História For You - Are You Real?

Annie Saint Clair Point Of View
Los Angeles, 1983

Me encontro paralisada, totalmente incapaz de fazer qualquer movimento, ou até mesmo de falar. Gostaria de correr até ele, pular em seus braços e sussurrar o quanto eu o amo em seu ouvido, porém não estou apta para isso. É como se eu estivesse anestesiada e ele fosse a anestesia. Creio que não existe palavras para descrever a sensação de conhecê-lo.

Eu não conseguia me concentrar em mais nada, eu só tinha olhos para ele. Todos seus movimentos eram perfeitos, o jeito que ele conversava, o jeito que ele andava, o jeito que ele gesticulava. Absolutamente tudo era perfeito. Tenho a absoluta certeza de que se Michael olhar para mim nesse exato momento, achará que sou uma psicopata. Se eu fosse ele, acharia o mesmo.

— Você vai acabar babando desse jeito, Ann. — alertou Julie. — Por que não vai falar com ele?

— Eu?! Olha pra mim, não consigo. — expliquei nervosa. — Se já estou tremendo longe dele, imagine perto.

— Então tome uma bebida para se acalmar e criar coragem. — sugeriu. Até que não era uma má ideia. 

Pretendo fazer isso, mas não agora. No momento, estou na minha zona de conforto apenas olhando para ele. Se eu algum dia reclamei de algo, peço perdão, pois não há presente melhor do que a minha visão. Michael é absurdamente lindo. Sua pele não estava despigmentada, pois seu vitiligo ainda não se encontrava tão severo. Seu cabelo um pouco grande e levemente cacheado. Como pode Deus ter feito um ser humano tão perfeito? 

Julie havia sumido novamente, mas dessa vez a morena não estava na mesa das comidas. Rodei os olhos pelo local mas não a achei, o que significa que estou sozinha em um lugar que não conheço praticamente ninguém. Céus, preciso de uma bebida. 

Esperei o garçom passar por mim para pegar a bebida da bandeja, bebida qual não faço ideia do que seja, mas virei mesmo assim por conta do nervosismo.

— Vejo que é boa para beber. — uma voz doce e suave invadiu meus ouvidos. Era ele. Não respondi, não porque eu quis, mas sim porque não conseguia. — Posso ficar aqui com você?

— Claro! — foi a única coisa que saiu da minha boca. 

— Por que está sozinha? — perguntou curioso. 

— Minha amiga sumiu. — só Deus sabe o quão difícil foi formular essa frase. 

— Estou aqui, então não está mais sozinha. — meu corpo estremeceu ao ouvi-lo dizer isso. — Você não conhece muita gente aqui né? — perguntou. Michael é uma pessoa muito curiosa. — Veio com quem?

— Rosie e Julie. 

— Oh, Rosie comentou sobre você! — riu abafado. — A garota que perdeu a memória. — ri de seu comentário, que me deixou menos tensa. — Olha, eu te fiz rir. 

— Você já me fez sentir tanta coisa e nem sabe. — sussurrei baixo para mim mesma, porém tive a impressão de que ele escutou. 

— Eu percebi você olhando para mim desde que cheguei. — disse. — Seu olhar era... diferente. 

— Me desculpe, não era minha intenção te deixar desconfortável. 

— Não fiquei desconfortável de modo algum, muito pelo contrário. — Michael acabou de flertar comigo? 

— Então eu deveria olhar mais? — retruquei.

— O quanto quiser, mas só se eu puder olhar para você também. — ele tem as respostas na ponta da língua. Apenas sorri para ele, e de certa forma, ele entendeu que aquilo foi meu consentimento. 

O silêncio se instalou entre nós, mas esse silêncio estava muito longe de ser desconfortável. Eu podia sentir seu olhar sobre mim, e seu corpo perto do meu. Eu podia sentir seu cheiro também, e posso afirmar com propriedade que ele é o homem mais cheiroso do mundo. 

Como tudo que é bom dura pouco, logo alguém chamou Michael, mas antes de ir, ele lançou um olhar indecifrável para mim e sorriu.

Por um lado, estou desapontada por não ter tido a coragem de abraça-lo, mas por outro lado, talvez tenha sido melhor não ter revelado que sou uma fã de carteirinha.

— Oh meu Deus!!! — Julie voltou eufórica. — Eu vi você e Michael juntinhos na maior tensão sexual. 

— Que tensão sexual o que Julie, a gente só tava conversando. — expliquei. 

—  Conversar é o que ele e aquele pessoal estão fazendo. — apontou pro grupo onde ele estava. Bufei e dei de ombros. — Eu sabia que ele ia gostar de você.

O comentário de Julie fez meu coração bater mais rápido. Para ser sincera, no fundo eu gostaria de que fosse verdade. Quem não gostaria de ser desejada pelo Michael?

— Ele tá olhando toda hora pra cá. —  avisou Julie enquanto me cutucava para que eu percebesse. Levantei o olhar para ele e no mesmo momento meu olhar se encontrou com o dele, assim confirmando o que Julie havia dito.

Meu corpo gelou. O efeito que um simples olhar dele tem em mim é surreal, tudo aqui é surreal. Parece que estou sonhando e que vou acordar a qualquer momento. Nunca, nem em um milhão de anos imaginei que isso aconteceria de verdade comigo. Já me imaginei conhecendo Michael diversas vezes se ele não tivesse morrido, mas não desse jeito. Não voltando no tempo. Isso para mim é uma benção, porém não entendo por que justamente comigo. Por que a senhora me deu aquele colar? O que eu tenho de especial? Eu tenho a absoluta certeza de que todas as fãs de Michael também fariam de tudo por ele.

— Eu vou lá pra fora. — anunciei. Não estava me sentindo bem, pensar em tudo isso me deixou pesada. Infelizmente não posso desabafar com Julie, então a única opção que me resta é tomar um ar fresco.

Para a minha sorte, o jardim estava vazio. Me sentei à beira da piscina e pude observar o quão lindo esse jardim é. Na verdade, toda a mansão é maravilhosa. No meu presente futuro nunca fui em mansões assim. Gostaria de poder conhecer Neverland, mas seria impossível pelo motivo de Michael ainda não ter comprado o rancho.

Pensando bem, preciso tomar muito cuidado de agora em diante. Michael ainda não fez muita coisa que deveria fazer, e eu não posso interferir em nada que não seja relacionado a sua morte para que não haja equívocos no futuro dele.

— Finalmente te achei! — senti alguém sentar à beira da piscina, e por mais que estivesse do meu lado, sua voz era inconfundível. 

— Estava me procurando? — indaguei surpresa.

— Fiquei curioso onde a mulher mais bela da festa estaria. — em choque, arregalei os olhos. Não estava acreditando que essas palavras saíram da boca de Michael. Ele é um baita paquerador. Não posso esconder meu entusiasmo, então esboço um sorriso alegre.

— Você está à flertar comigo, Michael? — perguntei risonha. 

— Estou! — afirmou seguro de si. Eu simplesmente não consigo acreditar que estou flertando com ele.

Por um momento, esqueci de tudo, e principalmente, de que não sou daqui. Em minha mente só havia lugar para Michael. No fundo, estou com medo de nada ser real, apenas fruto da minha imaginação.

— Michael, você é real?