História Following the Heartbeat - Capítulo 26 - Intelude

26.

Interlude

Ainda estava escuro quando Hinata acordou, por um momento pensou que estivesse em sua cama e tinha apenas sonhado, mas pouco a pouco as lembranças lhe tomavam, como em um filme em câmera lenta e ela sorriu, antes mesmo de abrir os olhos. Porém, um segundo depois, percebeu que estava sozinha na cama.

Abriu os olhos de uma vez, assustada e olhou a sua volta, notando o lado vazio e bagunçado ao seu lado. Ele não tinha ido embora, afinal era a casa dele, mas por um segundo teve medo do que encontraria caso levantasse da cama. Foi só então que notou que o chuveiro do banheiro do quarto estava aberto. Só notou porque ele foi fechado. Suspirou aliviada, se sentando na cama e levando o lençol que lhe cobria junto.

Não demorou muito para que Naruto aparecesse na porta usando apenas uma toalha em volta do quadril e secando o cabelo com outra menor. Ele estava descabelado, já que seu cabelo estava maior do que de costume, e distraído. Ao notar Hinata sentada na cama, ele sorriu abertamente, fazendo ela sorrir de volta e ficar levemente corada. Nunca cansaria daquele tom avermelhado no rosto dela...

O loiro quebrou a distância com alguns segundos e selou os lábios nos dela. Estava determinado a não permitir que ela ficasse com muita vergonha, queria que ela se soltasse com ele, mesmo que demorasse. Queria que ela estivesse a vontade com ele, sempre.

- Você estava tão linda dormindo que mesmo querendo tomar um banho com você, não pude lhe acordar. – ele confessou, sentando-se ao lado dela na cama. – Mas prometo que vou deixar você se recuperar e enquanto isso vou pedir a Sra. Kim para fazer nosso café da manhã.

- Sra. Kim? – foi tudo o que conseguiu dizer. Queria dizer que estava feliz, que sentiu a falta dele na cama e que não se importava em tomar banho com ele, mas se limitou àquela pergunta.

- A governanta. – ela a tinha conhecido, por isso ele apenas esperou que ela se lembrasse. – Prefere comer lá ou aqui?

- Não demoro... – ela se apressou em dizer, mas ao notar que ficaria nua na frente dele, agarrou o lençol e esperou.

Naruto riu baixo quando notou que ela estava sem graça com algo assim, mas sabendo que isso não ajudaria, se levantou e após dar um selinho nela mais uma vez, colocou uma calça azul de moleton que estava pendurada no pé da cama e saiu.

Afastando os pensamentos pecaminosos que passavam por sua mente quando o viu se despir e se vestir bem na sua frente, Hinata correu para o banheiro, procurando toalhas por ali. Não foi difícil, Naruto tinha deixado separadas para ela.

Enquanto tomava banho se lamentava em ter de tirar os rastros de Naruto de seu corpo, seu cheiro que estava impregnado em sua pele. Porém achou o melhor. Nunca conseguiria olhar para Ino e, muito menos, seu pai sabendo que cheirava a Naruto, que cheirava a... sexo.

Seu banho foi um pouco mais demorado do que esperava por relembrar de alguns detalhes da noite anterior. Sem dúvidas ele usara quase a noite toda para a tomar, para lhe garantir toda a experiência. Quando ele sentia que não conseguiria se recuperar a tempo, usava de sua boca e suas mãos para a provocar e, logo ela descobriu, lhe dar mais prazer sem intervalo.

Ao notar que estava demorando, Hinata tratou de sair do banheiro, enrolada em uma toalha e, como ele, usando uma menor para secar o cabelo. Teria de usar a mesma roupa que no dia anterior e por isso precisava voltar para o quarto para se vestir. Mas assim que o fez, viu Naruto ali na cama.

Ele estava lindo comendo um morango, apenas com sua calça de moleton e seu cabelo bagunçado, deixando os olhos seguirem para todo o seu corpo sem nem disfarçar.

- Não se acanhe. – ele disse quando percebeu que ela se encolheu com o olhar devorador dele. – Eu já vi tudo, toquei tudo, beijei tudo...

- Naruto! – ela soltou, se apressando em recolher as roupas no chão. Notando que ele não disfarçaria ou mesmo desviaria o rosto, ela ficou de costas para ele e começou a se vestir.

Sem dúvidas a Hyuuga tomou um susto quando ele lhe puxou a toalha, revelando o belo corpo. Um gritinho de susto foi seguido de uma risada baixa dele. Sem se deixar deter, ele se abaixou um pouco e beijou e mordiscou a nádega esquerda da morena que virou-se rapidamente, escondendo-se entre os braços.

- Faltou essa parte. Agora prometo que irei me comportar. – recebeu um olhar desconfiado dela e riu em seguida. – A não ser que prefira que eu lhe tome agora mesmo. Caso contrário, recomendo que se vista enquanto pode.

Sem saber o que pensar, o que queria de verdade, ela começou a se vestir. Tinha certeza que era o melhor, afinal ainda havia Ino, sua irmã e seu pai para encarar. Sem rastros de Naruto era o melhor a se fazer.

Após Hinata estar vestida e com o cabelo arrumado, coisa que teve de fazer apenas com os dedos já que Naruto não tinha uma escova ou pente, ambos seguiram para a cozinha, onde ela pôde conhecer a Sra. Kim, que com muito orgulho informou que estava com Naruto desde que ele começara a fazer sucesso.

Sentaram-se lado a lado na mesa e em momento algum Naruto deixava a conversa morrer, sempre comentando alguma coisa que acontecera em sua casa no tempo que ficara com os pais, inclusive quando ouvira a música dela. Hinata se continha para perguntar como seria agora. Ela ainda tinha uma semana em casa, que teria que passar em  Konoha, mas queria saber além disso, porém não tinha ideia de como o fazer.

- Acho que preciso ir. Tenho ainda que encontrar com Ino e ir para Konoha. – ela disse finalmente. Tinham terminado de comer faziam alguns minutos e como ele nada disse sobre os dois, achou melhor se despedir.

- Mas já? – o loiro olhou então para a hora. Já era quase hora do almoço. Suspirou e pegou as mãos dela, virando-se de frente para a morena. – Me dá alguns minutos mais? Acho que precisamos...

Após confirmar, os dois se levantaram e seguiram para a sala. Naruto tinha privacidade onde bem quisesse. A Sra. Kim era extremamente discreta e quase não aparecia quando eles estavam em algum lugar. O silêncio tomou o cômodo por alguns segundos enquanto Naruto tentava arrumar seus pensamentos. Se fosse uma música, ele conseguiria pensar melhor, mas era muito ruim com palavras. Foi assim que ele teve uma ideia...

I don't know where to start

I'm just a little lost

I wanna feel like we never gonna ever stop

I don't know what to do

I'm right in front of you

Asking you to stay, you should stay

Apesar de não ter batida ou mesmo de ele estar cantando no mesmo ritmo da música, usava uma canção escrita há algum tempo, o mesmo tempo que ele pensava em um sentimento que não sentira. Nunca imaginou que sentiria e precisaria usar as mesmas palavras. Hinata reconheceu a música de imediato e, mesmo um pouco confusa do motivo daquilo, sorriu.

I really wanna love somebody

I really wanna dance the night away

I know we're only half way there

But you can take me all the way

You can take me all the way

I really wanna touch somebody

I think about you every single day

I know we're only half way there

But you can take me all the way

You can take me all the way

Ele continuous dizendo a letra, sem de fato cantar, mas Hinata quase podia imaginar o soma o fundo, quase cantava junto com ele, apenas não o fez por saber que ele fazia aquilo com algum significado que a cada vez ficava mais claro através dos olhos dele. Ao final, Naruto estava com as mãos em seu rosto, os olhos fechados e a testa colada a sua, enquanto ela continuava o olhando.

- O que quero dizer com essa música é que quero continuar com você, que sinto que estamos começando algo que pode ser muito maior e mais longo do que isso e se você também quiser, podemos fazer isso dar certo. Quero estar com você Hinata... – ele suspirou e se afastou para olhar naqueles olhos hipnotizantes. – Quero mostrar ao mundo e a nossos fãs que estamos juntos e fazer isso dar certo, apesar da vida louca que teremos. Quero você.

Hinata via que Naruto não se sentia confortável falando, mas percebeu também que ele estava ansioso por sua resposta, nervoso até. Se ele imaginasse como ela se sentia ao ouvir aquelas palavras...! Suspirou e sorriu, arrancando um sorriso do loiro também.

- Vou precisar ficar longe essa semana. – ela começou e ele pareceu horrorizado. – É o que combinei com meu pai, que ficaria com ele nas férias e tenho mais uma semana. Depois estarei morando aqui perto, em um apartamento com minha irmã. – aquilo pareceu agradar Naruto. – O que mais quero é estar com você, agora sem medo...

Ele nem mesmo esperou para ver se havia um “mas”, ele apenas a beijou, feliz por poder ouvir aquilo, por saber que dali a uma semana estaria com ela. Não pensou em “mas”, e na verdade ele não existia.

- Posso abrir mão de uma semana, se me prometer que virá passar uma noite comigo quando voltar.

- Se Hanabi não se importar...

- Falo com Konohamaru. – ele se apressou e recebeu um olhar desconfiado de Naruto. – Ele se tornou um grande amigo durante as gravações. Ah, e antes que possa me perguntar, ele ganhou porque mereceu e não porque me pediu...

- Eu sei. – Hinata riu e, ousando de sua vergonha, se inclinou e o beijou rapidamente. – Nunca desconfiei disso, porque acha que fiquei tão nervosa?

Ambos riram daquela situação, mas Naruto não perguntou o motivo de Hinata ter dito aquilo, ele não queria estragar o clima que estava e nem mesmo ela. Ambos trocaram mais algumas carícias e beijos até Hinata se dar por vencida e decidir que iria mesmo embora.

O loiro a acompanhou, após ela ir ao quarto calçar sapato que usara na noite anterior e pegar seu celular que havia algumas chamadas perdidas. Ambos desceram de mãos dadas pelo elevador, e Naruto apenas a olhava e sorria. Tinha ligado para um táxi alguns minutos antes e este já estava na porta do hotel quando chegaram lá. Um pouco escondidos do porteiro, se despediram com um beijo e só soltaram as mãos quando Naruto estava ao lado deste e ela se apressou para o táxi.

- O senhor escolheu muito bem, sr. Naruto. – o porteiro disse e então sorriu amigável. Naruto o olhou e sorriu abertamente.

- Sei disso, sei muito bem. – acenando, ele olhava Hinata sumir dentro do táxi.

♪

Havia ligado para Ino enquanto ia para o seu apartamento. Por mais que quisesse ir direto para casa, em Konoha, sabia que tinha que contar a amiga tudo antes, e não tinha como fazer aquilo com outras pessoas ouvindo, ela nunca conseguiria. Quando chegou na porta, a loira já estava lá e com um grande sorriso no rosto.

- Adeus virgem, olá devassa! – ela brincou ao ver a amiga.

Hinata corou no mesmo instante que ouviu aquilo e olhou a sua volta, apenas para constatar que não havia ninguém por perto. Ignorando Ino por alguns instantes ela se concentrou em abrir a porta e deixar que a amiga entrasse, apenas para fechar em seguida.

- O que? A gente veio pra cá pra você só ficar vermelha e não me contar nada? Pode desembuchando, Hinata. Eu quero saber tudo, inclusive os detalhes sórdidos. Ah, esquece, me responde antes de tudo: ele é tão gostoso quanto parece?

- Ino! – Hinata revirou os olhos, se jogando no sofá do apartamento. Ainda não havia muita coisa, mas elas haviam tornado habitável já. – Sim, ele é ainda mais... – se rendeu, quase suspirando ao final da frase.

- Ah, sua sortuda, me conte tudo! – e então ela se sentou, puxando Hinata. Por mais que a morena ficasse envergonhada, era impossível esconder alguma coisa de Ino, ainda mais sendo ela sua melhor (e agora única) amiga.

Não demorou muito e estava contando tudo, desde as flores no dia do lançamento da sua música na rádio até o momento que se despediram na frente do hotel dele. Não escondeu nada, mas se limitou na parte da noite dos dois, apenas externando o quanto ele tinha sido carinhoso e quente. Hinata fazia questão de contar a amiga que Naruto fora as duas coisas que esta dissera que a Hyuuga merecia. Ela tivera de fato e estava nas nuvens, como nunca pensou que estaria.

- Você quer ver ele de novo? Podemos inventar uma desculpa e ficar por aqui...

- Ah, quero, mas acho melhor ir pra casa. Hanabi me espera para contar tudo a ela e... Se eu não fizer ela pode me entregar sem querer.

- Sei... O que tem demais? Você tem 20 anos, é dona de si.

- Diga isso para meu pai que tem se mostrado muito ciumento. – a Hyuuga se levantou. Tinham ficado muito tempo ali e estava morrendo de fome. – Vamos almoçar e em seguida podemos ir direto pra Konoha.

- Não quer passar lá no caminho? Sabe, uma rapidinha às vezes é melhor do que uma longa...

- Ino!

- Só dei uma ideia. Eu, depois que fiz a primeira vez, foi impossível parar. – as duas trocaram olhares e riram juntas.

Após decidirem o local que iriam comer, ambas saíram de táxi até lá. Ino estava um pouco chateada de ter de levar sua mochila pra onde iam, mas achava melhor assim. Ela voltaria antes das férias acabarem para ficar com Sai um pouco mais – exclusivamente, pelo menos – e então pegaria sua verdadeira mala. Hinata aproveitou o almoço para mandar uma mensagem a Naruto, dizendo que estava bem e indo pra Konoha, em resposta a uma mensagem que ele enviara e também para ligar para casa, avisando Hanabi que chegaria no início da noite.

Ino falou a todo o momento, contando as diversas vezes que tivera de fingir não fazer nada para os pais, quando o namorado estava na verdade escondido embaixo da cama ou mesmo dos lençóis. Contara também das vezes que fora pega e o quanto ouvira. Por vezes mostrava que tinha medo de ter se tornado uma ninfomaníaca, mas seu alívio veio ao conseguir negar Sai durante muito tempo antes de finalmente namorarem e ela se entregar a ele.

Após isso, ela começou com várias dicas. Algumas dessas Hinata não fazia nenhuma questão de saber e por isso murmurava para Ino parar, porém outras, achava realmente importante.

- Você precisa ir na sua ginecologista e precisa mesmo começar a tomar um anticoncepcional, por mais que usem preservativos, nunca é demais evitar, ainda mais que você está começando a ser famosíssima agora... – Ino usava um tom descontraído, mas sabia que falava uma coisa importante.

Hinata acenava afirmando. Tinha certeza que sua mãe diria a mesma coisa naquele caso, que iriam ter longas horas conversando, como estava tendo com Ino e talvez até chorasse, como sempre fizera com assuntos mais sérios e emocionantes. A amiga não sabia, mas fazia o papel que faltava a Hinata, não que ela fosse leiga nesse assunto, pois no mundo atual não havia como ser, mas que sempre era bom ouvir conselhos de alguém que já havia passado por isso.

Após vários minutos em que a Yamanaka contava experiências e dava conselhos à Hyuuga, ambas decidiram que já passava da hora de ir e, pagando a conta, chamaram um táxi. Iriam até estação de trem e, rapidamente, chegariam a Konoha.

- Sabe, Hina, ele gosta mesmo de você. Eu vi isso nos olhos dele várias vezes. Ele me pediu pra te ajudar e acho... – a loira parou, olhando para a amiga antes de entrar no trem. – Acho que ele vai te fazer muito bem...

- Ele já faz. – afirmando aquilo, as duas trocaram sorrisos e então caminharam para seus assentos, prontas para a curta viagem que teriam pela frente.

♪

Assim que chegou em casa, Hanabi correu em sua direção, os olhos mostrando a ansiedade que sentia por informações. Hinata imediatamente sussurrou um “espere” a ela e foi falar com seu pai e seu irmão, que a esperavam para jantar.

Ela e Ino foram tomar um banho rapidamente, sem nem mesmo desfazer a mala da amiga e desceram para aquela que era uma rotina na casa dos Hyuugas. Não importava se havia brigas durante o dia ou o quão cheio de serviços eles estivessem no trabalho ou escola, era obrigatório que estivessem presentes na hora do jantar. Era algo que Hinata gostava, pois alguns dias este era o único momento que conseguia ver seu pai e seu irmão.

- Vocês não vão acreditar – Ino soltou logo após Hiashi perguntar como havia sido a viagem delas para lá. – Umas cinco pessoas reconheceram a Hinata do Festival e vieram pedir autógrafo a ela. Tinham que ver!

Depois daquilo o foco passou a ser a apresentação de Hinata e também como ela estava lidando com tudo aquilo. Hiashi apenas sorria quando ouvia a filha dizer que estava bem e ansiosa para fazer mais. Ele, pouco a pouco, saía de sua armadura e a filha gostava de ver aquilo.

Assim que o jantar terminou, Neji pediu licença para se retirar. Segundo Hanabi, que falara assim que o irmão saíra, ele andava estranho e não era trabalho. Hiashi apenas pedira que elas deixassem o irmão em paz e também se retirou, mas este foi para seu escritório, como sempre. Hinata sabia bem o que tinha lá, os charutos que Hiashi sempre fumava ao final de cada refeição, em frente ao retrato de sua mãe. Na última semana tinha o ouvido conversar com ela, exatamente daquele jeito. Foi a partir dali que ela percebeu que ele era muito mais profundo do que sequer imaginaria.

- Agora, podemos conversar. – Hanabi enfim falou. No mesmo instante Hinata olhou para Konohamaru e este revirou os olhos.

- Não que eu não saiba o que é, mas como é conversa de mulher, vou para o quarto. Me chame depois. – a última parte ele tinha dito a Hanabi e lhe depositou um selinho.

- Eu imagino que Ino já saiba então... vamos para seu quarto! – ela nunca estava acostumada com um não e por isso não o aceitava bem.

Desistindo de resistir, Hinata puxou Ino consigo, como uma forma de ajuda e apoio e a loira sabia bem disso. Era como se Hinata tentasse manter a ingenuidade de sua irmã sempre, sem aceitar que Hanabi não tinha tal ingenuidade há muitos anos. Todas as três se acomodaram na cama da mais velha, com Ino ao lado desta e Hanabi de frente, quase pulando sentada na cama de tanta ansiedade.

- Então...? Desde quando?

- Hanabi, antes de tudo preciso que me prometa que não vai contar a ninguém.

- Ninguém que já não saiba. Konohamaru que me fez ver, então não vai ser novidade pra ele.

- Não, Hana, estou falando dos detalhes. Por favor, isso não conte nem para ele. – no mesmo instante a mais nova prometeu que não o faria. – Nós começamos a nos envolver na época do concurso, mas isso nunca influenciou em nada, eu juro.

- Acredito em você. – a mais nova disse com um sorriso grande e confiante. – Se existe alguém com caráter impossível de duvidar é você Hina.

No mesmo instante Ino e Hinata trocaram olhares, lembrando-se de Sakura e no mesmo instante também se lembrando de como estava sumida. Aquilo não podia ser boa coisa, mas não podiam também se ater àquilo naquele momento.

- Eu meio que fiquei com uma crise existencial no final do concurso, com medo de que ele fizesse algo com base no que tínhamos e por isso dei um basta no que estávamos tendo. – Hanabi no mesmo instante fez uma careta, mas não interrompeu. – Isso não o abalou. Quando minha música com Itachi estreiou nas rádios ele me mandou aquele buquê de flores e me ligou, dizendo que encontraria no Festival.

“Eu ainda não tinha certeza se deveria procura-lo lá, pois em momento algum ele o fez, mas eu sabia que precisava conversar com ele e até mesmo explicar o que havia acontecido. Mas nunca imaginaria que ele cantaria aquela música. Eu dei aquela música para ele como um presente. Não estava completa, apenas a primeira parte é o que escrevi, mas significou mais do que posso expressar.”

- Por isso você sabia cantar e estava chorando. – Hanabi quase suspirou. Por mais dura que fosse, ao menos a mais que Hinata, nem mesmo ela resistia ao ver os olhos da irmã brilhando daquele jeito.

- Sim. E pra mim significou que ele queria tentar de novo, que nós poderíamos tentar. Por isso fui atrás dele o mais rápido o possível, eu precisava para que ele soubesse que estava com ele também.

- E aí? Vocês conversaram? – Hanabi perguntou, mas seu olhar e sorriso diziam coisas além dos lábios.

- Mais do que isso Hana, mais do que isso. Vejo que você sabe porque não viemos pra cá ontem mesmo e eu não tenho nada a ver com isso. – Ino finalmente falou, rindo e arrancando risadas de Hanabi também.

- Ino! – Hinata repreendeu a amiga mais uma vez.

- Então, finalmente um homem de verdade conseguiu fazer minha irmã abaixar as barreiras e se derreter? Gosto mais dele agora.

- Hanabi! – Hinata se virou para a irmã, ficando completamente vermelha.

- O quê? Você sabe bem que eu já fiz isso, Hina, foi você quem foi comigo ao médico depois e tudo mais. E eu vejo que você está feliz, os seus olhos brilham. – no mesmo instante a mais velha sorriu e abaixou a cabeça, envergonhada. – Eu lembro quando conversei com você sobre isso e me disse que tinha que ser com alguém especial e que eu me sentisse pronta. Bem, naquela época eu achei que era especial, mas vejo que Konohamaru é muito mais, o que prova que ele é especial de verdade. Mas o que importa é que eu pensei nisso na época e sei que pensa nisso até hoje. Por isso você não se deixou levar pelo idiota do Kiba, por isso que aconteceu com Naruto, eu vejo isso, irmã.

As duas estavam de mãos dadas. Ambas sentiram falta da mãe naquele momento. Para Hanabi a figura fora Hinata, para Hinata a figura fora Ino. Mas ambas se encontraram naquele momento com os olhos e sabiam que era exatamente assim que deveria ser. Não sentiram falta de nada naquele momento, até:

- E Hinata disse que ele é mais gostoso do que aparenta! – todas as três riram do comentário de Ino. – Mas diga, Hana, mesmo com o coronel na área você conseguiu conferir se seu soldado é gostoso também?

- E alguém consegue me parar, Ino? – a mais nova piscou de forma marota para a loira e ambas riram enquanto Hinata olhava assustada para a irmã.

- Relaxa, Hina, daqui a pouco o seu loiro maravilhoso vai tirar essa vergonha de você. Mas me diz, quando irão se ver novamente?

- Na volta das férias. Ele tem algumas coisas para resolver também, afinal, ele é ocupado né?

- Uma rapidinha nunca atrapalha, pelo contrário, guarde isso em sua mente para o futuro. – Ino falou enquanto se deitava na cama da amiga. – Agora o que me pergunto é: e quanto a sua carreira?

- Vou terminar a faculdade, Ino. Preciso terminar... Mas não vou abrir mão caso alguém me escolha. – e algo dizia as outras duas que isso não demoraria a acontecer.

Quando a loira ia dizer alguma coisa, o celular de Hinata tocou. O nome de Naruto apareceu na tela e as outras duas começaram a soltar gritinhos, risadas e deboches. Ino até mesmo gemera quando ela atendeu!

- Naruto? Ah, desculpe. Fica quieta, Ino! – ralhou com a amiga, tampando o microfone e saindo para a sacada do quarto, fechando a porta atrás de si. – Apenas Ino tentando me deixar sem graça com você.

- Imaginei. Conheço o seu gemido já, na verdade, estava aqui pensando nele e aí eu pensei em sua voz e logo pensei: por que ela não me ligou ainda? Aqui estou por isso.

- Estava conversando com minha irmã. Mas não liguei também porque disse que iria estar ocupado...

- Vamos combinar o seguinte então? – ela ouviu o barulho do piano no fundo. Ele estava tocando? – Nos falaremos, mesmo que por cinco minutos, todos os dias, o que acha? Assim, mesmo que eu tenha saído de um show e indo pra outro, poderei ouvir sua voz.

- Se isso não for te atrapalhar. – Hinata sorriu, se debruçando na sacada.

- Acho que isso irá melhorar o meu dia. No fim das contas é o que um casal faz, certo?

Ao ouvir aquilo, Hinata ficou imóvel. Era aquilo que eram? Eles já eram um casal? Não se lembrava de ele ter dito nada antes. Mas o que mais seriam? O que ela não sabia era se poderia perguntar se estavam namorando. Isso sim era ainda mais intenso do que um “casal”, onde fica implícito o relacionamento.

- Eu sei, eu não lhe pedi em namoro, mas... – Naruto parecia nervoso e no mesmo instante Hinata o imaginou passando as mãos no cabelo. – Mas não acho que dê para sermos apenas amigos coloridos ou ficantes. Em breve vão nos perguntar e eu quero muito dizer que sim. Sei que não deveria estar pedindo isso pelo telefone. Passei a tarde pensando nisso e, você sabe, eu sou ruim com as palavras...

- Vamos dizer sim então. – Hinata o cortou. Sua voz dançando para fora de forma doce e sem esconder sua alegria. No mesmo instante Naruto parou e ela o imaginou sorrindo. – Estou com saudades.

- Eu também. Queria que estivesse na minha cama essa noite novamente. Mas me prometa a sua noite de volta.

- Eu prometo... – ela sussurrou então, sentindo o rosto vermelho.

- Então até amanhã, Hinata. Te vejo nos sonhos.

Com aquela frase eles se despediram e desligaram. Por um instante ela quase pensou estar mesmo sonhando. Mas nunca tivera um sonho tão bom. Tão bom que ela se agarrava e não deixava de perceber que era realidade: a sua realidade. Estava feliz como nunca, assim como ansiosa para que aquelas férias acabassem logo.