História Fly — Aprendendo a Amar - Rejeição

Na horário do almoço do outro dia, quando eu tinha voltado ao trabalho, marquei de encontrar o Jaebum no pequeno restaurante que ele gostava de ir. Jackson ainda parecia aborrecido, já que não tinha mais voltado no dia anterior, nem tinha respondido as minhas mensagens.

Antes de entrar no local, respiro fundo para tomar coragem de rejeitar definitivamente alguém tão perfeito quanto o Jaebum, mas precisava resolver isso o quanto antes para que o Jackson e eu pudéssemos tentar sermos felizes juntos, mesmo escondidos de todos.

Quando entro, o vejo sentado no mesmo lugar de quando fomos ali juntos pela primeira vez e me aproximo.

— Oi — digo sorrindo sem jeito.

— Oi! — Ele se levanta automaticamente com um grande sorriso. — Pode se sentar, eu pedi o mesmo que você pediu quando viemos da primeira vez... se não se importa.

— Tudo bem — digo, já sentindo uma dor no coração. — Eu acho que nem estou com fome, na verdade...

— Nada disso, você precisa comer — ele diz. — Primeiro nós comemos e depois conversamos.

Abro a boca pra contestar, mas não consigo devido a chegada de um garçom. E acabo aceitando aquela proposta.

Após comermos e o garçom retirar os pratos e trazer duas xícaras de chá, decido começar a falar o que eu tinha ido falar.

— Bem, Jaebum... — Engulo um gole de chá que desce pelando. — Como você deve imaginar, eu vim para terminarmos aquela conversa que ficou pendente desde a última vez que nos encontramos.

— Sim, foi o que pensei apesar de ser muito cedo ainda pra uma decisão definitiva...

— Mas, eu já me decidi — o interrompo e engulo em seco. — Você me disse que... que estaria aqui se eu pudesse te esperar, mas eu pensei o suficiente no assunto e eu não posso. Eu... — Pigarreio. — Eu sinto muito, mas não posso te esperar.

Ele parece triste ao ouvir aquilo e eu me sinto pior ainda, mas esse era o tipo de coisa que eu não podia evitar por mais que quisesse não causar aquela dor nele.

— Tudo bem — ele diz apenas e eu o encaro por um instante sem entender tamanha tranquilidade.

— Tudo bem? — Pergunto com a sobrancelha erguida.

— Tudo bem.

Ok, tenho que admitir que não estava esperando por isso. Ele aceitou rápido demais, como se nem se importasse! Era isso mesmo? Eu fui idiota em achar que ele tinha finalmente me notado?

— Ok. Então, tchau! — Digo entredentes, colocando as mãos sobre a mesa para me levantar e ir embora no mesmo instante, com o meu orgulho ferido no bolso.

— Espere! — Ele segura meu braço.

— Por que eu devo ficar se já resolvemos o que tínhamos pra resolver? — Pergunto irritada, puxando o meu braço dele. — Já que está tudo bem, eu posso ir embora agora mesmo!

Me levanto e ele me observa e dá uma leve gargalhada me deixando ainda mais confusa. MAS QUE POHA TAVA ACONTECENDO, KARAI?

— Do que... do que você está rindo?! — Pergunto tentando manter o mínimo de calma possível para não sair metendo a mão em qualquer um que eu visse pela frente.

— De você... de sua reação — ele diz sorrindo e faz um gesto em minha direção me indicando de cima abaixo. — Está vendo porque eu disse que era ainda muito cedo para uma decisão definitiva sua? Exatamente por isso... como você pode ver, não resolvemos tudo o que tínhamos pra resolver entre a gente ainda. Nós nem ao menos começamos. E, obviamente, não está tudo bem pra você e é por isso que eu vou esperar até que você me prove o contrário quando esse contrato acabar. Até lá... muita coisa pode acontecer ainda e qualquer decisão a ser tomada antes, será prematura e claro, não definitiva.

Fiquei ali o encarando de boca aberta. Por que ele tinha que ser assim? Por que tinha que complicar as coisas, k7?! O que eu diria aquele ser humano agora?! Pense, Minji, PENSE!

— Tudo bem... faça o que você quiser, então — digo colocando o dinheiro da conta na mesa. — Se quiser acreditar no que eu disse, acredite, se não quiser, não acredite. E se vai esperar ou não, isso fica por sua conta e risco também, mas eu não vou, ok? Que isso fique claro! Eu tentei ficar com você, você me rejeitou, eu aceitei... e agora eu estou tentando viver a minha vida de outra forma. Se não acredita, tudo bem... agora eu tenho que ir, tchau.

Dou as costas à ele e vou pra fora do estabelecimento pisando firme. Quis enfiar a mão na minha cara enquanto ia para o ponto de ônibus, que estúpida eu era! Por que eu tinha reagido daquele jeito?! Eu deveria aprender a controlar mais as minhas emoções e não agir desse jeito impulsivo sem pensar!

Será que o Jaebum estava certo? Eu não tinha como resolver aquilo com ele ainda por que não tinha me resolvido em relação ao que eu sentia por ele? Não, eu gosto do Jackson, obviamente... mas, então, por que estava sendo tão difícil me livrar do Jaebum? AIN, QUE INFERNO ISSO!

Fiz meu trabalho da melhor maneira que pude, mas minha mente estava borbulhando de reflexões sobre a minha atual situação. E o fato do Jackson ter parado de falar comigo por mensagens estava me deixando louca e me fazendo se sentir mais culpada ainda.

Antes de ir pra casa, fui ao banheiro e chequei minhas mensagens pela trigésima sexta vez. Nada. Nem a última visualização dele tinha mais... eu estava mesmo ferrada.

Quando saio do banheiro, com o coração na mão, encontro Youngjae indo pra sala de ensaio com o Jaebum.

— Minji noona! — Youngjae me abraça e eu sorrio. — Que bom te ver de novo!

— Oi! Saudades! — Aperto as bochechas dele que nem tia e ele ri de boca aberta.

— Estamos indo ensaiar agora — Jaebum diz sorrindo.

— Ah, sim... eu já estava indo embora — digo dando de ombros.

Youngjae checa o celular.

— Vou entrando, o Bambam está me chamando — ele diz.

— Vai lá — mexo no cabelo dele e ele ri e entra.

— Então... eu já vou indo — digo observando Jaebum, meio sem jeito.

Ele segura a minha mão e me puxa pra um abraço inesperado, beijando a minha cabeça.

— Ah, vocês estão aqui — ouço a voz do Jackson por trás de nós e gelo.

Empurro o Jaebum rapidamente e ajeito a roupa, sentindo meu coração mais acelerado de repente ao ver o Jackson com aquela expressão dura no rosto, fechando a porta da sala de ensaio. FOODEO DE VEZ, MINJI.

— Eu... nós... eu estava indo emb...

— Não me interessa — Jackson me interrompe bruscamente e eu me assusto com o tom dele. — Vocês sabem que têm câmeras em todo esse lugar, não sabem?

Ele aponta pra cima fazendo um leve círculo com o dedo.

— Claro que sim — Jaebum diz. — E nós só nos abraçamos, não há problema nisso.

— Eu vi o abraço... — Jackson diz com um sorriso debochado. — Vocês são tão descuidados, sabiam? E depois eu levo a má fama... que engraçado.

— Jackson, você está sendo muito duro... o Jaebum e eu não fizemos nada — digo e o lanço um olhar significativo. — Ao contrário do que você seria capaz de fazer...

— Eu? — Ele dá uma leve risada. — Tem razão, eu posso ter errado algumas vezes sim, mas prometo que isso não vai se repetir.

— O quê? — Pergunto de sobrancelhas franzidas.

— Isso mesmo... eu não vou repetir os meus erros de novo e vocês deveriam fazer o mesmo — ele aponta pra nós. — E você, Minji... deveria tomar mais cuidado ainda, se gosta de trabalhar aqui, pois pode perder esse emprego mais rápido do que imagina, no primeiro deslize. Mas, se não se importa... pode continuar se jogando em qualquer um de nós pelos corredores, ok? A vida é sua, e eu não me importo...

Eu não sei onde ele queria chegar com aquilo. Olha pra mim como se eu fosse um alien. Que diabos estava acontecendo? Ele não era assim... ele era irritante, idiota e metido à macho alfa, mas não o tipo de pessoa que parecia agora. Frio, distante e rude.

Eu não queria demonstrar, mas aquelas palavras me feriram de um jeito que eu não sabia ser possível. Sinto meus olhos arderem com a chegada das lágrimas. Não, eu não iria dar à ele o prazer de me ver chorar. Não mesmo. Então, sem conseguir dizer nada, lhe lanço um olhar de puro desprezo antes de virar as costas e sair.

— Por que você fez isso? — Ouço a voz do Jaebum, enquanto eu me afastava o mais rápido que podia.

Jackson estava morto pra mim.