História For A Very Long Time - It just waits for my time (or my courage).

Ele estava decidido. Finalmente falaria com Jackson sobre tudo o que sentia durante todo esse tempo. Talvez não tão brevemente, pois queria deixar o período de provas da faculdade passar primeiro. Então assim, teria tempo para se preparar e praticar exatamente como e o que falaria.

Jaebum sempre foi muito cauteloso, e toda essa precaução só fez com que esperasse tempo demais para se declarar a Jackson.

Esperou até que tivesse certeza que não estava enganado quanto aos seus sentimentos; esperou até que tivesse coragem para se confessar; e agora, esperava pelo momento perfeito. Se seus amigos soubessem de toda essa história, diriam até que ele esperava pelo clima e temperatura perfeitos.

Precisava ter certeza de todas essas coisas, pois pensava que assim teria uma chance menor de fazer a coisa errada, de ser rejeitado, e é claro, era isso que dava a ele um pouco de confiança.

Os dois se conheceram no Ginásio. Naquela época, e como em outra época qualquer; Jaebum era uma criança muito focada nos estudos que não tinha muitos amigos. Enquanto as outras crianças brincavam durante o intervalo, ele ficava ora conversando com um dos únicos colegas que tinha ora lia um livro qualquer.

Jackson, entretanto, sempre fora muito extrovertido e amigável, e por isso geralmente estava cercado pelos colegas de turma. Porém, uma vez ele reparou no menino na sala de aula lendo enquanto todas as crianças brincavam lá fora. 

Perguntou-se o que o garoto fazia ali sozinho, trocando toda a diversão por um livro. E então lembrou de que nunca vira Jaebum com ninguém, concluindo que este não devia ter muitos amigos com quem passar o tempo.

Jackson então o chamou para brincar e o jovem Jaebum pensou que ele devia estar o confundindo com outra pessoa mesmo quando eles eram os únicos na sala. Mesmo desconfiado ele foi com Jackson e essa foi só uma das inúmeras vezes em que brincaram juntos.

Conforme o tempo passava mais Jackson incluía Jaebum nas brincadeiras e sem perceberem se tornaram amigos inseparáveis.

Jackson foi um dos primeiros e únicos amigos de Jaebum a frequentar sua casa. Não foi nessa época em que ele notou-se apaixonado pelo outro, mas acreditava que cada momento em que passou com Jackson contribuiu para o sentimento atual.

Mal dava pra acreditar que dali a duas ou três semanas Jackson saberia de tudo o que sentia. Se estes sentimentos seriam correspondidos ou não, essa já era outra história.

-X-

Acabara de chegar em seu apartamento quando viu no celular a mensagem de Jackson:

“Eu sei que está tarde e deve estar cansado, mas não durma.
 Estou indo aí, preciso da sua opinião sobre uma coisa”

Ele estava certo, Jaebum estava cansado e prestes a dormir.

Pensou que Jackson provavelmente iria lá para reclamar, seja de um professor que achava chato na faculdade, ou de uma pessoa conhecida que não respondeu ao seu “bom dia”, ou até mesmo de um sapato que comprou recentemente, mas que agora está desconfortável e não devia ter comprado; tudo o que Jackson fazia ultimamente quando ia à casa de Jaebum era reclamar de algo ou alguém.

Jaebum não se importava em ouvi-lo reclamar, até porque eles não se viam com tanta frequência como antigamente e ele só precisava concordar com tudo o que o outro dizia e assim eles não discutiam.

Ele já cochilava no sofá quando finalmente ouviu Jackson bater à porta.  Destrancou-a e abriu-a e o outro entrou. Eram amigos não havia motivo para formalidades.

– Oi. – Disse entrando pela porta e a fechando.

– Oi – Jaebum disse indo de volta para o sofá.

Jackson ficou parado ofegante no meio da sala enquanto Jaebum o observava.

– Posso pegar um copo d’água? – perguntou, o outro balançou a cabeça positivamente.

Foi até a cozinha e quando voltou sentou-se ao lado de Jaebum.

– Cara, você leva essa coisa de estudo para outro nível – disse ao reparar na pilha de livros na mesa de centro na frente deles, fazendo Jaebum rir.

– Isso é como as pessoas normais estudam.

– Não, isso é como você estuda.

– Tanto faz. Diga logo o que você veio me dizer, porque eu quero dormir.

– Uau Jaebum! Quanta sensibilidade! É esse o tipo de consideração que você tem por mim? Eu vim do outro lado da cidade para te dizer algo super sério e...

– Ok, ok... Apenas diga.

– Hmm... Como eu poso te dizer isso? Quero dizer... – Jackson enrolava.

– É tão sério assim? – perguntou notando a apreensão do outro.

– Não é tão sério. Eu queria mais era saber sua opinião sobre essa coisa.

– Que coisa?

– Como é que eu vou te dizer isso? É estranho... Mas eu queria que você me dissesse o que eu deveria fazer em relação a isso.

– Você se meteu em problemas?

– Meu Deus, por que você acha que tudo o que acontece é porque eu fiz algo de ruim?! – Jackson falou exaltado, ele se irritava facilmente. – Só porque eu vim aqui te pedir um conselho não quer dizer que eu tenha feito algo ruim.

– Ok Jackson, então para de enrolar e diz logo que grande coisa é essa da qual você precisa de um conselho.

 Jaebum começava a ficar sem paciência para tanta enrolação. Apostava consigo que aquela era mais uma das preocupações sem fundamento de Jackson, como: se seu corte cabelo era legal o suficiente, ou se estava magro o suficiente e até mesmo se era bonito o suficiente. Coisas estas que Jaebum tinha certeza de que Jackson não precisava se preocupar porque era sim suficiente.

– É sobre o Mark. – falou mais calmo dessa vez. Mark era um de seus amigos da faculdade.

Jaebum e ele haviam ido para Universidades distintas e Jackson fizera novas amizades, Mark era um deles.

– Mark se meteu em problemas? – perguntou fazendo Jackson revirar os olhos.

– Quando você vai entender que ninguém se meteu em problemas!? – disse voltando a se irritar.

– Então o que aconteceu com Mark? - Jaebum perguntou preocupado.

– Ele... Ele... – Hesitava. Não sabia como falar algo que o deixava bastante constrangido.

–Ele o quê?

– Ele disse que gosta de mim – falou de uma vez.

– O quê? Ele gosta de você? Como assim? – perguntou sem entender direito.

– Sim. Ele meio que se confessou para mim. Disse que apesar de sermos amigos, ele acha que gosta de mim mais do que isso, e que talvez sempre tenha gostado, mas que não queria estragar nossa amizade. Porém, agora ele quer saber se eu sinto o mesmo, e se eu quisesse, a gente poderia tentar algo a mais. Eu não soube o que dizer. Ele é meu amigo eu nunca pensei sobre ele dessa forma.

 “Ele é meu amigo eu nunca pensei sobre ele dessa forma.” – Jaebum se perguntava se era desse mesmo jeito que Jackson o enxergava, como um amigo e nada mais.

– Eu também fiquei chocado – disse ao observar Jaebum boquiaberto e sem reação.

– Você gosta dele? – perguntou com medo da resposta.

– Eu não sei; como eu disse, ele é meu amigo, eu gosto dele como amigo eu acho. – A expressão de Jaebum mudou subitamente. Jackson não disse gostar de Mark, mas também não negou querer se envolver como ele. – Eu falei para ele que lhe daria uma resposta depois, o que você acha que eu deveria dizer? – Disse olhando fixamente para o outro de forma esperançosa como se ele tivesse todas as respostas certas para resolver todos os seus problemas.

Jaebum odiava ter que ser essa pessoa, justamente a pessoa que ajudava Jackson a lidar com seus conflitos amorosos, quando ele é quem devia ter se confessado a muito tempo. Talvez se ele tivesse feito isso não estaria acontecendo.

– Eu não sei. O que quer fazer? – perguntou sério.

– É por isso que eu vim aqui, eu queria que me ajudasse, a saber.

– Desculpa, mas eu não posso te ajudar. Se você quer tentar sei lá o que é que seja com Mark, então vá e diga: “Ah, ok, vamos tentar, eu também gosto de você” – Jaebum tentava manter o controle do que sentia: algo entre raiva e uma completa decepção consigo mesmo. Entretanto, sua voz pareceu mais alta do que o normal.

– Mas eu não disse que gosto dele.

– Bem, e você espera que eu saiba o que você sente!? Se você veio aqui para eu descobrir o que sente, então nem deveria ter vindo! – falou soando mais rude dessa vez.

– Eu não... – Jackson começou a frase, porém não continuou – Eu só pensei que... pudesse me ajudar – disse chateado com o jeito do amigo, pegando suas coisas para ir embora porque sabia que se continuasse ali por mais tempo os dois acabariam discutindo.

- Bem, eu não posso.

- Tudo bem, eu realmente nem sei para que eu vim – disse e saiu pela porta sem ao menos olhar para o outro.

Jaebum não sabia descrever a raiva que sentia. Mordia os lábios fortemente para que não socasse ou quebrasse alguma coisa da casa.

Sentia-se tão idiota por nunca dizer o que realmente queria dizer. Devia ter dito como se sentia em relação a Jackson e que este não deveria ficar com Mark de forma alguma porque era ele a pessoa sobre a qual Jackson deveria se questionar querer estar envolvido em algo a mais que a amizade. Entretanto, sempre que Jaebum se tocava do que poderia ter dito ou feito já parecia ser tarde demais.