História Fly — Aprendendo a Amar - Sanidade? Onde?

Algumas semanas se passaram e o Comeback aconteceu. Eles estavam mais ocupados do que nunca e, obviamente, eu também estava. Jackson e eu não estávamos nos falando desde a discussão na boate de Gangnam... Quer dizer, a gente se falava minimamente quando era necessário e só sobre coisas do trabalho, nada mais. Ele não me dava mais apelidos, não ria mais das minhas expressões, não roubava mais a minha comida, nada disso... mas, quem se importava com ele? Era melhor assim, não era?

Enquanto esperava eles saírem do palco para ajudá-los a se prepararem para a próxima apresentação, estava pensativa. Eu não estava avançando com o Jaebum, mas agora não tinha como, com tanto trabalho a fazer... eu teria que esperar um pouco pra isso. Ai, odeio ter que esperar...

Eles surgem em alguns minutos, e o Jackson passa direto por mim como se não me visse. Alguns estilistas começam a trocar algumas peças deles, os maquiadores retocam a maquiagem e quatro staffs oferecem água e secam o suor deles, enquanto os cabeleireiros ajeitam o cabelo. Passo as informações da próxima apresentação rapidamente para o Jaebum e os outros enquanto isso.

— E o Jackson, onde ele foi? — Pergunto ao terminar.

— Foi ao banheiro — Mark diz.

— Voltei — ouço a voz dele já atrás de mim e me sobressalto.

— Ah — me viro e vejo que ele não tinha trocado o blazer ainda. — Você vai se atrasar...

Tiro o blazer dele rapidamente e ele me olha sério com ar de riso. O ignoro enquanto o visto com outro blazer.

— Vocês vão cantar Hard Carry agora — digo ao terminar de vesti-lo.

Ele assente e pega água, pego alguns lenços de papel e começo a secá-lo enquanto isso. Ele bebe mais um gole de água e fixa os olhos em mim.

— O que foi? — Pergunto, incomodada.

— Outras pessoas podem fazer isso — diz.

— Essas pessoas estão ocupadas, como pode ver — digo, bufando.

— Claro... — Ele diz com deboche. Fazia tanto tempo que eu não ouvia aquele tom que até dou um semisorriso.

— Lee, maquiagem — chamo uma das maquiadoras e afasto o cabelo dele da sua testa antes dela chegar. — Song, cabelo.

Me afasto para Lee e Song fazerem seu trabalho em paz. Ouço o sr. Yang no meu fone de ouvido, comunicando que eles entrariam em 5 minutos.

— 5 minutos! — Aviso e eles se apressam, sem atropelar um ao outro, o que eu achava uma habilidade incrível.

Em três minutos, todos estão prontos e eu vou com eles até a entrada do palco.

— Rápido! Boa sorte e fighting! — Digo antes deles entrarem, com um sorriso.

Eles sorriem pra mim, Bambam aperta a minha bochecha ao passar por mim e Yugyeom coloca a mão no meu ombro como referência ao meu tamanho em relação a ele... ele adorava fazer isso, só porque era gigante e eu ficava ainda menor perto dele — uma anã de jardim, na verdade —, mas dou um tapinha no braço dele em vingança e ele ri.

Fico observando eles pela lateral, a gritaria da multidão, as luzes coloridas sobre eles, flashes e tudo o mais. Era tão bonito ver tudo daquele ângulo, fazer parte daquilo, fazer as coisas acontecerem mesmo que ninguém soubesse que eu estava ali atrás. Ficar atrás das cortinas era algo que eu podia fazer, e toda a vez que eu estava naquele lugar, eu sentia que ali era o meu lugar.

Não que eu não gostasse da glória de ser vista e ter seu trabalho reconhecido — cedo ou tarde isso aconteceria, independente de eu estar no palco ou atrás dele, porque eu faria isso acontecer —, mas eu achava mais nobre estar no meu lugar e se fazer notar do que já estar no palco, apesar de estar sob os holofotes ser algo mais bonito. Eram posições diferentes e uma tão admirável quanto a outra, sem dúvida. Aish, eu andava tão reflexiva ultimamente... o que estava acontecendo?

Observo a concentração dos garotos, o Jaebum e o Mark eram mais sorridentes no palco do que costumavam ser e, ao contrário deles, o Jackson era mais sério. Mas enquanto o observava, ele olha pra mim e dá um meio sorriso, não consigo evitar retribuir também.

Saímos todos juntos para jantar logo após mais uma entrevista, em comemoração ao dia corrido e cheio de apresentações. O sr. Yang nos acompanha e alguns staffs, maquiadores, cabeleireiros e estilistas também.

Ficamos em duas mesas longas. O sr. Yang e eu nos sentamos com os garotos, me sento entre o Youngjae e o Junior, de frente para o Jaebum.

— Esse bulgogi está tão bom que eu vou repetir! — Youngjae diz feliz. Eu rio enquanto ele pegava mais, eu adorava o apetite dele, me identificava.

— Também quero mais — Yugyeom diz.

— Eu já comi o bastante — digo ao terminar.

— Eu também — o sr. Yang diz sorridente. — E eu já vou indo, pois prometi à minha família que eu ia tentar chegar mais cedo.

— Mas já? — Bambam lamenta. — Nós nem bebemos direito.

— Vamos deixar pra próxima — o sr. Yang ri e se vira pra mim. — Ryu, pode pagar com o cartão da empresa que depois eu acerto com você, ok?

— Sim, claro — digo assentindo.

— Ah, e você fez um excelente trabalho hoje, está aprendendo rápido — ele sorri. — Quase não precisou da minha ajuda! Meus parabéns.

— Obrigada — sorrio após tomar um gole de soju e limpo os lábios.

— Palmas pra Ryu! — Junior diz e todos batem palmas, sorrio e curvo a cabeça em agradecimento.

— Ryu tem trabalhado duro — Jaebum concorda sorrindo pra mim.

Retribuo o sorriso e vejo Jackson revirar os olhos para o outro lado, tomando seu soju em uma só virada. Que reação era essa?

— Todos vocês têm trabalhado duro, crianças — o sr. Yang diz. — Estou orgulhoso de todos, o comeback está sendo um sucesso.

Eles concordam assentindo com murmúrios e sorrisos, orgulhosos de si mesmos.

— Agora eu tenho mesmo que ir... só não vão beber demais — ele diz se levantando. — Amanhã cedo nós temos uma conferência e logo após, tem fansign, então... não vão dormir muito tarde, ok?

— Sim, appa! — Eles dizem em coro e o sr. Yang ri.

— Muito bem! — Ele diz. — Até amanhã, então... boa noite!

— Tchau! — Dizemos.

Conversamos mais sobre algumas coisas, rimos, brincamos, bebemos e eu peço licença para ir ao banheiro. Droga de bexiga pequena...

Ao terminar, lavo as mãos e encaro o espelho. Eu parecia bem, não estava bêbada ainda, agradeço a razoável tolerância ao álcool mentalmente, enquanto ajeito o cabelo e retoco a maquiagem. Ao sair, checando o celular, esbarro em alguém e mãos seguram meus braços no mesmo instante, levanto os olhos com um xingamento pronto na ponta da língua.

— Pooltakill... — o xingamento morre quando vejo quem era. Quem mais podia ser nesse mundo de GDeus?

— Você deveria olhar por onde anda — Jackson diz.

— E você deveria me soltar antes que eu perca a minha pouca paciência e meta a mão nessa sua cara — digo, entredentes.

— Você não teria coragem — Ele ri.

— Tenta a sorte... — Sorrio e coloco o celular no bolso. — Minha mão tá coçando desde o dia em que te vi, vai ser ótimo poder aliviar a vontade.

Ele dá um meio sorriso e tira as mãos de mim, mas continua perto.

— De qual vontade você está falando exatamente? — Diz se aproximando mais devagar e me olhando nos olhos, vou andando pra trás. AI MEU KARAI, FOODEO! — Está falando da vontade de me bater, ou de... outra vontade?

Sinto a parede nas minhas costas, não tinha como eu escapar e ele estava tão perto agora que eu podia sentir seus batimentos cardíacos contra o meu peito. Seus olhos pouco acima dos meus e tão fixos que pareciam ímãs, seu cheiro me englobando e seu rosto tão perto que a gente até respirava o mesmo ar, no mesmo ritmo...

— E você está falando de vontade realmente ou... do desejo que eu vejo nos seus olhos? — Engulo em seco e abro a boca parcialmente. Ele passa os dedos no meu rosto, afastando o cabelo para o lado e eu estremeço e fecho os olhos. Eu era quem mesmo, naquele momento?

AAAHH, AQUELE MALDITO ESTAVA ENTRANDO NA MINHA MENTE! NÃO, RYU, VOLTE PRA LUZ! Seja forte, garota, ele não pode te vencer assim! Abro os olhos e coloco as mãos no peito dele, com um sorrisinho debochado.

— Não seja ridículo — Digo com toda a força que consegui reunir das entranhas do meu ser para empurrá-lo da minha frente. — Se você anda vendo qualquer coisa nos meus olhos além de desprezo, você está vendo demais... e se eu fosse você, eu prestava mais atenção na minha boca.

— Ah, mas isso eu já tenho feito — ele sorri de forma maliciosa e eu sinto o meu rosto queimar. Não acredito que eu disse aquilo!

— Eu... — Voz aguda, merda! Pigarreio. — Eu estou falando de palavras! Seu... seu... aish!

Dou um tapa no braço dele, super irritada com ele e comigo ao mesmo tempo.

— Ai! — Ele passa a mão no braço. — Você tem a mão pesada!

— E se continuar me irritando vai ser muito pior! — Ameaço. —  Agora já chega disso por hoje.

Saio pisando firme e volto pra mesa, os garotos estavam rindo, aparentemente de uma história que o Bambam tinha acabado de contar.

— Você está bem? — Youngjae me pergunta ao ver a minha expressão.

— Indigestão — digo apenas e pego a minha bolsa, ignorando a aproximação do Jackson pelas minhas costas.

— Indigestão... também conhecida como Jackson — Bambam diz olhando alternadamente pra mim e para o Jackson e todos riem.

— Bem, eu vou indo — digo, pegando o cartão. — Estou um pouco cansada e amanhã temos trabalho logo cedo, então vou pagar logo de uma vez e ir embora.

— Sim, melhor a gente ir mesmo — Jaebum diz. — Eu te levo pra casa.

— Obrigada — sorrio pra ele e vou pagar a conta.

Eu só queria sair logo dali, antes de cometer uma loucura. Percebi que o Jackson tinha o dom de me irritar pelo simples fato de estar respirando. Como ele conseguia? Eu nem estava conseguindo pensar direito depois daquele joguinho dele... Você precisa se cuidar, Minji, precisa manter a sua sanidade pra conseguir o que quer — digo pra mim mesma e balanço a cabeça pra tentar lembrar a senha do cartão.