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História For the love of my family - Capítulo 25


Escrita por: Believe8

Notas do Autor


Aos fãs dos irmãos Guerra... Já aviso que vão ficar sem estruturas nesse capítulo.
Ah, e gostaria de falar rapidamente do Carrossel 2. Sim, eu assisti hoje pela internet. Não, meu forninho não está bem. Surtei tanto com Carmiel e Paulicia, que veja bem... Mesmo achando aquela cena da bicicleta mais forçada que a MORTE, o conjunto da obra ficou ótimo! Já senti um preludio para Marilina no próximo filme, especialmente com as fotinhos dos dois juntos dos créditos finais, e to aqui fazendo oração para Santo Antônio acelerar a mágica para Jorgerida.
Mas preciso comentar a inconsistência da atitude da diretora Olívia no final. Se bem me lembro, no acampamento, a situação era extremamente arriscada e ela, sozinha, autorizou as crianças a "lutarem" contra os bandidos que já tinham quase matado a Valéria e colocado fogo no lago. Então ela ter dado aquele senhor esporro na professor Helena... AH, MEU CU!
Fiquem com alguns tiros que eu printei, e quem quiser ver eles em tamanho maior, está no meu segundo insta, o @mysweetotp. Corre lá que é amor <3
Um beijo e um abraço!

Capítulo 26 - Capítulo 25


Fanfic / Fanfiction For the love of my family - Capítulo 25

“Alice?” Alicia bateu na porta do quarto que era dela, mas que a filha ocuparia dali para a frente. “Hã, eu trouxe algumas toalhas para você.”

“Valeu, mãe.” A moça agradeceu, recebendo uma careta. “Ainda é estranho, né?”

“Digamos que ficou uma pouco menos depois daquelas fotos que vocês mostraram. Mas ainda é estranho, e bem fora da realidade. Eu não consigo me visualizar como aquela Alicia, ela parece outra pessoa.” Explicou a marrentinha, sentando na cama. “E ao mesmo tempo, eu amo vocês três como aquela Alicia parece amar.”

“Eu iria bugar em uma situação dessas.” Alice sentou ao lado da mãe, rindo. “Até porque, teoricamente, eu sou mais velha que você e o papai.”

“É, tem isso.” A mãe riu, encarando a filha. “Alice, eu posso te perguntar uma coisa?”

“Claro que sim.”

“Quando o Pietro falou tudo ontem, ele disse que no futuro eu e o Mário estávamos juntos e íamos nos casar.” A garota assentiu. “Nós nos casamos?”

“Não, vocês não se casam. Depois que eles sumiram, vocês todos ficaram em um estado meio letárgico. E o papai e a tia Marce reapareceram logo depois.”

“E eu e o Paulo...”

“Vocês voltaram, sim.” Até aquele momento, os filhos não tinham conhecimento dos pais terem escutado a conversa. “É que...”

“Eu sei, nós ouvimos a conversa de vocês ontem.”

“Então o papai sabe o que vai acontecer com ele?” Os olhos de Alice se encheram de lágrimas.

“Ah, filha...” Alicia puxou a jovem para seu colo, deixando que ela chorasse ali. “Tem muita coisa sendo alterada no futuro, Alice. Talvez isso se altere também.”

“Eu torço muito para isso, mamãe, de verdade.” Fungou a morena. “Desculpa, te chamei assim de novo.”

“Pode chamar, eu não ligo.” Riu Alicia. “Quando você está assim, parece uma criancinha. É mais fácil me sentir sua mãe nessas horas."

“Vai ser legal nós cinco morarmos aqui, na sua casa.” Comentou a Guerra. “A vó e o vô está viajando para variar?”

“Isso não mudou pelo visto.” Alicia riu pelo nariz. “Eles só voltam ano que vem. Até lá, acho que já mandamos vocês de volta para o futuro. Só imagino como eu estou surtada por lá.”

“Considerando que o Paulinho veio por acidente, você deve ter parido outro filho.”

“Pelo amor de Deus, vocês não têm dó de mim?” As duas riram da observação. “Você me ajuda a colocar o Paulinho na cama, Alice? Eu ainda não sei muito bem o que fazer com ele.”

“Claro, sem problemas.” A mais velha sentou, secando os olhos. “Você me ensinou a cuidar dele, tenho certeza que vai ser fácil fazer o inverso.”

~*~

Germano estava no apartamento dos Guerra. Ele havia acabado de ser apresentado para Mili e Marcos, oficialmente, já que ele conhecera a garota semanas antes como prima de Marcelina. Ele havia entendido a assimilado tudo com mais rapidez do que Mário esperava, principalmente após ver as fotos, e agora conversava com os dois com a maior alegria.

“Mário, eu percebi uma coisa hoje.” Avisou Marcelina, preocupada. “Amanhã é aniversário da Mili.”

“Caramba, é mesmo. E a gente não pensou em nada.” Ele fez uma careta. “Do que ela gosta?”

“Eu sei tanto quanto você, né? Vamos ligar para o Eric, ele deve saber.”

“Ah, pequena, eu não quero ficar pedindo ajuda para o namorado da nossa filha.” Ele reclamou, enquanto ela o puxava pela mão.

“Eu sei, grandão. Mas para o nosso azar, o namorado da nossa filha conhece ela há bem mais tempo que a gente.” Marcelina riu, pegando o celular. “Vamos ter que enforcar aula de novo.”

“To só torcendo para não tomarmos bomba no último ano.” Mário deitou na cama da namorada, enquanto ela colocava o celular no viva-voz.

“Oi, tia Marce.”

“Como você sabia que era eu, Eric?”

“Eu configurei o celular para falar o nome do contato.” Ele explicou. “A Mili está bem?”

“Eric, vamos deixar minha filha em paz, fazendo o favor?”

“Controle-se, Mário.” Marcelina riu do ciúme do namorado. “Eric, amanhã é aniversário da Mili, e nós queríamos fazer alguma coisa com ela. Você tem alguma ideia do que podemos fazer?”

“Olha, tia, todo ano vocês levavam a Mili em um museu no aniversário dela. Ela adora museus, desde pequena. Vocês podiam fazer isso com ela amanhã.”

“Que tipo de museus?”

“Bom, ela adora o Museu do Ipiranga. Também gosta do museu da imagem e som, é o favorito dela. Tem a Pinacoteca, o museu da língua portuguesa... Ela já foi em todos os que existem na cidade, e nas da região também.”

“E se for um museu com animais?” Perguntou Mário. “Digo, o zoo safari?”

“No zoológico?” Marcelina gostou da ideia. “Eric, você acha que ela toparia?”

“Claro que sim, ela iria adorar. Ela sempre quis ir, mas o Marcos morria de medo quando era pequeno. E conforme a gente foi crescendo, isso foi ficando de lado.”

“Eu também morro de vontade de ir no zoo safari.” Suspirou Marcelina, animada. “Quer ir com a gente, Eric?”

“Ah, tem dó.” Reclamou Mário.

“Vou passar, tia, valeu. Até porque, para mim, é um passeio meio chato, né?” Eric riu do outro lado. “E a Mili sempre quis fazer isso vocês quatro... Divirtam-se.”

“Obrigada, genrinho lindo do meu coração.” A baixinha desligou o celular, observando o namorado emburrado. “Eu não conhecia esse lado ciumento seu, amor... É fofo.”

“Eu não gosto dessa história de namoro. Eles têm dezessete anos, poxa.”

“E nós também.”

“Exato, e por isso eu sei como é um namoro nessa idade.” Marcelina gargalhou alto ao ouvir aquilo.

“Você sabe que é hipócrita fazer besteirinhas comigo e não querer que o Eric faça com a Mili, não é?” Ela deitou ao lado dele, beijando seu ombro.

“Se quer me foder paga o jantar antes, pequena.” Ele choramingou, cobrindo o rosto com a mão.

~*~

“Carmen? O que você está fazendo, amor?” Daniel saiu do banheiro de bermuda, enxugando o cabelo com a toalha.

“Só vendo as fotos.” Ela disse sem tirar os olhos do celular.

“Você pediu para o Pietro te passar elas?” A garota concordou. “Quais?”

“Tem uma do nosso casamento, e as da gravidez do Eric. E essa, de nós com ele, logo que ele nasceu.” Ela mostrou para ele. “Nós parecemos duas pessoas diferentes nas fotos, Dan.”

“Diferentes como, linda?”

“Não a mesma pessoa. Tipo, olha para a gente na foto do nosso casamento. E olha a gente nessa foto, quando eu descobri que estava grávida. Nós parecemos a mesma pessoa?” Ela colocou as duas, lado a lado.

“Não, não parecemos. Aqui a gente parece dois robôs, que nem erámos algumas semanas atrás, e aqui... Bom, a gente parece o que nós somos hoje.” Ele suspirou. “Se o Eric nos mudou hoje, por que ele não nos mudou no futuro?”

“Mas ele mudou, Dan. Ou pelo menos, o quanto ele conseguiu. A diferença é que eu acho que no futuro nós já erámos cabeças duras demais para aceitar mudar.” Ela estava com os olhos cheios de lágrimas. “É lindo, não é?”

“É, é lindo.” Ele concordou, admirando a foto dos três, momentos após Eric chegar ao mundo. “É tão... Puro? Acho que é essa a palavra.”

“Mãe? Pai?” Eric bateu na porta com a bengala. “Posso entrar?”

“Pode, filho.” Daniel foi até ele, o ajudando a ir até a cama. “Estávamos revendo as fotos que o Pietro mostrou hoje.”

“A do seu nascimento.”

“Ah, eu sei qual é. Era a única que vocês me deixavam ver quando eu era criança, diziam que as outras eram muito impróprias.” Ele contou aos risos. “Pena que quando eu tinha idade, eu não podia mais ver elas.”

“Não perde nada, Eric. São realmente nojentas.” Garantiu o pai, e Carmen se indignou.

“Obrigada pela parte que me toca, viu amor?”

“Linda, eu te amo, mas ver nosso filho saindo das suas partes baixas é algo realmente impactante e nojento. Você sabe que esse lugar é meio que sagrado para mim, né?”

“Pai, por favor, poupe meus ouvidos antes que eu vomite.” Eric fez uma bela careta. “Mas tem uma dúvida que tá me corroendo... Vocês disseram que eu sou cabeçudo, né? Nas fotos parece que eu dei trabalho para nascer?”

“Na verdade, você nasceu na sala de entrada do hospital. Então pelo visto você escorregou.” Lembrou Carmen.

“Ou seja, seu cabeção não atrapalhou.” Concluiu Daniel.

“É bom saber o quanto vocês me amam, sabe?”

“Eric, a mamãe te ama e faria tudo por você, você sabe disso. Mas entenda que eu me preocupo, porque, né... Sou eu quem vai sentir a dor” A garota explicou, dando de ombros.

“Eu to brincando, mãe. Eu realmente admiro a coragem da tia Ali e da tia Marce de terem programado ter mais um. Pelo que vocês falaram enquanto viam as fotos, isso dever doer para burro.” O rapaz sorriu, segurando a mão dela.

“Foi por causa de dor que nós tivemos só você?” Perguntou Daniel.

“Não, pai, era mais pelo plano mesmo. Eu já tomava muito tempo, imagine dois filhos.”

“E você queria irmãos?” Carmen sondou.

“Ah, queria, né? O Pietro, a Alice e a Mili ficaram na maior expectativa quando foram ganhar os irmãozinhos, e mesmo que o Paulinho e o Marcos fossem bem chatos, eles adoravam ser irmãos mais velhos. Eu até pedi uma vez, mas tomei um sermão de meia hora do papai.”

“A cada minuto eu tenho mais vontade de dar um soco na minha própria cara daqui alguns anos.” Suspirou o Zapata, irritado. “Eu me tornei um grande babaca.”

“Reconhecer é um bom passo para mudar, pai.” Eric procurou a mão dele. “Bom, eu só vim dar boa noite. Eu vou ler um pouco, e depois ir dormir.”

“Não durma tarde, temos aula amanhã.” Pediu Carmen, beijando o rosto dele.

“Vocês também não. Tentem lembrar que eu estou no quarto ao lado.” O casal corou diante daquela afirmação. “Eu queria tanto ver vocês ficando vermelhos agora.”

“Olha o respeito, moleque, nós ainda somos seus pais.” Mandou Daniel, mas estava rindo enquanto ele saia do quarto.

~*~

Paulo estava na cozinha, terminando de lavar a louça do jantar. Não era do tipo que fazia tarefas, já que sua mãe sempre se responsabilizou por isso, mas considerando que agora ele e Alicia iriam morar sozinhos na casa dela, com os três filhos, o rapaz precisaria colocar a mão na massa. Ou nesse caso específico, na louça.

“Precisa de ajuda?” Pietro apareceu na porta, sem jeito.

“Seria bom.” Concordou Paulo. “Eu nunca me toquei que sujava tanta louça para fazer macarrão.”

“É que a mamãe é meio desastrada na cozinha.” O mais novo riu, se aproximando. “Ela é do tipo que suja dez panelas para fazer arroz.”

“E isso pelo visto não melhora?”

“Não, desculpa.” Pietro riu, observando. “Bom, eu e a Alice temos um esquema de eu ensaboo e ela enxagua. Pode ser?”

“Por mim tá ótimo.” Paulo concordou, passando a bucha e o detergente para ele.

Os dois começaram a lavar a louça em silêncio, em um ritmo harmônico e tranquilo. Depois de um tempo, Paulo resolveu tentar puxar assunto.

“E como você e a Ella estão? O namoro e tudo o mais?”

“Bem, bem. Eu achei que ia ser meio difícil, considerando o tempo que nós passamos sendo amigos coloridos. Mas a verdade é que eu gosto de estar com ela, em toda a situação, não só para transar.” Divagou o rapaz, ensaboando uma panela.

“E vocês estão se cuidando? Sabe, protegendo e tudo o mais. Porque, na boa, eu e a Alicia ainda não tivemos você e sua irmã para valer, não me sinto preparado para ser avô.” Paulo fez uma careta e Pietro riu.

“Fica tranquilo, Paulo, a Ella toma remédio. Digo, ela toma uma injeção que dura por um ano, começou quando resolvemos transar pela primeira vez.”

“E quando foi isso?”

“Ah, não muito depois de ela fazer 15 anos.”

“Tava com pressa, hein?” Se espantou o Guerra mais velho.

“Ah, erámos dois rebeldes, carentes e cheios de raiva para extravasar. Um dia estávamos em casa, começamos a nos beijar, e uma coisa levou a outra. Aí nos arrependemos e juramos que nunca ia acontecer de novo, até que a Ella brigou com o tio Jorge e a tia Majo de novo, e repetimos a dose. Então achamos melhor nos precavermos.”

“Rapaz esperto, sua mãe te ensinou bem.” Elogiou Paulo.

“Na verdade foi o tio Mário que teve essa conversa comigo. A mamãe ajudou ele quando a Mili ficou menstruada, e ele deu uma força para ela quando percebeu que eu estava, hã, passando por mudanças.” Pietro relembrou, aos risos. “Foi bem constrangedor, admito.”

“Eu é quem devia ter tido essa conversa com você.” Suspirou Paulo, encaixando o prato no escorredor.

“Paulo...” Pietro tentou falar, bem no momento em que o mais velho desligou a torneira.

“Não, Pietro, eu to cansado. Você nem consegue me chamar de pai. No começo ainda chamava de vez em quando, sempre com ironia, mas desde ontem é só Paulo, Paulo e Paulo. Mas você chama a Alicia de mãe sem o menor problema.”

“Você sabe o porquê.”

“Sei, porque eu fui embora. Mas eu também sei porque eu fui embora, e não foi por egoísmo.” O rapaz encarou o pai. “Nós ouvimos a conversa de vocês ontem, Pietro. Eu e a Marcelina fomos embora porquê...”

“Porque vocês nos amavam. Mas agora que você voltou, você está morrendo. Não percebe que isso não muda nada para mim?” O rapaz socou a pia, angustiado. “Você foi embora para nos proteger, e agora que voltou, vai embora de novo. Do que adianta eu me aproximar de você, me apegar, se você vai embora de novo?”

“E do que vai adianta você continuar me odiando? Continuar me tratando mal, brigando e me xingando?” Paulo segurou o ombro dele, tremendo. “Você acha que tudo isso é fácil para mim também, Pietro? Quem está morrendo no futuro sou eu. Quem está convivendo com a culpa de um dia ter que abandonar vocês e a Alicia sou eu. Eu me desespero a cada vez que penso nisso, porque eu amo vocês.”

“Não fala isso, pai, não deixa as coisas piores para mim.” Pietro cobriu o rosto com as mãos, sentindo que ia começar a chorar.

“Olha isso aqui.” Paulo colocou o celular na frente dele, e o garoto viu que ele havia mudado o plano de fundo. Agora era uma foto que ele havia mostrado mais cedo, deles dois, Alicia e Alice, logo depois que eles nasceram. “Você acha que isso não tem um significado para mim? Que meu mundo não fica do avesso cada vez que eu vejo essas fotos, ou que eu vejo você e os seus irmãos? Vocês são tudo o que eu sempre imaginei, isso é o futuro que eu sempre sonhei com a sua mãe. E ele é destruído por algo que eu não posso controlar. E agora, vocês três aqui, é a única forma que eu tenho de compensar e viver isso. E a única coisa que eu recebo de você é raiva e desprezo.”

“Claro que eu tenho raiva, pai... Porque eu te amo, e não importa o que a gente faça, você sempre vai ser tirado de mim.” Pietro explodiu em chorar, assustando Paulo. “E eu não quero saber de novo como é bom te ter na minha vida, para te perder de novo.”

O mais velho não disse nada, apenas puxou o filho e o abraçou. O garoto o apertou, chorando em seu ombro como não chorava há muito tempo, nem mesmo com Ella. Chorou como quando era pequeno e tinha medo de alguma coisa, e seu super-herói particular chegava e o pegava no colo, prometendo que tudo ia ficar bem. E, é claro, sempre ficava.

“Você sabe que, agora, eu e a Marcelina vamos fazer tudo o que pudermos para evitar o que aconteceu. Para achar a cura dessa bosta de doença antes, e para nunca ter que deixar vocês, não é?” Paulo perguntou com a voz embargada.

“E se isso não for o bastante? E se mesmo assim você tiver que nos deixar?”

“Pietro, eu nunca, nunca, vou deixar vocês quatro. Eu dou um jeito de levar vocês comigo, e nós enfrentamos essa barra juntos, nós cinco. Porque é assim que as coisas vão ser daqui para a frente: nós cinco, eu, você, sua irmã, seu irmão e a sua mãe, contra tudo e contra todos. E nós vamos vencer, ok?” Prometeu o pai, emocionado.

“Eu acredito em você.” Garantiu o rapaz, com a voz tremendo. “Você nunca mentiu para mim, não seria agora que iria mentir.”

“Meu pai demorou muito para aprender a ser um bom pai, Pietro. Eu sei que ele é um ótimo avô, e hoje em dia ele é o melhor pai do mundo, mas isso levou tempo.” Contou o Guerra. “E eu jurei, quando criança ainda, que ia ser diferente dele.”

“E você é, pai. Durante todo o tempo em que você esteve com a gente, você sempre foi o melhor pai do mundo. E já está aprendendo a se agora.” Pietro sorriu para ele, sendo retribuído. “Alice, eu estou te ouvindo fungar do outro lado da parede.”

“Você é muito chato.” Resmungou a garota, entrando correndo na cozinha e se jogando sobre os dois, os abraçando. Paulo riu, beijando o topo da cabeça dela. “Eu amo vocês dois.”

“Eu sei.” Pietro segurou a mão dela sobre o peito do pai, um com a cabeça em cada ombro dele.

Na porta da cozinha, Alicia estava apoiada no batente, observando tudo bastante emocionada. Paulo a encarou sorrindo, e ela retribuiu com a mesma intensidade.

“Pena que o Paulinho acabou de dormir, porque vocês quatro assim daria uma foto linda.”  Ela comentou quando sentiu que conseguiria falar sem cair no choro.

“Olhando assim até vale a pena o sufoco de colocar nós dois para fora de você?” Perguntou Pietro, e ela fingiu ponderar.

“Olha, valer eu sei que vale. Mas estou cogitando seriamente a possibilidade da cesárea, porque pelas fotos, meu filho... Você realmente acabou comigo, hein?” Ela desabafou, fazendo os três rirem.

“Desculpa por isso, mãe.” Pietro caminhou até Alicia, a abraçando. “Mas se serve de consolo, no futuro você continua gostosona e inteira.”

“É, acho que posso conviver com isso.” Ela riu, deitando a cabeça no ombro dele. “O que vocês acham de eu e a Alice ajudarmos vocês dois a terminarem de arrumar a cozinha, e irmos assistir algum seriado?”

“Gosto de como você pensa, amor.” Garantiu Paulo, soltando a filha. “Até porque ainda precisamos terminar a primeira temporada de How I Met Your Mother.”

“Xi, o final dela é frustrante.” Avisou Alice. “Pula fora e fica só com Friends, que é mais negócio.”

“Eu vou ter que concordar com ela.” Suspirou Pietro, enquanto os quatro voltavam a lavar a louça e discutiam seriados.

~*~

“Marga?” Jorge colocou a cabeça para dentro do quarto, falando baixo. “Eles dormiram?”

“O Nic acabou de pegar no sono. A Ella apagou tem um tempo já.” A garota riu, vendo os dois filhos dormindo quase abraçados. “Não é fofo, lindo?”

“Bastante.” Ele deitou ao lado dela, a abraçando. “Eu me sinto em débito com ele, amor.”

“Por que, Jorge?”

“Hoje, vendo tudo o que nós sentimos enquanto esperávamos a Ella, tudo o que fizemos e montamos para a chegada dela, eu fico pensando em quando ele chegou e enquanto você esperava ele. Que eu não estava lá quando o Nicholas nasceu, para dizer que estava tudo bem e proteger ele com o meu colo. E que você estava sozinha, assustada, angustiada pela saudade da nossa filha.” Jorge desabafou, encarando o nada.

“Eu sei, eu pensei a mesma coisa.” Margarida repousou a cabeça no peito dele, cansada. “Quando será que os sentimentos bons viraram ruins, amor? Quando aquelas duas pessoas apaixonadas nas fotos, de olhos brilhando e coração transbordando amor, se tornaram duas pessoas amarguradas e com tanto ressentimento a ponto de fazer tudo o que fizemos, principalmente com eles dois?”

“Não sei, anjo. Eu só fico lembrando daquele vídeo, nos dois no quarto dela, e de como nós parecíamos felizes. E nada do resto faz sentido para mim.” Ele beijou o topo da cabeça dela, pensativo. “Será que a gente vai conseguir, Marga? Fazer tudo diferente do que aconteceu na realidade deles?”

“Ao mesmo tempo que eu torço muito para que sim, eu tenho medo.” Admitiu a garota, acariciando a cabeça de Nicholas. “Medo de eles não existirem se fizermos as coisas diferentes.”

“Tudo isso, realmente, está colocando em prova o que nós sempre acreditamos sobre a vida, não é?” Jorge suspirou. “Hoje eu acredito que tem certas coisas que são predestinadas, Margarida... Eu penso que eles dois estão predestinados a serem nossos filhos, e nós dois a sermos os pais deles. E o que acontecer no entorno dessa história será consequência das nossas decisões e escolhas.”

“Então vamos fazer as escolhas certas dessa vez, não é? Pra ele poder nascer protegido por nós dois, e amado pela Ella, assim como ele é agora.” Os dois admiraram os filhos dormindo juntos e sorriram.

“Vamos, amor, vamos sim.” Prometeu o loiro, beijando a cabeça dela. “Agora pode dormir, lindinha... Eu to aqui cuidando de vocês três.”

~*~

Marcelina se virou na cama, observando Mili dormindo no colchão ao lado. A garota ressonava tranquila, enrolada em uma manta, os cílios tremulando para indicar que ela sonhava.

Ficou lembrando do vídeo que tinham visto mais cedo, e que a tocara de uma maneira mais profunda até do que as fotos do nascimento dela. Foi só ali que realizou, realmente, que em alguns anos Mili estaria dentro dela.

“E você está aqui dentro, bem pequenininha e quentinha, toda coberta de amor. E nós estamos enchendo esse lugar de amor, para você continuar coberta por ele mesmo após nascer.” Foi o que Mário disse no vídeo, se referindo ao fato de que a filha estava dentro de sua barriga.

“Como eu consegui, mesmo que por um minuto, sentir algo ruim por você, Mili?” Perguntou baixinho, secando uma lágrima solitária. “É como não gostar de uma parte de mim, não é? Porque você veio de mim, fui eu quem te fiz, formei cada pedacinho seu... Meu eu do futuro, pelo menos.”

Foi só naquele momento que conseguiu entender as atitudes da Marcelina do futuro, o porquê de ela ter escolhido ficar longe de Mili e Marcos, se isso significasse curá-los. Na noite anterior, quando ouviu Marcos e Alice contaram, aquilo não fez sentido. Se amava tanto os dois como imaginava, não conseguia imaginar forma alguma de deixar os dois para trás, mesmo por uma doença.

Mas agora, a cada vez que imaginava aquele “pedacinho” correndo o risco de qualquer coisa... Conseguia entender um pouco do que deveria sentir dali alguns anos.

“Vocês conseguiram virar tudo do avesso, Mili... Vocês com certeza vão mudar o futuro para melhor, e isso vai ser o seu melhor presente de aniversário.” Prometeu a baixinha, acariciando o cabelo dela com carinho. Encarou o relógio na cabeceira, vendo que era quase 2h47 da manhã, hora em que a menina havia nascido. “Nos vemos daqui exatos oito anos, minha princesa.”


Notas Finais


Olha, vou admitir: eu sofri uns baldes escrevendo essa parte da Marcelina com a Mili. Menino do céu, arrepiou até a minha alma, não sei lidar.
Esse capítulo foi todo amorzinho, e eu adorei ele. Capítulo que vem temos o passeio de aniversário da Mili e a bomba: quem está grávida? hm*
Coloquem suas apostas nos comentários!
Beijos e queijos


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