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História For the love of my family - Capítulo 46


Escrita por: Believe8

Capítulo 48 - Capítulo 46


O tempo é um conceito bastante difícil de mensurar. Às vezes, um dia parece passar em um segundo; outras, um segundo parece demorar um dia para passar. Os últimos anos da vida deles estavam sendo essa inconstância, um tempo que voava e então se arrastava.

Deixaram suas vidas, se é que podiam chamar assim, e passaram a viver pela máquina do tempo. Já tinha mais de três anos desde que tinham visto seus filhos por ela, e então a mesma se apagou e queimou totalmente por dentro.

E desde então, tudo o que eles faziam era consertá-la.

“Está mais demorado para arrumar a máquina do que foi para construir ela. E olha que nem tínhamos os cálculos naquela época.” Resmungou Adriano, coçando a barba que começava a surgir em seu rosto.

“Porque, daquela vez, nós começamos do zero e encontramos um caminho. Dessa, nós temos algo pronto e precisamos descobrir onde está o problema.” Lembrou Daniel, o rosto marcado por olheiras.

Foram inúmeros testes, inúmeras tentativas e erros, e a máquina nunca funcionava. Seus rostos eram dominados por olheiras e bolsas embaixo dos olhos, pareciam dez anos mais velhos do que realmente eram, e estavam assustadoramente magros.

“É horrível não poder ajudar em nada.” Resmungou Paulo, deitado no colo de Alicia, no chão.

“Horrível é essa febre que não cede, Paulo. Você tinha que ir para o hospital, ou então para casa, descansar direito.” Repreendeu a esposa, preocupada.

“Eu já disse que não vou para o hospital, Alicia. Eles vão me internar e dizer que não tem o que fazer, a não ser esperar. E eu não vou morrer antes de reencontrar os nossos filhos.” Ele disse novamente, recebendo um beijo dela na testa.

“Eu sei que não vai, meu amor... Você é cabeça dura demais para isso. E por isso que eu te amo.” Alicia sorriu, acariciando o cabelo dele com doçura. “Você é o que está na pior situação, de todos nós, e é o que se mantém mais esperançoso.”

“Acho que estamos prontos para mais um teste.” Avisou Jorge, saindo do meio das engrenagens, todo sujo e descabelado, diferente do riquinho que todos conheciam.

“Pode ser amanhã?” Perguntou Davi, cansado. “A Val e as meninas estão me esperando.”

“Esperando?”

“É, é véspera de Natal. A Laura e o Rafa também estão me esperando para jantarmos com nossos pais.” Se desculpou Adriano.

“Eu nem lembrava que era véspera de Natal.” Confessou Marcelina, envergonhada. “Talvez seja melhor mesmo deixarmos para amanhã... O Paulo descansa um pouco, nós tomamos um banho.”

“E amanhã ligamos a máquina.” Finalizou Daniel. “Quem sabe o Papai Noel não resolve existir e ajuda a gente?”

Mas é claro que nenhum deles relaxou, ou mesmo curtiu a noite. Não havia o que relaxar ou aproveitar. Suas casas se tornaram assombradas por lembranças e saudade, marcadas pelo riso que não existia mais e por pessoas que há anos eles não viam.

“Como ele está?” Marcelina sentou ao lado da cunhada, na sala da casa de Jorge e Margarida, encarando Paulo no sofá, adormecido.

“A febre passou depois que ele tomou o remédio, mas é só que dá para fazer. O tempo dele está acabando, Marce, nós dois sabemos disso.” Contou a Guerra, os olhos cheios de lágrimas. “Ele só não entregou os pontos ainda pela promessa que fez para a Alice, de que encontraria os três e traria eles de volta para casa. Ele diz que não quer me deixar completamente sozinha.”

“Foi por causa desse bendito coração enorme dele que nós entramos nisso.” Suspirou a Ayala, segurando a mão da cunhada. “Por ele querer proteger você e as crianças.”

“Eu posso até sentir raiva dele às vezes, mas foi por esse jeito que eu me apaixonei pelo seu irmão, Marcelina.” As lágrimas começaram a cair de Alicia, encarando o marido. “Eu não sei se vou aguentar perder ele também.”

Mário e Daniel apenas as observavam, sentados e cansados. O segundo se compadecia do sentimento da amiga, sabendo o quão doloroso era perder a pessoa que mais se ama em toda a vida. E na época ele ainda tinha Eric; agora, por culpa dele, ela sequer tinha os filhos para se apoiar.

Alguns minutos depois, Jorge desceu as escadas com Margarida nos braços, parecendo adormecida.

“O que aconteceu?” Perguntou Mário, preocupado.

“Ela teve uma crise nervosa, lhe dei um calmante.” Explicou ele, a deixando no sofá com as amigas. A mulher se remexeu, fungando. “Ela estava no quarto da Ella.”

“Eu nem me atrevo a chegar perto do quarto deles, sei que vai ser o gatilho fatal.” Resmungou Paulo, despertando. “Já é Natal?”

“Não, ainda são 21h.” Daniel conferiu o relógio.

“Quero saber o que a gente vai fazer até amanhã. Além de sofrer e se remoer, claro.” Suspirou Margarida, encarando o nada.

“Ligar a máquina.” Disse o Guerra, espantando todos. “Sejamos sinceros: nós não temos mais vida, mas não podemos continuar privando o Davi, o Adriano e o Koki de viver a vida deles. Então vamos lá, vamos ligar a máquina, continuar trabalhando nela, mas sem ficar empacando os três.”

Não demorou para voltarem à oficina, ouvindo músicas de Natal e alegria por onde passavam. Porém, seus corações estavam cinzas e petrificados há muito tempo, e para eles não havia alegria nem mesmo naquele dia.

“Muito bem... Tentativa número 68.” Suspirou Daniel, começando os procedimentos para ligar a máquina. “Que seja o que Deus quiser.”

“Amém.”

Por alguns instantes, nada aconteceu. A máquina permaneceu imóvel, quieta, estável. E então, começou a brilhar, ganhar vida, fazer barulho.

“Está dando certo.” Se espantou Paulo, os olhos brilhando de animação.

“Está... Dessa vez, está mesmo.” Riu Daniel, tão animado quanto.

“E o que vai acontecer?” Perguntou Margarida.

“Eu vou colocar a data e nós vamos entrar na cabine, assim como a Alice, o Marcos, o Paulinho e o Nicholas fizeram. E então, nós vamos encontrar nossos filhos.” Explicou o Zapata, correndo de um lado para o outro. “Se preparem para a maior loucura das suas vidas!”

Enquanto Mário e Daniel ajudavam o Zapata a finalizar os preparativos, as mulheres ajudaram Paulo a entrar na máquina. Logo, os três estavam ali também e a porta foi selada.

“Crianças... Papai e mamãe estão chegando.” Suspirou Paulo, feliz.

Quando Daniel acionou a máquina, sentiram medo pela primeira vez. A sensação era estranha e inexplicável, como um puxão no estômago e seu corpo todo se desfazendo e refazendo. Houve luz e barulho, e então a escuridão e o silêncio.

“Nós estamos vivos, não é?” Sussurrou Jorge, com Margarida bem presa em seus braços.

“Sim. Pelo menos, eu acho que sim.” Disse Daniel, segundos antes de a luz se acender em um estalo. “Nós estamos na casa abandonada.”

“Esse foi o ano em que nós reformamos ela.” Lembrou Alicia, observando o local. “Uou.”

“O que foi, Ali?” Perguntou Marcelina, vendo que ela segurava um porta-retratos.

“Eu acho que muita coisa aconteceu aqui no passado.” Ela disse, virando o objeto e revelando a foto que tiraram no dia do casamento de brincadeira dos quatro casais, em que se via eles jovens, seus filhos e Jaime vestido de padre.

“Que merda...” Suspirou Daniel, dando um tapa na própria testa.

“E aonde será que elas estão? As crianças?” Questionou Margarida.

“Na escola Mundial. Esse foi o último Natal antes do Firmino morrer, o primeiro depois que eu e a Ali começamos a namorar. E que a Marce e o Mário também.” Lembrou Paulo. “Nós passamos ele na escola, todos juntos.”

“Foi no dia em que eu e o Jorge ficamos pela primeira vez.” Lembrou Margarida, encarando o loiro ao seu lado.

“Pelo visto, não mais.” Ele segurou a mão dela, encarando os amigos. “Vamos atrás dos nossos filhos, afinal.”

~*~

“Isso é estranho até demais.” Garantiu Cirilo, correndo os olhos de um lado para o outro.

“Já não basta eles fodendo o fígado aqui no passado, vão foder no futuro também.” Comentou Mili, vendo as duas versões de seus pais com copos de vodca.

“Não sei como você não está bebendo, amiga. Se não fosse o Theozinho, eu já tinha secado meio copo.”

“Ella Garcia Cavaliei, você não ouse beber enquanto estiver grávida do meu neto.” Mandou a Margarida jovem, séria.

“Eu vou virar alcoólatra.” A versão adulta resmungou, virando o resto do seu copo.

“Pai, você disse que se passaram mais três anos no futuro, não é?” Eric estava curioso e não conseguia disfarçar isso.

“O quê? Três anos?” Guinchou Pietro.

“A máquina foi destruída naquele dia. Quer dizer, parcialmente. Ela queimou por dentro, e nós demoramos muito para conseguir descobrir exatamente o que havia acontecido. Precisamos de 68 tentativas.” Explicou o Zapata, abraçado com o filho.

“E vocês se machucaram? O que aconteceu?” Perguntou Alice, preocupada.

“Nós também não sabemos, filha, ninguém nunca entendeu. A máquina estava perfeita, do jeitinho que vocês deixaram quando viajaram... E então, de repente, aquele buraco negro surgiu, sumiu e deixou a máquina toda queimada por dentro.”

“Aconteceu uma tempestade solar, aqui nesse tempo. Destruiu muita coisa na cidade.” Contou Marcos. “Mas não fez nada com a máquina.”

“Será que a tempestade viajou pela máquina?” Perguntou Ella, tensa.

“Como sempre, é impossível sabermos, Ella... Tudo o que disser respeito a máquina e viagens no tempo será difícil de interpretar com certeza.” Alice respondeu a cunhada, mordendo o lábio inferior. “Hã, mãe, tem algo que você precisa saber sobre a tempestade solar.”

“Pelo amor de Deus, Alice, você não está grávida também, não é?” Guinchou a Guerra mais velha.

“Não, não... É que... Aconteceu um acidente durante a tempestade. Vários, na verdade. Muita coisa aconteceu durante a tempestade.” Prosseguiu a jovem. “A vovó e o vovô estavam voltando para casa, junto com a vó Lilian e o vô Roberto e...”

Instintivamente a mulher e os irmãos Guerra voaram seus olhos pela sala, procurando seus pais. Paulo e Marcelina se depararam com os pais e arfaram ao ver as pequenas marcas. Já Alicia sentiu os olhos marejarem ao entender que seus pais não tinham sobrevivido ao acidente.

“Bom, eles nunca foram exatamente presentes, não é?” Fungou a mulher, sentindo a mão sendo entrelaçada pela do marido.

“Mas são nossos pais... Ou eram.” Se manifestou a Alicia do presente, tentando disfarçar que estava emocionada também.

“Eu sei, Alicia.” Elas acabaram sorrindo uma para a outra.

“E agora, o que acontece?” Perguntou Carmen, e os mais velhos travaram. “É estranho para vocês, não é? Me ver, ouvir minha voz?”

“Vocês contaram?” Perguntou Daniel para o filho, que apenas assentiu.

“Daniel, olha para mim.” Ela pediu para o futuro marido, que encarava o colo de Eric. “Olha para mim, Daniel.”

O Zapata do futuro ergueu os olhos, encontrando a si mesmo e Carmen, os dois com lágrimas nos olhos. Ele sentiu que as suas vinham e segurou a mão de Eric, que a apertou com força.  

“Eu sinto muito.” Ele disse de uma vez. “Há anos eu quero poder te dizer isso... Eu queria poder voltar para a noite do acidente e impedir que tudo acontecesse, estar em casa com vocês... Foi culpa minha.”

“Não, Daniel, não foi...” Carmen se levantou e caminhou até ele devagar. Todos prenderam a respiração com isso, a exceção do Zapata do presente, que apenas sorriu. “Foram decisões que nós dois tomamos que nos levaram a essa tragédia; decisões que e o Dan tomamos nesse tempo, que levaram as consequências que você e minha eu-futura viveram. A culpa disso não é só sua, Daniel.”

“Eu... Eu posso te dar um abraço?” Ele perguntou, a voz engasgada pelo choro.

“Claro que pode.” Carmen sorriu, o puxando pela mão e o abraçando. “Obrigada por ter cuidado do Eric, Dan.”

“Eu falhei nisso também.”

“Não, não falhou. Você errou, mas lutou e corrigiu isso!” Ela disse baixinho no ouvido ele, sentindo ele abraçá-la com mais força. “Nós vamos mudar isso, Daniel... O futuro vai ser diferente agora, eu prometo.”

“Eu não tenho mais emocional hoje, pelo amor de Deus.” Valéria secou algumas lágrimas.

“Gente, eu preciso perguntar: como é possível vocês estarem aqui?” Soltou Kokimoto. “Como uma mesma alma está habitando em dois corpos?”

“Nós não sabemos, japonês, é mais um dos mistérios que não conseguimos responder. Só o que eu sei, e isso é com certeza, é que não podemos demorar aqui. Precisamos voltar para o nosso tempo, depressa.” Garantiu o Paulo do futuro.

“Tio, garanto que mais estrago do que a gente já fez, não vai rolar.” Brincou Mili, recebendo um olhar feio dos pais.

“Falando em estrago... Você está de castigo pelos próximos 100 anos, Pietro Guerra. E você também, Alice Guerra. Que diacho de ideia foi essa de voltar no tempo?” Alicia pegou os dois filhos pela orelha, e eles guincharam.

“Ai, mãe, mãe... Tá doendo, sabia?” Implorou o rapaz, sentindo o aperto. “Em minha defesa, eu só estava passando por lá na hora errada.”

“E resolveu que seria uma ótima ideia entrar em uma cabine desconhecida no meio da oficina do seu tio maluco?”

“Coitado do tio Dan.”

“Pietro, sua mãe tem razão.” Concordou Daniel.

“Você também, Milena Ayala. Ainda não aprendeu que seu primo é pior que seu tio? Vai entrar na droga da cabine atrás dele?” Mário repreendeu a filha, logo torcendo a orelha de Marcos. “E você, moleque... Entrar na onda da sua prima?”

“Acho que já passou a saudade.” A jovem Ayala fez careta pela dor.

“Isso porque nem começamos a falar do fato de vocês terem trazido o Paulinho e o Nicholas.” Completou Jorge.

“Espera, eu não vou tomar bronca?” Perguntou Ella.

“Filha, você está grávida... Viajar no tempo foi a menos pior das coisas que você aprontou.” Suspirou o loiro mais velho, massageando as têmporas.

“Eu não tenho moral para brigar com o Eric.” Daniel deu de ombros.

“O futuro é surpreendentemente parecido com o presente, veja bem.” Comentou Cirilo, rindo.

“Gente, vamos deixar as broncas para o futuro, que tal?” Perguntou Margarida, com Nicholas sonolento em seu colo. “Acho que precisamos fazer as coisas rápido.”

“Concordo com a Marga.” Disse Marcelina.

“Coisas? Que coisas?” Perguntou a Marcelina do futuro.

“Apagar todas as evidências de que eles, e nós, estivemos aqui. Ou então, as consequências do futuro podem ser desastrosas.”


Notas Finais


Mano, a fic tem 176 favoritos, e não consegue 35 comentários em um capítulo de reta final? Cês já foram melhores, viu?
ANYWAY, ESTAMOS NO MEIO DO TIROTEIO! Essa cena da Carmen e do Daniel do futuro acabou comigo, chorei largado. Alguém mais ficou assim?
Capítulo que vem... Eles voltam para o futuro! O que será que vai acontecer? Vamos lá, 35 comentários, hein? HAHAHAHAHAH
Ah, e parabéns para a AllyGuerra, que faz aniversário hoje! Muitos anos de vida, florzinha!
Beeeeijos e até o próximo, cheeeeeeeeeeeeeeente!


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