História Fly — Aprendendo a Amar - Fora

Saber do problema da Sun me deixou menos ligada ao meu. Ela estava passando por um momento difícil também na empresa... a vida como trainee não era algo fácil, não era divertido, não era só dançar e cantar. Era bem mais que isso, era trabalho duro, pouco descanso e pouco tempo pra você mesma. No caso da Sun, isso era pior pois ela tinha optado por continuar na escola mesmo sendo trainee, o que era duas vezes mais puxado.

Falar comigo sobre o que ela estava passando, suas incertezas, suas dúvidas sobre o futuro, suas preocupações pessoais, pareceu aliviá-la um pouco e eu fiz o meu máximo para que ela se sentisse melhor, encorajando-a. Conhecendo aquele mundo de perto e o que a esperava após o debut, pude lhe dar uma melhor perspectiva do futuro, apesar do seu medo de não conseguir debutar. Ser trainee não era garantia de ser debutado, infelizmente, mas eu já tinha visto vídeos das apresentações dela de escola que o sr. Yang tinha me mostrado e acreditava no potencial da Sun... só que há batalhas que temos que vencer sozinhas e os outros só podem nos apoiar e torcer fora do campo. E era isso que eu faria.

Na hora do almoço, encontrei o Jaebum novamente e fomos ao mesmo lugar do dia anterior. Conversar com ele era fácil e leve, me fazia muito bem para aliviar as tensões de ultimamente. O jeito tranquilo dele me lembrava meu pai e era fácil imaginar uma vida inteira ao lado dele (trouxa!). Será que foi isso que minha mãe viu no meu pai quando o conheceu?

Ao voltar, fui ao banheiro escovar os dentes e na saída, dou de cara com o Jackson que estava indo em direção ao banheiro masculino também.

Paramos um instante e nos encaramos, meu corpo gela. Mas ele simplesmente se desvia de mim e entra no banheiro masculino ao lado. Fico inerte por um momento e depois volto a andar em direção à sala do sr. Yang.

— Minji... você pode ir ao correio novamente levar isso, por favor? — O sr. Yang pergunta apontando para uma bolsa ao lado.

— Sim, claro — digo assentindo.

— Obrigado — ele sorri.

Guardo a necessaire, pego a bolsa de cartas e saio.

Quando estava voltando para a empresa, meu celular toca.

— Oi, Sook!

— Minji! Como você está, unnie? — Sook parecia animada.

— Hum, bem... — Minto. — E você?

— Eu estou explodindo! — Ela quase grita e eu rio. — Soube dos records que os garotos quebraram?

— Soube sim, garota! Fiquei muito feliz por eles, o comeback deles foi incrível! Eles mereceram.

— Sim, o comeback do seus garotos também foi maravilhoso! Todos estavam lindos, mas o Mark estava sensacional! Não conte pro Joonie oppa que eu disse isso...

— Pode deixar, eu sou boa em guardar coisas.

Rimos.

— Mas, então... eu liguei pra te chamar pra uma festa de comemoração que vamos fazer esse sábado — ela continua. — Pensei em juntar os dois grupos para comemorarmos o sucesso deles, o que acha?

— Acho uma ótima ideia! Vou convencer meus garotos à irem.

— Estou contando com isso! — Ela ri. — O Nam vai ficar feliz em ver o Jackson de novo... com todos esses eventos de ultimamente, faz bastante tempo que eles não se vêem.

— Verdade... — Engulo em seco.

— Bom, já que está tudo certo, tenho que voltar pra aula agora... te mando o endereço e o horário por mensagem depois. Beijos!

— Ok, beijos — desligamos.

Na saída da empresa, pego as minhas coisas e vou para o ponto de ônibus. Um carro se aproxima devagar e para na minha frente. Abre o vidro.

— Oi! — Jaebum diz sorrindo.

— Oi, você me assustou por um instante — rio com a mão no peito.

— Desculpe — ele ri. — Eu te levo pra casa, entre aí.

Jaebum abre a porta do carona e eu entro, ele dirige.

— E os outros? — Pergunto.

— Foram na frente... eu tive que ficar para falar com o JYP.

— Ah, sim...

— Quer parar em algum lugar pra comer? — Ele pergunta de repente.

— Não estou com muita fome, mas... podemos levar pra viagem.

— Ok.

Olho para o vidro. No caminho, passamos por uma lanchonete e pedimos tteokbokki pra viagem.

— Ah, eu estava precisando falar mesmo com você sobre um convite de uma amiga... — Digo, quando Jaebum volta a dirigir. — Yang Heesook, conhece?

— Yang... essa não é a nova trainee, sobrinha do sr. Yang? — Ele mantém os olhos na pista.

— Não, a trainee é a Heesun... a Heesook é a dongsaeng dela.

— Ah... eu encontrei a Heesun no corredor algumas vezes, ela me cumprimenta, mas notei que não fala muito.

— Assim como você.

— É, assim como eu.

Rimos.

— Então, sobre que convite você queria falar?

— Ah, é que a Heesook queria fazer uma festinha em comemoração ao comeback do BTS e ao comeback de vocês... vai ser nesse sábado às 19h na casa dela. Ela e a irmã são próximas deles e elas gostariam muito que a gente fosse comemorar todos juntos.

— Parece uma boa ideia. Nossos grupos são amigos e ambos estamos fazendo sucesso... acho que vai ser legal comemorarmos isso. Se a agenda estiver liberada, eu vou e acho que os outros vão também. O Bambam e o Jackson por exemplo, não recusam uma festa.

Rimos.

— Obrigada por isso — sorrio e me volto pra janela.

Ele estaciona em frente ao meu apartamento, abro a porta e nós saímos.

— Obrigada por me trazer — digo com um sorriso. — Quer entrar pra jantar?

— Não, eu posso jantar em casa... — Ele hesita.

— O tteokbokki vai esfriar até você chegar em casa...

Ele pensa um pouco.

— Ok, eu te acompanho — ele sorri e subimos as escadas para entrar no prédio.

— Não tive tempo de arrumar muito hoje de manhã... — Digo após abrir a porta da sala e tirar os sapatos.

— Tudo bem — ele sorri e entra de meias também logo atrás de mim.

Deixo a bolsa pendurada ao lado da porta e tiro a jaqueta para pendurar; ele me deixa tirar a jaqueta dele, manejando a comida de uma mão para a outra. Penduro o casaco dele também e pego a bolsa com a comida.

— Pode se sentar no sofá — vou pra cozinha.

— Não, prefiro ajudar — ele me segue.

— Ok — sorrio. — Pegue os talheres na primeira gaveta ali e as tigelas no armário acima que eu desembrulho isso aqui.

Coloco a bolsa na bancada e tiro as vasilhas de isopor de dentro, com cuidado, destampo as duas e ele coloca as tigelas ao lado. Passo o conteúdo das vasilhas pras tigelas e descarto o resto. Lavamos as mãos e vamos para o sofá.

Comemos sentados no chão usando a mesa de centro como apoio.

— Ótimo, só deveria ter um pouco menos de pimenta — sinto meus olhos arderem e ele ri. — Vou pegar água.

— Eu agradeço por isso...

Volto com a água e terminamos de comer.

— Deixa que eu lavo — ele pega os pratos e talheres e se levanta.

— Não precisa! — Me levanto.

— Tudo bem, deixa comigo — ele pisca sorrindo.

Aí minha sanidade indo por água abaixo de novo...

— Eu seco, então... — Pego um pano de prato e seco a louça que ele lava antes de guardar.

— Trabalho em equipe é sempre melhor — ele levanta a mão, após secá-las, pra eu bater.

— Está certo, líder — bato na mão dele sorrindo.

— Agora eu vou indo — ele me devolve o pano que usou para secar as mãos e eu o guardo antes de acompanhá-lo até a porta.

— Obrigada mais uma vez... — O ajudo a colocar o casaco antes dele sair.

— De nada — ele sorri. Aquele sorriso de derreter multidões, onde até os seus olhos sorriam. — Nos vemos amanhã, então...

— Sim... — A gente se olha por um instante em silêncio, e então, vejo ele acenar e se virar pra ir embora. Sinto que perdi uma oportunidade. Sinto que perdi um grande momento. Minha respiração é  cortada e eu surto. — Jaebum, espera!

Ele para e se vira. Vou ao encontro dele decidida, seguro o seu rosto entre as minhas mãos e o último pensamento que tenho é: QUE SE FODA! Eu o beijo de surpresa, ele fica sem reação no início, mas corresponde e segura o meu rosto com uma das mãos.

Então, ele me afasta devagar e eu fico confusa por um instante. Droga, eu fiz merda! Eu estraguei tudo? AI, MEU K7.

Ele me observa por um momento com as mãos nos meus ombros.

— Eu não posso... eu não posso fazer isso — diz.

Fico sem reação e não consigo pensar em nada pra falar, minha boca vira mármore. O que eu estava pensando?! Ele estava me dando um fora? O meu ULTIMATE SUPREMO estava me dando um FORA??

Ele contrai os lábios com uma expressão triste e dá uns passos pra trás antes de se virar e sair da minha vista. As lágrimas escorrendo e molhando o meu rosto que me despertam do meu transe, então eu desabo no chão como um saco de farinha já quase vazio.