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História For The Love Of a Daughter - It's Not Too Late


Escrita por: mclaraaaaaaaa

Notas do Autor


Nome do capitulo: Não é tarde demais.

Manaaaaassss!!!!!!! A semana acabou, infelizmente! Agora só vou postar depois do dia 25/10, por favor, não me abandonem. Tomara que dê tempo de quem tá atrasado ler tudo bem direitinho, né?!
Ontem me perguntaram nos comentários se a Eleanor sabe que a Ravena tá viva: ela não sabe. Quando estava caindo do telhado, imaginou uma vida '''perfeita''', onde ela conheceria a mãe dela, e todas essas coisas.
Só isso mesmo <3
Até o próximo!

Espero que gostem.

Capítulo 36 - It's Not Too Late


- Você está bem? – Ravena perguntou, puxando Eleanor para um abraço. Depois de lançar o feitiço, saiu correndo do telhado e foi para a praia, na intenção de ajudá-la. – Está tudo bem?

- Sim, eu estou bem – Eleanor respondeu cansada. Ela se jogou na areia de qualquer jeito e respirou fundo. – Pensei que eu fosse morrer... Por um segundo, juro que me vi arrebentada naquela pedra.

- O que você tem na cabeça, menina? Será que você tem noção do que fez? Puta que pariu, você podia ter morrido!

- Rachel... Você está bem? Parece que você vai desmaiar a qualquer momento...

- Eleanor, nunca mais faça isso, você está me entendendo? – ela perguntou com a mão no peito e os olhos marejados. – Eu quase morri do coração! Tem noção do que o seu pai faria comigo se você tivesse se machucado? Nunca mais faça isso! Se eu tivesse te perdido...

Eleanor encarou as próprias mãos, envergonhada e deu de ombros.

- O que vocês duas estão fazendo aqui fora com esse frio? – Cyborg perguntou animado. Ele e os outros Titãs tinham acabado de chegar da missão, e as olhavam curiosos.

- Rachel, você está bem? – Mutano perguntou preocupado. – Está tão branca que parece que viu um fantasma.

- Antes tivesse sido um fantasma – ela sussurrou, sentando-se na areia. Suas pernas estavam bambas e seu coração acelerado. – A Eleanor... Pulou do telhado... – Mutano arregalou os olhos assustado. – Eu pensei que ela fosse morrer – Ravena chorou, deixando os outros chocados. – Pensei que fosse se espatifar naquelas pedras... – ela escondeu o rosto entre as mãos e chorou baixinho.

- VOCÊ FEZ O QUE? – o metamorfo gritou desesperado. Eleanor se encolheu e não respondeu. – POR QUÊ?

- O tio Dick disse que eu só aprenderia a voar na prática, então resolvi tentar.

- PULANDO DO TELHADO?

- Pai... Eu pensei que em uma situação de desespero, meus poderes funcionariam direito...

Mutano passou as mãos pelo cabelo nervoso e balançou a cabeça negativamente.

- Você podia ter morrido – ele sussurrou. – Podia...

- Mas eu não morri, papai. Eu estou bem! Quando estava quase batendo nas pedras, senti alguma coisa me puxando para cima, amortecendo a queda. Não se preocupe. Meus poderes funcionaram.

Ravena suspirou alto e não levantou o olhar para encará-los. Ninguém podia saber que ela tinha usado seus poderes. Ninguém.

- Ainda não sei como a Rachel descobriu que eu estava caindo... – Eleanor falou, olhando para a mulher. – Ela só chegou aqui embaixo correndo desesperada, e...

- Eu escutei seus gritos – Ravena mentiu. – Quando olhei pela janela, você estava despencando.

Os Titãs se entreolharam, desconfiados.

- Els, quando eu disse que você aprenderia a prática... Não foi isso que eu quis dizer. – Asa Noturna a abraçou. – Pelo menos não desse jeito. Vai levar tempo para que você aprenda a voar. É normal.

- Nunca mais faça isso, menina – Cyborg pediu desesperado. – O que nós faríamos se tivéssemos te perdido?

- Você está bem mesmo? – Estelar perguntou, abraçando-a com força. – Se quiser posso te fazer uma massagem típica do meu planeta, e...

- Não precisa, tia – Eleanor riu e olhou para o pai. – Você está muito bravo?

- Não... Eu só estou... Esquece. – Mutano deu de ombros e a abraçou com força. – Nunca mais faça isso comigo, ok? – Eleanor concordou com a cabeça e chorou. – Eu não suportaria te perder. Você é a minha vida, Eleanor. Por favor... Nunca mais...

- Eu prometo que não vou mais fazer isso, papai.

- Tudo bem... O que vocês acham de irmos tomar um sorvete? – Cyborg perguntou animado para quebrar o momento de tensão.

- Eu adoraria. – Estelar sorriu e pegou a mão de Asa Noturna. – Vamos, amor?

- Claro. – ele sorriu. – Garfield, Rachel... Vocês tem um compromisso no orfanato da cidade ás 13h. Não se atrasem, por favor.

Os dois concordaram com a cabeça, evitando ao máximo se olhar.

- Vai com eles – Mutano sussurrou, soltando Eleanor. Ela concordou e secou as lágrimas. – Te vejo mais tarde.

- Eu te amo, pai.

- Eu também te amo.

Mutano observou Eleanor entrar na Torre e suspirou quando ela sumiu do seu campo de visão. Ele olhou para Ravena e sentou-se ao lado dela, encarando o mar.

- Foi você, não foi? – ele perguntou sem a olhar.

- O quê? – ela devolveu a pergunta, secando as lágrimas.

- Foi você quem a salvou. Eu sei que ela não fez isso sozinha, Rachel.

- Eu não fiz nada. Só a vi caindo e vim correndo para cá.

- Não precisa mentir, Rae – Mutano riu, passando o braço pelo ombro dela. – Se você quer que ela pense que se salvou sozinha, por mim tudo bem. Mas você não me engana.

- Eu não fiz nada, Garfield! – Ravena sibilou. – Pare de inventar teorias porque você está completamente errado!

- Sério? Então por que você está tão desesperada e desconsertada com o quê aconteceu?

- Estou assustada! Assustada como qualquer mãe ficaria!

- Como qualquer mãe?

- Esquece o que eu disse. Esquece o que aconteceu, ok? Ela se salvou sozinha. Não tive nada a ver com isso. Já te disse que não vou usar os meus poderes outra vez. Nunca.

Ravena se levantou e começou a voltar para dentro da Torre.

- Vou me arrumar para ir ao orfanato. – ela avisou com a voz embargada. – Você deveria fazer o mesmo.

Ele suspirou impaciente e voltou sua atenção para o mar.

- É... Parece que ela não é tão insensível como eu imaginei...

 

Algum tempo depois, Mutano entrou no orfanato de Jump City sendo seguido de perto por Ravena.

Ele podia sentir o nervosismo dela de longe e não sabia se era por medo de ser reconhecida pelos funcionários do lugar ou por conta do que tinha acontecido mais cedo. Algumas crianças o cumprimentaram de longe, sem deixar de olhar para a mulher de cabelos roxos.

Ela se mexeu desconfortável e passou as mãos pela calça jeans de cintura alta que usava. Sua blusa era cinza e básica e um cinto fino marrom a prendia dentro da calça, deixando-a mais afofada. E por cima, um casaco preto. A roupa era simples comparada às outras que ele já tinha a visto usar.

- Você nunca vai parar de usar esse par de AllStar? – Mutano sussurrou, olhando para os pés de Ravena. – Ele está tão velho que eu tenho a impressão de que você ficará descalça num piscar de olhos.

- Não enche – ela rebateu impaciente. Seus olhos passaram pelo corpo dele, fazendo-a arquear uma sobrancelha. Ele usava uma calça jeans escura e uma camiseta azul lisa de manga comprida, além de um par também surrado de AllStar. – Parece que você não está podendo falar de mim. – Ravena apontou para os pés dele.

- Eu não sou um estilista famoso. – ele provocou, deixando-a parada no meio do orfanato enquanto ia conversar com alguns funcionários. – Jane!

- Garfield! – uma mulher loira o cumprimentou. Ela aparentava ter seus 25 anos de idade e tinha olhos azuis tão claros quanto o céu. – Finalmente você voltou!

Mutano riu e a abraçou, tirando-a do chão.

- Eu sou um homem ocupado, você sabe.

- Sei. Nunca vou me esquecer de quando nós saímos e você me deixou plantada na pizzaria porque tinha um vilão atacando a companhia de energia elétrica da cidade!

- Por favor, J – o metamorfo começou a falar. – Não vamos nos lembrar daquele encontro desastroso quando nós podemos nos lembrar de outros. – ele piscou para ela.

- Gar! – Jane riu. Duas de suas colegas de trabalho a olhavam com curiosidade, assim como Ravena. – Desse jeito todo mundo aqui vai pensar que nós temos um caso!

- Nosso segredo está bem guardado. – ele brincou. – Não se preocupem meninas. Eu saí com a Jane algumas vezes porque ela precisava da minha ajuda para se livrar do namorado ciumento. E sim, a Tara sabe de toda essa história.

Ravena revirou os olhos e Jane riu baixinho.

- Por falar na Tara... Como ela está?

- Ótima. Ela foi para Paris fazer um curso sobre moda ou algo do tipo.

- Mande um beijo para ela e fale que eu estou com saudade.

- Pode deixar. – Mutano disse. – Agora vamos falar sério... Onde estão as crianças que ficarão por nossa conta hoje? – ele apontou para si mesmo e para Ravena.

Jane assentiu com a cabeça e pegou uma prancheta com uma de suas colegas.

- Vocês podem ir para o pátio principal – ela informou. – As crianças já estão a caminho.

- São quantas crianças? – Ravena perguntou, chamando a atenção de Jane pela primeira vez.

- 23. São todas as que estão morando aqui no orfanato no momento.

- E a idade?

- Elas têm de 3 a 8 anos. – Jane falou. – Crianças com mais de nove anos ficam com as assistentes sociais em outro lugar... A adoção delas é muito difícil de acontecer porque todo mundo quer crianças pequenas.

A empata concordou com a cabeça e se sentiu triste por um momento.

- Desculpe a minha falta de educação, mas quem é você? – Jane perguntou.

- Rachel Roth – Ravena respondeu. – Trabalho na Fearless.

- Sério? – a loira arregalou os olhos, animada. – Isso é incrível. A doação de roupas que a dona da empresa vai fazer é muito significativa para o orfanato. Nós não temos tantos recursos para comprar roupas boas para todas as crianças... A maioria é usada.

- Entendo. A minha assis... Colega de trabalho já deve estar chegando com as roupas. O nome dela é Emma, se você puder informá-la sobre o lugar onde nós vamos estar... Eu ficaria agradecida.

Jane sorriu e colocou a mão no ombro direito de Ravena.

- Claro, eu aviso.

Mutano pigarreou e elas o encararam.

- Vamos, Rae? – ele perguntou, usando o apelido de propósito.

- Claro, Gar. – ela respondeu, sem tirar os olhos dos dele. – Obrigada Jane.

Ravena andou ao lado de Mutano durante todo o caminho até o pátio principal. Seus olhos prestaram atenção em cada detalhe do orfanato e ela tinha certeza de que guardara a ordem de todos os desenhos infantis colados nas paredes. Algumas crianças definitivamente tinham talento para desenhar, dando vida aos rabiscos.

- Boa tarde! Eu sou Harriet e vou ajudá-los hoje. – uma mulher de cabelos grisalhos e óculos redondos, disse. – Você deve ser a Rachel... E você é o nosso querido Garfield!

- Oi Harriet – ele cumprimentou feliz. – Sim, essa é a Rachel e ela trabalha na Fearless.

- Ah! Estamos muito agradecidos pela doação de roupas... As crianças ficarão realizadas!

- Eu fico feliz por poder ajudar. – Ravena respondeu, olhando para as crianças.

Harriet sorriu e umedeceu os lábios com a língua.

- Vocês vão querer trabalhar juntos ou separados?

- Separados. – os dois disseram ao mesmo tempo.

A mulher olhou para os dois e deu um sorriso divertido.

- Vou deixá-los juntos... – ela avisou. – Temos 22 crianças hoje. A pequena Noah foi adotada ontem por um casal de Boston, não é ótimo? – os dois concordaram com a cabeça. – Podem começar. Temos tinta para pintura facial, giz de cera, lápis de cor e muitos livros de contos de fada.

- Ahn... Tudo bem... – Mutano falou, passando a mão pelo cabelo. – Obrigado Harriet.

Ravena observou a mulher se afastar e voltou sua atenção para as crianças. Todas os olhavam com curiosidade, até mesmo as mais pequeninas.

- Eu sou o tio Gar e essa é a tia Rae – o metamorfo disse sorrindo. – O que vocês querem fazer hoje?

As vinte e duas crianças começaram a falar juntas, levantando tintas, papéis e mostrando os lápis de cor.

- Acho melhor nós dividirmos esses pirralhos em grupos. – Ravena sugeriu impaciente. Suas pernas ainda estavam bambas e ela só queria voltar para Torre. – Você fica com as de 3 a 5 anos e eu com as de 6 a 8. Pode ser?

- Pode – Mutano concordou. – Mas eles não são pirralhos, Rachel. São crianças e eu vou ficar de olho em você. É bom tratá-los direito porque hoje eu não estou para brincadeiras.

Após algum tempo cuidando do seu grupo de crianças, Mutano as entregou para Ravena e foi tomar um café. A animação das crianças parecia ser infinita e ele já estava ficando cansado. Encostou-se na parede do pátio e observou-a cuidando das crianças.

Ela estava com uma menininha de no máximo seis anos no colo e as outras formavam uma roda ao seu redor, ouvindo com atenção a história que ela contava. Sua voz era o único barulho no pátio e nenhuma criança parecia estar entediada ou incomodada com a calmaria.

- Há muito tempo atrás, em uma galáxia muito, muito distante, vivia um jovem menino chamado Luke Skywalker – Ravena começou a contar. – Ele morava com seus tios em um planeta quente e pobre chamado Tatooine. Um dia, o tio de Luke comprou dois droids para ajudá-lo em seu trabalho e pediu para o sobrinho limpá-los e programá-los... – as crianças a olhavam com os olhos brilhando e não piscavam por um segundo sequer. – Luke descobriu que os droids pertenciam a uma princesa que estava em apuros! Disposto a salvar a princesa Leia, ele saiu em uma aventura com os dois droids, Obi-Wan Kenobi e mais tarde, Han Solo e Chewbacca, os pilotos da Millennium Falcon, a melhor nave espacial de todas!

Mutano abriu um sorriso torto ao perceber a empolgação de Ravena para contar a história tão conhecida por ele. O tempo podia ter passado, mas o amor dela por Star Wars continuava o mesmo.

Ele sentiu um calor confortável no peito quando se lembrou de que ela tinha assistido aos filmes pela primeira vez com ele.

- Então, Darth Vader lutou com Luke Skywalker de uma forma épica. O barulho dos sabres de luz ecoava pela nave e eles sabiam que só um seria o vencedor. – Ravena continuou contando. – Quando Luke já estava encurralado, Darth Vader lhe disse uma coisa que mudaria sua vida para sempre!

- O que ele disse, tia Rae? – um menininho perguntou curioso.

- Você quer saber o que ele disse, Thomas? – ela perguntou com uma sobrancelha arqueada. O menininho assentiu com a cabeça. – Ele disse “eu sou seu pai”! – ela fez uma voz grossa e imitou o vilão.

As crianças assumiram uma expressão chocada e Mutano riu com a reação delas.

- Quer um babador? – ele escutou alguém perguntar. Seus olhos pararam na mulher baixinha de cabelos castanhos e olhos cor de mel que estava parada ao seu lado. Ela usava um vestido preto que batia um pouco acima de seus joelhos e saltos da mesma cor. – Que foi? Eu não estou brincando, tem mesmo um pouco de baba escorrendo pelo canto da sua boca.

- Quem é você? – Mutano perguntou, saindo do transe.

- Emma Mitchell. Assistente da Rachel.

- Você é a Emma?

- Até onde eu sei, sim. – ela brincou. – Estava esperando por uma alguém com uma verruga cabeluda ou algo do tipo?

- Estava esperando por uma pessoa... Mais alta.

- Olha aqui, você é verde e nem por isso eu estou jogando na sua cara.

Mutano levantou as mãos como se pedisse desculpa e voltou sua atenção para Ravena.

- Já estou vendo que você vai babar outra vez. – Emma debochou.

- Eu não estava babando.

- Estava quase lá, mas não tem problema. Eu te entendo.

- Entende? – ele perguntou confuso.

- Claro – ela respondeu. – Nós estamos falando de Rachel Roth! É impossível olhar para essa mulher sem ficar admirado. Ela é linda! – Emma percebeu que ele a olhava de um jeito engraçado e riu baixinho. – E não. Eu não sou lésbica. Só estou falando o que meus olhos enxergam. E eu sei que você concorda comigo.

O metamorfo deu de ombros e riu junto com ela.

- Então – Emma voltou a falar. – Aposto que ela está contando a história de Star Wars...

- Exatamente.

- Ela deixou a parte em que o Vader corta a mão do Luke de fora?

- Graças a Deus, sim. – ele suspirou. – Não queremos crianças traumatizadas aqui.

Emma deu de ombros e encostou-se na parede, imitando Mutano.

- Eu não gosto de Star Wars. – ela falou. – Já assisti algumas vezes e não consegui ser fisgada pela história.

Mutano franziu o cenho para ela e soltou uma risada nasalada.

- Já vi que você é um grande fã – Emma adivinhou. – Não se preocupe, não vou falar mal dessa obra-prima do cinema...

- Obrigado – ele riu. – Não me responsabilizo pelos meus atos quando alguém fala mal de Star Wars.

- Quantos anos você tem mesmo? – ela brincou.

- Tenho 30 e você?

- Pergunta errada, verdinho.

- Qual é...

- Tenho 26.

Ele concordou com a cabeça e sorriu para a menininha no colo de Ravena.

- Ela é incrível com crianças, não é? – Emma perguntou.

- Você é paga para puxar o saco dela ou alguma coisa assim?

- Já vi que você não gosta dela...

Mutano riu e balançou a cabeça negativamente antes de olhar para os próprios pés.

- Ou, você gosta e ela não te dá bola.

- Como é?

- E a segunda opção é a correta! – ela comemorou. – Ponto para mim.

- Ela não é boa com crianças – ele revirou os olhos.

- É sim. Meus sobrinhos são apaixonados por ela. E eles têm 6 e 8 anos. – ela disse. – São crianças!

- Acho que nós não estamos falando da mesma pessoa.

- Claro que estamos! – Emma exclamou. – A Rachei já tomou conta deles para mim umas três vezes. Ela não gosta muito da ideia, mas sempre aceita ficar com eles...

Mutano bufou e deu de ombros.

- Eu sou tão mal educada! Qual seu nome?

- Garfield. – ele respondeu. – Garfield Logan.

Emma sorriu para ele e estendeu a mão esquerda.

- Por que você está aqui hoje, Garfield Logan?

- Pelo mesmo motivo que a sua chefe – o metamorfo deu de ombros. – Essas crianças são mais carentes do que parecem... Elas merecem um pouco de atenção.

- Uou. – Emma suspirou. – Você gosta de crianças?

- Adoro – ele respondeu e sorriu para ela. – Tenho uma filha de 13 anos.

- 13 anos? Você está brincando! Mas você é tão novo...

- Eu tinha quase 18 quando ela nasceu...

- Isso é incrível! E a mãe dela? Você é casado ou...?

Mutano encarou as próprias mãos e suspirou.

- Ah! Me desculpe! – Emma pediu. – Eu não queria ser indelicada...

- Não tem problema – ele riu. – Ela foi embora no dia em que a Eleanor nasceu e morreu um ano depois. Já superei. – seus olhos pararam em Ravena bem na hora em que ela estava rindo para uma das crianças. Ele sentiu seu coração acelerando e desviou o olhar. – E você? Já tem filhos ou quer ter?

Emma abriu a boca para falar alguma coisa quando percebeu Ravena parada na sua frente com cara de poucos amigos.

- Estou atrapalhando alguma coisa? – ela perguntou impaciente.

- Rachel! – a assistente exclamou e a abraçou com força. – Eu senti tanto sua falta, chefinha.

- Estou vendo. – ela respondeu sem tirar os olhos de Mutano. Ele voltou seu olhar para os próprios pés e tentou não prestar atenção nela. – Você trouxe as roupas?

- Sim! Já entreguei tudo na recepção do orfanato. A funcionária me disse que eles entregarão para as crianças amanhã, depois que separarem por tamanho e idade.

- Você parece um robô falando assim – Mutano brincou, batendo levemente o ombro no braço de Emma. Ravena franziu o cenho e o olhou incrédula. – Ela é só a sua chefe, não a sua dona.

- Isso não é problema seu. – a empata ralhou. – Não se meta.

O metamorfo revirou os olhos e ignorou a provocação de Ravena.

- Então... – Emma se mexeu desconfortável. Ela se sentia no meio de um campo de guerra e não queria ser obrigada a escolher um lado. – Agora que eu já entreguei as roupas, vou voltar para o hotel e ligar para Nova York... Saber como estão as coisas na empresa.

- Faça isso. – Ravena disse. – Quero as estatísticas de vendas no meu e-mail até às 20h.

- Claro. – a assistente deu um sorriso para os dois e começou a ir embora. – Vou fazer isso.

- Espera Emma – Mutano pediu. – Nós também já estamos de saída. Podemos te dar uma carona.

- Não podemos não.

- Podemos sim e vamos dar. Estamos no meu carro, boneca.

Ravena bufou e saiu do pátio como um furacão, deixando Mutano com um sorriso divertido no rosto e Emma completamente assustada.

- O que foi isso? – ela perguntou, acompanhando Mutano pelo orfanato.

- Isso o que?

- Essa provocação e você a chamando de ‘boneca’.

- Não se preocupe com isso, Em – ele riu. – Você vai se acostumar com o tempo.

Emma deu de ombros e continuou andando até o carro dele. Ravena já estava sentada no banco do carona, de braços cruzados e com seu inseparável Ray-Ban.

Eles foram em silêncio por metade do caminho até o Plaza Hotel, mas Mutano foi o primeiro a perder a paciência e falar alguma coisa.

- Você devia ir jantar com a gente na Torre, Emma. – ele sugeriu, olhando-a pelo espelho do carro.

- A tal torre cheia de super-heróis? – ela perguntou animada. – As recepcionistas do orfanato me falaram sobre ela...

- Exatamente.

- Eu adoraria!

Ravena revirou os olhos e encarou a janela ao seu lado.

- Você pode ir hoje – Mutano falou animado.

- Não, ela não pode. – Ravena se intrometeu. – Ela precisa trabalhar.

- Qual é, boneca. Ela chegou hoje na cidade! Dá um tempo.

- Eu posso fazer os relatórios amanhã, Rae – Emma sugeriu. – Se você não se importar é claro.

Mutano parou o carro em frente ao Plaza Hotel e virou-se para olhar Emma.

- Ela não se importa – ele disse. – Você prefere pegar um táxi ou quer que eu te busque?

- Eu pego um táxi – ela respondeu, percebendo a impaciência da chefe.

- Ótimo! Vejo você na Torre às 19h.

- Combinado.

 

Emma entrou na Torre e olhou admirada para o lugar. Se parecia ser grandioso por fora, por dentro com certeza era maior do que ela tinha imaginado. Ela sorriu sem graça ao perceber que cinco super-heróis, uma menina de treze anos e Ravena a olhavam.

- Ahn... Oi – ela passou a mão pela saia longa de estampa colorida que usava. Sua blusa era preta e um pouco curta.

- Emma! – Mutano exclamou, abraçando-a com força. Ravena assistiu a cena com desdém e revirou os olhos. – Que bom que você veio! – a assistente sorriu e concordou com a cabeça. – Esses são Dick, Kori, Karen, Victor e Eleanor.

Ela cumprimentou cada um dos Titãs com um beijo no rosto e um abraço, apresentando-se mais uma vez.

- Então, você é a famosa Eleanor – ela brincou, passando a mão pelos cabelos da menina. – Seu pai parece ser louco por você e olha que eu só conversei com ele por alguns minutos!

- Ah – Eleanor sorriu envergonhada, olhando para o pai. Ele tinha a abraçado tanto quando voltou do orfanato, e até Ravena tinha passado em seu quarto para saber se ela estava mesmo bem. – É um prazer te conhecer...

- Agora que as apresentações já terminaram nós podemos ir comer? – Ravena perguntou impaciente e Emma soltou Eleanor.

- Claro... – Estelar disse sem graça. – Vamos lá, o jantar já está pronto.

Emma os seguiu até a cozinha e sentou-se entre Estelar e Abelha, que tinha acabado de chegar de viagem, enquanto Mutano e Ravena estavam sentados lado a lado na sua frente. Cyborg e Asa Noturna estavam perto das namoradas, junto com Eleanor.

- Você trabalha com a Rachel, certo? – Asa Noturna perguntou enquanto comia um pedaço da lasanha de queijo que Abelha tinha feito. – Como vocês se conheceram?

- Eu fui até a Fearless para tentar conseguir uma vaga de modelo – Emma contou, limpando a boca com o guardanapo. – Mas por causa do meu tamanho... Eu não consegui – ela riu. – A Rae estava precisando de uma assistente e eu me ofereci para ajudar.

- Você não parece ser tão pequena. – Cyborg disse rindo.

- Só porque eu estou de salto hoje, Victor. Normalmente, eu sou apenas 4 ou 5 centímetros maior que a Eleanor.

Mutano arregalou os olhos e soltou os talheres no prato, assustando Ravena.

- Mentira! – ele exclamou. – Você não pode ser tão pequena assim!

- Eu sou!

- Eu não acredito!

- Vai querer medir para conferir, Garfield? – Ravena perguntou irônica. – Daqui a pouco você vai querer pegá-la no colo só para que ela fique mais alta.

O metamorfo deu um sorriso divertido e arqueou uma sobrancelha, sem tirar os olhos de Ravena.

- Sabe Rachel... – ele falou, levantando-se da cadeira e indo até Emma. – Eu nunca pensei que você fosse capaz de dar uma ideia tão boa quanto essa.

- Como é? – ela perguntou incrédula.

- Vamos lá, Em – ele estendeu a mão para a assistente e deu um sorriso de tirar o fôlego. – Levante-se, por favor. – Emma negou com a cabeça e arregalou os olhos. Olhou para Ravena e estremeceu com o olhar que ela lhe lançava.

- Que isso, Garfield – ela riu sem graça. – Deixa de ser bobo, eu não vou levantar.

Mutano revirou os olhos e a puxou para fora da cadeira. Antes que ela pudesse fazer qualquer coisa, ele já tinha passado o braço por suas pernas, tirando-a do chão. Ele segurou as costas dela com firmeza, segurando-a no colo como se fossem recém-casados.

- Obrigado por essa ideia, boneca – ele piscou para Ravena e a viu revirar os olhos. Ela fechou as mãos com força e voltou sua atenção para a comida no prato. – Agora você está mesmo mais alta, Em. – ele brincou e Emma corou furiosamente.

Cyborg pigarreou chamando a atenção de Mutano e olhou para Ravena pelo canto do olho. Emma se mexeu desconfortável e o metamorfo a colocou no chão novamente, sorrindo sem graça ao perceber a ‘ceninha’ que tinha feito.

- Você se dá bem com a Rae, Emma? – Estelar perguntou, tentando acabar com o clima estranho entre eles. Mutano já estava de volta em seu lugar e Ravena estava tão tensa que, se ela ainda tivesse seus poderes, a Torre já teria sido destruída.

- Sim – Emma sorriu agradecida pela mudança de assunto. – Nós duas somos do Texas... Então, acho que isso ajudou muito.

- Texas? – Mutano perguntou confuso. – Você não nos disse que era do Texas, Rae.

- Eu sempre quis conhecer o estado. – Eleanor se pronunciou pela primeira vez. – Usar botas e chapéu.

- Escutar música country... – Ravena completou. A menina abriu um sorriso e concordou com a cabeça. – É ótimo.

- Não sei se vocês sabem, mas – Emma começou a falar. – A Rachel é uma viciada em música country.

- Não brinca. – Abelha riu.

Ravena deu de ombros e sorriu envergonhada. Mutano soltou uma risada nasalada ao se lembrar dela escutando Taylor Swift.

- É um bom estilo musical. – ela deu de ombros.

- Aposto que a nossa querida Rachel te escraviza, Em. – Mutano riu.

- Ah, até que não... Eu só preciso saber onde estão as chaves do carro, senha do e-mail, quais são os melhores restaurantes da cidade, número do ginecologista...

- Emma – Ravena a interrompeu. – Já chega.

Os Titãs riram e continuaram conversando com a assistente de Rachel Roth.

No fim do jantar, Estelar pediu para que ela ficasse mais um pouco para conversarem mais sobre a vida em Nova York. Ravena tentava esconder ao máximo seu incômodo com a presença de Emma. Mutano estava fazendo de tudo para agradar a moça e isso a matava por dentro. Tudo que eles estavam vivendo não significava nada? Pelo jeito, não.

- Eu amei jantar com vocês hoje – Emma disse, abrindo a porta para sair da Torre. – Vocês são incríveis e, mais uma vez, obrigada pelo convite, Gar.

- Não tem de que, Em – ele sorriu e a abraçou. – Todo mundo aqui gostou de você.

- Você precisa voltar mais vezes! – Eleanor pediu. – Quero ouvir mais histórias sobre a Fearless...

- É claro... – ela abraçou a menina. – Eu e Rachel temos muitas histórias sobre aquela empresa, não é chefinha?

- Claro. – Ravena respondeu seca.

Emma deu de ombros e terminou de despedir-se dos Titãs. Já estava acostumada com o comportamento da chefe e não se importava mais com as grosserias dela.

Mutano fechou a porta quando Emma saiu e percebeu que todos já tinham ido dormir.

- Pensei que ela não fosse sair daqui hoje. – Ravena provocou.

- Ainda não foi dormir, boneca? – ele perguntou, revirando os olhos.

- Você está dando em cima dela.

- Isso não é da sua conta.

- É claro que é! – ela quase gritou. – Ela é minha assistente e você... Você é só mais um que quer levá-la para cama e depois sumir!

Ele soltou uma gargalhada debochada e aproximou-se de Ravena.

- Eu não sou você, Ravena. E você sabe que eu não sou esse tipo de cara. Acho que alguém teve experiências negativas em Nova York... – ele riu.

- Não?

- Não! – ele afirmou. – Eu estou noivo, boneca. Mas não vou mentir para você... A Emma é bem atraente. Você não acha?

Ravena bufou e revirou os olhos.

- Você não engana ninguém. – ela sussurrou. – Eu te conheço Garfield. Sei o que cada passo seu significa.

- É mesmo? – ele perguntou irônico.

- Sim – ela respondeu. – E quer saber de uma coisa? Deve ser triste viver numa mentira.

- Você deve saber disso melhor do que eu.


Notas Finais


"Deve ser triste viver numa mentira" "Você deve saber disso melhor do que eu" é da fic Holy Fool, todos os créditos a autora.

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