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História For the love of my family - Capítulo 10


Escrita por: Believe8

Notas do Autor


Já aviso: forninhos vão rolar, porque o capítulo é totalmente Paulicia (tá, tem um pouquinho de Mili e Eric).

Capítulo 11 - Capítulo 10


Julho acabou e começou agosto, e o que era divertido começou a se tornar preocupante. Mais um mês já havia se passado e nem sinal de seus pais e ou de ninguém voltando do futuro para resgatar Pietro, Ella, Milena e Eric.

Eles ficavam na casa de Alicia a maior parte do tempo, saiam poucas vezes e geralmente direto para a casa abandonada. A morena gostava da companhia dos quatro, acostumada a passar a maior parte do tempo sozinha, e costumava passar a maior parte de seu tempo no videogame com Pietro ou andando de skate com ele no quintal.

Quem não estava gostando muito, claro, era Paulo. Depois de anos esperando pelo dia em que poderia ficar com Alicia, ter ela sempre grudada com seu futuro filho, o qual ele nem sabia se era filho dela, era irritante. E sua desconfiança só crescia a cada dia, notando a diferença gritante com a qual o garoto tratava ele e sua namorada.

Com isso, Paulo começou a passar cada vez mais tempo na casa da Gusman, alegando querer ficar mais perto dela e também do filho. Carmen e Daniel já praticamente batiam ponto lá todos os dias para ficar com Eric, e Marcelina e Margarida também iam visitá-los com frequência.

Todos podiam sentir a aflição do grupo de amigos com a demora de virem resgatá-los. A cada dia menos eles acreditavam que isso aconteceria, e era bem visível para os “mais velhos” graças ao seu desanimo crescente.

E em meio a tudo isso, chegou o tão esperado aniversário de 17 anos de Alicia, a data pelo qual ela e Paulo tinham esperado por tantos anos. E apesar de já estarem oficialmente juntos, inclusive apresentado formalmente para os pais dele (mesmo que eles já a conhecessem a vida toda), ele queria fazer algo especial para o dia, e contaria com a ajuda de todos os amigos, até mesmo de Pietro.

“Vamos revisar o plano então.” Paulo estava mais ansioso que o habitual. Eram 6h da manhã e ele mataria a aula com a namorada. Estava reunido com os amigos cedo, para finalizar tudo antes de ir acordá-la. “Quando nós chegarmos no QG...”

“Vai estar tudo pronto, Paulo, respira.” Marcelina ria da afobação do irmão. “Agora você só tem que ir lá despertar a fera, literalmente. Porque a Alicia é a própria cria do coisa ruim quando é acordada.”

“Pior que é mesmo. Ontem ela quase voou no pescoço do Pietro.” Riu Ella, sem reparar no olhar mortal que Paulo lançou.

“Toma, Paulo, terminamos a cesta do café da manhã.” Laura veio com uma cesta gigante, extremamente recheada.

“Oxe, mas isso é para eles dois comerem, ou para a turma toda?” Se espantou Valéria.

“Ah, a gente quis caprichar, né? Algo bem reforçado para eles aguentarem o dia todo.” Explicou Jaime, com a boca suja de chocolate.

“E já aproveitaram e fizeram um lanchinho, é?” Observou Maria Joaquina.

“Ah, tava escorrendo calda do bolo e nós limpamos.” Se desculpou o garoto.

“Tem frutas, tem bolo de chocolate, tem suco, tem toddynho, tem cookies... Enfim, tem tudo que a Alicia gosta de comer.” Completou Adriano, lambendo os dedos.

“Péssima ideia deixar os três gordinhos do grupo prepararem da cesta.” Riu Jorge, irônico.

“Menos, ô mauricinho.” Mário bronqueou. “Pegou o presente, cara?”

“Tá no carro, tudo o que eu vou entregar durante o dia.” Concordou o Guerra, encarando a cesta. “Ainda não acredito que meu pai emprestou o carro.”

“Seu pai shippa você com a Alicia tanto quanto a gente, cara. Ele ia dar a maior força, com certeza.” Riu Daniel. “Mas agora vai, cara. A Ella e a Milena desligaram o despertador, mas corre o risco da Alicia resolver acordar na hora justo hoje.”

“Valeu, gente. Até a noite.” Ele agradeceu, saindo disparado. Os amigos bocejaram, encarando a cara.

“Tem muita coisa para fazer até de noite.” Suspirou Carmen.

~*~

Paulo estacionou o carro em frente à casa da namorada, sentindo as mãos suadas sob o volante. Suspirou, as secando na calça, e apanhou a cesta e o primeiro embrulho de presente. Desceu e entrou na casa com a chave levada pelas “crianças”.

Com o silêncio, suspeitou que Alicia ainda estivesse capotada, o que seria bem óbvio já que o despertador não tocou. Subiu com cuidado, abrindo a porta do quarto dela e a encontrando quase babando sobre o travesseiro, tão apagada que estava.

Deixou as coisas sob o criado mudo dela, se sentando na cama e começando a afagar os cabelos dela, dando beijinhos no rosto.

“Amor? Linda? Vamos acordar?” Disse em voz baixa, ouvindo um resmungo.

“Eu até poderia te matar por me acordar, mas você fez isso de um jeito tão gostoso que eu vou te dar um desconto.” Ela resmungou, recebendo uma risada de resposta. Alicia abriu os olhos, se deparando com laços e papéis. “Caramba, o que é tudo isso?”

“Para você, linda.” Ele avisou, enquanto ela se virava e o encarava. “Feliz 17 anos, minha morena.”

“Finalmente os 17, né?” Ela sorriu, enquanto ele lhe dava um beijo. “Ai, Paulo, eu devo estar com um bafo de morte.”

“Não ligo.”

“Vem aqui.” Ela se jogou para o lado, abrindo espaço para ele. O garoto jogou o tênis longe, deitando ao lado dela e a abraçando. Alicia aconchegou sua cabeça no peito dele. “Meus pais me transferiram 300 reais no banco e mandaram uma mensagem à meia-noite, desejando parabéns. Uma mensagem. Eu gostava mais quando era pequena e nós morávamos em uma casa simples, eles não ganhavam tão bem, mas estavam por perto nos meus aniversários e estavam comigo, sabe? Eu não estava com a menor vontade de lembrar que era meu aniversário hoje, só queria ficar enfiada na cama.”

“Sorte sua então que eu sou um namorado incrível, e quis fazer o seu dia muito especial. Ou melhor, nosso dia. Porque nós dois temos esperado esse dia há muito tempo, hã?” Ele comentou, vendo-a rir.

“Você não precisaria fazer mais nada. Só o trabalho de vir aqui cedo e me acordar já mostra o quanto você se importa, amor. Isso vale muito para mim, de verdade.” Garantiu a morena, sorrindo emocionada. “E eu queria ficar aqui com você o resto da manhã, mas temos escola.”

“Nós podemos ficar aqui mais um tempo, minha linda. Hoje, nós dois vamos matar aula.” Ela arregalou os olhos. “O pessoal vai nos cobrir. Eu tenho um dia inteiro de coisas preparadas para você, e o carro do meu pai aí na frente para nos ajudar a fazer tudo. Você topa?”

“Você é maluco, garoto. E eu te amo muito por isso.” Alicia se deitou sobre ele, lhe dando um longo beijo. As coisas começaram a se aprofundar aos poucos, com as mãos dele entrando por baixo da blusa de pijama dela, mas Paulo se refreou.

“Vamos nos levantar, Ali, ou vai ficar difícil de controlar as coisas.” Ele disse, engolindo em seco.

“E se eu não quiser parar, Paulo?”

“Amor, faz só um mês que nós estamos juntos.”

“Oficialmente, mas de certa forma tem uns três anos. E vamos combinar que o Pietro e a Ella têm razão em um ponto: está todo mundo faz uma grande tempestade em copo de água com isso. Eu tenho pensado desde que eles chegaram nisso... Nós ficamos tanto protelando as coisas, esperando para quando será a hora de fazê-las, que podemos perder elas. Pode ser que nosso futuro não seja junto, Paulo, mas esse momento agora é. E eu sei, com cada pedacinho de mim, que eu quero que esse momento seja com você. E agora, você acabou de me mostrar que você é, realmente, a pessoa mais incrível que eu poderia escolher como meu primeiro namorado, meu primeiro beijo e meu primeiro em tudo. Então, se você quiser, eu também quero. Agora, aqui, desse jeito, sem grandes situações. Só duas pessoas que se amam, demonstrando isso.”

“Te amo, morena.” Ele disse, sorrindo.

“Também te amo, meu marrento... Te amo demais.” Ela disse baixinho, tornando a beijá-lo.

~*~

No QG, Eric estava enchendo bexigas no sofá, enquanto os outros três amigos iam afastando os móveis para fazerem a arrumação efetiva quando o restante do pessoal chegasse na hora do almoço.

De repente, Pietro caiu sentado, com falta de ar.

“Pietro? Você está bem?” Ella correu até ele, sentando ao seu lado.

“Eu tive uma falta de ar, Ella, nada demais.” Ele tentou despreocupá-la, mas estava muito tenso para isso.

“Do nada?” Perguntou Mili, do lado oposto.

“É. Foi um aperto no peito e uma falta de ar forte, de repente. Não sei explicar, foi algo muito repentino, de verdade.” O garoto explicou, tossindo um pouco.

“Aconteceu comigo na semana passada.” Contou Eric, e todos o encararam.

“E você não disse nada? E se for algum efeito de estarmos no passado?” Perguntou Mili, nervosa.

“Mas é, Mili. Mas não sei se algo ruim.” Eric sorriu de canto. “Eu tive no sábado passado, de madrugada. Vocês já tinham ido dormir, e passou depressa, então não acordei ninguém. Eu até cutuquei o Pietro, mas ele resmungou que eram 4h da madrugada e queria dormir. No outro dia, o Daniel veio conversar comigo e me contar uma coisa.”

“Desembucha, criatura.” Pediu Ella, ansiosa.

“Minha mãe dormiu na casa dele pela primeira vez no sábado, depois do aniversário da minha bisavó. E de madrugada eles acordaram, porque meu pai acabou rolando por cima dela. E, eu preferi que não me dessem detalhes, mas eles dois ficaram juntos pela primeira vez.” Ele contou, vendo os amigos se estarrecerem.

“Seus pais transaram? E contaram para você?” Se horrorizou Ella.

“Espera, por acaso não foi na hora que você teve o mal estar, foi?” Perguntou Pietro, recebendo um aceno afirmativo. “Puta merda... Isso quer dizer que os meus pais estão...”

“Bem provavelmente, Pietro. Considerando que o Paulo ia para a casa da Ali, acordar ela.” Observou Ella, sem graça.

“Quer dizer que nós podemos sentir quando nossos pais... Sabem?” Perguntou Milena, sem graça.

“Não sei, Mili, porque meus pais não fizeram isso de novo ainda. Mas talvez seja só da primeira vez. Digo, nós só nascemos porque eles fizeram isso, não é?” Eric divagou, pensativo. “Talvez seja a nossa memória celular reconhecendo o ato que vai nos gerar no futuro.”

“Eric, com todo o respeito, eu já estou querendo vomitar o que comi no último ano, não piora.” Implorou Pietro, escondendo o rosto nas mãos. “Eu não acredito que a minha mãe fez isso.”

“Pietro, você mesmo adora jogar na cara do pessoal que eles precisam fazer isso, tá surtando por que?” Riu Ella, segurando a mão dele. “Eu sei tudo o que você sente em relação ao seu pai do futuro, mas esse Paulo que a gente vê agora é diferente, bem diferente dele. Olha tudo o que ele está preparando para a sua mãe hoje, pensa nisso.”

“Pensa que é para esse cara gente boa que ela se entregou, não para o babaca do futuro. É o que eu tenho me esforçado para pensar e não surtar com a minha mãe. Que ela é essa pessoa doce que eu vejo aqui, não aquela mulher que deixou eu, meu pai e o Marcos no futuro.” Aconselhou Mili, o abraçando pelos ombros.

“Espero mesmo que seja coisa só da primeira vez. Porque do jeito que meus pais têm cara de safados, se a cada vez eu sentir isso, não vai dar muito certo.” Suspirou Pietro, ouvindo os amigos rirem. “To só torcendo para a Marcelina e a Margarida resolveram liberar logo, viu suas sem graça?”

~*~

“Posso abrir meu presente agora?” Alicia tinha acabado de sair do banho, vestida apenas com a camiseta de Paulo por cima das peças íntimas, enquanto ele estava deitado na cama dela só de bermuda. “Ué, você trocou minha roupa de cama?”

“É, achei melhor.” Ele explicou, sem graça. Alicia franziu o cenho e ele pegou o lençol do chão, mostrando uma manchinha de sangue. “Desculpa.”

“Você fica tão fofo assim, sabia? Todo sem graça.” Ela riu, sentando ao lado dele e apertando sua bochecha. “Mas eu quero abrir meu presente.”

“Abre a cesta primeiro, então. É o nosso café da manhã.” Alicia se animou ao ouvir isso, pegando a grande cesta e se maravilhando com o que havia dentro dela. “Obra da Laurinha, do Jaime e do Adriano.”

“Me lembra de agradecer eles, porque está demais. Vamos comer logo, vai.”

Começaram a se servir das guloseimas e fizeram a maior sujeira na nova roupa de cama, rindo como duas crianças. Depois de um tempo, ela insistiu que queria abrir a outra embalagem.

“Tudo bem, dona ansiosa. Mas limpa essa mão.” Ele mandou, vendo os dedos melados de chocolate. Ela pegou o lençol no chão e limpou, fazendo o namorado rir. “To vendo a Solange me xingar.”

“Ela está acostumada com a bagunça aqui em casa, agora que os quatro ficam aqui direto.” Ela contou, se referindo a diarista. “Na verdade ela gostava mais quando era só eu, diz que dava menos trabalho. Mas ela gosta dos meninos também, então. Mas deixa eu abrir meu presente em paz, vai.”

Ela começou a rasgar o papel de presente, ansiosa. Paulo a observava, cheio de expectativa. Quando ela revelou o álbum de fotografias, seus olhos marejaram.

“Nossa história, Paulo e Alicia. E essa foto? É do acampadentro, não é? Nem sabia que tinha alguém fotografando nessa hora.” Ela observou a imagem colada na capa, surpresa.

“É das câmeras de segurança da escola. Você acredita que a diretora Olivia tem tudo guardado, até hoje? Tem milhares de horas de gravação, deu um trabalho danado para achar essa especificamente. Mas por sorte nós ficamos bem perto de uma.” Contou o rapaz.

“Sua cara de merda está o máximo.” Riu Alicia, observando o garoto emburrado enquanto dançavam.

“Sem graça. Olha dentro, vai.” Ele pediu, ansioso.

Alicia abriu o álbum, já se maravilhando com o que estava na primeira página. Ali, na sua caligrafia de 14 anos, estava um contrato escrito em um guardanapo de sorveteria, revestido por contact.

“Nosso acordo. Nós, Alicia Gusman e Paulo Guerra, nos comprometemos a esperar até o dia 18 de agosto de 2019 para temos certeza de que nos gostamos e de queremos ficar juntos. Se nesse dia tivermos essa certeza, então vamos começar a namorar. E as nossas assinaturas. Eu não acredito que você guardou.” Ela leu, aos risos.

“E hoje é dia 18 de agosto de 2019, e nós já estamos juntos.” Ele sorriu, vendo-a correr as páginas, repletas de fotos deles dois ao longo dos anos.

“Tem muitas páginas vazias.” Observou Alicia.

“É para preenchermos com o resto da nossa história.” Paulo explicou, segurando a mão dela. “Gostou?”

“Foi o presente mais fofo do mundo.”

“E é só o primeiro do dia. Ainda tem muita coisa para acontecer hoje, e você vai gostar.” Ele prometeu, vendo-a sorrir. “Nós esperamos muito por esse dia. E nós já estamos namorando, mas vamos fazer ele ser realmente especial!”

~*~

“Um parque de diversões, Paulo?” Ela se maravilhou, descendo do carro. “Você sabe que eu adoro eles.”

“Sei, por isso te trouxe aqui. E como é dia de semana, vai estar bem tranquilo.” Ele observou, sorrindo. “Vamos entrar?”

Realmente, o parque estava quase vazio. A exceção de duas salas de escola, que ficaram mais na parte infantil, poucas pessoas estavam em um parque na sexta no final da manhã. Assim, Paulo e Alicia conseguiram ir em todos os brinquedos radicais diversas vezes, sem dificuldade, e se divertiram até não poder mais.

Já havia passado da hora do almoço e os dois estavam um pouco cansados, então ele a convidou para uma volta na roda-gigante antes de irem embora para almoçar.

“Amigão, já que está só a gente aqui, segura um pouco lá em cima, por favor.” Pediu o Guerra, assim que sentaram na cadeirinha.

“As ordens, patrão.” Sorriu o moleque que operava o brinquedo, os levando para cima e segurando.

Alicia descansou a cabeça no ombro dele, suspirando.

“Esse está sendo o melhor aniversário que eu já tive, amor. Obrigada por isso.”

“Minha alegria é te ver feliz assim, morena. E calma, ainda tem muitas surpresas para hoje.” Ele prometeu, fazendo-a rir. “Pronta para o seu segundo presente?”

“Estou me perguntando quantos ainda vou ter.” Ela confessou, vendo-o pegar um saquinho no bolso da bermuda. “O que é isso?”

“Abre, mas com cuidado.” Ele pediu, vendo-a puxar o laço e despejar o conteúdo na palma da mão. “Gostou?”

“Paulo, é lindo.” Ela sorriu para ele, segurando os dois cordões na mão. “Yin e yang. Como você pensou nisso?”

“Sempre nos achei bem opostos complementares, sabe? Parecidos, mas muito diferentes um do outro. E eu não queria te dar uma aliança de compromisso, acho isso muito clichê. Então fui procurar pingentes de casal, e achei esse. Na hora que vi pensei que era perfeito.”

“Realmente, é perfeito.” Ela concordou, encarando as peças. “Qual é de quem?”

“Bom, o Yin é o princípio feminino, noturno, escuro, frio. Já o Yang é o oposto.” Ele explicou, pegando a parte preta e colocando no pescoço dela. Ela fez o mesmo com a metade branca, aproveitando e o puxando para um beijo logo depois.

“Obrigada, Paulo, de verdade.” Ela disse, o abraçando com força.

“Tudo para você, meu amor.”

~*~

“E então, pronta para o seu último presente?” Perguntou Paulo, sentado na grama. A próximo surpresa do dia havia sido um piquenique na praça favorita dela, onde tinha uma pista de skate que ela adorava ir.

Agora, já devidamente alimentados e ela já satisfeita de passear pelas rampas e barras com seu skate novo (presente dos seus amigos, entregue por Paulo com eles ao telefone), ela estava deitada no colo dele, os dois na grama, embaixo de uma árvore, sentindo o sol do fim da tarde aquecê-los.

“Olha, considerando os maravilhosos que já tive, estou bem ansiosa para o último.” Ela admitiu. “Está aqui?”

“Não, precisamos ir buscá-lo. Vamos recolher as coisas e ir para o carro.”

Juntaram suas coisas e foram depressa para o carro, Alicia mal se aguentando de animação. Pegaram a rua novamente, e ela não reconheceu o caminho que ele seguia.

“Bom, pode pegar a primeira parte dele no porta-luvas.” Avisou o Guerra, focado na direção.

Ela assim o fez, abrindo o porta-luvas e encontrando um pacotinho. O abriu, encontrando uma coleira fininha, de couro, ali dentro.

“O que é isso? É uma coleira de cachorro?” Ela perguntou, surpresa.

“Você sempre disse para a Marce, desde pequena, que seu maior desejo era ter um cachorro, principalmente quando seus pais começaram a viajar tanto. Bom, eu falei com eles alguns dias atrás e eles autorizaram um cachorro na sua casa. Os coitados nem imaginam que o Rabito está morando lá, mas enfim.” Ele explicou, vendo-a sorrir de orelha a orelha. “Estamos indo buscar ele ou ela agora.”

“Mas Paulo, cachorros são caros.” Alicia observou.

“Sim, se você for comprar. Para a nossa sorte, existe uma infinidade deles com amor incondicional e muita vontade de ter um lar, mas que não tiveram a sorte de nascer com pedigree e por isso ficam abandonados. E nós vamos escolher um deles, tão vira-lata quanto eu.” Ele contou, vendo o sorriso dela se alargar.

“Então vamos logo, poxa.” Ela pediu, animada. “Quero pegar logo o nosso filhote.”

“Esse você não precisa ter dúvidas que é nosso.” Ele prometeu, segurando a mão dela. “Chegamos.”

O abrigo era realmente charmoso e bem cuidado. Uma fachada bonita e convidativa, funcionários educados e um espaço gigante, cheio de cachorros.

“Nós não podemos prever se o cachorro será de pequeno ou grande porte, mas podemos estimar. Com cães sem raça definida existe esse pequeno empecilho, já que não sabemos a procedência ao certo.” Explicou a simpática senhora que os guiava pelos cercados com filhotes. “Com um cão mais velho, isso não é tanto problema.”

“É que nós realmente queremos um filhote.” Admitiu Alicia.

“Começando a vida juntos, e criando responsabilidade com um filhote?” Eles concordaram, sem graça. Não que estivessem começando uma vida a dois, mas não precisavam ficar se explicando para a mulher. “Bom, vocês teriam alguma preferência em relação ao tamanho?”

“Nenhuma.” Disseram juntos, encarando os filhotes.

“Então fiquem à vontade.” Ela avisou, se afastando.

“Vai, linda, escolha seu presente.”

“Ah não, Paulo, o filhote vai ser de nós dois, vamos escolher juntos.” Pediu ela, e o rapaz concordou. “Macho ou fêmea?”

“O Mário falou que fêmea é mais fácil, porque é menos destrutiva e não tem a questão de marcar território. Como todos os filhotes daqui são ou serão castrados por conta da ONG, não precisamos nos preocupar com ela ter cria.”

“Ok, então as fêmeas estão desse lado, não é?” Ela observou as placas indicativas. “São tantas...”

“Podemos fazer como no Marley e eu?”

“Chacoalhar a grade para ver qual é mais corajosa?” Alicia riu.

“Ué, ela vai ser nossa filha, tem que ser marrenta que nem a gente.” Paulo deu de ombros, se aproximando da grade e a chacoalhando com força.

A grande maioria dos filhotes se afastou, é claro, restando apenas três. Uma os encarou por um tempo e bocejou, deitando para dormir. A outra ficou sentada em silêncio, esperando. E a terceira avançou na grade, pulando como uma louca e latindo animada.

“Acho que temos uma vencedora.” Alicia riu, pegando a bolinha de pelos. “Gostou dela?”

“É linda.” Concordou Paulo. A cachorrinha tinha a pelagem cor de caramelo, um olho azul e outro verde, além de um rabinho inquieto e as pontas das patas brancas. “Acho que ela devia chamar Paulicia.”

“O quê? Tá louco, Paulo?” A garota riu.

“Não, cara, é perfeito, pensa bem. É a junção dos nossos nomes, certos? Todo mundo fala de Paulicia o tempo inteiro. Vamos chamar nossa cachorrinha de Paulicia.”

“Agora eu entendo o nome Pietro.” A garota suspirou, encarando o filhote. “Para a sua sorte, eu sou menos louca que seu pai. Você vai chamar Kira.”

“Kira?”

“É rainha em africano, pesquisei uma vez porque li em um livro. Acho um nome bonito.” Explicou a garota.

“Eu gosto. Kira.” Paulo abraçou a namorada, aproximando o rosto da cachorrinha, que lhe deu algumas lambidas no nariz. “Bom, vamos finalizar a adoção da nossa menininha?”

~*~

“Acho que está tudo pronto.” Observou Maria Joaquina, analisando o espaço todo. “Está uma versão aprimorada do que foi o acampadentro.”

“O bolo da Alicia?” Perguntou Pietro.

“Está pronto na geladeira. Laura, Jaime, tentem não comer tudo antes da festa.” Pediu Daniel, recebendo uma careta. “Está quase na hora de eles chegarem, melhor nós irmos nos trocar.”

“Espero que você tenha trazido uma roupa decente para mim, Pietro.” Brincou Eric, enquanto o amigo o ajudava na escada.

“Como você faz para escolher suas roupas, Eric? Ou somos eu e o Dan que escolhemos para você?” Perguntou Carmen.

“Eu tenho um sistema no meu quarto, para me ajudar. Eu não tenho quase nada estampado ou de cores muito contrastantes. É quase tudo em tons de cinza e azul, na verdade. Então é fácil me vestir, porque tudo combina com tudo, de certa forma. Mas eu sempre mostro para alguém se está bom.” Ele explicou. “Mas como aqui nós estamos usando as roupas emprestadas, eu não sei muito bem o que estou usando. Então o Pietro me salva.”

“Porque eu tenho um bom gosto tremendo, tia, e seu filho sabe disso.” O jovem Guerra piscou, fazendo todos rirem. “Vamos lá, ceguinho, hora de vestir esse seu corpinho magrelo.”

“O amor por aqui é explícito, sabem?” Comentou Ella, entrando no quarto feminino.

~*~

“Achei que a Kira tinha sido meu último presente.” Observou Alicia, de novo dentro do carro. Ela havia acabado de ganhar um short e uma camiseta de Paulo, algo estiloso demais para ter sido escolhido por ele. Com certeza obra das amigas.

“Teoricamente a roupa não conta como um presente.” Ele se justificou, observando o filhote resfolegar no colo da namorada. “Todos vão surtar com a Kira.”

“É que ela é a filhinha mais linda do mundo, não quis deixar ela em casa, sozinha. Ela é só um bebezinho.” A garota apertou a cachorrinha contra o rosto, ganhando uma lambida.

“Oun, virou uma mamãe exemplar, que fofa.”

“Vai te catar, Paulo.”

Deixaram o carro na casa dos Guerra, e Alicia recebeu o cumprimento dos sogros. Apresentaram Kira, e Lilian ficou encantada com a filhote, já avisando que queria que ela os visitasse algumas vezes.

“Mulher tem um instinto maternal meio estranho, né?” Perguntou Paulo, enquanto caminhavam a curta distância até o QG (aka, antiga casa abandonada). Agora Kira estava no colo dele, cochilando despreocupadamente. “Primeiro você, agora minha mãe.”

“É que a Kira desperta os melhores sentimentos nas pessoas.” Afirmou Alicia, parando em frente ao local. “Tem uma festa surpresa aí, não é?”

“Algo assim.” Ele concordou, segurando a mão dela. “Vamos?”

E foram gritos, confetes e ovações. Os amigos começaram a entoar o coro de parabéns, enquanto Mário e Marcelina levavam o bolo com 17 velinhas até a amiga, que sorriu e assoprou, enquanto todos gritavam.

Então, um a um, os amigos foram a puxando para abraçar, desejando parabéns e todas as coisas de sempre, entregando mais presentes e perguntando sobre o dia.

“Para tudo!” Gritou Valéria, assustando os presentes. “O que é essa coisinha fofa e peluda do colo do Paulo?”

“Ah, essa é a Kira, nossa filhinha.” Apresentou o rapaz, indicando a cachorrinha que resfolegava feliz.

“Ai minha nossa senhora dos forninhos derrubados, Davizinho você me acuda.” Pediu a Ferreira, despencando nos braços do namorado, que arfou. “Meu casal tendo uma filhinha, como assim?”

“É, Valéria, a Alicia pariu uma cachorra, realmente.” Jaime revirou os olhos.

“Não é isso, seu bruto. É que é tão fofo eles dois adotarem uma cachorrinha juntos, e chamarem de filhinha.” Suspirou Margarida.

“Isso é tão sentimental.” Laura tinha os olhos marejados.

“Não ia falar nada, cara, mas ela tem o seu focinho.” Elogiou Koki, fazendo todos rirem.

“Só não sabemos de quem saiu um olho azul e outro verde.” Alicia entrou na brincadeira.

“To suspeitando que fui traído com o boxer da rua de cima, cara.” Paulo dramatizou, fazendo todos rirem.

“Você não disse que ia dar um cachorrinho para ela.” Marce lembrou.

“Eu não ia contar tudo para vocês, né?” Resmungou o Guerra, colocando a cachorrinha no chão, já que ela estava inquieta.

“Então vem aqui com a titia, coisa fofa.” Marcelina se aproximou mais dela, enquanto todas as meninas iam para o chão também.

No canto da sala, Pietro observava tudo em silêncio. Os amigos se aproximaram, parando ao lado dele.

“Com ciúmes da irmãzinha, cara?” Riu Eric.

“Essa cachorra não existia.”

“Como?” Perguntou Mili, confusa.

“Meus pais nunca adotaram uma cachorrinha no começo do namoro, gente.” Ele comentou, sério. “Nem antes e nem depois de nós nascermos. No apartamento não tinha espaço nem para a gente, e quando saímos de lá, o Paulinho era bebê. Quando eles pensaram em deixar eu e a Alice adotarmos um, descobriram o autismo, e tudo foi para o espaço de vez. Mas nunca, em nenhum momento da vida deles, meus pais tiveram uma cachorra.”

“Será que nós estamos mudando as coisas?” Perguntou Ella, preocupada.

“Eu tenho certeza. Meu pai está estranho, porque minha mãe está insegura em relação a mim. Na certa ele pensou que essa cachorrinha ia ajudar as coisas. Como eles disseram, é uma filhinha deles dois, certo? E eu sou só o filho do Paulo, que deixa a Alicia insegura.”

“Isso não é um bom sinal, não é um bom sinal mesmo.” Suspirou Eric, mas pararam com a movimentação.

“O que é isso? Música antiga?” Perguntou Alicia, rindo. Todos já sabiam do que ia acontecer, então ficaram em silêncio.

“Você não percebeu que estamos no clima de acampadentro? Me inspirei naquela foto do nosso álbum, sabe? Dessa vez, eu quero te tirar para dançar.” Explicou Paulo, estendendo a mão para ela. “Marce, segura tua sobrinha aí.”

“Com prazer.” A baixinha agarrou a cachorrinha, enquanto Paulo puxava a namorada para o meio da sala, colocando as mãos na cintura dela, e ela passando os braços por seu pescoço.

Logo Davi e Daniel puxaram as namoradas, indo com elas para juntos dos amigos. Cirilo não perdeu tempo em chamar sua musa, que aceitou o convite com um sorriso discreto. Koki também levou sua ruivinha para se balançar ali no meio.

“Vocês dois, seus molengas, chamem elas logo para dançar.” Jaime rosnou para Mário e Jorge, indicando Marcelina e Margarida. O gorducho passou pelas meninas, pegando Kira. “Vem dançar com o tio Jaime, fofinha.”

“Até a cachorra tem par para dançar, vê se pode.” Riu Marcelina.

“Bom, topa dançar comigo?” Perguntou Mário, parando ao lado dela. A baixinha concordou, tímida, e saiu com ele.

“Er, Marga? Topa dançar comigo?” Jorge chamou, corado.

“Vai ser um prazer.” Ela garantiu, puxando ele pela mão.

“Parece que alguém vai ter um mal estar bem em breve.” Riu Pietro, vendo a cara das duas amigas. “Vem, Ella, vamos mostrar para esses molengas como se dança.”

“Delicadeza em forma de gente você, hein?” Riu a garota, dando a mão para ele e deixando que ele a envolvesse pela cintura.

Mili e Eric ficaram parados, ouvindo a música, a garota sorrindo para a imagem dos casais. Eric segurou sua mão, tenso.

“Eu não sei fazer isso muito bem, Mili, mas você quer dançar comigo?” Perguntou ele, envergonhado.

“Claro que sim, Ri.” Ela sorriu, o pegando pela mão e guiando. Colocou os braços dele em sua cintura e se apoiou nos ombros dele, começando a dançar.

Do outro lado do grupo, Carmen sorriu, virando para Marcelina ao seu lado.

“Marce, acho que vamos ser parentas.” Sussurrou, e a garota seguiu seu olhar, encontrando Eric e Mili dançando abraçadinhos.

“Dou o maior apoio, amiga, de verdade. Eric é um menino ótimo.” Aprovou a Guerra.

“Parem de futricar vocês duas, pelo amor de Deus.” Riu Daniel, puxando a namorada de volta para si, enquanto Mário ria.

Quando a música acabou, ficaram esperando por outra, mas o que aconteceu foi Jaime vindo correndo.

“Detesto acabar com a graça, mas a filha de vocês mijou em mim, casal marrento. Toma que a cria é de vocês dois.” Ele entregou a cachorrinha para os amigos, enquanto todos riam.

“Oun, orgulhinho da mamãe, fez xixi no titio mala.” Riu Alicia, beijando Kira.

“É, papai tá orgulhoso de você.”

“Olha o forninho como vaaaai.” Gritou Valéria, dramática que só ela.

“Quero ver durante a noite. As primeiras noites do filhote em casa são difíceis, ainda mais quando é pequeno que nem a Kira. Ela vai chorar bastante.” Avisou Mário.

“A moça da ONG explicou, por isso o Paulo vai ficar lá em casa hoje, para me ajudar a cuidar dela.”

“Huuum, juízo vocês dois.” Riu Bibi.

“Sorry, friend, mas você está atrasada.” Alicia piscou para a americana, e os queixos foram para o chão.

“Porra, Paulo, você pediu nossa ajuda e saiu escondendo coisas da gente? Isso não é amizade, fera.” Bronqueou Mário.

“E desde quando nossa vida sexual é do interesse de vocês, ô zé ruela?” Perguntou o Guerra, rindo.

“Gente, isso é o que eu chamo de coisa instantânea. Transou de manhã e já tinha o filho à tarde. Caramba.” Comentou Jorge, fazendo todos rirem.

“É tanta merda que eu preciso escutar, que começo a desconfiar que meu ouvido é um pinico.” Maria Joaquina reclamou, revirando os olhos.

“Bom, vamos continuar com a festa, né? Porque o que eu menos quero, na vida, é discutir a vida sexual do meu irmão, obrigada. Vamos comer, beber, se enforcar no pé de couve ou suicidar com a faquinha de serra, o que tiver mais rápido.” Marcelina saiu andando, deixando Paulo abismado.

“Depois eu que sou ciumento.” Ele resmungou, enquanto todos voltavam a comemorar.


Notas Finais


Morta estou, morta estou, e não sei se a vida vou voltaaaar <3
Gente, que capítulo amor. Amei escrever ele. Já quero a Kira na minha vida (mentira, já tive minha Kira <3)
Espero que tenham gostado e já aviso: capítulo que vem é Piella e Jorgerida, e muuuita treta!
Um beijo na alma de vocês todas e todos, até o próximo!!!
PS: os ganhadores dos spoilers foram: Nandiota, Rowen, Juhbert e Apenas-Historia. Sim, acabaram sendo 4. Logo mando por mensagens, meninas <3


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