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História For the love of my family - Capítulo 4


Escrita por: Believe8

Capítulo 5 - Capítulo 4


“Alicia?” Paulo parou na porta da cozinha, encarando a garota. “Podemos conversar?”

“Algo errado, Paulo?” Ela perguntou, sem encará-lo.

“Eu é que te pergunto isso, Ali. Você está muito estranha.” Ele se aproximou devagar, tocando o queixo dela. Geralmente ela sorria quando ele fazia isso, mas naquele momento ela só baixou a cabeça. “É por causa do Pietro?”

“Acho que a gente não fica juntos, afinal.” Ela sussurrou e ele suspirou.

“Você não sabe, eu não sei, nenhum de nós sabe, Ali. Eles falaram que não podem contar.” Ele lembrou, um pouco desesperado.

“Eu não sei, Paulo, eu não me sinto em paz com tudo isso.” Ela confessou, escondendo o rosto nas mãos.

“O nosso acordo está em pé? Seu aniversário é em um mês.” O garoto perguntou, não obtendo respostas. “Alicia, olha para mim, por favor.”

Ela ergueu os olhos e ele viu que eles estavam úmidos. Se aproximou devagar, secando as lágrimas com o polegar e dando um selinho demorado nela.

“Eu sei o que eu sinto, o que eu continuo sentindo. E você?” Ele perguntou em voz baixa, sentindo-a abraçar sua cintura.

“Eu tinha certeza de tudo até duas horas atrás, Paulo. Mas agora, eu não sei de mais nada.” Ela sussurrou contra o peito dele, e o rapaz de headphone apoiou o queixo sobre a cabeça dela. “E se tudo isso foi à toa, em vão? Se a gente esperou até agora para nada?”

“Nada que eu faça por você vai ser em vão, minha linda.” Ele disse baixinho, a abraçando com mais força.

Depois que dividiram seu primeiro beijo, no oitavo ano, eles fizeram um acordo. Se achavam muito novos e imaturos para namorar, Paulo gostava de aprontar com Kokimoto e Alicia não queria se prender. Após muito conflito, fizeram um acordo: se quando Alicia fizesse dezessete anos eles ainda sentissem a mesma coisa, ficariam juntos. Nesse meio tempo, eram livres para fazer o que quisessem.

Os dois até ficaram com outras pessoas, nunca quando o outro estivesse presente no mesmo lugar e nem nada sério. No fundo, sabiam que seus sentimentos não mudariam, mas eram dois cabeças duras demais para admitir.

E agora, sentindo a angustia que sentiam pela hipótese de não ficarem juntos no futuro, só tinham mais certeza ainda.

“Nós vamos vencer tudo para ficar juntos, minha linda, eu te prometo.” Ele disse, selando seus lábios em um beijo carinhoso.

~*~

“Pietro? Tá fazendo o que acordado, filho?” Paulo entrou no quarto que os dois meninos dividiam, coçando os olhos.

“Eu não consegui dormir, papai, fiquei pensando no Paulinho.” Explicou o garotinho de cinco anos, encarando o irmãozinho adormecido. “Esse negócio aí, o autismo, não tem cura?”

“Não, filho, não tem.” O homem suspirou, sentando ao lado do garoto e o abraçando.

“Então ele nunca vai ser normal?”

“Depende do que a gente considerar normal, Pietro. Seu irmão provavelmente não vai conversar e agir como todas as outras crianças, mas isso não significa que ele vai ser uma pessoa ruim. Você já percebeu que, mesmo que fique irritado quando tocam nele, ele adora que você e a Alice o abracem?”

“Sim, ele gosta muito.”

“Então... Eu penso que Deus nos faz diferentes para ensinarmos coisas uns aos outros. O seu irmão é assim para nos ensinar sobre paciência e também sobre amor. Porque eu nunca vi uma criança que demonstre tanto amor pelos pais e os irmãos quanto ele demonstra por nós quatro. E, não vai ser fácil aprendermos a lidar com as limitações deles e conseguirmos criar paciência para lidar com o que o mundo lá fora vai falar e fazer com ele, mas nós vamos conseguir! Eu acredito nisso, e você?” O pai sorriu para o filho, que concordou com um sorriso no rosto.

“A gente vai proteger o Paulinho de tudo, não é, papai? Sempre?” Perguntou Pietro, o abraçando com força.

“Eu e a mamãe sempre vamos proteger vocês três de tudo, e vocês também vão proteger um ao outro. É isso o que fazem os irmãos.” Sussurrou Paulo, beijando a testa dele. “Agora vamos dormir? Já está tarde.”

Ele deitou o garoto na cama e o cobriu com o edredom, lhe dando um beijo na testa. Caminhou até a porta e se escorou ali, observando os dois filhos com um sorriso no rosto.

“Foi muito bonito o que você disse.” Alicia apareceu e o abraçou pelas costas, e ele segurou seu braço.

“Você está melhor?” Ele perguntou baixinho, preocupado.

“Vai demorar para eu me sentir melhor, você sabe. É frustrante saber que não podemos fazer nada pelo Paulinho. Eu sou a mãe dele e eu não posso fazer nada para ajudar. Mas o que você disse me fez sentir melhor.” Ela admitiu, deitando a cabeça no ombro dele. “Graças a Deus eu tenho você.”

“Eu sei que, mesmo que não tivesse, você conseguiria passar por isso com maestria. Você é a mãe mais sensacional que existe, Alicia, e eu e as crianças temos muita sorte de ter você.” Ele garantiu, se virando e a abraçando de frente. “Te amo, minha jaguatirica.”

“Te amo, seu macaco babão.” Ela riu, lhe dando um selinho e o abraçando com força, os dois ficando ali por mais algum tempo enquanto Pietro os observava em silêncio.

~*~

“Eu não estou aguentando, cara.” Suspirou Pietro, massageando as têmporas enquanto Eric tomava banho.

“Ver seu pai?”

“Isso também, mas principalmente ver minha mãe sofrer. Ela ama tanto aquele imbecil, já agora... Ela me olha com uma repulsa, deve estar acreditando que eu sou filho de outra. E me dói ver ela sofrer assim por causa do meu pai.” Ele desabafou, se recostando na parede.

“Está sendo bem difícil ter minha mãe por perto também. O tempo todo eu quero dizer sobre como eu sinto a falta dela, quero tocar o rosto dela para lembrar como é... Como é ver ela e o meu pai nessa época?” Eric pediu, ansioso. Pietro riu, se levantando e entregando o shampoo para o garoto. “Valeu.”

“É bonito de ver, cara. Eles ficam abraçados o tempo todo, acho que já namoram. Na verdade parece bastante com eles no futuro, sabe? Ele está sempre atrás dela, com as mãos na cintura da sua mãe. Eles estavam preocupados, mas imagino que eles sorriem muito um para o outro.” Narrou o Guerra, vendo o amigo sorrir.

“Fico pensando qual era a ideia do meu pai.”

“Nós todos estamos pensando isso, cara. Porque, com todo o respeito ao tio Dan, foi uma bela cagada que ele aprontou.” Resmungou Pietro, suspirando novamente. “O que nós vamos fazer até virem nos buscar, Eric?”

“Viver, Pietro, da melhor forma possível.” O cego desligou o chuveiro e o amigo passou uma toalha para ele. “Obrigado. Não temos para onde fugir ou o que fazer além de viver. Precisamos tentar interferir ao mínimo no rumo das coisas e portanto nos acontecimentos da linha do tempo, mas vamos ter que viver com nossos pais aqui no passado. E, conhecendo eles, eles vão querer conviver muito com a gente.”

~*~

No quarto feminino, essa hipótese era provada. Ella e Milena haviam acabado de sair do banheiro e agora estavam sentadas em um colchão, conversando baixinho. Do outro lado do aposento, Marcelina e Margarida as observavam.

“Hã, Margarida, você tem uma escova de cabelo aí?” Pediu Ella, sem encarar a mãe. A garota levantou e apanhou o item pedido, o levando para a filha. “Valeu.”

“É estranho?” Perguntou Marcelina depois de um tempo, atraindo a atenção das duas. “Ver a gente, nessa idade?”

Era estranho ver elas cara a cara e não por foto, era o que elas queriam dizer. Estar na presença de suas mães era desconcertante e elas não sabiam como agir.

“Um pouco.” Acabou admitindo Milena, pegando a escova da mão de Ella. “Droga, tá cheio de nós.”

“Seu cabelo é um nó.” Ella riu, mas antes que a alcançasse para ajudá-la, Marce tinha se aproximado.

“Posso?” Pediu estendendo a mão. A menina entregou a escova para a mãe, que sentou atrás dela e começou a desfazer os nós com cuidado. “Meu cabelo também é muito fino, e vivia cheio de nós. Minha mãe que me ajudava com isso, porque eu não conseguia sozinha.”

“Eu sei, você sempre passou um creme especial no meu cabelo para ajudar a diminuir. Mas eu acho que ele ainda não existe nesse tempo.” A baixinha deu de ombros, sentindo o toque suave da mãe em seu cabelo. “O papai ficava louco quando tinha que me ajudar, ele quase arrancava o meu cabelo fora.”

“O seu pai, ele... Ele é um cara legal?” Perguntou a Guerra mais velha, curiosa.

“O cara mais legal do mundo inteiro, o melhor pai de todos.” Ela sorriu saudosa e Marcelina mordeu o lábio inferior.

“E eu já conheço ele? Digo, ele é do nosso grupo?”

“Eu não posso contar, Marcelina, sinto muito.” Pediu a garota e a mãe acabou concordando.

“E o seu pai, Ella? Ele é legal?” Perguntou Marga, encarando a filha rebelde.

“Posso dizer o mesmo que a Mili sobre ele. Meu pai é o meu herói, e eu devo muito do que eu sou a ele.” Ela disse uma forma tão apaixonada e inflamada que Margarida se sentiu um pouco mais segura, mas nem tanto. Era frustrante saber que o pai dela não era quem ela queria no momento.

~*~

Por fim, metade do pessoal foi embora. Acabaram ficando Paulo, Marcelina, Alicia, Mário, Carmen, Daniel, Margarida, Jorge, Maria Joaquina e Valéria. Os demais foram contra à vontade, mas já tinham compromissos assumidos. Combinaram de não dizer uma palavra sobre o que estava acontecendo até saberem como prosseguir.

“Por que vocês não chamam eles de pai ou mãe?” Perguntou Valéria depois de um tempo, quando já estavam sentados na sala comendo pizza. Ela observou Pietro chamar Paulo pelo nome e se intrigou.

“Porque eles têm a nossa idade?” Ella respondeu grosseira, recebendo um olhar feio de Milena e Pietro.

“É estranho, Valéria, porque eles são bem diferentes dos nossos pais, mesmo sendo iguais.” Explicou a pequena Guerra.

“É, dá para ver pela foto da Carmen e do Dan.” Concordou Alicia, vendo a foto que estava apoiada ali perto.

“Vocês não têm nenhuma da gente?” Perguntou Margarida, curiosa.

“O Pietro tem.” Lembrou Eric e o amigo o fuzilou. “Você tem aquele aparelho holográfico sempre no bolso.”

“Mas só tem fotos antigas nele.” Se justificou o rapaz, já que nas mais novas só apareciam os pais ‘desconhecidos’.

“Antigas quanto?” Perguntou Maria Joaquina.

“Até quando a gente tinha uns oito anos, mais ou menos.” O garoto deu de ombros, pegando um aparelhinho que todos se perguntavam o que era no canto da sala. “E não posso mostrar todas as fotos... Tem fotos da minha mãe e dos pais das meninas.”

“Tudo bem.” Concordou Paulo, encarando Alicia cabisbaixa no canto da sala.

Pietro manejou o aparelho com maestria, e logo uma foto pairou no ar, causando alguns suspiros de fofura. Na imagem podiam ver Paulo, uns bons anos mais velhos, e uma versão pequena de Pietro, os dois abraçados em uma rede, dormindo em sono cúmplice.

“Em que raio de dimensão paralela Paulo Guerra é um pai carinhoso e fofo?” Se surpreendeu Valéria.

Inconscientemente, Paulo e Pietro encararam Alicia e puderam vê-la sorrir discretamente, os olhos brilhando. Suspiraram mais aliviados e o garoto se sentiu mais tranquilo para passar as fotos adiante.

Na próxima que escolheu, ele devia ter perto de um ano e o pai o estava ajudando a dar seus primeiros passos. Na outra ele tinha poucas horas de vida e, pela cara, Paulo estava se atrapalhando todo para segurá-lo.

“Ai, que fofos.” Maria Joaquina guinchou ao ver uma foto em que Paulo e Marce apareciam. Pietro devia ter perto de um ano e estava no colo do pai, enquanto uma menininha ressonava tranquila no colo da mulher. “São vocês dois?”

“Sim, no meu aniversário de um ano. A Mili era a maior dorminhoca da história.” Contou o garoto, recebendo uma careta da prima. “Quase todas as fotos dela, até um ano e meio, ela está dormindo.”

“Gente, eu quero tatuar essa foto na minha testa, colar na parede do meu quarto, guardar em um potinho para nunca mais perder.” Valéria estava largada no chão, em sua pose ‘desmaiada’. “Vocês dois são os irmãos mais fofos do mundo, e ver vocês com seus filhinhos, assim... Ai, gente, o forninho da pessoa não aguenta.”

“Tem mais fotos minhas?” Pediu Marcelina, ansiosa.

“Algumas... Deixa eu ver.” Pietro encarou o aparelho, mexendo depressa.

Logo apareceu uma foto em que Marcelina e Milena estavam vestidas de Branca de Neve, no aniversário de cinco anos da menina. As duas na praia, na beira do mar, com a criança agarrada no colo da mãe, morrendo de medo da água.

“É você e o Eric?” Perguntou Alicia, vendo as duas crianças abraçadas na foto.

“Selecionei a foto errada.” Se desculpou Pietro, enquanto a prima ria.

“Qual foto é?” Perguntou o rapaz cego, curioso.

“A do teatrinho do pré, quando a sua mãe colocou a gente para fazer Romeu e Julieta.” Contou a garota e ele riu.

“Seu pai me perseguiu uma semana depois disso.”

“Ninguém mandou você beijar o rosto dela.” Resmungou Pietro e Ella gargalhou.

“O que o pai das meninas que você agarra diriam se soubessem que você beija tudo, menos o rosto delas?”

“Vai se foder, Ella.” Resmungou o rapaz.

“To shippando Mieri e Piella.” Suspirou Valéria, recebendo um olhar abismado dos amigos. “O que foi? Os filhos de vocês são shippaveis.”

“Eu desconfio que vou começar a beber muito em breve.” Resmungou Paulo, massageando as têmporas.

“Tem mais alguma foto nossa aí, Pietro?” Perguntou Carmen, curiosa.

“Hum, deixa eu ver. Ah, de vocês eu posso mostrar os dois juntos, então fica mais fácil.” O rapaz riu, selecionando uma foto muito fofa em que aparecia Eric com os pais, os quatro com roupas de Superman.

“Que foto é?” Perguntou Eric, curioso.

“Seu aniversário de três anos, vocês fantasiados.” Contou Ella, e os ‘adultos’ se surpreenderam com a naturalidade que eles ajudavam o amigo a ver as lembranças.

“Foi nessa festa que o Pietro comeu quinze cachorros quentes e vomitou no brinquedo?” Perguntou Mili.

“Não, isso foi no de cinco. Essa foi a que ele estava aprendendo a usar o banheiro e achou que seria uma boa ideia fazer cocô na nuvem de plástico sorridente.”

“O quê? Parecia o meu pinico. Reclama com os meus pais por isso.” Ele ergueu as mãos em sinal de inocência e todos riram.

“Sua mãe deve perder os cabelos tendo você e o Paulo em casa.” Comentou Jorge, rindo.

“Você nem imagina o quanto.” O garoto sorriu saudoso, colocando outra foto. “E aqui temos uma foto da época em que a Ella era delicada, fofa e carinhosa.”

“Vou enfiar a mão na sua cara por mostrar isso.” Ela resmungou, vendo a foto do seu quarto aniversário, em que ela quis uma festa da Princesa Ella e fez a tia Maria Joaquina desenhar um vestido especial para a dita princesa, com um combinando para Margarida.

“Ah, a famosa foto da Princesa Ella?” Eric nem precisou que o dissessem para saber do que se tratava, porque sabia que a amiga odiava aquela festa.

“Por favor, por tudo que há de mais sagrado, não me deixa escolher os temas das minhas festas antes dos dez anos.” Ela implorou para Margarida, bufando irritada.

“Nem vem que na época você adorou.” Mili lembrou aos risos. “Você era um pontinho cor de rosa até os dez anos.”

“E aos dez anos deixou os cabelos cor de rosa, na altura do queixo e começou a usar minhas roupas e do Eric.” Lembrou Pietro aos risos. “Ah, sua doce fase rebelde.”

“Vocês estão querendo deixar a gente desesperados com o futuro?” Perguntou Daniel, chocado.

“Acho que isso é mais um aviso de ‘pensem bem antes de transarem sem camisinha’.” Riu Valéria e os quatro amigos a olharam com nojo.

“Pelo amor de Deus, você está falando dos nossos pais. Ai, meu Deus. Eca, eca, eca.” Mili fez uma cara de dor extrema, tampando os olhos com as mãos.

“Francamente, mulher, controle-se.” Pediu Ella, enojada.

“É, tá oficial, preciso de vodca.” Paulo se levantou do sofá e rumou para a cozinha.

“Traz um copo para mim, maninho, por favor.” Pediu Marce, corada.

“Dois, cara, traz dois.” Marga completou a amiga, chocada.

“Cara, vocês realmente mudaram bastante.” Observou Mário, encarando Margarida na foto. “Tipo, dá para reconhecer que são vocês, mas ao mesmo tempo é muito diferente. Entendo porque eles ficam confusos.”

“Bom, para mim não faz muita diferença, só não chamo para não assustar eles mesmo.” Brincou Eric e os amigos riram, mas os ‘adultos’ ficaram penalizados. “E esse é o silêncio de pena do ceguinho. Não precisa disso, gente, sério.”

“Quantos anos você tinha quando... Bom, quando ficou cego?” Perguntou Alicia, sem jeito.

“Eu tinha nove anos, tia Ali. Não posso falar muito sobre o que aconteceu, mas como já disse, cacos de vidro e eu não temos uma boa história.” Ele explicou, sorrindo triste.

“Mas esse maldito consegue ser o desenhista mais habilidoso que eu conheço mesmo assim.” Contou Pietro, tentando exaltar o rapaz.

“Como assim?”

“O Eric sempre desenhou muito bem, desde pequeno. Quando ele ficou cego, todo mundo achou que ele não ia mais poder desenhar, e por um tempo ele não pôde mesmo. Mas alguns anos atrás ele começou a arriscar com base no tato, e os desenhos são ótimos.” Contou Ella, vendo o amigo dar de ombros.

“Você pode mostrar?” Pediu Carmen, curiosa.

“É só me arranjar um lápis, papel e algo para desenhar.”

“Você consegue desenhar pessoas?”

“Ele faz retratos lindos.” Garantiu Mili.

“Eu acredito no que eles dizem, já que não posso ver o resultado final.”

“Então me desenha.” Carmen veio com os materiais e colocou na mesinha. Pietro ajudou Eric e chegar até lá e o rapaz sentou em frente ao caderno. “O que você precisa?”

“Tocar o seu rosto e ‘ver’ ele inteiro.” Explicou o filho, tímido.

“É meio estranho na primeira vez, porque ele realmente tem que tatear tudo. Mas depois de um tempo você se acostuma.” Avisou Ella, pegando outro pedaço de pizza.

“Bom, pode começar.”

“Licença.” Ele pediu, erguendo a mão no ar. Pietro fez um sinal discreto para que Carmen guiasse a mão dele e ela o fez, colocando em sua bochecha. “Você está corada, sua pele está quente.”

“É impressionante.” Sussurrou Marcelina, segurando o copo que Paulo havia trazido.

Por alguns minutos, todos observaram em silêncio enquanto Eric passava a mão por todo o rosto de Carmen, delineando o nariz, a bochecha, o contorno dos olhos, o formato da boca. Logo, ele manteve apenas a mão esquerda ali, enquanto com a direita procurava o lápis. Tateou a folha e encontrou o ponto central dela, fazendo um furo. Então, começou a desenhar com uma mãe enquanto mantinha a outra no rosto, para ir conferindo os detalhes que ia recriando.

Demorou quase meia hora, mas quando ele acabou, todos estavam surpresos. Os traços eram grosseiros e sobrepostos, já que ele não conseguia enxergar o que fazia para apagar e melhor defini-los, mas qualquer um podia dizer que era Carmen na imagem, recriada da forma que Eric a sentia.

“Está lindo, Eric.” Ela elogiou, emocionada. “Você tem um dom incrível.”

“Valeu, mã... Digo, Carmen.” Ele sorriu sem graça.

“Pode me chamar de mãe se quiser. Eu não ligo.” Ela prometeu, sorrindo e Daniel sentou ao seu lado. “Gostou, Dan?”

“Ficou lindo, anjo.” Ele beijou a bochecha dela e Eric sorriu, ouvindo o estalo. “Acha que consegue me desenhar, Eric?”

“Se você quiser, Daniel.”

“Por mais estranho que seja, vamos pular as formalidades, ok? Pode me chamar de pai também, porque é o que eu vou ser, afinal.” O nerd sorriu, segurando o braço de Eric.

“Está vem, pai.” Ele sorriu mais animado, pegando outro papel. “Onde você está?”

“Paulo, ainda tem um pouquinho daquela vodca? Acho que essa situação toda é bizarra demais para presenciar sóbrio.” Pediu Mário e o amigo foi para a cozinha, voltando logo com uma garrafa e vários copos.

Pelo visto tinha um longo e trabalhoso caminho pela frente.


Notas Finais


Oi gente, como vão vocês? Capítulo fofo, né nom? É sim, porque eu amei escrever essa parte das fotos, e meu forninho caiu com a cena do Eric desenhando o rosto da Carmen. NINGUÉM ME TOCA QUE EU TO SENSÍVEL!
Vamos revisar porque tem gente com dúvidas: Pietro é filho do Paulo e da Ali, Milena é filha da Marce e do Mário, o Eric é filha da Carmen e do Dan, e a Ella é filha da Marga e do Jorge. Mas eles não podem contar quem são os pais e mães para não alterar os acontecimentos do futuro, a história do livre-arbítrio e tal.
O que estão achando? O que mais querem ver? Digam que vou fazendo o possível para atender!
Beijos e queijos para vocês, meus babys <3


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