E lá estava eu acordando com a luz do Sol, como sempre não sonhei nada, faz um bom tempo que não sonho com algo, o dia estava frio, muitas pessoas gostam do tempo ensolarado, mas eu gosto do tempo frio, ele é perfeito assim.
- Posso entrar? – pergunta Mi-Cha batendo na porta e abrindo a mesma. – Olha se não é meu garotinho, como você está? Dormiu bem?
Mi-Cha é uma senhora que me adotou quando eu tinha onze anos, sempre tratou muito bem e um dia quero a chamar de mãe, é difícil...
- Oi Mi, eu estou bem, dormi sim, e você dormiu bem?
- Sim, eu sinto tanto sua falta lá em casa meu pequeno. – diz Mi-Cha e logo senta na poltrona ao lado da minha maca e começa a afagar meus cabelos.
- Eu também sinto falta de casa...
- Estou entrando. – diz SeokJin, o medico que me trata a um ano. – Como está você Jungkook?
- Estou bem eu acho. – sorriu fraco.
- Filho, tenho uma noticia boa. – sorri. – Hoje vamos ir até o shopping se divertir.
- Serio? – pergunto surpreso.
- Sim, como os resultados dos exames estão indo bem, você merece sair um pouco, mas não faça artes. – diz SeokJin.
Eu realmente não acredito depois de um ano eu sairei do hospital, finalmente eu irei ver pessoas e respirar o ar da cidade.
- Posso levar um amigo? – perguntei.
- Você tem um amigo aqui Jungkook? – pergunta Mi-Cha.
- Sim tenho...
- Então me apresente ele. – diz Mi-Cha animada.
- Vamos até o jardim ele deve estar lá. – sorriu e levanto-me apoiando-me no criado mudo.
- Jungkook, você só pode ir se você usar elas. – Aponta para a cadeira de rodas.
- Aish... Tá bom. – Faço bico e vou dando paços curtos até a cadeira de rodas.
- Okay, agora, Jungkook qual roupa você quer usar? – Vai até a mim e me leva até o guarda roupas.
- Hmm... Essa camiseta listrada e a calça jeans. – digo apontando.
- Está frio lá fora, use o seu cachecol azul, você gosta muito dele não é? – diz Mi-Cha.
- Sim o cachecol... – sorri fraco. O cachecol azul que mamãe fez para papai e papai deu para mim...
- Okay... Agora vamos até o banheiro tomar um banho e colocar as roupas. – sorri e me leva até o banheiro.
Já de banho tomado e vestido, estava eu e Mi-Cha indo até o local onde encontrei Jimin pela primeira vez.
- Como esse seu amigo é? – Pergunta.
- Ele é bonito Mi-Cha, ele é misterioso e cheio de segredos e legal também. – sorri.
- Estou curiosa para saber quem é. – ri.
...
- É aqui. – digo.
- Okay.
- Me espere aqui. – digo.
Ela assentiu e se senta no banco de madeira.
Vou até o lago onde Jimin estava na primeira vez e olho ao redor.
- Jimin? Jimin?!
- Oi... O que foi?
- Jimin! – sorri. – Eu e Mi-Cha vamos até o shopping, vem com a gente?
- Okay... Mas porque estas em uma cadeira de rodas?
- Ah... SeokJin disse que eu preciso usá-la, mas sei lá, ele disse que eu estava melhorando... – digo confuso.
- De qualquer forma, tudo bem... Vamos.
Jimin estava com as mesmas vestimentas de sempre, o tempo estava frio, e aquelas roupas aparentavam não esquentar...
- Mi-Cha voltamos. – sorri.
Mi-Cha se levanta rapidamente e olha para Jimin.
- Ele é seu amigo Jungkook? – pergunta sorrindo.
- Sim, Jimin essa é Mi-Cha e Mi-Cha esse é Jimin.
- Prazer Jimin. – sorri e estende a mão.
- Ele não pode apertar sua mão Mi-Cha. – digo.
- Prazer Mi-Cha. - Diz Jimin.
- Por quê? – pergunta confusa.
- Nada... – olho para Jimin e ele retribui o olhar. – De qualquer forma... Vamos.
Já no shopping, Jimin olhava ao redor das lojas e Mi-Cha me levava e dizia algo em que eu não estava prestando atenção.
- Jungkook, que tal vermos um filme? – Diz Mi-Cha.
- Okay...
- Qual filme vocês querem ver?
Olho para os cartazes e Jimin faz o mesmo.
- Que tal vermos aquele ali? – Diz Jimin apontando.
Assenti e Mi-Cha fez o mesmo.
Já na sala de filme, eu, Jimin e Mi-Cha esperávamos o filme começar, algumas pessoas conversavam e comiam pipoca e bebendo suas bebidas.
- A Culpa é das Estrelas... Uma boa escolha Jimin. – diz Mi-Cha.
Jimin sorri fraco e olha para o telão em que estava passando os trailers.
Jimin estava com o cabelo loiro, era incrível como ele mudava as cores do seu cabelo, o olhava atentamente e observava cada linha de expressão e cada imperfeição de seu rosto, ele era bonito, um anjo.
O filme começou e Jimin olhava atentamente para o telão, eu só conseguia observá-lo. Jimin me olhou e corei, e desviei meu olhar para o telão.
O filme estava quase acabando e não deixei-me olhar para Jimin, estava com tanta vergonha...
Mi-Cha já estava chorando enquanto comia a pipoca doce, era até engraçado a sua expressão e o jeito que ela comia a pipoca.
O filme acabou e eu levantei-me e fui até a cadeira de rodas me sentar, Jimin e Mi-Cha levantaram-se e Mi-Cha me levou até a saída da sala de filme e Jimin nos seguiu.
- Gostou do filme Jungkook? – pergunta Mi-Cha.
- Sim...
- E você Jimin?
- Também.
- Vamos comer algo, quais vocês preferem Mc Donalds ou Burger King?
- Mc Donalds. – Digo
- Seu nutricionista vai me matar, mas tudo bem, não mata se comer apenas uma vez. – ri.
- Fiquem sentados ai irei fazer os pedidos. – diz Mi-Cha.
Tinha varias pessoas passeando, todas muito bem agasalhadas, algumas crianças felizes e que davam pulinhos e gargalhadas e os pais gargalhavam e sorriam.
Sem perceber meus olhos já estavam marejados só de observar o casal com o filho tão felizes.
- Você está chorando Kookie? – pergunta Jimin.
- Ah... Eu... Desculpe.
- Não fique assim, porque observa aquela família? – diz Jimin e puxa uma cadeira e se senta ao meu lado.
- Eu queria ser aquela criança...
- Não fique assim okay? Estou aqui com você. – sorri e começa acariciar minhas bochechas.
- JIMIN! – O olho e os seus dedos brilhavam ele sorria e continuava a caricia.
O seu brilho era lindo, o seu sorriso acolhedor me passava segurança e paz, sua caricia me fazia sentir-me tão bem. Fechei meus olhos para aproveitar sua caricia.
Abro meus olhos rapidamente e vejo uma lagrima percorrer sobre o rosto de Jimin, ele ainda sorria.
Desvio meu rosto dos seus dedos e o vejo segurar seus dedos com força com a outra mão.
- Desculpa... Jimin... Eu...
- Está tudo bem Kookie... Você está bem?
- Sim...
- Ufa...
Tirei o cachecol do meu pescoço distribuo um beijo no mesmo, e envolvo o cachecol no pescoço de Jimin.
- Não quero que sinta frio, talvez você se sinta melhor assim. – sorri.
- Obrigado Kookie...
- Atrapalho? – Diz Mi-Cha se sentando a minha frente e coloca a bandeja na mesa.
- Não...
- Vamos comer certo?
Assenti e Jimin fez o mesmo...
Agora nos passeávamos pelo shopping olhando para varias vitrines e comendo coxinha.
- Essas coxinhas são as melhores, eu poderia morrer comendo isso. – diz Mi-Cha.
- Sim. – ri.
Olho para Jimin e o cachecol azul o deixava tão bonito, sua expressão era calma, ele olhava atentamente para as pessoas, permite-me sorrir apenas por observá-lo.
- O que foi Kookie? – pergunta Jimin e me olha.
- Nada... – sorri.
Senti uma fraqueza pelo meu corpo e o liquido vermelho escorrer das minhas narinas.
- Jungkook?
Meus olhos foram fechando lentamente, até que só ouvia vozes altas...
♥-♥
Abri meus olhos lentamente e eu não estava no meu quarto eu estava em outra sala, ouvi o barulho do aparelho que mede meus batimentos cardíacos e olhei para o lado e vi o remédio caindo lentamente no tubinho até ir até a minha veia.
Quimioterapia era ruim aquilo, ficar em um lugar por um bom tempo apenas ouvindo o barulho dos aparelhos.
Já era noite e já estava entediante estar ali, realmente queria que meus tsurus estivessem aqui para fazê-los.
Olhei ao redor do quarto e Jimin me observava sentado em um banquinho.
- Então você acordou. – diz Jimin.
- Como você entrou aqui?
- Eu não sou humano Jungkook.
- Ahh...
- Você está bem?
- Não sei...
- Entendo.
- Jungkook... Por que você chorou no shopping?
- Ahh... Eu...
- Se você não quiser não precisa contar.
- Tudo bem eu conto...
FLASHBACK ON
*Era dia vinte e quatro de dezembro eu tinha apenas oito anos, mamãe e papai estavam felizes, e eu também, embora mamãe estar em uma cadeira de rodas ela sorria e cantava Karaokê e papai batia palmas e eu fazia o mesmo, era véspera de natal, estava nevando e as luzes com cores vermelha e verde piscavam, então papai se levanta e pega o gravador e mamãe começa a cantar aquela mesma musica que ela cantava sempre.
Ouvia atentamente mamãe cantar, ela era tão linda cantando, então mamãe para de cantar e deixa o microfone cair, papai se levanta rapidamente e vai até ela.
Logo vi vários homens entrando em casa levando a mamãe para uma ambulância, papai chorava e eu sem saber o que estava acontecendo eu chorava também.
Já no hospital papai parecia mais preocupado ainda, vi um medico se aproximar de papai e falar algo para ele, e papai chorar muito, e cair no chão, eu já assustado ainda chorava muito.
Papai se aproximou de mim e me deu um abraço apertado.
- A mamãe se foi meu amor... – diz papai distribuindo selares em minhas bochechas.
Depois disso eu e papai dormimos no hospital e no dia seguinte fomos ao enterro de minha mamãe, minha avó chorava e outros parentes também, papai chorava muito, alguns familiares abraçavam papai e eu não agüentava mais ver tudo aquilo, sai de lá e me escondi no parquinho do cemitério.
- Por que está chorando? – pergunta.
Levanto minha cabeça e estava um garoto de terno, com os cabelos tingidos de laranja me olhava com o cenho franzido.
- Eu não sei... Papai diz que mamãe se foi...
- Entendo... Meu tio também se foi... – diz o garoto.
- Pra onde eles vão?... Jungkook não entende.
- Um dia você vai entender... Alguns dizem que é o paraíso, e outros temem esse paraíso.
- Paraíso?
- Sim...
- Um dia eu e você vamos para esse paraíso, você o teme?
- Jungkook, não sabe o que é paraíso.
- Hmmm...
- Qual é seu nome? – pergunto.
- Não direi, mas pode me chamar Foxy.
- Foxy? – franzo o cenho.
- Sim, raposa, todos me chamam assim por causa do meu cabelo.
- Meu nome é Jeon Jungkook, mas pode me chamar de Kookie ou Jungkookie. – sorri.
- Ok Jungkookie, talvez nos nós encontramos mais vezes...
- Jungkook, o que está fazendo ai? – pergunta vóvó.
- Jungkook está falando com Foxy. – digo.
- Foxy? Quem você estava conversando?
- Deixa pra lá...
Passou-se um ano, e papai não era o mesmo de antigamente, ele fumava e bebia, mas nunca chegou a ser rude comigo, ele contava historias para eu dormir, e deixava a musica que ele gravou da mamãe cantando sempre quando eu ia dormir.
Foi até que entrando em casa, vi garrafas de bebidas no chão na sala fui até a cozinha, e papai estava deitado, e sua cabeça tinha um buraco onde escorria sangue com abundancia.
Corri até papai e ele parecia morto, chorei muito e me deitei ao lado de papai sujando todo o meu uniforme branco da escola, envolvo meu braço na cintura de papai e o abraço e durmo ali.
Até que acordo com vovó me chamando e varias pessoas dentro da casa.
- MEU FILHO! – gritava vóvó.
Afastaram-me de papai e levaram o corpo dele, vóvó era segurada pelo meu tio, ela chorava muito e gritava.
Encolhi-me ali e cobri meu rosto com as minhas mãos e deixei-me chorar.
- FOI SUA CULPA! – Disse vóvó raivosa. – FOI POR CAUSA DE VOCÊ QUE ISSO TUDO ACONTECEU. – disse ela indo à minha direção e segura meus braços com força.
- Você nunca será meu neto e nunca foi. – cuspiu as palavras e eu á olhava assustado.
Foi até que lá estava eu novamente no cemitério, e no mesmo parquinho e chorava muito.
- Por que está chorando? – Pergunta uma voz familiar.
Levantei a minha cabeça e era ele, Foxy.
- Foxy...
- O que aconteceu?
- Papai se foi... E é culpa de Jungkookie.
- Sua culpa?
- Vóvó disse que papai se foi por causa de mim...
- Calma Jungkookie, não foi sua culpa tudo ficará bem...
Ele se aproxima de mim e me abraça apertado e afaga meus cabelos e enterro meu rosto no seu ombro e deixo-me chorar.
- Essa é sua nova casa Jungkook. – diz Mi-Cha.
- UAU!
- Eu te amo meu pequeno, espero que você me ame também...
Já no meu quarto vou até o radinho no criado mudo e coloco o CD pra tocar e a voz da mamãe ecoava pelo quarto, fui até a minha cama e deitei-me e deixei as lagrimas saírem e adormeci.”
FLASHBACK OFF
- Jungkookie...
- Tudo bem eu já me acostumei...
- Eu sinto muito...
- Está tudo bem...
Jimin se aproxima de mim e me abraça, e seu brilho logo em seguida apareceu...
- Tudo ficará bem Jungkook, você é a pessoa mais forte que eu conheci, obrigado por ser assim... Obrigado por existir.
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