História Fly — Aprendendo a Amar - Miragem

Alguns meses se passaram e eu tinha me focado completamente no meu trabalho. A dor que senti com o término de tudo entre o Jackson e eu foi absurda e me deixou muito mal por bastante tempo, mas ter que fingir que eu estava bem e que ainda podia fazer o meu trabalho como se nada tivesse acontecido, mesmo vendo ele praticamente todos os dias... era muito pior. E essa era a parte ruim, a parte boa era que: eu sobrevivi.

Jaebum se manteve na dele, mas pareceu muito mais atencioso e carinhoso comigo à medida que os dias se passavam e o tempo do contrato se esgotava. Eu não estava disposta a me envolver com mais ninguém depois do que tinha acontecido com o Jackson, mas a proximidade do Jaebum era reconfortante, de alguma forma. Então, quando ele me chamou pra jantar no domingo, eu aceitei.

Termino meu trabalho naquele sábado e pego as minhas coisas. Quando estava saindo da sala do sr. Yang, encontro o Yugyeom e no corredor.

— Ei, gigante! — O chamo sorrindo e ele se vira pra mim.

— Noona! — Me abraça sorrindo e chega a me tirar do chão.

— Ei, eu vou cair!

— Desculpe... — Ele me coloca no chão de novo rindo.

Ajeito as minhas roupas e respiro fundo.

— Você tem que parar com essa mania... até parece que faz anos que a gente não se vê — digo, tentando bancar a séria, mas era impossível ser séria com aquela criança de dois metros.

— Eu sei... mas você é muito fácil de levantar — ele ri.

— Ow! — Dou uma leve cotovelada nele e ele ri mais.

Vamos andando para o elevador.

— E os outros já foram? — Pergunto, apertando o botão pra descer.

— Eles foram na frente... disseram que iam pedir a comida enquanto eu guardava as coisas do treino — ele dá de ombros. — Perdi uma aposta.

Rio.

— Preparado para a tour?

— Ainda não, estou um pouco nervoso... — Ele sorri.

— Mas é em alguns dias! Você tem que estar preparado logo... sem pressão — acrescento rindo.

— Sem pressão, aham... — Ele me lança um olhar sarcástico. — Eu vou me preparar bem, vou trabalhar duro e fazer as ahgases felizes.

Saímos do elevador.

— Ah, isso é fácil... é só vocês deixarem elas darem uma boa olhada em vocês que elas já ficam super satisfeitas — dou um meio sorriso. — Ainda mais agora que vocês estão mais em forma...

Ele ri e mostra os bíceps.

— É disso que eu tô falando, garoto — rio.

E vamos para a frente do prédio rindo, o carro deles estava lá esperando.

— Vem comer com a gente — ele diz quando nos aproximamos e eu paro ainda distante.

— Não, eu vou direto pra casa.

— Mas faz tempo que não comemos todos juntos... — Ele diz, fazendo cara de pedinte. — Por favor, noona...

— Hoje não... eu estou um pouco cansada e dolorida — digo, esfregando o meu ombro e fazendo uma leve careta. — Mas, juro que vou na próxima, ok? Palavra!

Ele faz cara de triste.

— Ok... então, deixa a gente te dar uma caro...

— Não! — O interrompo rapidamente e sorrio sem graça pra amenizar a situação. — Eu vou de ônibus mesmo, está tudo bem. Prefiro ir de ônibus hoje...

— Geez, você anda estranha, noona...

Dou um leve tapa no ombro dele.

— Mais respeito comigo, garoto... hum — digo. — Eu não sou estranha. E você trate de não encher a cara de soju hoje porque as ahgases estão voltando a falar disso.

— Ok... — Ele diz dando de ombros. — Não vou beber... muito.

— Argh — o repreendo com o olhar e ele ri. — Vou indo... e se cuida, hein...

— Vou me cuidar — ele sorri e me abraça de repente.

— Ei! E para com esses hábitos ocidentais! Quem te ensinou isso?

—  Você! — Ele me solta rápido e corre antes que eu fizesse qualquer coisa.

Entra no carro e eu rio parada ainda

— Aish! Esse garoto...

Vou andando para o ponto de ônibus.

No dia seguinte, me arrumei para ir ao jantar. Estava muito nervosa, eu ainda não tinha o que dizer ao Jaebum, caso ele quisesse realmente falar sobre o fim do contrato como eu pensava. Será que ele falaria mesmo disso e pediria minha resposta definitiva ou ele queria falar sobre outro assunto? Bem, eu só saberia quando chegasse lá.

Observo meu reflexo no espelho ao terminar de me maquear e respiro fundo. Aquele vestido vermelho combinava perfeitamente comigo. Pego minha bolsa e saio do apartamento, decido pegar um táxi e vou ao restaurante marcado.

Ao chegar lá, o vejo sentado numa mesa reservada e sinto um frio na barriga. O que eu diria a ele? Eu não sabia ainda e só ao chegar ali que percebo o quanto improvisar podia ser ruim.

Ele levanta os olhos de seu celular e me vê de pé, na entrada. Seus olhos se iluminam e ele se levanta devagar com um grande e lindo sorriso. Ai. Começo a mover os pés devagar, com certa dificuldade e ao chegar perto dele, ele segura a minha mão e a beija, fazendo um leve arrepio subir pelo meu braço.

— Você está... muito linda — diz.

— Obrigada... — Sorrio e ele puxa a cadeira pra mim.

Me sento e ele faz o mesmo.

— Obrigada por vir — diz ainda com um leve sorriso no rosto. — Eu acho que você já sabe por que estamos aqui.

— Hum... pra falar do contrato? — Pergunto e um garçom se aproxima e nos serve com vinho.

— Sim... você sabia que o contrato se encerrou há alguns dias? — Pergunta e eu tomo um gole de vinho antes de assentir.

— Então, é por isso que estamos nesse restaurante chique à vista de todos? — Pergunto.

— Também... — Ele sorri enquanto outro garçom serve as entradas. — E porque eu quero saber o que você decidiu definitivamente sobre nós.

— Hum... e se eu disser que ainda não me... decidi? — Pergunto sorrindo super sem jeito.

Ele me observa um pouco triste e suspira.

— Eu vou ter que esperar mais.

— Sério? E não vai desistir? — Digo um pouco surpresa.

— Só quando ouvir de você uma resposta convincente — sorri. — Mas enquanto você não me convence, eu espero. Sou bastante paciente.

— Estou vendo... — Bebo mais um gole de vinho e respiro fundo.

Então, começamos a comer e conversar sobre outras coisas.

Ao terminarmos, eu tomo mais um gole de vinho e o observo. Ele estava esperando a minha resposta, mas aquilo era tão difícil!

— Você pode me dar mais um dia? — Sorrio amarelo, estava um pouco alta já apesar de ter uma boa tolerância ao álcool. — Eu juro que amanhã, às 19h, você pode ir à minha casa e vamos resolver isso de uma vez por todas.

— Tudo bem, como eu disse... estou disposto a esperar — ele sorri suavemente.

— Então... obrigada pelo jantar maravilhoso, mas eu tenho que ir agora — digo.

— Eu te levo — ele faz sinal para o garçom.

— Não... — Coloco a mão sobre a mão dele por um instante. — Eu prefiro ir sozinha.

— Mas, você não parece em condições...

— Eu chamo um táxi — o interrompo.

Ele estranha um pouco minha reação.

— Eu só não quero fazer nenhuma... besteira — digo.

— Ok... — Ele ri.

Me inclino e beijo o rosto dele.

— Até amanhã, então — sussurro.

— Até amanhã — ele diz.

Saio do restaurante e vou andando pela calçada. Queria andar um pouco sozinha para pensar sobre tudo aquilo. O que eu sentia pelo Jaebum depois de tudo o que eu tinha passado? Eu ainda sentia toda aquela euforia de fã que sentia no início? E o que era aquele sentimento, afinal? Era mesmo amor, como eu acreditava que era antes?

E onde ficava o Jackson em toda aquela história, o que eu sentia por ele depois de tudo? E o que eu sentia por ele era o mesmo que eu sentia pelo Jaebum? Tantas perguntas me deixavam mais tonta e a única certeza que eu tinha era que o que eu sentia pelos dois era diferente. Bem diferente.

Olho ao meu redor na esperança de achar uma solução para todas as minhas perguntas magicamente, mas nada encontro. Então, vejo alguém familiar do outro lado da rua. Ele usava boné e estava acompanhado... ria como se não tivesse problema nenhum. Minha mente fica nublada e sinto minhas pernas fraquejarem.

— Jackson? — Sussurro e a palavra se perde na minha boca.

Sinto gotas geladas começarem a cair sobre mim pesadamente e ando mais pra perto, acelerando os passos ao ver que ele estava quase virando à esquina. Eu precisava chegar até ele, eu precisava segurar ele pela blusa e exigir uma resposta para aquilo, mesmo que não tivesse mais esse direito. Eu precisava...

Tropeço em meus próprios saltos e ouço sons confusos de carros e risadas, eu estava no meio da rua em movimento, minha cabeça girava, mas estava tão perto do outro lado que... uma buzina ensurdecedora soa bem perto de mim e olho na direção, mas a última coisa que vejo é uma luz que me cega.