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História Fogo Vivo - A história não contada - (Re)Encontro


Escrita por: brullf

Notas do Autor


Obrigada por ter decidido continuar.
Obrigada por estar aqui.

Boa leitura.

Capítulo 3 - (Re)Encontro


Fanfic / Fanfiction Fogo Vivo - A história não contada - (Re)Encontro

Na continuidade de um tempo perdido, chegam-lhe os dias. Os mesmos dias que a encostam contra a parede de costas para a linha do horizonte. Nela, o cheiro branco da cal num vazio que a tinta ignorou. Na verdade, Regina Mills só estranharia se a felicidade um dia lhe chegasse e lhe dissesse que tinha vindo para ficar.

Em seu escritório, na prefeitura de Storybrooke, a morena respira profundamente querendo afastar aquele início de dor de cabeça que lhe rondava. Estudava um projeto de instalação de um cinema na cidade, pedido de Henry, seu filho. Ela mesma havia feito o desenho e as plantas baixas com as sugestões do garoto.

A prefeita não tinha muita experiência com entretenimento e diversão, mas havia gostado de cada uma daquelas tardes ao lado do filho adolescente e quase um especialista no assunto cinema, já que era uma das coisas que ele confessou que mais gostava de fazer com Emma, sua outra mãe, quando foram morar em Nova Iorque, após a maldição de Peter Pan.

O celular de Regina anuncia uma nova mensagem. É seu filho dizendo que irá almoçar no loft dos Charming com seus avós, sua outra mãe e o marido dela, perguntando se a prefeita não quer ir também. Não, ela não quer. A morena sente doer em seu peito e suspira.

Ela não tem inveja de Snow White e seu casamento perfeito com David. Ela não tem inveja de Emma Jones e seu estranho enlace com Hook. A prefeita jamais confiará em Killian Jones porque conhece seu passado e seu presente. Ela sempre se lembrará de ter sido entregue por ele para ser torturada. Cada dia é uma batalha para não deixar a Evil Queen se manifestar quando o encontra em seu caminho.

Para Regina Mills, há um quê de inalcançável nos sorrisos leves, nos dias despreocupados, num cotidiano familiar de calmaria que parece sempre escorrer entre seus dedos. Desde a morte de Daniel, sua vida foi assim. Ou era como ela se lembrava. O mais constante que chegou de ser feliz foi quando decidiu ser mãe e adotou um menino que preencheu muitos de seus vazios. Mas eles já eram tantos que nem mesmo Henry foi capaz de preencher todos. Algumas escuridões são densas demais até mesmo para a luz de uma criança.

Regina joga a caneta em cima da mesa e fecha a pasta com o projeto. Perdoar a si mesma é um caminho longo, cheio de desafios, com dias mais escuros do que outros. Amar a si mesma não é fácil. Ela ainda se olha no espelho e, por vezes, não vê refletida em seus olhos a paz que procura. Mas a rainha sabe que não a encontrará em nenhum outro lugar se não houver, primeiro, a paz dentro de si. E sabe que está no caminho certo. Ao menos em paz com sua magia ela já conseguiu alcançar.

Cansada do acumulado dos dias, quiçá dos anos, ela deixa sua sala na hora do almoço e sai pelas ruas da cidade que criou. Fecha bem o sobretudo e abraça a si mesma. Talvez lhe falte um pouco de abraços, doses diárias desse carinho. A morena de andar elegante caminha com o pensamento longe dali. O pó de fada estava errado, afinal. Ainda assim, ela sente falta de Robin Hood, mesmo que admita para si mesma que, de fato, não o amava.

Regina conhecia o amor, o aquecer do peito, o descompasso da respiração, já os havia sentido por uma vez antes do arqueiro ladrão. Ou teriam sido duas? Conhecia também a paixão, o desejo, o encontro corporal perfeito para o prazer. Os tantos parceiros que tivera não poderia contar. Ela sabia que com Robin amava a ideia de estar com alguém que a olhasse sem julgamentos. Alguém que estivesse com ela por ser quem ela é, independente de títulos.

Mas o fato de o arqueiro ter seguido em frente tão fácil sempre a machucou. Depois de tudo, porém, era quase como se fosse sua obrigação estar com ele porque, afinal, Tinkerbell o mostrara atrás da porta de uma taberna como sendo “seu amor verdadeiro”. Regina Mills, porém, não é mulher de permitir que seu destino seja definido por um punhado de pó de fada! Ela já cresceu para muito além disso.

No parque da cidade, num banquinho em frente ao lago, Regina fecha os olhos. Ela busca em suas memórias dias de um sorriso fácil, de carregar em si uma leveza quase esquecida. Dias em que apenas pôde ser ela mesma e seus olhos brilharem por isso. As primeiras imagens que lhe tomam são dela com Henry aprendendo a andar dentro da mansão, depois maiorzinho, brincando em seu escritório. Depois, Regina se vê cavalgando livre ainda na Floresta Encantada. E há ainda aquelas memórias tão difíceis de esquecer, ainda que algo pareça não se encaixar, os dias em que decidiu ignorar Rumpelstiltskin e seguir suas vontades ao lado de...

A morena se levanta e começa a andar sem rumo certo outra vez, faz muito tempo que não recorre àquelas memórias. Ela deveria comer alguma coisa. Pensa em ir ao Granny’s, mas o restaurante e café da vovó provavelmente está lotado e Regina não quer ter que ouvir conversas alheias que, definitivamente, não lhe interessam. Talvez um lanche rápido na padaria? Embora a ideia de um sanduíche a desagrade. O restaurante mais sofisticado da cidade, o Richmond, oferece almoços também, porém, Mills está se sentindo sozinha demais para ir até lá.

Talvez devesse ir até a casa de Zelena? Ela volta à rua principal da cidade enquanto tenta se decidir. Contudo, seus passos acabam levando-a novamente à prefeitura. Resignada, segue até o segundo andar onde fica seu gabinete. Não há quase ninguém no prédio, afinal, é o horário de almoço. Por isso mesmo, Regina estanca após subir o último degrau e encontrar um par de conhecidos olhos azuis lhe sorrindo.

- Boa tarde, prefeita – Maleficent lhe oferece um sorriso – Ou deveria dizer majestade? – faz uma pequena reverência conseguindo com que a morena revire os olhos.

- Acho que eu prefiro Regina! – sorri para a visita inesperada.

- Não mereço um abraço de boas-vindas? – a feiticeira levanta uma sobrancelha e encara Mills. Ela está nervosa.

A morena dá dois passos à frente e abraça a mulher-dragão, que logo a aperta contra si. Um reencontro de saudades e memórias difícil de explicar. Conforto. Expectativa. Carinho. Apreensão. Os sentimentos que as envolvem são muitos.

- Mal... – Regina suspira quando a outra faz carinho em suas costas. Há quanto tempo não recebia um abraço assim? Há quanto tempo ansiava por ele? – Você está de volta? – castanho e azul se espreitam, se estudam, se reconectam.

- Sim, querida, eu estou de volta – sorri a feiticeira – Posso responder a todas as suas perguntas sobre minha viagem com Lily durante o nosso almoço. O que me diz?

- Nosso... almoço? – a morena franze o cenho.

- Por acaso você já almoçou, Regina Mills? – cruza os braços na frente da outra, desafiando-a com os olhos.

- Na verdade não, eu... não – Maleficent observa o cansaço por trás daquelas orbes avelãs, mas agora sem o ódio queimando a morena por dentro, como a loira já havia visto antes. Um fardo pesado demais para uma alma que desejava, com todas as suas forças, a leveza. Uma vez havia visto uma jovem florescer e se tornar uma mulher cujos adjetivos não poderiam alcançar. Está mais do que na hora daquela mulher ser feliz. Plenamente feliz.

- Ótimo! – sorri apesar de sua preocupação e passa um braço pela cintura da prefeita, fazendo com ela o caminho de volta pela escada. As duas certamente têm intimidade para se tratar dessa forma.

- Vamos ao Granny’s? – questiona Regina, naturalmente à vontade com a presença de Mal.

- Não, meu bem, eu sei que você é uma rainha e um pouco mais refinada.

- Oh...

- Vamos ao Richmond – quando as duas chegam à calçada em frente à prefeitura, Maleficent oferece a mão para Regina, que a toma, e as duas desaparecem na fumaça cinza da feiticeira.

Durante a refeição, Mal conta a Regina sobre a viagem que fez com Lily ao seu castelo, no reino de Moors, o quanto as duas aprenderam uma com a outra, evoluindo no relacionamento de mãe e filha, e que a jovem já consegue controlar suas transformações para a forma de dragão, além de ser uma aprendiz brilhante de magia.

A loira agradece novamente à rainha por ajudá-la a criar o portal que possibilitou a viagem e por mantê-lo aberto. Maleficent gostava de pensar que, talvez, a outra esperasse por seu retorno, afinal, não tinham tido muito tempo para conversar depois que a mulher-dragão ressuscitou em Storybrooke com a ajuda de Ursula, Cruella e Rumple. Tanto havia acontecido... desta vez, estava de volta à cidade há alguns dias e, antes de ir encontrar a prefeita, procurou se inteirar dos acontecimentos mais recentes.

Ela já sabe da jornada ao Submundo, da morte de Robin Hood, do casamento da salvadora com o pirata, da presença de Zelena e da nova relação entre as irmãs Mills. Falta-lhe, porém, o mais importante: saber como Regina realmente está. Terminam o almoço e voltam a caminhar, evitando as ruas mais cheias.

- Fico feliz que você e sua filha tenham tido essa chance, Mal, que estejam se entendendo, você merece e Lily também! – elas seguem lado a lado, experimentando novamente o conforto da presença uma da outra.

- Eu também estou feliz com isso, Regina, mas agora me fale de você – a loira sabe que sutileza não combina muito com sua personalidade e que a prefeita não gosta de tergiversações.

- De mim? – a morena para e encara a mulher-dragão – Não tenho o que falar de mim – mais uma vez, Mills escolhe erguer suas barreiras, tentando esconder seus sentimentos.

- Eu esperava que você já soubesse, após tanto tempo, que eu posso ver bem por trás dos seus olhos, Regina. Conheço seus esconderijos para a dor – Mal se aproxima e segura-lhe as mãos – Gostaria que soubesse também que não precisa carregá-la sozinha.

Regina se mantém em silêncio e sustenta o olhar da feiticeira. Como ela ainda poderia sabê-la daquela forma? Havia se passado tanto tempo... E então a morena se desarma e desaba naquele lugar tão bem conhecido. Maleficent a acolhe em seus braços, levando-a dali para a casa onde está morando, permitindo que Regina chore, grite e ponha para fora um pouco de sua dor, mas sempre mantendo-a perto, dividindo seu calor, cuidando da morena.

- Eu estou... estou tão cansada de tudo, Mal...

- Eu sei, meu bem. Eu vejo... – faz um carinho nos cabelos castanhos e curtos como ela nunca vira antes, depois sustenta o rosto da prefeita com carinho, enxugando algumas lágrimas – Mas você não está sozinha, Regina – sorri com afeto – Todo esse tempo em minha antiga casa me fez também repensar muitas coisas. E eu voltei a Storybrooke por você – revela.

- Por... mim? – a rainha estranha, afinal, ela sempre teve que ir a busca de tudo e todos. Ninguém nunca voltou por ela ou para ela: Henry, Robin, Zelena... todos ela precisou ir atrás.

- Eu voltei de Moors com algumas dúvidas, algumas... memórias sobre as quais gostaria de conversar com mais calma – a loira toma cuidado com as palavras, não quer assustar Regina – Quero apenas pedir a você que não se afaste, que não me afaste – permanece com uma das mãos carinhosamente na bochecha da prefeita – Podemos fazer isso?

- Acho que... sim.

A prefeita está um tanto atordoada com as palavras da feiticeira. Que dúvidas seriam essas? Memórias de quê? Mas não sente que deveria se afastar de Maleficent e passara, há algum tempo, a confiar em sua intuição. Além disso, ao lado da loira, há uma sensação um tanto familiar de calor em seu peito, como uma pequena chama recém-acesa brilhando em um quarto escuro após um longo inverno.


Notas Finais


Venham falar comigo, é só o que peço. Deixem-me saber suas impressões sobre a história. Se quiserem, dividam comigo as músicas que vocês escolheram para ler os capítulos. Adoro descobrir novas canções e novas sonoridades!

Pode ser nessa simpática caixinha dos comentários ou no Twitter, estou sempre lá!
https://twitter.com/brullf


PS.: se o link não aparecer, podem procurar por @brullf ali na rede social do passarinho ^^


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