História Fool's Gold - Capítulo dezenove

Minha rotina tem sido ir para a faculdade, trabalhar, voltar para casa, fazer trabalhos, estudar, dormir e voltar para a faculdade. Os momentos de lazer que tenho é durante o intervalo entre as aulas, onde posso conversar durante quinze minutos com meus amigos, e quando tiro um tempo para comer e ficar fuçando nas minhas redes sociais. Tudo que eu quero agora são férias, e quero desfrutar muito bem delas, talvez viajar e descansar um pouco dessa rotina monótona que criei para mim, o que não é nada saudável, tenho certeza.

Ando pelo corredor do prédio principal de Cambridge e meu destino deve ser a biblioteca, onde preciso encontrar livros para estudar para uma grande prova que vem por esses dias. Os corredores estão quase vazios, muita pouca gente passa por eles já que é horário de aula, eu mesma só estou aqui porque Mr. Stevens havia passado algumas questões e eu já havia terminado e então resolvi vir até a biblioteca, já que na sala eu não faria nada.

Meus passou são moderados enquanto observo o que encontro pelo o corredor, que são poucos quadros e muitos prêmios que a universidade de Cambridge já ganhou, quando sinto uma mão pegar pelo meu braço e me puxar para dentro de uma das portas, não tenho tempo nem para gritar, já que a minha boca é tampada e sou colocada contra a parede. Logo a mão que me prendia, me solta e eu respiro rapidamente olhando incrédula para Harry que estava na minha frente se segurando para não rir.

-Mas que porr... - ele tampa a minha boca novamente não permitindo que eu grite.

-Shh. Não grite, ruiva - falou baixo e quando viu que eu havia me acalmado um pouco, me liberou novamente - oi - me cumprimentou e sorriu brilhantemente.

-Que merda é essa, Styles? Quase que eu parto dessa para melhor - sussurrei furiosamente para ele que riu fracamente. Cretino. Eu tinha uma das mãos no peito enquanto tentava acalmar minha respiração e coração que estava disparado pelo susto

-Desculpe, mas eu não resisti. Te vi passando e tinha que te puxar para cá rápido, sem que ninguém visse.

-E você não poderia ter me chamado? - Perguntei erguendo minhas sobrancelhas para ele. Ainda estava um pouco irritada por ele estar se divertindo as minhas custas.

-Poderia, mas daí não teria graça - deu de ombros e eu revirei meus olhos.

-Imbecil - xinguei e ele riu baixinho se aproximando.

-Não fique brava, ruiva, só estava aproveitando a oportunidade - disse e abraçou minha cintura. Minhas costas ainda estavam encostadas da parede de uma sala vazia.

-O que você está fazendo por aqui se está em horário de aula? - Ele deu um beijo no canto de minha boca e então se afastou.

-Biblioteca.

-Então vamos – falei um pouco mais calma e abri a porta atrás de nós, voltando para o corredor para então seguir o caminho que fazia antes.

-Você estava indo para lá também? – Perguntou vindo logo atrás de mim.

-É o que parece.

-Você anda muito debochada ultimamente, ruiva – ele me surpreendeu abraçando minha cintura por trás e me erguendo do chão.

-Mas que merda Styles – bati em seu braço, chacoalhando minhas pernas no ar – me solta – pedi e acabei rindo, ainda tentando me soltar. Joguei minha cabeça para trás, que encostou em seu ombro, e de canto de olho consegui ver ele rindo. Harry beijou minha bochecha e então me colocou de volta no chão – você só me faz passar vergonha – reclamei enquanto via uma garota passando por nós e olhando curiosa.

-Vamos logo, ruiva – riu mais uma vez e pegou meu pulso me levando em direção a biblioteca.

-Algo do curso para te trazer até aqui? – Sussurrei para ele, sentindo o bom cheiro dos livros quando entramos pelas portas de vidro. Passamos por senhora Harriet, a bibliotecária, e fomos direto para as grandes prateleiras.

-Não, eu preciso ler algo que não seja lei – assenti com a cabeça e o analisei por um curto período de tempo. Era evidente que Harry estava cansado, mas continuava irritantemente bonito.

Harry foi para a seção de livros de suspense, enquanto eu vagava pela seção escolar, procurando algo que poderia me ajudar a aprofundar em meus estudos. Arquitetura era minha paixão, e quanto mais conhecimento eu tivesse para ter uma carreira promissora, melhor. Sem contar que algumas provas estavam se aproximando.

-Você me parece muito concentrada para quem está apenas procurando um livro – ouvi o sussurro tão perto que podia sentir o hálito quente de Harry no meu pescoço. Me arrepiei, mas dei o meu máximo para permanecer controlada com a situação, pelo menos parecer controlada.

-Eu só estou procurando com atenção – respondi dando um passo para o lado, como se estivesse explorando outros cantos da estante cheia de livros que estavam na minha frente, mas na verdade estava apenas me afastando de Harry para conseguir manter a sanidade intacta – você não estava procurando algo em outra seção?

-Eu estava, mas eu pensei em outra coisa para me ajudar a relaxar, pelo menos por enquanto – eu continuava de costas para ele.

-O que? – Foi apenas o tempo de eu perguntar para sentir meu corpo sendo virado rapidamente e eu ser prensada contra a estante e o corpo de Harry. Ele estava a um dedo de distância quando me ofereceu aquele sorriso de lado, malicioso e molha calcinha.

-Você – soprou e quando abri a boca para responder algo, ele aproveitou e então sua língua quente já estava em minha boca, seu braço enlaçado em minha cintura me mantendo o mais próximo possível e eu já nem sabia mais o que estava fazendo. Já fazia três semanas que Harry e eu havíamos entrado no acordo de amizade colorida, e desde então estamos nessa de se agarrar pelos cantos, quando podemos, e nós dois aproveitamos da situação.

O lugar estaria extremamente silencioso se não fosse pelos barulhos de estalos que nossas bocas faziam, e isso dava apenas mais vontade de continuar com aquilo. Puxei os cachos de Harry com os dedos e capturei com minha boca o som satisfeito que saiu de sua garganta. Nos afastei assim que já estávamos sem folego.

-Mais relaxado? – Perguntei depois de uns segundos, nossos peitos subiam e desciam rapidamente denunciando a falta de folego. Harry assentiu e sorriu – alguém poderia ter visto, você está muito engraçadinho hoje, Styles – briguei e ele riu.

-Você nem tentou me afastar, e retribuiu afetuosamente, então não reclame – revirei os olhos, segurando um sorriso – vai dizer que não se torna divertido o fato da gente estar fazendo isso as escondidas, e não podemos deixar ninguém ver a gente nessa situação? – Mordi o lábio e tive que assentir, um tanto animada – e então, vamos se divertir mais ainda, amiga – destacou a última palavra e então me puxou para ele e um novo beijo intenso começou.

(...)

-Minha ruiva natural preferida, eu estava com saudades – ouvi Joe gritar no que entrei pela porta da agencia, todos olharam dele para mim e logo em seguida continuaram a fazer seus trabalhos, acostumados com cenas do tipo vindo do meu maquiador favorito. Ri e me movi em direção a ele.

-Olá, Joe – joguei minha bolsa e sentei na cadeira na frente de um grande espelho que me esperava.

-Não vai dizer que está com saudades de mim também? – Olhei para a silhueta atrás de mim através do reflexo do espelho e Joe me olhava com uma sobrancelha erguida enquanto batia um pincel de base na mão, impacientemente.

-Vi você ontem à tarde, coração.

-O tempo suficiente para ficar longe de mim – penteou meus cabelos para trás e eu ri.

-Cadê a Martha? – Perguntei e virei a cadeira giratória para ficar de frente para o meu amigo.

-Aqui – a morena chegou ao nosso lado e sorriu para nós.

-Martha, que saudades – cantarolei e vi Joe me fulminar com os olhos. Eu adorava irritar ele.

-Mas a gente se viu ontem – Martha disse confusa e eu apenas ri, enquanto Joe bufava.

-Esquece – apenas disse e então Joe me virou com força para ficar de frente para o espelho, apenas me fazendo rir mais alto.

-Vamos começar logo para não atrasar as fotos – disse mal-humorado, fazendo bico.

-Você sabe que eu não vivo sem você, não é – perguntei enquanto via eles ajeitarem tudo.

-Na verdade, sei sim – disse convencido e eu apenas balancei a cabeça em negação, divertidamente.

Eles começaram a fazer o trabalho deles em mim, enquanto Joe tagarelava sobre um assunto qualquer, e eu só ria fazendo alguns comentários. Percebi que Martha ria também, mas estava aérea, não de uma forma ruim.

-E meu futuro marido, como é que esta? – Joe perguntou depois de um tempo, concentrado na sua palheta de maquiagem, cheia de cores diferentes.

-Fala de Harry? – Assentiu.

-De quem mais seria?

-Pensei que você já tinha esquecido dele.

-Como se fosse fácil esquecer aquele pedaço de mal caminho – suspirou sonhador e eu sorri divertida, e tinha que concordar com ele.

-Harry está bem. – Disse simplesmente, ainda não estava certa se contava para eles o que estava rolando entre Harry e eu. Tinha medo que essa obsessão de Joe fosse de verdade e eu sem querer acabasse com a alegria dele. Meus pensamentos foram interrompidos quando ouvi um alguém suspirar, seguida de um cantarolado. Joe e eu paramos o que fazíamos e olhamos para Martha.

-Martha, aconteceu alguma coisa? – Perguntei cautelosa, olhando para trás, para tentar colocar a morena em foco.

-Não, não aconteceu nada – respondeu imediatamente, entregando eu tinha algo acontecendo sim.

-Claro que aconteceu, minha filha. Você está suspirando e cantando desde cedo. Desembucha, criatura – Joe, nada delicado, exigiu. Martha respirou fundo e olhou para os lados, se certificando eu não havia ninguém por perto.

-Tudo bem – se rendeu – Joe, essa é a hora que você vai juntar todo o seu alto controle e não vai demonstrar emoção nenhuma, não vai gritar e nem surtar, vai manter uma expressão natural – pediu.

-Para que alto controle? Eu sou o controle em pessoa – tive que rir porque ele falava como se acreditasse que ele realmente fosse uma pessoa calma.

-Prometa, Joe, ou então eu não conto.

-Tudo bem, tudo bem. Eu prometo – ergueu as mãos e então Martha se abaixou para ficar na mesma altura que eu, Joe repetiu seu gesto.

-Elliot me convidou para sair com ele e eu aceitei – falou finalmente e eu sorri, por finalmente as coisas entre eles estarem começando.

-Elliot? O nosso Elliot? – Joe perguntou apontando discretamente em direção ao fotografo. Martha assentiu tímida e foi em questão de segundos para eu pular e tampar a boca de Joe que já começava a gritar. Martha desesperada, colocou a sua mão por cima da minha, certificando que nenhum som sairia da boca de nosso amigo. Comecei a rir. Joe se debateu e quando tínhamos certeza que ele não gritaria mais, tiramos as mãos da boca dele.

-Como assim Elliot te chamou para sair? – Sussurrou/gritou incrédulo – vocês por acaso estavam de conversinhas e a senhorita nem para ter a decência de me contar? Desde quando você se interessa por Elliot Smith? – Seu tom era exigindo uma explicação. Martha deu de ombros, claramente incomodada.

-Ah, vai me dizer que justamente você nunca percebeu que Martha é afim do Elliot? – Perguntei incrédula e recebi um tapa da morena. Joe abriu a boca inconformado por nunca ter percebido.

-E como você não me conta uma coisa dessas? – Gritou e deu um tapa no braço de Martha, eu ri, mas não foi uma boa ideia, ele me deu um tapa no mesmo lugar onde Martha havia me batido um minuto atrás. Resmunguei esfregando o lugar que estava ardendo. De repente aquilo havia virado uma seção de tapas – você também deveria ter me contado – protestou.

-É algo dela, não podia ficar falando – me defendi.

-Não era algo que eu queria que todos ficassem sabendo – Martha disse e voltou a mexer no penteado simples que fazia em meu cabelo.

-E então porque você contou para essa ruiva?

-Hey, eu tenho nome – reclamei e ele fingiu que nem ouviu.

-Não é como se eu tivesse contado, ela apenas descobriu tudo – explicou e eu me divertia com a revolta de Joe por ter ficado sabendo de tudo apenas agora.

-Vocês são péssimas amigas – reclamou e apenas e nós duas apenas rimos.

(...)

Eu chegava em casa, louca para tirar meus sapatos e tomar um longo banho e descansar. Por algum motivo desconhecido, eu estava realmente cansada, parecia que um caminhão tinha passado por cima de mim.

Passei toda a tarde ouvindo Joe e Martha discutindo. Joe não deu sossego para nós, resmungando a todo o momento que éramos traidoras por não ter contado para ele sobre a paixão de Martha por Elliot. Tentamos fazer ele entender que Martha apenas queria manter segredo porque sempre foi muito tímida, mas não adiantou nada. Uma hora, pensei que a morena cairia morta de vergonha no chão, quando pensou que Elliot poderia ter ouvido um dos surtos de Joe, mas se ouviu, não demonstrou nada.

Tentava abrir a porta de casa, quando meu celular começou a tocar. Adentrei meu apartamento e me joguei no sofá – sim, finalmente o dinheiro de meu pai havia sido depositado e eu consegui comprar um ótimo sofá – e atendi a chamada sem mesmo olhar quem me ligava.

-Alo?

-Hey, Ju – franzi a testa enquanto tirava os meus sapatos com o próprio pé, sem saber se eu havia reconhecido mesmo a voz do outro lado da linha.

-Zayn?

-Eu mesmo – ouvi ele rir fraco e timidamente no outro lado, e eu estava confusa. Por que ele me ligaria? – Tudo bem?

-Estou legal – respondi e era possível identificar pela minha voz que eu estava, de certa forma, desconfortável – aconteceu alguma coisa?

-Não, não que eu saiba – disse simplesmente.

-Então, por que me ligou? – Sentei direito no sofá e fixei meu olhar na televisão desligada, enquanto esperava por sua resposta.

-O que foi? Eu sempre te ligava antes – riu.

-Sim, antes – dei ênfase a última palavra e ele suspirou.

-Liguei para saber se você não quer sair comigo, dar uma volta – sugeriu e eu não sabia se ficava surpresa, se o xingava ou se ria.

-Sair com você? Jura? – Não pude deixar de rir fraco.

-Estou falando sério, Ju. Qual é, vai ser legal – insistiu e eu fiquei em silencio.

Quando Zayn não era babaca, nós tínhamos bons momentos juntos e talvez, podia ser legal sair com ele novamente, eu sentia saudades, não só por alguém por quem fui apaixonada, mas também porque éramos amigos e tudo se perdeu.

Balancei a cabeça expulsando todos esses pensamentos, incrédula com o fato de eu ter quase dito ‘’sim’’ para ele. Eu estou indo tão bem superando o que ele fez comigo, não posso cair em tentação.

-Olha Zayn, eu estou cansada – disse e realmente era verdade. Ouvia a respiração dele, e esperava que falasse algo.

-Não é isso né? Você não quer sair comigo – concluiu.

-Eu realmente estou cansada, Zayn, mas eu também não quero sair com você, não confio mais – ele respirou profundamente, e se eu não o conhecesse, pensaria que estava chateado.

-Tudo bem – a voz sem emoção nenhuma – até mais, Ju.

-Até mais, Zayn – e então a chamada se encerrou, de repente. Foi uma ligação tão vazia, que me fez ver como tudo realmente tinha mudado. Nossas chamadas de antes, apesar de serem curtas, sempre eram divertidas e não tinha um peso entre nós

Me levantei e caminhei até meu quarto, arrancando a roupa de meu corpo e indo direto para o banheiro. Enquanto esperava a água que caía do chuveiro esquentar, tentava imaginar o que havia passado na cabeça de Zayn para me ligar e fazer aquele convite. Será que ele havia se arrependido? Será que queria tentar algo? Ou será que apenas queria brincar comigo de novo?

São tantas perguntas.

Superar Zayn foi uma tarefa difícil, mas que eu consegui. Ainda sinto raiva dele, mas aos poucos esse sentimento está passando, só não sei se consigo recuperar a confiança, mesmo sabendo o quão triste isso é. Por que ele tinha que ter feito tudo isso? Será que ele não percebeu que ia ferrar com tudo, não somente comigo? Havia o fato de que o clima entre nós não seria mais o mesmo, e que ia acabar afetando todos os nossos amigos. Eu sinto tanto por as coisas ter ido por esse caminho.

Eu ainda não havia conseguido perdoa-lo, talvez apenas conseguisse quando a magoa saísse por completo e a raiva também, mas eu estava trabalhando nisso e mesmo que indiretamente, e sem saber, meus amigos estava fazendo um ótimo trabalho me ajudando. Principalmente Harry.

Nós dois se aproximamos tão de repente que chega a ser engraçado, nos damos tão bem, a amizade é incrível, temos assunto o tempo todo, ele é sempre carinhoso e quando pode está me ajudando de alguma forma. E como bônus, agora estamos tendo esse lance meio enrolado.

No começo, eu tinha medo que pudesse estragar a amizade, mas aos poucos fui vendo que aquilo podia dar certo. Continuávamos sendo muito amigos, fazíamos palhaçadas juntos e havia companheirismo, o que mudava agora, era que de vez em quando as coisas esquentavam entre nós e nos divertíamos, com apenas o sentimento de carinho que um tinha pelo o outro, e eu gostava disso.

Oh, e como gosto.

Às vezes me pegava olhando atentamente para Harry e tentava achar algum defeito, que eu sei que ele tem, como qualquer outra pessoa, mas era difícil de encontrar. Ele é gentil, age como um verdadeiro cavalheiro, generoso e entre outras grandes qualidades, sem contar que é incrível e irritantemente lindo.

Styles conseguia me irritar com o fato de conseguir me deixar louca apenas com um olhar, ele sabia muito bem como transmitir as suas emoções com aquele mar de esmeraldas, era profundo e parecia que conseguiria ler a minha alma, ele sempre sabia o meu humor, sem mesmo eu abrir a boca para falar algo.

Terminei bem banho e fui para meu quarto decidida a assistir algum filme e me distrair de todos esses pensamentos, queria um tempo só comigo e mais ninguém, não queria ser levada para a vida real, apesar de estar boa, precisava de um tempo de descanso.