Abro os olhos e sinto os braços do Jackson me envolvendo por trás, sorrio e escondo o rosto no travesseiro, sem acreditar que aquilo tudo tinha acontecido. Ouço o despertador tocar e tento o alcançar antes que Jackson acorde, o desligo, mas ele se move, me apertando mais e me beija no pescoço.
— Já é de manhã? — Pergunta sonolento.
— Uhum — confirmo e me viro pra ele.
O beijo e sorrio.
— Não acredito que fizemos isso... — Digo, ainda bem perto dele.
— Nem na terceira vez? — Ele pergunta.
Rimos e nos beijamos.
— Nem na terceira vez — sorrio e começo a me levantar.
— Já vai? — Ele pergunta. — Então, é assim? Você me usa e vai embora?
— Eu vou tomar um banho... — Rio e me abaixo para lhe dar mais um beijo demorado. — Mas, vou deixar alguns wons no criado-mudo pra você.
Ele ri.
— Vocês são todas iguais... só querem isso de um homem — ele diz, voltando a se recostar na cama para me observar sair do quarto.
Eu estava nua, mas depois de tudo o que a gente tinha feito naquela noite, eu já não me importava.
— Quer companhia? — Ele pergunta quando eu abro a porta.
— Você não cansa? — Pergunto de sobrancelhas franzidas e ar de riso.
— Sou pago pra isso — Ele dá de ombros sorrindo e cruzando os braços atrás da cabeça. — Preciso lembrar que a última vez foi ideia sua?
— Não sei do que você ta falando — sorrio dando de ombros e saio.
— Sabe sim! — Ouço ele dizer e rio ainda na porta antes de ir ao banheiro.
Tomo meu banho quente e me enrolo numa toalha, então vou para o quarto pegar uma roupa.
— Acho que eu também vou tomar um banho — ele diz se espreguiçando ao me ver retornar.
Pego uma lingerie e uma roupa confortável. Felizmente, era domingo e eu estava de folga, então, escolhi pijamas, já que eu não sairia de casa mesmo...
Jackson se levanta, pega sua calça do chão e sai do quarto. Visto a roupa e vou pra cozinha fazer o café da manhã. Resolvo arriscar preparar gamjajeon, chamchijeon e wanjajeon.
— O que você está fazendo? — Jackson pergunta ao retornar do banheiro, já vestido.
— Gamjajeon — digo, após descascar a batata. — E chamchijeon e wanjajeon também... quer ajudar?
— Wow... Ok, mas... eu não sou tão bom nisso — ele diz, sem jeito.
— Eu te ensino. Sabe ralar, né? — Digo e ele me olha como se aquilo fosse óbvio, rio. — Ótimo, então rale essa batata aqui enquanto eu começo com os wanjajeon.
Ele assume a minha posição e começa a ralar a batata, pego mais alguns ingredientes, lavo os temperos e começo a picá-los. Então, ouço a campainha, olho para o Jackson por um momento e faço sinal para ele fazer silêncio que eu ia ver quem era.
Quando vejo quem era pelo olho mágico da porta, quase caio pra trás. Era o Jaebum!
— É o Jaebum... — Sussurro pro Jackson, fazendo gestos pra ele ficar em silêncio e se esconder. — Vai pro quarto... agora.
Ele me olha confuso, mas obedece e a campainha toca mais uma vez. Olho para o casaco do Jackson pendurado ao lado da porta e quase tenho um troço, o pego e viro pro Jackson novamente.
— Psiu! — O chamo e ele se vira pra mim, jogo o casaco na direção dele, mas ele cai na metade do caminho, no sofá.
Jackson revira os olhos e volta pra pegá-lo rápido antes de entrar no meu quarto.
Abro a porta devagar e sorrio pro Jaebum, bancando a surpresa.
— Oi! Você por aqui tão cedo? — Pergunto fingindo um bocejo. — Desculpe a demora, dormi um pouco mais do que devia...
— Desculpe vir tão cedo... — Ele diz sem graça. — Posso entrar um pouco?
— Claro, claro — digo, com um sorriso constrangido e ele entra.
— Hum... o Jackson está por aqui? — Ele pergunta hesitante.
— Não, não! — As palavras pulam da minha boca um tom acima antes que eu pudesse pensar. Mas, pigarreio e tento retomar o controle. — Claro que não... por que estaria?
— É que ele veio te trazer ontem à noite e... não voltou — Jaebum sorri sem jeito e coça a cabeça. — Desculpe a pergunta... eu não queria...
— Tudo bem — o interrompo cruzando os braços e sorrindo, sem graça.
— Você... você sabe onde ele está?
— Hum... ele mencionou Hongdae...
— Ele foi lá sozinho? — Jaebum estranha de sobrancelhas franzidas.
— Não, ele... ele disse algo sobre falar com o Namjoon — digo rapidamente.
— Ah, sim... eles costumam ir lá de vez em quando — Jaebum sorri. — Espero que ele esteja bem.
— Uhum — assinto.
Silêncio constrangedor.
— Já comeu? — Ele pergunta.
— Não...
— Ótimo! Posso fazer alguma coisa pra você — ele sorri. — Ou posso te levar pra comer em algum lugar, se preferir.
— Não, prefiro comer aqui mesmo — digo sorrindo e percebo que ele interpreta isso como um sim para a primeira opção quando ele retira o casaco e o coloca pendurado ao lado do meu, perto da porta.
Fecho os olhos por um instante, agradecendo mentalmente ao coreógrafo do BTS em Run por ter tirado o casaco do Jackson dali antes disso.
— Então... vamos começar — ele diz e eu o acompanho até a cozinha. — Você estava cozinhando?
— Não, eu só comecei algumas coisas pouco antes de você chegar... — Digo.
— Hum — ele me olha de forma estranha, mas encolhe as mangas e lava as mãos na pia. — E... o que você estava começando?
— Gamjajeon, chamchijeon e wanjajeon — digo.
— Ah... eu adoro os três — ele diz sorrindo. — Vamos continuar, então.
Ele continua de onde eu parei, me pedindo ingredientes e me passando tarefas leves enquanto trabalhava. Quando ele começa a fritar os wanjajeon, decido ir ao quarto falar com o Jackson, mas precisava de uma desculpa. Vou pra pia e molho a blusa de propósito fingindo lavar copos.
— Droga, olha o que eu fiz — mostro a blusa a ele. — Vou trocar de blusa e já volto.
— Ok...
Vou ao quarto e fecho a porta atrás de mim, Jackson estava sentado na cama com o celular na mão e se levanta ao me ver.
— O que está acontecendo? — Ele pergunta enquanto eu vou para o guarda roupas.
— Jaebum está fazendo o café da manhã — digo de frente pra ele.
— O que? Como assim? Achei que você ia dispensar ele logo... — Ele diz, sem entender.
— Eu sei, eu sei... não sei como aconteceu, mas eu não consegui impedir — respiro fundo.
— Então, ele vai ficar, vai comer e vai levar mais um tempo aqui enquanto eu fico nesse quarto trancado e com fome?
— Ai, eu não sei!
— Vou sair daqui e ir falar com ele agora...
— Não! — O impeço com as mãos no peito dele e abaixo o tom de voz. — Você está maluco? Não pode fazer isso... mostrar que estava aqui esse tempo todo, que passou a noite comigo... o que você acha que o Jaebum vai fazer se souber disso, hein? Pode te denunciar... ou nos obrigar a acabar com isso agora.
— Não acho que ele faria isso...
— Tem certeza? — O interrompo. — O trabalho é muito importante pra ele... acho que ele não teria escolha e se pudesse impedir que você estrague tudo para os dois, ele faria isso. Pelo bem do grupo.
Jackson olha pra porta por um tempo e volta a me encarar depois.
— Ok... melhor não arriscar — ele diz, nada satisfeito com aquilo.
— Certo... agora eu vou trocar de blusa — solto ele e vou para o guarda roupa pegar a primeira blusa que vejo. — Tenho que ir logo, já levei muito tempo aqui...
Troco de blusa rapidamente enquanto Jackson se senta na cama voltando o revirar o celular na mão.
— E faz o seguinte... — Me abaixo de frente pra ele com as mãos nos seus ombros. — Envie algumas mensagens para o grupo, pra eles saberem que você está bem. Eu disse pro Jaebum que você deveria estar em Hongdae... com o Namjoon.
— Ok... vou falar com ele.
— Ótimo — digo sorrindo e o beijo. — Vou deixar comida pra você e tentar dispensar o Jaebum o mais rápido possível... aguente firme aqui. Te mando mensagem caso as coisas fujam do controle.
Ele assente e eu saio rápido.
— Difícil escolher uma blusa — rio sem jeito pro Jaebum ao me aproximar.
— Dinossauros? — Ele ri olhando pra minha blusa.
Baixo os olhos pra estampa e vejo dinossauros correndo de um meteoro com a legenda: Bad Day. Rio de mim mesma com aquela ironia.
— Pois é... — Dou de ombros.
Continuo o ajudando e seguindo as instruções dele, até que terminamos e nos sentamos na bancada para comer.
— Nooossa — digo de olhos arregalados, ao começar pelo chamchijeon. — Isso está incrível!
— Prove o wanjajeon — ele diz me dando um pouco na boca.
Uso meu jeotgarak para segurar o wanjajeon que ele oferece e mordo um pedaço.
— Hummm — mastigo. — Muito bom mesmo!
Ele sorri satisfeito, comendo também.
— Agora é a vez do gamjajeon — digo, pegando uma porção da panqueca de batata e enfiando na boca.
Tudo estava delicioso realmente, Jaebum cozinhava muito bem mesmo!
— Maravilhoso! — Digo sorrindo. — Eu não teria conseguido fazer isso sem você, obrigada. Você é um ótimo cozinheiro!
Faço um sinal de "tá bom" pra ele e ele sorri sem jeito.
— Foi um trabalho em equipe — diz, comendo mais um pouco. — Você também é ótima.
— Isso não é verdade — rio. — Eu teria queimado tudo isso se não fosse por você. Minha omma me dizia: Minji, você é muito apressada na cozinha... tem que ter mais paciência. Aigo, um bom kimchi não fica pronto de uma hora pra outra.
Jaebum ri e eu rio também.
— Nisso ela tem razão — ele diz.
— Eu sei, mas ela também sempre foi apressada na cozinha — digo. — E ela já tentou fazer kimchi em uma hora! Foi a pior coisa que eu já provei na vida.
Ele ri.
— O que eu sei na cozinha, eu aprendi com meu ap... — Me interrompo, percebendo que falava sobre ele pela primeira vez desde que meu appa se foi e Jaebum segura a minha mão. Sorrio pra ele. — Meu appa me ensinou muitas coisas... minha omma não era muito boa como professora. Eu cozinhava pra ele todo o domingo e a gente comia e conversava sobre quase tudo. Sinto falta disso...
Jaebum afaga minha mão e eu levanto os olhos pra ele.
— Ele está em paz agora — ele diz. — E aposto que está feliz em te ver forte e saudável. Gostaria de tê-lo conhecido realmente, ele parecia uma pessoa muito sábia.
— E ele era — digo. Respiro fundo e volto a comer.
Momento de silêncio.
— E sua omma? Ela ainda está aqui? — Ele pergunta.
— Não... voltou pro Brasil há três dias — digo, comendo.
— Que pena... eu nem a conheci direito — ele diz. — Gostaria de ter conversado com ela um pouco.
Termino de comer, deixando um pouco pro Jackson e logo, Jaebum também termina. Guardo o que não comemos e Jaebum começa a lavar a louça.
— Eu deveria lavar — digo. — Você fez a maior parte do trabalho...
— Não vejo problema nenhum nisso — ele sorri. — E nem é muita louça...
— Ok... vou secar então — pego um pano de prato e começo a secar, sentindo uma estranha sensação de déjà vu.
Logo, terminamos e dou o pano pra ele secar as mãos.
— Bem... agora eu tenho que ir — ele diz me devolvendo o pano. — Temos ensaio daqui a pouco... espero que o Jackson chegue a tempo.
— Uhum — pego o celular e vejo as mensagens do grupo. — Ele mandou mensagens no grupo! Ele estava mesmo em Hongdae... está tomando o café em uma barraquinha de comida agora.
Jaebum pega o celular e vê as notificações, então envia uma mensagem sobre o ensaio e Jackson o responde dizendo que vai chegar a tempo.
— Ótimo... que bom que ele está bem, já estava preocupado por não ter notícias — ele diz guardando o celular.
— Sim, que bom — sorrio.
— Agora vou indo — vamos até a porta, ele pega o seu casaco pendurado ao lado e sai.
— Obrigada pela ótima refeição — digo com um sorriso.
— Eu que agradeço — ele também sorri.
O abraço por um instante, apesar das circunstâncias, foi realmente bom conversar com ele e isso me fez muito bem. Pensar que até pouco tempo ele era meu ultimate supremo e agora era um apenas um bom amigo foi meio surreal, mas de uma forma boa.
— Então... até amanhã — ele diz sorrindo após nos afastarmos.
— Até amanhã — sorrio pra ele e ele vai embora.
Fecho a porta e vou direto ao quarto.
— Pode sair agora, ele já foi — digo da porta mesmo. — Vem comer!
Pego a comida e coloco na bancada, ele chega, se senta e começa a comer.
— Vocês conversaram bastante... — Ele diz.
— Você ouviu?
— Um pouco... — Dá de ombros. — E ouvi risadas também. Vocês pareciam um casal feliz.
O observo mais de perto.
— Espera... você está com ciúmes? — Pergunto rindo.
— Claro que não...
— Está sim... admita!
— Não-estou-não.
— Ok, vou convidar o Jaebum oppa pra vir aqui mais vezes... — Digo com os dedos no queixo. — Ele cozinha bem, é legal, lava a louça...
— Ei, eu também lavo a louça! — Ele diz. — E sou legal... e você nunca me viu cozinhar as comidas do meu país... mas se você chamar o JB hyung pra cá ou continuar chamando ele de oppa, eu não vou ser nada legal.
— Uuuuhhh, que perigoso — ironizo.
Então, ele me puxa e eu caio sobre o seu colo, surpresa.
— Vou acabar te castigando se fizer isso — diz. — Aí você vai conhecer o verdadeiro perigo.
Ele me olha com o mesmo olhar da noite anterior e eu engulo em seco.
— Ok... sem Jaebum "oppa", então — digo, colocando os braços ao redor do seu pescoço. — Seu gangster...
Ele ri e me beija com força.
— Assim que se fala — ri e me beija mais uma vez.
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