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História Fomos Infinitos - One-Shot


Escrita por: TheSecretWriter

Notas do Autor


Olá! ^_^ Esta é a terceira e última parte da coletânea de one-shots "When a Kid Goes Missing", espero que goste!

Esta one-shot faz parte da coleção "When a Kid Goes Missing", de minha autoria. Tal coletânea reúne três histórias ficcionais inteiramente baseadas em Stranger Things.

Esta história também foi postada no Nyah! Fanfiction por mim (TheSecretWriter). Se a vir postada em qualquer outro lugar por qualquer outro autor, denuncie.

Capítulo 1 - One-Shot


Ela estava chegando. As luzes que revestiam a cidade e a coloração arroxeada do céu anunciavam seu retorno. Naquela noite, a veríamos novamente.

Mike estava extasiado. Após tantos meses de espera, o dia enfim chegara. Finalmente veria aqueles olhos castanhos cuja lembrança o matava de saudade. Ele corria pela casa toda, abastecendo sua mochila com lanternas, ferramentas e cordas. Assim como em Dungeons & Dragons, equipamento extra nunca era demais: antes prevenir do que remediar. O menino não sabia o que esperar daquela noite, tudo podia acontecer.

Antes de deixar a cozinha onde estava e subir as escadas pulando degraus, ele abriu o congelador e, de lá, tirou cinco caixas de Eggos, dando um jeito de fazê-las caber em sua bagagem.

— Mike! — reclamou Nancy, revirando os olhos quando o irmão se chocou contra ela no corredor do andar de cima, por conta de sua correria. Ela demonstrava uma raiva exagerada, pois naquele momento a usava para mascarar o nervosismo que sentia. Não saber o que estava por vir a deixava inquieta.

Nancy voltou para seu quarto e abriu a porta de seu armário. De lá, tirou seu casaco azul e o vestiu. Ajoelhou-se sobre o carpete, no intuito de alcançar uma pequena caixa de sapatos no canto do closet. Abriu-a, contemplando por um instante a pistola calibre 38 com que Jonathan a presenteara no ano anterior. A garota, ao ouvir o som da campainha no andar debaixo, rapidamente escondeu a arma no bolso e correu para atender à porta.

Steve olhava em volta, sentindo uma pressa estranha nos pés. Esperar por alguém do lado de fora de sua residência nunca fora tarefa tão difícil, pareciam se passar eras a cada segundo. O rapaz analisava seus arredores, em parte por estar tão agitado, mas principalmente porque a imagem do monstro que vira no fim do ano anterior nunca saíra de sua mente. Numa noite como aquela, todo cuidado era pouco. Seu rosto se iluminou quando Nancy abriu a porta.

— Vim o mais rápido que pude — ele disse, com seriedade.

— Entre — ela convidou e assim ele o fez — Partiremos daqui a pouco.

Vendo o quão ansiosa sua namorada estava, Steve a abraçou. A morena deitou sua cabeça sobre o peito dele, passando os braços ao redor de seu corpo.

— Estou com medo — ela sussurrou contra o tecido do suéter dele.

— Eu também — ele respondeu, honestamente. Mesmo que odiasse demonstrar fraqueza, permitiu-se fazê-lo, afinal, aquela era uma ocasião descomunal — Falou com Jonathan?

— Pode apostar.

A casa dos Byers estava um caos, até pior do que de costume. Jonathan juntava equipamento, comida e água numa bolsa, carregando seu bastão de basebol para todos os cantos. Muito se passava em sua mente: mesmo que quisesse ajudar a menina que salvara seu irmão, tinha medo de expor este a tanto perigo novamente.

Finalmente aquela noite chegara. Ao mesmo tempo que era uma data há muito esperada, não havia como estar preparado para ela. A menina logo estaria de volta e, por mais que isso fosse motivo de profunda alegria, não deixava de ser assustador ou perigoso.

Por mais que a ideia de ter Will tão próximo de um possível novo portal aterrorizasse Joyce, ela sabia que aquele era um mal necessário: a presença de todos era vital. Apesar do medo, ela queria ver Eleven tanto quanto o resto de nós. No fundo, sabia que o pouco tempo que passara com a menina antes que ela desaparecesse fez da pequena algo como uma filha sua. Além disso, era movida por sua imensa gratidão: se não fosse por ela, talvez não tivessem conseguido recuperar Will a tempo no outono anterior.

Joyce era uma mulher forte. Sabia que conseguiria fazer aquela noite dar certo. Precisava que tudo desse certo. Assim como Jonathan, ela corria pela casa, estocando cobertores, utensílios de cozinha e casacos num pacote. Agia cada vez com mais pressa, a menina podia estar de volta a qualquer minuto.

Will era a única alma silenciosa na residência. Desde que vira o céu pela janela naquela noite, uma terrível sensação de terror preenchia seu peito. Não sabia quem era essa menina que todos queriam tanto ver e, honestamente, nem queria saber. Com muito esforço, ele deixara o Mundo Invertido e, embora este não o houvesse deixado, a última coisa que queria era correr o risco de voltar para lá.

O garoto estava petrificado, mudo como uma cômoda, sentado sobre o sofá da sala. Não tinha medo, como os outros: tinha pânico.

Na residência dos Henderson, Dustin andava em círculos, impaciente. Tudo o que estava prestes a ocorrer era, na visão dele, fascinante, ver Eleven outra vez era um bônus. Céu colorido, luzes piscando, todos na cidade iam ficar confusos e só ele, além dos outros de nós, saberia o que estava acontecendo. Era como se ele fosse o protagonista de um filme de ação. Não se concentrava nos perigos que podiam estar à espreita, estava louco de emoção.

O sorriso banguela não deixava seu rosto um instante sequer. Ele checava uma e outra vez seus pertences na mochila, pois não queria se esquecer de nada. Inquieto, Dustin tinha certeza de que era assim que fogos de artifícios se sentiam antes de serem acesos — ansiosos, mas certos de que fariam parte de algo memorável.

No espelho do banheiro de sua casa, Lucas encarava seu próprio reflexo. Com a concentração de um mestre do caratê e a ferocidade de uma águia no olhar, ele se preparava para reencontrar sua amiga. Estava louco para vê-la, mas tinha consciência de que aquele seria um evento perigoso. Apesar disso, porém, mesmo sem saber o porquê, estava certo de que a recuperariam.

O garoto amarrou sua bandana ao redor da cabeça e preparou sua atiradeira de mão, checando a munição em sua mochila e bolsos. Erguendo os punhos para praticar sua postura de lutador, ele só tinha um objetivo em mente: recuperar Eleven.

Na viatura policial, o xerife Hopper bebia seu café a largos goles. Nervoso por não saber o que estava por vir, suas mãos tremiam, por mais que ele tentasse não demonstrar ansiedade. O maior medo de um policial é sair numa missão desconhecendo o que precisará enfrentar.

Com os olhos fixos no horizonte e ouvidos preenchidos por nada além do tiquetaquear de seu relógio de pulso, ele aguardava, dotado de toda a técnica e paciência que os leões usam para caçar suas presas entre as vegetações da savana. Podia acontecer a qualquer minuto, ele sabia.

Todos estávamos ansiosos. Estávamos certos de que aquela seria uma noite da qual não nos esqueceríamos. Com armas em punho e mantimentos nas costas, tínhamos tudo o que precisávamos para lutar por ela, oferecer-lhe segurança e mantê-la a salvo seus pés tocassem o chão.

Coloquei minha bagagem nas costas e empunhei meu taco de hóquei. A última coisa que fiz antes de sair de casa foi uma ligação.

— Senhora Ives? — minha voz rouca pronunciou — Estou ligando para informar que sua filha...

Antes que eu pudesse finalizar a ligação, porém, o telefone explodiu contra meu rosto. Estava começando.

Passados os instantes que levei para me recuperar, corri para o quintal, bem a tempo de ver o show de luzes. Era belo e poderoso, assim como a menina que o estava causando. A cidade, que antes era iluminada em pontos específicos, agora era um caos de luzes e cores. Absolutamente todo abajur, semáforo, poste elétrico, aparelho de rádio, toda televisão, lâmpada e lanterna piscavam pela cidade. Precisávamos correr.

— Mãe, vou à casa do Mike!

— Pai, preciso ir ver o Dustin!

— Mãe, vamos ao cinema!

— Vou ao parque com os meninos!

— Mãe, precisamos ir, pegue o Will enquanto eu ligo o carro!

— Eleven, espere por nós...

Steve dirigia à velocidade máxima, fazendo cantar os pneus no asfalto, acompanhado dos Wheeler. Mike gritava sem parar, dizendo que eles precisavam ir, de alguma forma, mais rápido. Jonathan dirigia o carro da família enquanto Joyce reconfortava o filho mais novo no banco de trás, tentando mantê-lo calmo. Jim esperava por Dustin e Lucas, que combinaram com ele de pedalar até a delegacia. Logo estariam na estrada, unindo-se à nossa Corrida Maluca.

Movidos por urgência, medo, curiosidade, alegria, saudade e anseio, os dez de nós seguíamos as luzes da cidade, sabendo que elas nos levariam à décima primeira pessoa envolvida nos estranhos acontecimentos ocorridos meses antes na pequena cidade de Hawkins.

Quase como se parássemos de piscar, respirar e pensar, o mundo pareceu ter congelado e o tempo, desistido de passar por um momento. Naquele instante, naquela fraçãozinha de segundo, todos nós tínhamos brilho nos olhos e esperança no peito. Éramos infinitos.

Sem demora, chegamos ao lugar onde nosso encontro ocorreria. Era uma ampla colina descampada, cercada de galpões. Bem no centro deserto delas, começava uma agitação no ar, como se cada partícula dele aos poucos se tornasse visível. Não precisávamos mais da luz para nos guiar, Eleven já o fazia com excelência.

Os quatro carros pararam a uma certa distância da área energética, o meu, oculto atrás das árvores que cercavam o local. Os passageiros dos outros veículos lentamente os abandonaram, unindo-se num único grupo.

Então ocorreu o que esperávamos. Fomos cegados por uma explosão de luz que nos atingia, mas não nos feria. Precisamos proteger a vista de tanta luminosidade, ou correríamos o risco de perder a visão por conta dela.

Um ruído ensurdecedor preencheu a campina e seus arredores. Uma forte ventania começou a soprar o grupo que se encontrava mais próximo dela, de forma que os nove precisaram se apoiar nos carros para não serem atirados para longe.

Coisas estranhas ocorreram naquela noite. Eventos que jamais deixariam a memória de qualquer um de nós. Vimos coisas que nem o fanático mais insano acreditaria se tentássemos compartilhar o que presenciamos.

Todas as luzes da cidade se apagaram ao mesmo tempo, provavelmente queimadas. O céu sobre nós ficou tingido de lilás pelo resto da noite, as estrelas brilhavam mais do que nunca. Aquela foi a noite mais bela que a humanidade já testemunhara, mas nenhum de nós deu a mínima para isso. Tínhamos nosso próprio evento irrepetível: ela estava de volta.


Notas Finais




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