P.O.V.- Thyana
Já se passaram alguns meses desde que o Ian chegou. Eu e ele aproximamo-nos imenso nestas últimas semanas. As invasões ao meu Reino acabaram, o que fez com que o meu pai me desse mais liberdade. Os “limites” que ele me impôs, de onde eu posso ir, abrangem agora uma área muito maior. E isto só dá mais trabalho ao Ian, pois eu quero ir “explorar”, e ele tem obrigatoriamente de vir comigo.
-Thyana! Espera por mim!- gritou o Ian- O Spirit não anda tão depressa a longas distâncias. Pára um segundo!
Fiz o que ele pediu, parei, e esperei que ele me alcançasse.
-Tu és doida!- disse ele sorrindo.
-Nem sempre.
-Só quando foges dessa maneira.
Nós agora vamos tão longe, que o Shadow já não nos consegue acompanhar. Sempre que repara que vamos para muito longe, dá meia volta, e regressa ao castelo.
-Vamos descansar um pouco- disse ele.
-És tão fraquinho!
-Não sou eu, é o Spirit.
-Está bem! Vou fingir que acredito.
O Ian dirigiu-se a uma sombra, desceu do cavalo, e sentou-se, fiz também o mesmo que ele, sentando-me ao seu lado.
-Até que gosto de dar estas voltas contigo…- disse ele.
-Claro que gostas, sou uma companhia fantástica.
-Não duvido. Continuando, só acho que desta vez viemos para muito longe, quase não vejo o castelo.
-Não me vai acontecer nada enquanto estiveres aqui comigo.
-Acreditas em mim?
-Com todas as forças do meu ser… colocava a minha vida nas tuas mãos sem pensar duas vezes.
-Isso é…obrigado!
-De nada!- disse eu, dando-lhe, depois, um beijo na bochecha, ele sorriu e ficou um pouco corado.
-Queres ficar aqui um pouco?- perguntei eu.
-Sim! Trouxe alguma comida, por isso podemos ficar por cá mais tempo.
Pousei a cabeça no ombro dele, para descansar um pouco. Alguns minutos depois, levantei-me.
-Vamos?- perguntei eu.
-Já?
-Não é para o castelo, vamos continuar.
-Continuar!? Tu queres ir ainda mais longe?
-Não sejas chato, Ian! Fazes o que eu quiser que faças.
-Pois…vamos, então…
Ele levantou-se, ajudou-me a subir para a Fénix, e ele subiu para o Spirit.
-Queres ir onde?- perguntou-me ele.
-O mais longe possível!
-De certeza?
-Absoluta!
-Então vamos!
Nós continuamos o nosso caminho até uma aldeia, depois voltamos para o castelo.
-Isto foi cansativo!- disse ele, sentando-se no meu sofá.
-Eu não acho que tenha sido.
-Pois claro! Posso descansar um bocado?
-Está à vontade!
-Não vais fugir?
-Só fazia isso ao início!
Ele deitou-se no sofá, e fechou os olhos.
-E porquê que o fazias?
-Agora gosto da tua companhia, e não me importo que estejas ao meu lado constantemente.
-Antes não gostavas?
-Não era não gostar, era mais…precisava de ter a certeza que podia confiar em ti.
Ele sorriu, e depois deixei-o dormir. Descalcei-me, peguei no meu livro favorito, e continuei a ler.
************************
Passaram-se mais algumas semanas, e sem invasões, o meu pai começou a suspeitar que alguma coisa não estava bem, mas ignorou essa sensação, pois achou que, se eles quisessem alguma coisa com o Reino não esperavam mais de dois meses.
Para além disto, acho que começo a nutrir sentimentos pelo Ian, acho que gosto dele, quer dizer, nunca gostei realmente de ninguém, mas ele tem qualquer coisa que me atrai, e que me deixa desnorteada. Faz-me sentir especial, é super querido para mim, protetor (bastante), aquele corpinho é perfeito, o cabelo fica-lhe espantosamente divino quando está meio despenteado, aqueles olhos verdes deixam-me completamente hipnotizada, quando estou muito perto dele sinto-me extremamente bem, e ele tem aquele seu charme encantador que me deixa ainda mais apaixonada.
-Princesa!- ouvi alguém chamar, enquanto estou no quentinho dos meus cobertores- Princesa!- é o Ian que me está a chamar- Princesa, estás acordada? Thyana!
-Que foi, Ian! Estás a acordar-me tão cedo porquê?
-Quero que vejas uma coisa, que de certeza nunca viste.
-Diz logo de uma vez, ainda nem se quer nasceu o sol, quero voltar a dormir.
-Anda! Levanta-te! Não sejas preguiçosa. Vais gostar!- disse ele, tirando os cobertores de cima de mim.
-Ian! Está frio, volta-me a cobrir.
-Anda!
Eu levantei-me, a custo e sem vontade nenhuma. O Ian pegou num dos cobertores, dobrou-o, e depois dirigiu-se à porta.
-Vamos, segue-me.
Eu segui-o pelos corredores do castelo, pela escadaria que leva aos andares de cima, até chegarmos ao último andar do castelo.
-Onde vamos?
-Já vais ver, sê paciente. É uma virtude que qualquer princesa deveria ter.
-Paciente é algo que não sou, nem nunca fui.
-Também é algo que se aprende a ser.
Ele segurou-me a mão e ajudou-me a subir para o terraço.
-O que estamos aqui a fazer, de madrugada?
-Já vais ver.
O Ian ajudou-me a sentar no muro, sentou-se ao meu lado, e depois cobriu-nos com o cobertor. Os nossos braços tocaram-se, o que me fez sentir uma leve descarga eléctrica.
-A sério Ian, conta-me!
-Espera!
-Tu é que sabes.
Encostei a cabeça no ombro dele, e esperei. Passaram-se alguns minutos, até eu ver o sol nascer no meio das montanhas.
-É lindo!- disse eu, olhando para o Ian.
-Demorei algum tempo para descobrir como vir aqui para cima, se não, tinha-te trazido para ver isto mais cedo.
-É realmente magnífico!
-Ainda bem que gostaste!
-Tinhas razão, nunca tinha visto algo deste género.
-Claro que não, acordas sempre muito tarde para ver o que quer que seja.
-Vou começar a acordar mais cedo, ou pelo menos, tentar.
-Espero bem que sim!
-Este sítio também deve ser bom para ver o pôr-do-sol, não achas?
-Claro! Vemos isso logo à tarde!
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Depois do almoço, o Ian levou-me até ao jardim do castelo. Connosco vinha o Shadow, e o Ian trazia uma viola.
Ele sentou-se num banco, que fica mesmo junto às roseiras, e de baixo das cerejeiras, e, nesta época do ano, está tudo florido, o que torna a paisagem muito bonita, e torna tudo ainda mais romântico.
O Ian pegou na viola, e eu sentei-me junto dele, com o Shadow deitado aos meus pés. Ele começou a tocar, e eu fiquei a observá-lo, encantada. O Ian é tudo de bom, e a cada momento que passo com ele, sinto-me cada vez mais atraída. Algum tempo depois, ele começou a cantar uns versos. Será possível que este homem se mostre ainda mais perfeito? Como é que o meu pai pretende que eu case com outro homem, quando me põe um guarda-costas como este ao meu lado, a proteger-me? Sendo o Ian como é, como é que o meu pai pretendia que eu não me apaixonasse por ele? Acho que vou fugir com ele, para bem longe. Não ia aguentar permanecer com o Ian como guarda-costas, e ter um marido que não fosse ele ao meu lado.
Passado um tempo, o Ian parou, olhou para mim, e sorriu.
-Uau!- disse eu.
-Gostaste?
-Muito! Não imaginava que tocavas, nem que tinhas uma voz tão harmoniosa.
-Não é para tanto, princesa!
-Gostei mesmo muito!- disse eu, beijando-lhe a bochecha, ele corou um pouco, e depois sorriu- Porquê que não me mostraste os teus dotes musicais mais cedo?
-É na primavera que fico inspirado. Queres aprender a tocar?
-Não é preciso.
-Eu gostava de te ensinar.
-Se insistires muito, pode ser que aceite.
O Ian levantou-se, veio por trás, sentou-se na parte de cima do banco, e colocou a viola nas minhas pernas. Depois, pegou nas minhas mãos, e colocou-as no sítio certo. E disse que me ia ensinar o básico.
Passado um tempo, já não ligava ao que ele dizia, estou tão perto dele, que consigo sentir o delicioso odor que ele emana. É um aroma bastante agradável, que me está a deixar completamente embriagada, o que não me permite prestar atenção a nada do que se passa ao meu redor. Apenas me preocupo em sentir os músculos dele nas minhas costas, pois, ele, entretanto, desceu e eu fiquei sentada no meio das suas pernas. As mãos dele guiam as minhas, e a cabeça dele está apoiada no meu ombro. Enquanto ele falava, palavras que simplesmente não consigo ouvir, por estar completamente encantada pelo ser magnífico que está com o corpo colado ao meu, sentia a sua respiração no meu pescoço, o que me fez sentir uma sensação extremamente prazerosa invadir todo o meu corpo. Será possível que alguém se consiga concentrar com um homem destes por perto?
-Acho que por hoje chega!-disse ele, saindo de trás de mim.
Deixar de ter o corpo dele junto ao meu, fez-me soltar um som, quase inaudível de frustração.
-Já!
-Como já!? Está quase a ficar noite. Não queres ver o pôr-do-sol lá de cima?
Ele levantou-se, pegou na viola, e estendeu-me a mão, ajudando-me a levantar.
-Vamos, então!- disse ele.
Eu fui na frente dele, chegamos ao terraço, e ele ajudou-me, de novo, a sentar-me no muro. O Ian sentou-se ao meu lado, pousando a viola ao seu lado, e esperamos o pôr-do-sol.
Aos poucos, o céu ficou com tons de rosa e laranja.
-É lindo!- disse eu.
-Aqui de cima, é mesmo magnífico- disse o Ian- Não tanto como tu, mas…- disse ele, muito baixinho.
Fingi que não tinha ouvido, apesar de, cá dentro, estar super feliz. Quer dizer, o homem que eu acho que amo, acabou de dizer que sou mais linda do que este pôr-do-sol fantástico, tenho razões para estar feliz.
-Thyana!
-Sim?
-É para ti!- disse ele, mostrando-me uma rosa vermelha.
-O-o-obrigada! – disse eu, pegando na rosa com uma das mãos- És muito querido! - dei-lhe um beijo na bochecha.
O Ian sentou-se virado para mim, a sua mão foi lentamente até uma das minhas faces, e acariciou a mesma com o polegar. Os olhos dele estavam brilhantes, e focados na minha boca. Ele aproximou os seus lábios dos meus, até estar a milímetros de me beijar. Senti a sua respiração nos meus lábios, o que me deu ainda mais vontade de colar as nossas bocas, num beijo que tem-se tornado desejado por mim, há já algum tempo.
Depois, do nada, os seus lábios afastaram-se dos meus, e recebi um beijo na testa.
-Vou-te proteger sempre, prometo!
Continua…
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