Eu tinha caprichado no visual naquele dia. Já iria sair do trabalho direto para a balada no centro de Gangnam com os garotos, então achei melhor ir mais arrumada — não exagerada, óbvio, porque era manhã ainda... mas enfim.
O sr. Yang só tinha ido ao trabalho de manhã, já que ele não precisava trabalhar nos fins de semana, então, só foi para me instruir sobre algumas tarefas e depois me levou pra almoçar na casa dos garotos, onde eu ficaria à disposição deles. Não em todos os sentidos, claro, por mais que eu quisesse (não é, Jaebum?)... Opa, quem pensou isso?? Balanço a cabeça e tento manter o foco no trajeto.
Quando o Jackson abre a porta pra gente, vejo a expressão de surpresa no rosto dele, que fica imóvel por uns segundos. Pera, eu tinha exagerado no look?
— Entrem — ele diz, me observando.
— Não vou entrar dessa vez, vou almoçar em casa — o sr. Yang diz e levanta duas bolsas pra ele ver. — Mas trouxe o almoço. Churrasco e bibimbap.
— Obrigada, appa! — Jackson pega as bolsas sorrindo.
— Até segunda, então — o sr. Yang sorri e se vira pra mim. — Cuide bem dessas crianças, Ryu, e se divirtam mais tarde! Com discrição e responsabilidade, claro... e não cheguem muito tarde nem bebam demais, ok?
— Pode deixar, appa — digo sorrindo e me curvando rapidamente.
Ele sorri.
— Vamos ficar bem, não se preocupe, senhor! — Jackson diz batendo continência e o sr. Yang ri.
— Ok, até outro dia, então — ele diz e acena antes de ir embora, acenamos também.
Quando ele some dentro do elevador, me volto pro Jackson e a gente se encara por um instante, um tanto constrangidos.
— Então... vamos entrar? — Pergunto.
Ele apenas dá espaço para eu entrar e passo por ele sem olhar pra trás. Ouço ele fechar a porta pouco depois e encontro apenas o Jaebum, o Mark e o Bambam na sala.
— Oi, Ryu! — Bambam diz sorrindo. — Você está muito bonita!
— Está mesmo — Jaebum concorda.
— Obrigada — sorrio, bancando a tímida.
— O almoço chegou! — Jackson chega mostrando as bolsas. — Vamos comer antes que esfrie.
— Vou chamar os outros — Mark diz.
— Vou colocar a mesa — Jaebum diz passando por mim e pegando as bolsas de Jackson.
— Eu te ajudo — digo, prontamente.
Ouço o Bambam rir pouco depois que eu passo pelo Jackson para ir atrás do Jaebum e eu me viro para ver do que eles estavam rindo. Jackson estava com a sua expressão pseudoséria e eu lhe lanço um olhar desconfiado.
— O que foi? — Ele pergunta em tom debochado.
Reviro os olhos e respiro fundo antes de me voltar pra frente e ir para a cozinha. Ouço mais uma risadinha dos dois e paro por um instante, com vontade de voltar lá e enforcar aquele ser humano desagradável, mas não podia cometer um crime ali... primeiro, porque Jaebum não me perdoaria, e segundo, porque eu não saberia onde esconder o corpo. Então, continuo andando.
Chego à cozinha e sorrio para o Jaebum, como se não tivesse tido pensamentos assassinos com o irmãozinho dele há poucos segundos. Ele estava retirando as vasilhas das bolsas e as colocando sobre a mesa, pego os talheres na gaveta para ajudar e os organizo junto às vasilhas também. Então os outros vão chegando e se sentando, animados para comer.
Mais tarde, depois do almoço, eles decidem ir malhar um pouco na empresa e eu os acompanho, obviamente. Enquanto os observava malhar sentada em um canto, eu comia meus peperos de cookie e fotografava meu mozão DESCARADAMENTE. Óbvio que eles perceberam, mas eu estava ligando? NÃO. Eu tinha o melhor emprego das galáxias e eu tinha que aproveitar, né nom?
Uma hora depois, Jackson se joga do meu lado e rouba meu segundo pacote de pepero da minha mão.
— Ei! Devolve isso! — Digo tentando pegar o pacote da mão dele.
— Calma, só vou pegar alguns! — Ele afasta o pepero de mim. — É o terceiro pacote que você come...
— Terceiro nada, segundo! — Digo irritada e cruzo os braços. — Mas o que você tem a ver com isso mesmo, hein?
— Estou fazendo um favor pra sua saúde — ele diz enfiando três peperos inteiros na boca.
— Você está... ACABANDO COM MEU PEPERO! — Me desespero quando vejo ele virar a embalagem na boca e me jogo sobre ele para tentar recuperar o resto do meu pepero.
Ele cai pra trás surpreendido pela minha reação e começa a rir enquanto luta comigo pelo pepero. A gente rola no chão e ele acaba sobre mim, me prendendo com os braços e rindo.
— Sai de cima de mim! — Digo, ofegante e irritada com o sorriso idiota dele. E a proximidade dele... e o suor dele. E o cheiro de Old Spice... e ele!
— Você é muito brava pra uma garota — ele diz.
— E você é muito idiota pra um ser humano — digo entredentes. — Agora sai de cima de mim...
— Ok... — Ele diz e se afasta devagar.
Se senta próximo e eu me sento também, ajeitando o cabelo e a roupa.
— Agora me devolve o meu pepero — digo com a mão estendida.
Ele olha dentro da embalagem e pega um pepero.
— Que pena... esse é o último — diz com uma expressão triste. — Mas se você quiser, nós podemos dividir esse.
Ele coloca o pepero entre os dentes e se aproxima de mim.
— Sai daqui! — O empurro e ele ri.
Me levanto irritada e vejo Junior, Bambam e Yugyeom rindo e nos observando, enquanto os outros estavam concentrados em suas séries de exercícios. Mas o que eles estavam pensando não me importava agora, aquele era o meu doce favorito e eu tinha acabado de perdê-lo para aquele imbecil do Jackson! AI, QUE RAIVA.
— Você é mesmo um idiota, sabia? — Digo e saio da sala resmungando todos os xingamentos do meu repertório.
Retoquei a maquiagem e arrumei o cabelo umas duzentas vezes enquanto esperava o Bambam terminar de se arrumar, ele era o que mais demorava. Quando estávamos todos prontos, Jaebum que dirigiu a mini-van e eu fui no carona, felizmente. O caminho para o centro foi silencioso, pelo menos para o Jackson e eu.
Ao chegar lá, a gente foi pra área VIP e, obviamente, começamos a dançar. E claro, eu fiquei inibida com os movimentos profissionais dos meninos no início, mas depois de uma ou duas bebidas, eu estava era nem aí!
Me acabo com eles na pista, mais próxima do Jaebum sempre que dava e mais longe do Jackson sempre que possível. Quando canso, sento em um confortável sofá, e, pouco depois, um homem se senta ao meu lado.
— Boa noite — ele diz estendendo a mão para mim e eu o cumprimento.
— Boa noite — digo.
— Como você se chama? — Ele se inclina na minha direção usando o famoso truque "a música está muito alta, não consigo te ouvir".
— Ryu — digo com um leve sorriso.
— Lindo nome — Ele diz sorrindo feito um lobo. — Eu me chamo Sung...
— Oooolá! — Jackson surge com Youngjae e se senta entre o cara novo e eu. Eu reclamo e empurro ele, que por pouco não se senta no meu colo, mas ele nem se mexe. — Quem é você?
— Eu... — O cara estava obviamente surpreso com a invasão.— Eu sou o...
— Ah, não importa — Jackson o interrompe. — Você parece um típico oppa Gangnam style...
— Ah, você não disse isso... — Digo e Youngjae ri.
— Eu sou o Jack — Jackson continua, dando tapinhas nas costas do homem. — E esse é o meu amigo... e essa é nossa noona.
— O QUE?! — Exclamo, ofendida. — Como assim "nossa noona"? Você bateu a cabeça, foi? Bebeu além da conta?
Dou uns tapas no braço dele, levemente exaltada pelo álcool e ele apenas ri. Youngjae se senta ao meu lado, um pouco afastado com medo de apanhar também.
— Ela bebeu um pouco, sabe como é... — Jackson diz para o cara novo.
— Tudo bem, sei como é... agora se me derem licença, vou buscar uma bebida — o cara se levanta e vai embora.
— Viu o que você fez? — Pergunto apertando a orelha dele.
— Aaaai! — Ele grita e afasta a minha mão. — Qual é o seu problema?
— Qual é o MEU problema? — Me levanto e o encaro, irritada. — Qual é o SEU problema?! Isso sim!
Ele me fita de olhos semicerrados.
— Não finja que não sabe do que eu estou falando, porque você sabe muito bem! — Digo e percebo os outros garotos se aproximando devagar, mas não iria parar por ali. — Faz exatamente uma semana que eu estou trabalhando com vocês e você só tem sido estúpido comigo o tempo todo! Você é sempre assim? E com todo o mundo? Se não é, porque raios resolveu agir assim comigo? Por que não me deixa fazer o meu trabalho em paz, hein?
Ele fica em silêncio me encarando, sem saber o que dizer, aparentemente.
— Ótimo, silêncio era tudo o que eu precisava ouvir — digo pegando a minha bolsa do sofá e saindo dali.
— Espere, Ryu! — Ouço a voz do Jaebum quando já estava na saída ele segura o meu braço logo depois que passamos pela entrada.
— Não precisa ir — diz. — Não ficamos quase nada...
— Eu sei... mas o Jackson me irrita — olho para ele e cruzo os braços. — Eu tento ignorar, mas não tenho sangue de barata!
— O que? — Jaebum me olha confuso devido à minha expressão.
— Quer dizer, eu não sou do tipo de garota que deixa esse tipo de coisa passar assim — explico.
— Ah, sim — ele diz pensativo. — Mas sabe, o Jackson não é um completo idiota, por mais que pareça, às vezes...
— Você quis dizer sempre.
Jaebum ri.
— Bem, eu só quero dizer que ele é uma boa pessoa — ele diz. — Ele é um bom irmão e um bom amigo... é leal, sincero, bem-humorado, trabalha duro e é muito determinado. Além disso, ele tem um lado preocupado e sensível também... você só precisa conhecê-lo melhor para ver isso.
— Não acho que isso seja possível com ele agindo feito imbecil comigo o tempo todo — bufo.
— Sei que você pode tentar — ele sorri pra mim.
Jaebum de boné era a minha perdição, senhor. Meu Deus, que sorriso mais fofo! Como eu poderia negar um pedido feito assim? Aliás, como qualquer ser humano na face da terra poderia negar o pedido daquele ser tão lindo?
— Cer... — Minha voz sai mais aguda do que o normal, pigarreio. Odiava quando isso acontecia. — Certo. Acho que posso tentar não matar ele.
— Já é um começo — ele ri. — Então... você quer entrar mais um pouco?
Penso por um instante.
— Não... acho melhor não, perdi o clima — dou de ombros. — Eu vou procurar um lugar pra comer alguma coisa e ir pra casa descansar um pouco. Tenho que ir visitar meu pai amanhã de manhã.
— Ah, tudo bem... quer companhia? — Ele pergunta.
Abro a boca por um instante, surpresa. Queria gritar, surtar, pirar o cabeção no meio da rua mesmo! Calma, respira, Minji... VOCÊ TEM QUE RESPIRAR, SUA LOKA!
— Não quero estragar mais a sua noite... — Boa resposta, bancando a difícil, uh? Cumprimento a mim mesma com um "aperto de mão" mental.
— Não estragou — ele diz. — Vamos... conheço um lugar legal. Só vou mandar uma mensagem para os garotos avisando.
Ele pega o celular e eu me viro um segundo para cobrir o boca e não gritar feito louca naquele momento tão glorioso. Me viro novamente pra ele, tentando disfarçar a minha morte instantânea por dentro e parecer normal por fora — como se isso fosse possível...
— Pronto — ele diz guardando o celular no bolso. — Podemos ir agora. É perto daqui, fica à mais ou menos um quarteirão... se importa em caminhar?
— Claro que não, vamos lá — sorrio e a gente vai andando um ao lado do outro.
Queria poder dar a mão à ele, mas fazer isso sem um grau de intimidade maior seria estranho. De qualquer forma, eu tinha conseguido ir mais longe em uma semana do que qualquer IGot7 tinha conseguido em anos e isso já era motivo pra eu ficar mais do que feliz.
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