cocaine-Girl Ends


Fanfic / Fanfiction Fluorescent Adolescent - Cocaine-Girl Ends

 

Fluorescent Adolescent

Michael's Point of View

– Por que está fazendo isso comigo? – Perguntei para Jackie que tinha os olhos borrados de preto enquanto tragava furiosamente em seu cigarro quase no fim. Ela apenas bufou e rolou os olhos, olhou aquele céu nublado e abraçou os braços finos cobertos pelo casaco de pelos, suas mangas estavam um pouco sujas de sangue. – Jackie? - Disse encostando em suas mãos geladas.

– Tudo um dia vai ter seu fim. – Respondeu enquanto se afastava de mim. – Você só precisa aceitar isso. – Disse com raiva em seus olhos verdes. Ela continuava andando até o prédio da escola, se afastando cada vez mais de mim, que ainda a observava como uma estátua.

– Nós não precisamos ter um fim! – Exclamei até que Jackie parou e me olhou com mais ódio.

– Eu estou falando do meu fim! – Ela exclamou antes de correr até o prédio.

xxxx

Acordei com a respiração acelerada. Minha camiseta assim como minha cama estavam encharcados com meu suor. Olhei para o relógio na minha parede da frente e diziam exatamente 5:20, o que significava que eu ainda tinha algum tempo antes de me levantar e retornar até a escola. Minha respiração acelerada e o nó na garganta quase me fizeram entrar em pânico novamente, mas como havia aprendido, era só respirar, respirar e respirar mais um pouco.

Levantei-me e comecei a tirar os lençóis. Os jogueis no chão assim que senti uma pontada no lado esquerdo da minha cabeça. Ajoelhei-me enquanto meus dedos pressionavam minha têmpora, com as unhas encravadas no colchão vazio, um gemido abafado de dor ecoou pelo quarto.

''Estou falando do meu fim!''

A frase mais assustadora que já havia ouvido pela voz mais confortante estava impregnada em minha cabeça. Ela vinha e voltava, deixando os ecos atrapalharem meus pensamentos, que nesse tempo, já não estavam em seus melhores dias.

– Filho! – A voz do meu pai entrou no quarto escuro em meus olhos e sua mão gelada segurou firmemente meus braços, tentando afastar meus dedos da cabeça. Aquilo estava me matando à 6 meses.

E logo começou.

A agonia e o medo trouxeram as lágrimas

Daquelas amargas e chatas

Daquelas que dizem que lavam a alma

Sujas, envenenadas

Que trazem mais insegurança, mais pensamentos perdidos

Das que nos deixam sem esperança

Nos trazendo mais arrepios

Mais medo, mais raiva

Por favor, eu não quero sentir mais nada!

 

Michael, Michael! – Meu pai me balançava enquanto a água gelada do chuveiro caía sob meu rosto. Abri meus olhos rápidamente quando a água me fez tossir. – Acorda! – Com a respiração afobada respirei fundo e levantei minhas costas.

O chuveiro foi desligado e agora me enrolava na toalha, ainda com a visão embaçada.

– Devemos ligar para a ambulância de novo? – A voz de David na entrada do banheiro entrou em meus ouvidos. Eu só queria levantar e respirar. Fumar um cigarro.

– Estou ótimo! – Exclamei com raiva.

xxxx

O cereal boiando no leite desnatado parecia a melhor coisa que acontecera em meu péssimo começo de dia. Mesmo que sejam porcarias feitas de milho e cobertas de açúcar, eram meus favoritos. Com o leite aguado era melhor ainda. Com vodka também ficariam ótimos.

Não estragou minha descoberta de felicidade matina mesmo quando David passou pela porta da cozinha e foi direto no rádio. Elephant Gun do Beirut não parecia uma má ideia para ele, principalmente quando o ''ele'' usa uma camisa estampada – só para mostrar que é boiola mesmo - fechada até o pescoço,ou quando tem algum tipo de TOC que envolve torradas. Toda manhã David não pode deixar de passar manteiga em suas torradas, ele tem que saber que toda parte de cima do pão está coberto, caso contrário, ele surta, tem mais alguns probleminhas, mas tenho certeza que sua obsessão por torradas é o que mais me diverte.

Logo meu pai entra no ambiente e quebra o ''silêncio'', ou a música, com sua voz preocupada cantando qualquer melodia de jazz dos anos 40 – algo meio geração beat, mas com tom de preocupação que fez sua voz sair tremida, foi bem desesperador -, juro, tenho quase 98% que ele tem medo de mim, mas isso não importa, trazer meus remédios de manhã parece acalma-lo, só de saber que ele está tentando ajudar o filho a não se enforcar usando uma corda presa no ventilador do teto está tudo bem. Tudo com os remédios dos doidos dos psiquiátras fica bem. Ninguém pensa no efeitos colaterais.

O copo de água sendo colocado na mesa com os remédios verdes fez quase uma melodia, uma melodia que poderia ser uma música se gravasse todas as minhas manhãs e como essa ''meio-melodia'' me deixava com náuseas.

remédios tomados*

- Suas malas já estão no carro? - Meu pai decide falar de verdade agora. Ninguém comentaria sobre a madrugada, ou sobre quase todas as madrugadas dos últimos 6 meses.

– Já. – Respondia desanimado, pois pensar no inferno em forma de escola em forma de prisão, não me deixava nada menos depressivo. Comecei a agir como um emo, argh, talvez crie um tumblr mais tarde.

– Michael? – David disse fazendo-me olhar para ele. – Você sabe e nós já dissemos. Se não quiser voltar agora entenderemos, trocamos você de escola, fazemos qualquer coisa. – Apenas o encarei.

David é uma das minhas pessoas favoritas. Quem não gostasse do David ou tentasse fazer algum tipo de piada sobre ele com certeza levaria um puta de um soco na cara, que talvez até os dentes sairiam, tipo, com sangue e tudo mais, algo bem nojento ia acontecer, sei lá.

Fico feliz do meu pai ter escolhido o David ou invés da minha mãe.

- O Poliamor dos Fracassados em Poliamor -

Quando o poliamor de Hanna, Marcus e David não deu certo. Marcus e Hanna brigaram feio, David ficou meio que na dele, nunca falaria para Hanna que gostava mais do Marcus. Então David e Marcus escolheram se enrolar na bandeira de arco-íris e em um bebê, que logo teria o cabelo quase que um arco-íris e Hanna escolheu a heroína.

No fim da história, Marcus e David criaram o bebê de cabelos coloridos, que depois de alguns anos virou um cretino filho da puta do caralho e Hanna...Hanna deve ter sumido ou apodrecido com sua heroína, talvez esteja morando na rua, ou talvez...Sei lá.

Ninguém quer saber de Hanna.

Ah...

   Eu sou o bebê porra louca.

- Fim do conto do ''Poliamor dos fracassados em poliamor'' -

– O pior que não voltar para aquela escola depois de tudo o que aconteceu é não voltar. Tá ligado?- Disse indo me levanto da cadeira. – Eu preciso voltar.

Luke's Point Of View

Tudo parece mais frio desde que Jackie se foi.

Não que não fosse naquela época, pois seu senso de humor negro e seus pensamentos como o de um poeta depressivo em meio de um ataque suicida já fazia tudo ficar frio, mas mesmo assim, era confortante. Mesmo que parecesse a amizade mais corda bamba do universo, pois afinal, Jackie sempre esteve na corda bamba, em qualquer sentido.

Nós dividiamos um cigarro toda sexta-feira depois da aula de desenho. Sinto falta dos cigarros de menta. Aqueles malditos cigarros que faziam meus olhos aguarem, mas pelo menos provocavam risadas na Jackie.

Que merda você fez?!

Era o primeiro dia de aula. Ou seja, não teria bosta nenhuma. Provavelmente teria apenas uma aula de orientação para os novos alunos e com certeza muitos boatos sobre Jackie. Muitas perguntas sem nenhuma resposta. Eu não queria me intrometer.

Eu não vou me intrometer. Pois eu não quero enlouquecer. Não quero perder a cabeça por causa de uma pessoa que perdeu completamente a cabeça.

– Achei que ela não fosse voltar. Depois de tudo... – As falas que vinham da sala podiam ser ouvidas do meu quarto, mesmo sendo falas sussurradas. Joguei o lápis e minha pastas de desenhos dentro da mochila e abri a porta do quarto indo até a cozinha. Amanda e minha mãe conversavam enquanto olhavam pela janela.

– Do que estão falando? – Perguntei fazendo Amanda quase cair de cima da bancada, que ficava embaixo da janela, tendo uma ótima visão dos vizinhos da frente, ou melhor, dos Brinley. Amanda forçou um sorriso enquanto olhava para mim e continuou comendo seu iogurte. – Sério, as duas estão espionando os Brinley?

– Não os Brinley. – Amanda disse. – Só a sua ex-namoradinha que com certeza vai voltar para a escola.

– O que?! – Exclamei no susto e corri até a janela, empurrando a Amanda da bancada e por fim ela desce, quase caindo de joelhos.

– Que merda, Luke! – Ela gritava. Mas minha atenção estava toda na frente da casa dos Brinley.

Acacia Brinley estava mais magra que nunca. Me lembrava de suas pernas finas e pálidas, como o seu doc martens faziam contraste com elas. Onde estava seu cabelo gigante? Seus cabelos curtos a deixaram mais diferente ainda.

O pai de Acacia colocava suas malas no carro, enquanto sua mãe envolvia seu braço nos ombros da filha, que tinha um olhar frágil e diretamente no chão. Depois que Jackie se foi, Acacia foi mandada para uma clínica de reabilitação. Nada de drogas ou álcool. E sim a bulimia e depressão, algo assim, eu acho.

– Espionando os Brinley, que bonito, Luke. – Amanda disse fechando a cortina e tampando minha visão. Apenas me virei e sentei na mesa, pegando a xícara de café que me esperava a algum tempo. – Se eu fosse a Acacia, nunca voltaria.

– Mas você não é ela, Amanda. Então fecha essa sua boca de criança mimada. - Disse bebendo mais um gole do café. Rolei os olhos. Amanda tinha acabado de completar 15 anos, o que significava que ela poderia estudar na mesma escola que eu. Boatos voam e é claro, suicídio também. Quase todos os jornais falavam sobre como a garota pulou do prédio da escola. Outros boatos dizem que Acacia havia ameaçado Jackie, ou apostado, algo assim, mas são só coisas que o Michael inventa pois ele ainda acredita que deve culpar alguém pelo suicido de uma pessoa. Ainda mais se essa pessoa fosse sua namorada. Não é nada agradevel ter uma namorada suicida.

– Cala a boca você, Luke! Emo de merda. – Amanda disse. ''Emo de merda'' = coisas de Michael.

– Crianças, parem de brigar antes que eu dê um jeito de sumir com os dois. – Minha mãe reclamou aumentando o volume da televisão que estava no jornal, canal 4. – Às vezes tenho vontade de virar satânica só na esperança do pai de você voltar aqui e me ajudar com vocês.

– Foi bem profundo, mãe. – Falei. – Nunca pensei que quisesse que o pai voltasse de Sydney.

– Não estou falando desse cretino, estou falando do verdadeiro pai que é o rei do inferno. O pai de vocês é o satã, idiota, agora, me deixa ver o jornal, vocês brigam de mais, talvez eu os mande para um acampamento de bons modos, para aprenderem alguma coisa sobre paz – Exclamou.

– Credo, não vou ser mandada para acampamento nenhum – Reclamou Amanda. Ela continuou falando sobre o acampamento mas minha atenção foi para a o jornal, que falava sobre uma garota que estava desaparecida, provavelmente sequestrada.

– Jeanie Fox, de 16 anos, desapareceu à quatro dias e até agora, nenhuma pista... – A moça do jornal falava sobre a garota, mostrando fotos dela. Seu rosto pálido era coberto de sardas que se destacavam em seus cabelos ruivos e a franja, mas seus olhos verdes eram o que mais chamava atenção. Jeanie Fox me lembrava uma raposa. Onde ela poderia estar?

– Ei, Luke! – A voz estrindente de Amanda cortou meus pensamentos – Estou te chamando e você fica brisando olhando para a TV – Ela disse, o que me fizera perceber que a televisão já estava desligada.

– O que você quer? – Perguntei.

– A mãe disse que é para pegarmos as malas e entrar no carro, ela já está lá fora faz tempo, você que fica voando por aí – Bufou e puxou sua mala até o fora de casa.

Por quanto tempo me perdi em Jeanie Fox?

Peguei minha mala e a arrastei para fora da casa. Os Brinley ainda se encontravam na frente de suas casa. Acacia e sua mãe conversavam, antes dela entrar no carro. Ela ainda usava uma pulseira do hospital, era bem visível pois era a mesma mão que sua mãe acariciava. Acacia, onde você foi parar?

Logo o seu olhar foi parar em mim. Dei um meio sorriso mas na mesma hora ela abaixou a cabeça. Senti falta da época que éramos amigos, ou que pelo menos estávamos juntos.

Luke, anda, vamos nos atrasar! – Amanda gritou e logo me puxou pela camiseta. Era triste saber que teria que conviver com essa porra até o final do ano. Fui andando até o carro, com o olhar ainda em Acacia, dessa vez ela me encarava.

Dakota's Point Of View

 

Laço.

Batom.

Meias.

Tudo estava perfeito. Excelente. Ninguém poderia estragar isso. Nem mesmo Elle, certo, Deus? Esse ano tem a obrigação de ser organizado e do jeito que planejei, afinal, é o último ano. Assim como adicionei uma nova dieta, cortei todo tipo de bebida que não seja água, também fiz restrições como ''Não ser atrapalhada por Elle, Acacia, ou qualquer louco com uma personalidade que se aproxime à do Diabo, como por exemplo, o perturbado do Michael Clifford.''. Se tudo realmente for para dar certo e as pessoas estiverem mais caladas e assustadas por todos os acontecimentos do ano passado, isso melhorará alguns por centos de minha vida.

– Merda! – Escuto a voz de Elle vinda do outro lado do escritório do tio Jared. Corri até o outro lado, empurrando a cortina.

Ela tentava arrumar sua saia xadrez na cintura. Apenas com a fita amarrada no pescoço e só Deus sabe onde a camisa daquela menina estava. E as meias...Onde estão as malditas meias?!

– Onde estão suas malditas meias?! – Exclamei a fazendo cair no chão. Bufei e a ajudei a levantar. – Que droga, Elle. Faz tempo que você está aí, e você só está usando saia.

– Credo, calma. Vai ser rápido. Só preciso achar minha camisa. – Disse rodando o quarto. Aquela maldita camisa estava pendurada no abajur. A peguei a joguei para Elle.

– Você perde tudo – Ela colocou a camisa. Fui abotoar os botões de sua camisa. Azul?! – Que sutiã é esse?!

– É meu, uai – Ela reclamou e voltou a abotoar a camisa. Elle passava os dedos nos seus cabelos longos e loiros, o arrumando junto da fita que amarrara no pescoço.

– Eu consigo ver seu sutiã daqui, Elle – Falei indo até minha mala jogada no chão. Tirei um sutiã bege de dentro da bagunça entre todas as roupas e joguei para ela, que me olhou cansada.

– Okay, então – Bufou e me empurrou para fora, fechando a cortina minha cara.

– Hey! – Gritei.

– Quer que eu me vista ou não? – Gritou Elle do outro lado.

– Tudo bem. E essa fita é na sua camisa não no pescoço! – Gritei antes de sair do escritório e fechar a porta.

Andava com passos rápidos pelos corredores. Aquele lugar parecia um castelo, com piso de cor de pedra e cortinas vermelhas gigantes. Os meus sapatos sem cadarço faziam barulho ecoando na escola fechada, e quanto meus olhos procuravam pelo tio Jared. Oh, tio Jared. Onde você foi parar?

Ali estava ele, conversando com um garoto alto e com cabelos castanhos encaracolados, que atrapalhava minha visão querendo se encontrar com a do tio Jared. Dei uma acelerada nos passos novamente até que cheguei atrás daquele garoto.

– Olá, tio Jared! – Disse com um sorriso no rosto. Ele e o garoto olharam para mim, fazendo-o ir ao lado de Jared.

– Como está, Dakota? – Tio Jared perguntou colocando sua mão em meu ombro. Assenti com a cabeça abrindo mais um sorriso. – Quero que conheça Danny, ele é filho de um pastor, um velho amigo meu – Poderia sorrir durante toda essa conversa, mas o garoto, Danny, me dava más energias.

– Não – Disse seca, mandando um olhar de desgosto para Danny.

– Não? – Jared repetiu confuso.

– ''Não'' de ''Não quero conhecer o filho do Diabo'' – Tão óbvio, por que alguém como eu, Dakota Fanning, sobrinha de um padre iria querer com, Danny, o filho do mal e de suas obras erradas?

– Dakota, como pode dizer uma coisa dessas? – Jared me dava um sermãos enquanto Danny parecia segurar o riso. Idiota, como ousa rir na frente de Jared?

– Ele é o filho de um pastor – Disse para Jared e logo me virei para Danny – Você é o fruto do Diabo! – Exclamei. Meu tio continava assustado – Mas o que realmente importa aqui é Elle, ela não sabe colocar suas próprias meias, uma criança rebelde, não acha, Jared? – Perguntei com um tom mais agradável.

– Claro! Pobre Elle, pobre fruto do Diabo – Danny ria. O fuzilei com os olhos.

– Será que posso ter uma conversa com meu tio?

– Claro, Maria Madalena, mãe de Jesus – Ele parecia achar tudo uma piada.

– Você vai queimar no fogo do inferno e sabe disso – Apontei o dedo quase em seu rosto.

– Dakota, chega disso e vai buscar sua irmã – Reclamou Jared. Coitado, já estava indo para o lado de Danny – Os alunos já estão quase todos aqui, você ainda não pegou sua chave do quarto, e...

– Para tudo! – Ouvi a voz de Elle e seus passos cada vez mais rápidos. Bufei e rolei os olhos, só podia ser brincadeira ou um sonho, todo esse caos que ela faz. Me virei e olhei para suas canelas finas. As benditas meias não estavam ali.

– É, parece que ela ainda não aprendeu a colocar suas meias – Danny disse olhando para Elle.

– Não fale assim com a minha irmã! – Exclamei para Danny e logo virei para Elle – Elle, parece que ainda não aprendeu a colocar as meias.

– O quê?! – Seus olhos azuis se arregalaram e foram em direção aos seus pés.

– Sério, Elle? – Disse.

– Merda! Esqueci de colocar as meias! – Elle exclamou enquanto levava a mão até a testa com preocupação.

– Olha a boca, menina! – Disse. Sua respiração parecia mais rápida a cada segundo.

– Calma, Elle, são só meias – Jared disse tentando acalmá-la.

– Só meias? Só meias? São regras, Jared, não são apenas meias – Exclamei fazendo Danny rir novamente.

– Dakota, são apenas meias – Jared disse calmo, até parece.

– É, Dakota, são apenas meias – Danny cantarolava cada palavra, era como a música do inferno.

– Cala a sua boca – Murmurei. Respirei fundo e voltei a falar – Além de serem regras, essas meias foram caras, qualquer um adoraria usar essas meias, Elle.

– Nunca te pedi essas meias – Elle disse em um tom baixo, enquanto olhava para baixo.

– Estou adorando isso – Danny sorriu.

– Não, não está, Danny – Jared disse.

– Sou a Elle – Elle sorriu de uma hora para outra e estendeu a mão para Danny que a cumprimentou.

– Prazer, sou o fruto do Diabo – Sorriu, apertando a mão de Elle – Estou indo na frente, tio Jared – Seus olhos pararam em mim – Adeus, Maria Madalena – Disse apertando com os dedos minhas bochechas.

Acacia's Point of View

Ali estava eu.

Circulando a grande faixada da escola com os olhos. Tentando manter a respiração normal e o coração calmo. Mas, ficar detalhando todos os meus movimentos não iria adiantar em nada.

Mesmo que uma das coisas que eu mais quisesse fosse acabar rapidamente esse ano, minhas pernas não conseguiam sair do carro. A única coisa que eu queria no momento era sumir. Pegar todas as lembranças e fugir com com todos os acontecimentos para um buraco negro. As pessoas deviam ainda estar comentando sobre os boatos absurdos sobre o suicídio de um ''certo alguém'', e colocando a culpa e outro ''certo alguém''. Eu havia mudado depois de tudo. Dessa vez com cabelos mais curtos, com ossos mais saltados e nenhuma marca de agulha recente no braço. Quando eu disse ''olá'' para a clínica de reabilitação, eu disse ''adeus'' para os longos cabelos com pontas roxas, ''adeus'' para as agulhas. E para a Jackie? Não. Ela não me deu a chance de dizer adeus. 

Encarei novamente a escadaria na frente da escola, aquela que fazia os pelos do meu braço se arrepiarem.

Está pronta? – Minha mãe pergunta fazendo-me acordar para o presente. Assenti com a cabeça e abri a porta do carro e meus pés pisaram na calçada. Agarrei minhas malas e a caminhada horripilante começou.

A cada passo me sentia torturada. Percebi os olhos começarem, sussurros, fofocas e qualquer tipo de coisa desse gênero começou.

– Ela era amiga da Jackie Holland – Pude ouvir o sussurro de uma das garotas ali ao me lado, continuei andando até chegar na escadaria, a encarei por alguns segundos e respirei fundo. Vadias.

– Michael disse que o suicídio da Jackie foi culpa da Acacia – Meus pés travaram quando aquela frase entrou pelos meus ouvidos. Minhas botas pararam no primeiro degrau e parecia que nada poderia me tirar dali.

– Assassina – Uma voz mais grossa disse num tom não tão alto. Eu tinha que sair dali, eu tinha que sair dali e continuar andar.

Olhei para a frente e comecei a olhar para todos os lados. Conseguia ver a entrada para o prédio. Jackie. Ali estava ela, tragando em seu cigarros de menta e encarando todo corpo frio e sem graça da escola. Seus longos cabelos estavam por cima do casaco de pele e a maquiagem borrada, ela deve ter ido para alguma festa ontem. Seus olhar se encontrou ao meu e um sorriso se abriu em seu rosto fazendo-me sorrir também. Respirei fundo e fechei os olhos. Parecia que aquilo iria me matar de qualquer jeito. Abri os olhos novamente e nenhuma Jackie estava ali.

– Aquela garota não devia ter voltado – A voz de um menino, que parecia não estar tão longe ecoou. Olhei para o lado e o dono da voz - um desconhecido que como vejo me julgava pela morte de alguém - saiu andando. Olhei novamente para a entrada da escola e o ser dos cabelos vermelhos estava ali, com outros garotos que não me importavam agora. Ele me encarava, quase como imaginei que Jackie me olharia, mas seu olhar é mais frio, mesmo assim, aquilo me fez subir as escadas, e subir e subir. Logo já estava ali, quase em sua frente, mesmo sem querer. Passei ao seu lado e senti seu olhar mais cortante ainda, como se no segundo que eu estivesse sozinha ele pegaria uma faca e me mataria com toda sua raiva. Desviei o olhar, mas pude perceber seu movimento levando o cigarro até o asfalto e o apagando.

– Hey! – Ouvi a voz de Michael o que me fez olhar para trás rapidamente – Como está, seu emo?! – Subindo as escadas estava Luke, correndo. Ele e Michael se abraçaram – Seu, bicha! – Michael bagunçava seu cabelo.

– Não, cara! – Luke logo olhou para mim, percebi seu meio sorriso mas o ignorei, pois ainda sentia aquela pontada que me fazia querer sumir toda vez que eu o olhava. Virei-me e entrei na escola tentando ignorar o fato dos meus ex-melhores amigos estarem atrás de mim, provavelmente pensando em como tudo ficou insano.

Dentro da escola, vários alunos procuravam por seus quartos e pegavam suas chaves. Fui até os papéis do dormitório e procurei pelo meu nome. Acacia Brinley e Suzi Stonem, seria minha colega de quarto, provavelmente uma aluna nova, o que me deixou mais calma pois ela não saberia de tanta história. Quarto 505.

– Acho que não deveriam deixá-la estudar aqui, é uma assassina – Olhei para o lado e duas garotas sentadas no chão não muito longe de mim conversavam, a de cabelos platinados, quase brancos, me encarava com raiva.

– Ninguém tem prova de nada – A negra de cabelos compridos disse.

– Tenho certeza que é tudo culpa dela – A outra sussurrou.

– Ela está olhando, vamos embora, Amanda – As duas saíram. A moça da secretária me entregou a chave do quarto e a guardei no bolso.

Naquele momento senti um aperto no peito. O olhar das pessoas vidrados em mim e sussurros dizendo como matei alguém me deixou tonta. Senti um nó na garganta, mas mesmo assim, levantei o queixo e puxei a mala junto ao meu corpo. Subi as grandes escadas de madeira. Deixei que meus passos me guiassem automaticamente para o corredor que eu sempre ficava com Jackie.

Subi todos os degraus até me encontrar no andar da quadra de basquete. A quadra estava fechada, com o portão de grades me separando dela, mas o corredor gigante estava ali. Andei até as prateleiras onde ficavam homenagens à ex-alunos, a maioria deles eram jogadores ou fizeram algo importante para o colégio. Mas ao lado dos ''alunos prodígios'' estava um grande retrato de Jacqueline Holland, com seus olhos verdes sendo destacados pelo lápis borrado e o blazer vinho do uniforme da escola. Sua orelha de elfo dividia seus fios de cabelos castanhos que caiam pelos ombros. Jacqueline Holland não estava nem perto de uma alun prodígio, era odiada pela maioria dos professores, era a garota que cheirava cocaína do banheiro e que mais tarde se jogou do último andar.

Aquele corredor estava assombrado por Jackie, assim como o resto da escola. Consegui ouvir risadas altas e dopadas de fundo, virei-me e Jackie estava atrás das grades do portão da quadra. Ela e seu casado de pelos surrados. Dei um meio sorriso e ela correspondeu acenando. Desviei meu olhar para seu quadro novamente, ao seu lado tinham algumas velas apagadas, coloquei a mão dentro da bolsa e tirei meu isqueiro dalí, acendendo-as novamente. Sorri para mim mesma e olhei para o portão da quadra, Jackie havia sumido, mas mesmo assim sentia sua presença, todo lugar eu podia sentir Jacqueline Holland.

– Rest in peace, Jacqueline – Sussurrei.


Notas Finais


deixe um ''rest in peace, jackie holland''

xo


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