História Folhas Alaranjadas. - Capítulo Único

Folhas Alaranjadas.

    A pequena menininha de 5 anos aguardava seu irmão mais velho chegar em casa, esperava que ele a levasse para ver as folhas alaranjadas de outono no parque.

    Cada segundo que se passava mais a pequena ficava ansiosa, olhando pela janela da sala. Crianças iam e vinham, todo esse movimento apenas paras ver as pequenas folhas de outono, pode parecer relevante para adultos, mas para as crianças elas são importantes, afinal, quem não gosta de sentar e observar as lindas folhas de outono dançarem com o vento, não é mesmo?

   Passou uma tarde inteira, e nada do irmão chegar, “Onde ele está?” essa pergunta rondava a cabeça da jovem, até que o garoto chegou, porém, já era tarde da noite.
“Eu estava muito ocupado, desculpe, quem sabe amanhã.” Resposta estranha? Talvez, mas a garotinha acreditou, e esperou até o dia seguinte.

   Mais um dia se passou e nada, no final, a mesma desculpa esfarrapada, e assim foram se seguindo os dias, outonos, sempre a mesma resposta.

    Foram se alguns anos, e a garota, agora com onze anos de idade, ainda queria ver as pequenas folhas. Para quem no mundo, as pequenas folhinhas importariam? Para ela, para ela as pequenas folhinhas importavam.

  O garoto nunca foi presente na vida da menina, eles mal se falavam, raros eram seus momentos juntos, porém, certo outono, o irmão da garota chegou mais cedo.
“Talvez só tenha arranjado mais uma desculpa, assim, seu chefe o liberou mais cedo.”
Pensou a garota, é, quem sabe.. Mas o garoto pegou na mão da irmã.
“Vista uma roupa de frio.”
Dizia ele, mas ela não queria, o orgulho não deixava.
Mesmo contra sua vontade ela foi, se arrumou e então seu irmão a puxou até a praça, onde antigamente, eles costumavam a passear, tomar sorvete, sentar, conversar, enfim, costumes antigos, que foram sendo deixados para trás.

 O garoto esperou alguma reação da irmã, mas ela apenas ficou olhando em volta, procurando entender oque ele queria.
“Não está feliz?”
Indagou o garoto confuso.
“E eu deveria estar?”
Rebateu a jovem com cara de tédio.
“Não era você quem queria ver as folhas de outono?’’
“Sim era”
“Então cadê sua alegria ao ver elas bem na sua frente?”
Foi aí que ela percebeu, estava diante do que sempre quis contemplar.
Já havia visto aquela cena da janela, mas pessoalmente era melhor, principalmente ao lado do seu irmão, que quase nunca estava presente.

  Foi a melhor coisa que ela já ganhou, não só por poder ver as folhas,mas por poder ver ela perto do seu irmão.
Talvez ela nem quisesse ver as folhas de verdade, talvez apenas quisesse seu irmão,que o tempo levou, de volta.