História For all stars, remember-me - Keauren - Capítulo 6

P.O.V Keana

Estava distraída em meus pensamentos, após meu avô sair dali, buscando uma forma de tentar me comunicar com Lauren novamente, e percebo que o mesmo havia esquecido seu óculos. Velhinho teimoso, agora entendo da onde meu pai puxou essa teimosia toda. Sorrio com meus pensamentos e escuto um barulho de galho quebrando logo atrás de mim, concluindo ser meu avô. Pego o óculos do chão e me levanto.

Veio buscar seus óculos, vovô? Eu disse para não deixar ele no chão, que poderia... –me viro para a pessoa e percebo que não era meu avô e sim Lauren, o que me fez ficar um pouco assustada- La-Lauren? –engulo a seco gaguejando

Oi –ela diz coçando a nuca enquanto encara o chão- eu preciso saber o que aconteceu naquele dia... –a mesma diz seria e levanta seu olhar de encontro ao meu

Naquele momento eu não sabia o que fazer, não sabia o que falar e muito menos como reagir. Lauren, Lauren Jauregui, uma das garotas mais orgulhosas que conheci, veio até aqui e estava parada na minha frente querendo me escutar, após eu ter sido uma completa idiota.

Se você puder me falar ao invés de ficar parada parecendo que viu um fantasma eu agradeço –ela diz e reparo que seu semblante agora era o mesmo de quando ela ficava impaciente- não me diga que estou correndo risco de ser morta pela Camila, para vir aqui e não descobrir nada –ela diz cruzando seus braços a altura dos seios.

Oh, claro, sente-se por favor –sorrio fraco sem mostrar os dentes e me assento no balanço em que estava- eu não sei bem como te contar isso, não estava preparada –vejo a mesma se assentar ao balanço do meu lado- mas vou ser bem sincera do fundo do meu coração e espero de verdade que acredite em mim.

Tudo bem, vou fazer o possível para acreditar, mas por favor não me enrole –ela levanta seu olhar e mantem o mesmo fixo em mim esperando que eu continue.

Então –respiro fundo tomando toda coragem possível e começo a contar a história toda daquele dia- você se lembra do Bruno, meu amigo, não é? Naquela manhã eu havia ido à casa dele, pois a mãe dele havia me ligado desesperada...

FLASHBACK ON

Acordei com o barulho irritante do toque do meu celular. Abro os olhos com dificuldade, pois ainda estava com muito sono. Olho para o relógio em cima da cômoda e vejo que marcava 11 horas da manhã. Nossa, eu dormi muito. Respiro fundo me espreguiçando e pego meu celular atendendo o mesmo.

-Alô? –atendo sem ver a tela enquanto coçava meus olhos

-Alô, Keana? –Faço um som nasal afirmando rapidamente- Aqui é a mãe do Bruno, me desculpa estar te ligando assim, mas é que desde ontem à noite ele saiu e não voltou até agora, por acaso tem alguma notícia dele? –percebo pela voz que ela estava um tanto desesperda e preocupada.

-Me desculpe senhora, eu não faço ideia –mordo o lábio em nervosismo começando a me preocupar- mas vou procurar saber dele e, qualquer coisa, eu entro em contato com você, nós vamos achar ele –digo tentando passar confiança a ela- ele avisou para onde estava indo?

-Tudo bem querida, obrigada –ela diz e percebo que sua voz estava ficando embargada- não, ele apenas disse que ia a uma festa do colégio na casa de uma amiga.

-Então vou procurar saber com os outros do colégio se alguém tem notícias dele –digo tentando não transparecer meu nervosismo, eu sabia onde ele estava- e qualquer coisa, me liga de novo, tchau senhora Fonsi.

-Obrigada querida, qualquer coisa entro em contato, tchau.

Após desligar a chamada fui direto para o banho. Ao sair vesti uma calça jeans escura colada ao corpo e um cropped rosa claro com a frase “I hate humans” escrita em preto. Peguei meu celular e minha bolsa logo descendo as escadas, indo para o lado de fora da casa.

-Aonde vai filha? O almoço já vai sair- minha mãe para na porta de casa me olhando com o pano de prato no ombro.

-Não posso explicar agora mamãe, mas assim que voltar terei uma boa desculpa – vou até a mesma depositando um beijo em sua bochecha- não me espere para o almoço.

Vejo o rosto insatisfeito de minha mãe enquanto vou até minha bicicleta e monto em cima da mesma saindo dali, indo em direção a casa de Giovana. Não podia crer que ele havia se envolvido em uma festa dessa garota novamente. Pedalo o mais rápido que posso e ao chegar na casa da garota, desço da bicicleta, deixando a mesma encostada na cerca. Enquanto passava no caminho de frente da casa reparei em como estava um lixo aquele lugar. Copos por todos os lados, garrafas de bebidas quebradas, cigarros no gramado, roupas espalhadas e pessoas desmaiadas. Desvio desses “obstáculos” e empurro a porta entreaberta, entrando na casa. Por dentro não estava muito diferente de por fora, talvez até pior esteja. Olho em volta procurando por Bruno e me assusto ao escutar uma voz.

-Eu não me lembro de você aqui ontem, gatinha –Giovana se pronuncia descendo as escadas apenas de calcinha e sutiã. –o que veio fazer aqui agora? –ela passa em minha frente indo até a cozinha.

-Não me chama de gatinha, eu tenho namorada –digo irritada a seguindo até a cozinha- Onde está Bruno? –pergunto seria cruzando meus braços.

-Uh, a gatinha é leoa? Relaxa querida –ela ri e vai até a bancada pegando um pedaço de pizza, mordendo o mesmo- Não sei se ele está vivo no momento – diz seria assentando em um banco-

-Como não sabe se ele está vivo? Ele não está aqui? Eu sei que ele veio para cá ontem –digo entredentes segurando para não voar em cima daquela menina e bater nela ali mesmo.

-Ele veio para cá ontem, mas alguns garotos o levaram daqui para um lugarzinho privado –diz dando de ombros e me encara oferecendo pizza- ele não tem cumprido a parte dele do negócio.

-Negocio? –a olho confusa negando o pedaço de pizza- para onde o levaram?

- Calma gracinha –ela levanta limpando as mãos em um pano e se aproxima de mim rindo- vejo que ele não contou para a melhor amiga o que anda comprando nas minhas mãos –ao dizer isso ela tira um pacotinho de dentro do sutiã- parece que alguém não anda muito feliz e precisou de uma verdinha.

-O que? O Bruno não usaria isso, ele não meche com essas coisas –digo já exaltada e na mesma hora a mesma recebe uma mensagem-

-Não acredita? Olha aqui –pega o celular na bancada e me mostra o vídeo que havia acabado de chegar.

Bruno estava amarrado em uma cadeira e dopado ao meu ver. Dois homens estavam atrás dele e o que filmava mandava ele pedir por misericórdia para os pais. E ele? Ele apenas chorava pedindo desculpas para o pai e a mãe. Um dos homens deu um tapa na cara dele o xingando por não ter pago, provavelmente falando das tais drogas. Bruno implorava para não fazerem nada e a todo momento dizia que ia arrumar o dinheiro, que apenas precisava de tempo. Algumas lagrimas já escorriam pelo meu rosto. Devolvi o celular para ela.

-Não peçam resgate aos pais dele, eles já estão com problemas de mais –digo tentando segurar o choro- me diz o que você quer para soltar ele.

-Só tem uma forma de soltar ele agora, dar o dinheiro que falta –ela diz se aproximando de mim- dois mil e trezentos reais para hoje ou eu envio o pedido de resgate.

-Isso é impossível, por favor, qualquer outra coisa –digo implorando e a mesma parecia pensar- quem é sua namorada?

-Para que quer saber? Ela não tem nada haver com isso, deixa ela em paz –digo me irritando novamente- não meche com ela.

-Você quer salvar seu amigo ou não? –ela ri divertida e sacana- me fala quem é, talvez eu possa achar outra maneira, não vou encostar nela, pode ficar tranquila.

-´Não vou falar –digo seria e cruzo meus braços- não vai envolver ela nisso, não confio em você.

-Você parece gostar mesmo dela não, gatinha? –ela se aproxima colocando a mão em meu queixo e na mesma hora me afasto- quer salvar seu amigo? Chifre sua namorada e comigo. Quem é mais importante? Ele ou ela?

No mesmo momento eu entro em choque. Ela não podia estar fazendo isso. Eu nunca trairia Lauren. Mas se não fosse isso, Bruno provavelmente morreria, sei que a família dele não tem todo esse dinheiro. Ou é trais a Lauren ou é a morte do Bruno. Droga. É uma vida. Mas é o amor da minha vida. Pensa Keana, pensa. Se eu salvasse Bruno poderia me explicar para a Lauren depois. Talvez ela me odeie, mas quando descobrir tenho certeza que será compreensiva.

-O que quer? Que eu mande uma foto para ela te beijando? -pergunto seria.

-Boa escolha gatinha –ela morde o lábio inferior e já estava me deixando com náuseas- não, quero que ela veja pessoalmente, para me conhecer.

-Diz logo o que você quer e solta meu amigo –digo exaltada.

-Mande uma mensagem para ela e pede para te encontrar na pracinha aqui em frente –ela diz indo vestir suas roupas- quando ela chegar lá você estará me beijando, vamos ver como ela vai reagir.

-Filha da puta –digo ao ver que ela já havia saído dali- que droga –as lagrimas começaram a se formar e descer pela maça do meu rosto enquanto mandava a mensagem.

Alguns minutos depois Giovana desce as escadas devidamente vestida. Saio da casa da garota e sigo com a mesma até a praça ali em frente. Ela para de andar e fica mexendo no celular, enquanto eu faço o mesmo mas encostada em uma arvore.

-Ela chegou –digo olhando o carro da mãe de Lauren estacionar.

-Não diga nada, ou seu amigo morre agora mesmo –ela diz seria caminhando até mim- e eu acho que bom que esse beijo pareça bem real, então corresponda.

Giovana para em minha frente e começa a me beijar, eu apenas deixei ela fazer o que queria, estava com medo de mais para falar ou fazer qualquer coisa, além de corresponder. Poucos segundos depois escuto a voz de Lauren.

- Keana? –ela me chama com sua voz embargada.

Me solto da garota e a olho, seus olhos cheios de lagrimas e ela estava estática. Depois disso abaixei minha cabeça. Eu estava com vergonhada e me sentia a pior pessoa do mundo por fazer isso com ela. Eu havia acabado de mandar meu relacionamento com a pessoa que eu amo por agua a baixo. Saio dos meus pensamentos apenas escutando a conversa enquanto segurava as lagrimas que insistiam em rolar pelo meu rosto. Se eu o levantasse e olhasse para ela, para Lauren, meu mundo desabaria e o Bruno morreria naquele momento.

FLASHBACK OFF

-E foi isso –digo permitindo que algumas lagrimas escorressem- olha, eu sei que podia ter procurado outra maneira de resolver a situação, mas eu estava desesperada no momento e não consegui pensar direito –escondo meu rosto entre minhas mãos me permitindo chorar.

Eu estava com vergonha de mim mesma. As coisas poderiam ter sido diferentes. Eu poderia estar com Lauren até hoje. Poderíamos estar felizes. Naquele momento eu me sentia um pouco melhor por ter conseguido me explicar, mas ainda estava arrasada. Aproveitei para falar mais algumas coisas.

-Lauren, eu sei que te machuquei muito naquele dia. Mas quero que saiba que também decepcionei a mim mesma. E sabe, pode até ter sido bom isso ter acontecido. Você merecia alguém melhor que eu. Alguém que te fizesse feliz, que não causasse confusões na sua vida, que te completasse, que não brigassem tanto... Enfim eu fui uma completa idiota –respiro fundo controlando o choro e me levanto do balanço a olhando- se não me perdoar eu vou entender, eu não me perdoei até hoje, mas obrigada por me escutar –me viro e começo a caminhar para dentro de casa.

-Keana, espera –Lauren se levanta e segura minha mão, mesmo de costas- posso falar agora? Acho que mereço me expressar também e contar algumas coisas.