1. Spirit Fanfics >
  2. For the love of my family >
  3. Capítulo 15

História For the love of my family - Capítulo 15


Escrita por: Believe8

Capítulo 16 - Capítulo 15


Aquele era mais um dia triste. Na realidade quase todos eram, mas o aniversário de Alice e Pietro conseguia ser ainda pior, já que era sempre quando se completava mais um ano que o garoto, Ella, Mili e Eric haviam sumido.

Três anos, sendo mais específico. 1095 dias que aquele inferno havia começado, e parecia tão distante de acabar. Perto, mas longe.

Os trabalhos na nova máquina estavam se encerrando, e tudo sendo preparado para a volta no tempo e construção de outra máquina no passado, criando assim o canal necessário para fazer a viagem de volta.

Mas ainda havia uma questão que não estava de acordo: quem voltaria.

Paulo estava na cadeira de balanço do quintal, que era a cadeira que Alicia havia usado para amamentar os três filhos, muitos anos antes. Paulinho gostava de passar as tardes com o pai ali, montando seus quebra-cabeças ou tocando violão, enquanto o mais velho descansava. Os remédios no geral o deixavam bem sonolento.

Alicia tinha voltado a trabalhar meio período já tinham quase dois anos. De manhã ela ficava em casa cuidando do marido, enquanto Paulinho estava na escola e Alice na faculdade. A tarde, sobrava para a jovem Guerra ficar de olho no pai e no irmão, mas ela não se importava.

No começo foi estranho ter Paulo de volta depois de tudo o que aconteceu, mas com o tempo aprendeu a entender. O noivado de Mário e Alicia já havia ido para o buraco há muito tempo, então não foi sofrimento nenhum para os dois se separarem. Na verdade, ter Paulo e Marcelina de volta era uma alegria em meio a toda aquela dor.

“Pai, tá na hora do remédio das quatro.” Avisou Alice, saindo com os comprimidos. Paulo sorriu, engolindo os remédios e virando o copo de água. “Eu queria que eles pudessem fazer mais.”

“Eu também, princesa. Mas eles estão me mantendo bem e vivo, pelo menos até trazermos o seu irmão de volta. Eu me recuso a partir sem vê-lo uma última vez e poder me explicar.” A menina se encolheu.

“Dói ouvir isso, papai. Dói muito.”

“Você sabe que é a realidade, Alice. O que me conforta é que, quando chegar a hora de vocês, eles vão poder evitar, curar vocês, como fizeram com a Marcelina. Especialmente o Paulinho.” Os dois encaram o rapazinho, entretido em suas peças que encaixavam.

Após um tempo em silêncio, Alice segurou a mão de Paulo, séria.

“Pai, eu preciso conversar com você.”

“O que aconteceu?”

“É sobre a mamãe querer voltar com o tio Mário, o tio Jorge e o tio Daniel.”

“Alice, eu já tentei tudo que podia, sua mãe está irredutível. Ela está desesperada sem saber sobre o Pietro, não vai aceitar ficar para trás.” Paulo suspirou, cansado.

“Pai, mas nenhum deles deveria voltar.” O homem arqueou a sobrancelha, confuso. “O tio Daniel é o único que serviria de alguma coisa para montar a nova máquina, e eu tenho certeza que ele vai pirar quando ver a Carmen, viva. Ou melhor, todos eles vão entrar em parafuso quando se verem jovens. E os vocês jovens também.”

“Eu não tinha pensado por esse lado.” Confessou o Guerra pai.

“O Marcos e eu acompanhamos toda a montagem, todos os cálculos... Nós dois sabemos tudo o que precisa para montar a nova máquina.”

“Alice Gusman Guerra...”

“Nem adianta chamar pelo nome inteiro, não vai mudar minha opinião.” Ela afirmou, séria.

“Eu sei que não, filha.” Paulo sorriu triste. “Sabe por que eu escolhi te chamar de Alice?”

“Porque era a forma normal do nome da mamãe?” Os dois riram disso.

“Tem essa possibilidade também, mas não. Foi sim por causa da sua mãe, mas porque ela adorava o filme da Alice no País das Maravilhas. Ela se achava meio Alice, sabe? Fora dos padrões do mundo em que vivia. E eu queria que você fosse assim: inconformada.”

“Normalmente os pais querem filhas quietas e obedientes.”

“Se eu gostasse disso, nunca teria me casado com a sua mãe.” Ele lembrou, sorrindo. “A Alicia sempre foi fora dos padrões, e eu queria que você fosse igualzinha a ela. E você realmente saiu a cópia da sua mãe, precisamos dizer.”

“Para mim é um orgulho ouvir isso.”

“Eu sei. E por isso que eu não me espanto que você queira voltar e salvar o seu irmão: você vai entrar na sua toca de coelho e ir para o País das Maravilhas.” Ele acariciou o rosto da filha. “Não sei se você lembra, mas eu te dizia para...”

“Acreditar em seis coisas impossíveis antes do café da manhã, que nem a Alice.” Ela completou, vendo o pai sorrir. “Eu continuei fazendo isso depois que você foi embora, mas eu só acreditava em uma: que você iria voltar para a gente.”

“Demorei mas voltei, não é?” Ele sorriu triste, a abraçando.

“Só me promete que você vai estar aqui ainda quando eu voltar com o Pietro. Porque esse é o meu maior medo, pai... Não te ver nunca mais depois que eu for.” Ela pediu baixinho, tentando não chorar.

“Eu não vou embora antes de ter vocês três e sua mãe comigo uma última vez, filha, eu prometo.” Paulo beijou o cabelo dela, vendo as lágrimas umedecerem o local. “Eu te amo, princesa.”

“E eu amo você, papai.”

~*~

“Mário?” Marcelina entrou no consultório do marido, o encarando. “Esse foi o último de hoje.”

“Mas ainda é cedo, Marce.” Ele observou o relógio.

“Mas hoje é um dia difícil para você, grandão, achei melhor tirar uma folga.” Ela comentou, sorrindo triste. Caminhou e sentou sobre a mesa de trabalho, segurando a mão dele.

“Eu queria poder voltar para aquele dia, Marce.” Ele admitiu, cansado. “Por mais que eu ame ter você de volta, eu queria tanto poder voltar e não dizer nada para as crianças. Ou então voltar e impedir o Paulo de ir embora.”

“Você sabe que foi esse desejo de voltar do Daniel que causou tudo isso, Mário.”

“Eu sei, pequena. Mas se nós soubéssemos a verdade naquela época, tudo teria sido diferente. Nós teríamos ido com vocês para o interior, ficaríamos do seu lado.” Ele secou uma lágrima do rosto dela. “Me dói cada vez que eu penso que vocês passaram por tudo aquilo sozinhos.”

“Nós queríamos que as crianças tivessem uma chance quando acontecesse com eles, você sabe disso. E por mais que eu quisesse muito ter você, a Mili e o Marcos por perto, eu não queria que vocês vissem tudo que nós estávamos passando, Mário... Todos aqueles exames, testes, tratamentos experimentais. Eu quase tomei o medicamento que deixou o Paulo em coma por meses. E eu ficava pensando o quanto vocês sofreriam se nos vissem ali.”

“Eu fico pensando porquê nossa vida teve que ser assim. Por que tivemos que passar por tantos desencontros, sofrimentos, provações? O que nós fizemos de errado, amor? Sempre tentamos fazer o bem para todos, ser corretos. E o que conseguimos? Você e o Paulo com uma doença desconhecida, vivendo enclausurados como animais de testes por anos para tentar achar uma cura. A Carmen morta e o Eric cego. A Margarida envolvida com um maldito abusivo por anos.” Mário teve um surto de raiva, socando a parede e gritando de dor.

“Você vai quebrar a mão assim, pelo amor de Deus.” Gritou Marcelina, correndo até ele e o abraçando, enquanto o homem chorava alto.

A porta se abriu com força, revelando Marcos desesperado. Ele se assustou com o estado do pai e correu até eles, os abraçando com força.

“Calma, pai. Tá tudo bem.” Prometeu o rapaz de 16 anos, preocupado.

“Eu quero minha filha de volta, droga. Eu quero a nossa vida de volta, como era lá no começo. Nós quatro, bem, em paz.” Soluçou Mário, agarrado nos dois.

“Você sabe que é o que todos nós queremos, grandão.” Marcelina acariciou as costas dele, também chorando.

“É, pai.” Marcos fungou, afundando a cabeça entre os dois. “Logo a Mili vai estar de volta, tenha fé.”

“Eu não sei mais o que é isso, Marcos.” Mário negou com a cabeça, os olhos fechados vertendo lágrimas. “É como se a vida continuasse a me tirar as coisas.”

“A Milena vai voltar, Mário, assim como eu voltei. E tudo vai dar certo.” Prometeu Marcelina, secando as lágrimas no rosto dele. “Nós vamos voltar a ficar todos juntos.”

~*~

“Mãe, o que o papai tem hoje?” Nicholas perguntou para Margarida, vendo que Jorge mal tocava na comida do prato.

“Hoje faz três anos que a sua irmã sumiu, meu amor.” Explicou a mãe, sorrindo triste.

“Não fica triste, pai.” Pediu o garoto, segurando a mão do pai. Só então Jorge percebeu que falavam sobre ele. “O tio Dan está terminando a máquina, logo a Ella vai estar de volta.”

“Eu realmente torço para isso, filho.” Suspirou Jorge, encarando a ex-mulher.

Diferente dos amigos, os dois não conseguiram se entender de novo. Na verdade, estavam machucados demais para tentar. Diferente de Marcelina e Paulo que partiram por uma “boa causa”, o divórcio de Margarida e Jorge foi motivado por diferenças e egoísmos particulares.

Tinha também o fato do quanto ela e Nicholas tinham sofrido e apanhado na mão de Celso, e toda a marca que isso deixou no garoto. O ex-casal simplesmente preferiu deixar sua relação de lado e se focar em cuidar do filho e de seus traumas, enquanto esperava a volta da filha mais velha para casa.

Só então parariam para pensar o que seria deles dois, porque uma coisa não podiam negar: ainda eram apaixonados um pelo outro.

“Mais tarde o Dan quer conversar com a gente, Margarida. Acertar os últimos detalhes para a nossa volta.” Jorge disse depois de um tempo, recebendo um aceno de cabeça.

“Vocês dois vão voltar atrás da Ella?” Perguntou Nicholas.

“Não, filho, só eu vou.” Respondeu o pai.

“A mamãe vai ficar cuidando de você, assim como a tia Marce vai ficar com o Marcos e o tio Paulo com a Alice e o Paulinho.” Margarida sorriu triste, porque não concordava com isso. Estava longe da filha há 14 anos, e não queria esperar nem mais um minuto para vê-la e saber que estava bem.

Mas afinal, quem havia cuidado dela até ali tinha sido Jorge, e os dois não podiam simplesmente ir e deixar o filho para trás. Então, ela teria que ser paciente e esperar mais um pouco.

~*~

“Quando vocês dois aparecem na oficina, boa coisa não é. Especialmente no dia de hoje.” Resmungou Daniel, encarando Alice e Marcos.

“Tio, nem vem que vocês só conseguiram fazer as coisas com a rapidez que fizeram por nossa ajuda.” Lembrou Alice, sentando na cadeira em frente ao computador. “Oi, pessoal.”

“Fala, baixinha.” Adriano bagunçou o cabelo dela, que resmungou.

“O que vocês querem hoje, meninos?” Perguntou Koki, enfiando entre as ferragens.

“Conversar sobre a volta no tempo.”

“Acho que vai dar para fazermos isso no começo de outubro.” Comemorou Davi, apesar do cansaço. “Estamos terminando tudo o que vai ser preciso levar para construir a nova máquina, e essa já está quase toda finalizada.”

“Mas o que nós queremos conversar é sobre quem vai voltar.” Explicou Marcos.

“Ah, não, nem comecem.” Mandou Daniel, sério.

“Tio, presta atenção: você já parou para pensar em como vai reagir quando encontrar com a Carmen no passado? Viva?” Perguntou Alice.

Claro que ele tinha pensado. Pensava nisso o tempo todo, todos os dias, pelos últimos anos. Ele iria abraçá-la, beijá-la, dizer que a amava e que sentia sua falta, e que nunca mais iria deixá-la ir.

“A gente ia pirar.” Observou Adriano. “Eu não tinha pensando nisso até agora, mas é a verdade. Se nós virmos a nós mesmos, ou nossos amigos, vindos do futuro, a gente vai pirar, entrar em parafuso. E o futuro vai ser alterado.”

“Mas será que os meninos não vão mudar alguma coisa já?” Perguntou Koki. “Digo, será que eles encontraram com a gente no passado e mudaram alguma coisa?”

“Isso nós só saberemos quando eles voltarem.” Avisou Davi, atraindo a atenção dos amigos. “Eu tenho duas possíveis teorias: a primeira, que me parece mais provável, é que esteja sendo criada uma linha do tempo alternativa.”

“Como assim, Davi?”

“Simples, Dani: nossa realidade não muda, apesar do que o Pietro, a Ella, o Eric e a Mili estão fazendo. Mas a realidade dos nossos eus do passado sim. Eles vão tomar decisões diferentes que vão gerar desdobramentos diferentes no futuro deles, mas a nossa realidade permanece inalterada.”

“E qual seria a segunda teoria, tio?” Pediu Marco, ansioso.

“Essa me parece bem menos provável, mas enfim. O futuro só vai mudar a partir do momento em que eles voltarem para o nosso tempo. Do contrário, tudo estaria mudando constantemente, gente sumindo e reaparecendo. Como eu falei, penso que essa é a menos provável, porque creio que gente ressurgir ou alguém que estar casado não estar mais, ou até alguma das crianças não nascer... Tudo isso me parece bem improvável e insano. O que eu penso é a primeira opção, da linha do tempo alternativa.”

“De todo o jeito, não é uma boa ideia vocês se verem no futuro, Dan.” Koki teve que concordar com os mais novos. “Ainda mais porque o futuro não é exatamente um mar de rosas. Mesmo que não altere a nossa linha do tempo, pode cagar com a vida nova dos nossos eus passados.”

“Vocês sabem que a Alicia e o Mário vão comer meu toco se eu deixar vocês irem, não é? A Marcelina vai arrancar meu pé fora, que é basicamente o que ela alcança.”

“Pesado zoar a altura da minha mãe, cara.” Resmungou Marcos.

“Tio, meu pai já sabe e vai te ajudar a explicar tudo. Mas eles não podem saber de nada até nós irmos.” Prometeu Alice.

“E como vocês vão fazer isso sem eles saberem, podem me dizer?” Perguntou Daniel, sério.

“Você vai combinar uma data com eles, preparar tudo. Uma semana antes eu e o Marcos vamos vir para cá e fazer a viagem, sem eles saberem.” Explicou o jovem Ayala.

“Nossa, to vendo a Alicia e a Marcelina matando a gente.” Suspirou Davi. “Mas é uma boa ideia.”

“Eu não sei.” Suspirou Daniel.

“Cara, eles são as duas únicas pessoas, além da gente, que teriam condições de montar essa máquina no passado. Eles vão conseguir fazer mais do que vocês quatro fariam juntos.” Lembrou Adriano, rindo.

“Só espero que vocês consigam ajudar nossos eus passados a terem um futuro melhor.” Suspirou Daniel, voltando ao trabalho.

“Alice? Marcos? O que vocês fazem aqui?” Alicia entrou apoiando Paulo com a ajuda de Mário, enquanto Marcelina, Jorge e Margarida vinham atrás.

“Estão aprontando alguma coisa, Dan?” Perguntou Marcelina.

“Não, gente, eles só vieram ajudar. Sabe, nós não teríamos conseguido fazer as coisas sem eles dois, especialmente os cálculos da Lice. Então eles vieram ver se precisávamos de algo mais.” Explicou Daniel, sorrindo amarelo. “Aliás, me esqueci de uma coisa.”

“O que, tio?”

“Parabéns, baixinha.” Ele abraçou Alice, que tentou não chorar. Não queria falar nada, mas era o primeiro desejo de feliz aniversário que recebia naquele dia.

“Ai meu Deus.” Alicia e Paulo se entreolharam, completamente envergonhados por terem esquecido o aniversário da filha.

“Desculpa, Lice, eu esqueci mesmo.” Marcos abraçou a prima com força, e ela disse que estava tudo bem.

O casal Ayala, Margarida, Jorge, Davi, Adriano e Koki a cumprimentaram em seguida, ninguém percebendo que os pais também tinham esquecido do aniversário da menina. Quando ela se aproximou, os dois a puxaram para um abraço.

“Desculpa, meu amor.” Pediu Alicia, sem conseguir conter o choro. “Eu só...”

“Tudo bem, mamãe... Eu sei que não é um dia fácil, para ninguém.” Alice agradeceu por eles não conseguirem ver seu rosto enquanto se abraçavam.

“Não está nada bem, princesa. Seu aniversário é o dia mais importante da nossa vida, junto com o do Paulinho, e nada justifica esquecer ele.” Garantiu Paulo, beijando o cabelo dela. “Nós vamos fazer alguma coisa hoje, ok?”

“Não precisa, pai, sério.” Ela sorriu amarelo para eles.

“Precisa sim. Mesmo que não vá reparar, vai fazer nós dois nos sentirmos menos culpados.” Pediu a mãe, recebendo um aceno afirmativo. “Dan, podemos deixar a conversa para outro dia?”

“Claro, Ali. Hoje o dia é para a Lice.” Daniel sorriu.

“Então vamos todos juntos. Eu não quero vocês se martirizando ou afundando em tristeza hoje, é meu único pedido de aniversário.” A jovem Guerra encarou todos os tios, que concordaram. “E eu tenho certeza que ninguém vai esquecer meu aniversário ano que vem... Porque o Pietro vai estar aqui para comemorar comigo!”


Notas Finais


OOOOOOI GENTE, TUDO BEM? Ainda não superei a morte do Rabito, e olha que fui eu quem escrevi ela! Mas fico feliz que ela tocou todos vocês, isso é muito recompensador para um autor!
A pessoa escolhida para ganhar a cena foi a RafaTiger e sua linda sobrinha Luiza! Rafa, vocês podem escolher entre a cena futura ou um spoiler, para acalentar o coração rebelde da pequena Lu HAHAHAHAHA
Espero que estejam gostando, gente! Como podem ver, nada se mudou ainda. Qual das hipóteses do Davi estará certa? hm*
Mil e um beijos para vocês ;* <3


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...