História For you -Camren - Não tenho forças

Pov Valerie Turner - Especial

Aqui estava eu, no canto da sala na última carteira esperando o sinal do intervalo pro almoço, Sofia estava com Carly do outro lado, ela é a capitã das líderes. Estou cansada de correr atrás, de mendigar atenção, amor, carinho, ela mal fala comigo… isso dói de uma proporção… não sei o que tá acontecendo com ela, mas eu não suporto isso. Já sofri rejeição demais pra ficar aguentando isso todos os dias agora. Olhei pra fileira ao lado e Mel me olhava com um risinho reconfortante de lado. Neguei com a cabeça e ela suspirou dando de ombros fazendo uma careta, ela disse que não faz ideia porque Sofi está assim, mas que ela continua normal com ela e a Nath, porém quando tocam no assunto ela desconversa ou as deixa falando sozinhas…

O sinal soou e eu suspirei, juntei minhas coisas e vi Sofia saindo com Carly, iria falar com ela e seria agora, peguei meus livros e sai pela porta ficando estática no segundo seguinte, Jason a abraçou e a rodou no meio do corredor, ela riu e mais duas garotas das líderes, com suas jaquetas, a rodeavam sorrindo, ele a colocou no chão e Carly cutucou ela, ela me olhou rapidamente ficando sem graça, desviou o olhar e a vi suspirar de olhos fechados, logo Jason tapou minha visão dela e a abraçou pelos ombros saindo dali, lágrimas rolaram sem que eu tivesse controle, chega de dor… Eu não aguento isso, fui até meu armário, guardei os livros, e fui até o armário de Sofia, eu sabia a senha, então… abri o mesmo e, só pra confirmar, sua aliança estava ali, guardada, peguei a mesma olhando e lágrimas inundaram meu rosto, eu só queria saber: porque?

Peguei a mesma e coloquei no bolso da minha calça, fechei seu armário e olhei minha mão, meu dedo da aliança, especificamente. Assenti a contragosto, acabou não é?! Não vou ser um peso pra ela, me virei tirando a chave do carro do meu bolso, eu iria embora, porém… logo me lembrei, o carro não é meu, o carro foi presente pra Sofia, olhei o chaveirinho e limpei meu rosto, tirei minha aliança e coloquei no bolso juntamente com a dela. Fui até o refeitório, andei rapidamente até a mesa dos populares, assim que cheguei perto todos se calaram, peguei a chave e parei ao lado da Sofi que me olhava de um jeito indecifrável, segundos nos olhando, foi o suficiente pra eu me sentir um caco, me sentir pior ainda do que quando meu pai me humilhava. Pigarreei e estendi a mão, Sofi franziu o cenho.

-Desculpa incomodar, a chave do seu carro -entreguei em sua mão e respirei fundo contendo as lágrimas. -com licença. -digo me virando rapidamente.

-Garota estranha -Ouço alguém dizer e risadas em seguida, corri pra fora dali e quando consegui sair pelos portões liguei pra mãe Camila, sentei no gramado apertando meus cabelos com uma mão enquanto a outra segurava o celular no ouvido.

Ligação On

-Filha? Está tudo bem? -Ouço sua voz e chorei mais…

-mamãe… -digo e solucei- a senhora po-pode me buscar agora? -pergunto em meio ao choro. Silêncio.. um suspiro.

-já estou indo, meu amor.

Ligação Off

Joguei meu celular na grama ao meu lado e abracei meus joelhos… eu nunca imaginei que iria passar por isso com ela, eu sempre, a minha vida toda, fui insuficiente pra quem mais era importante pra mim, meus pais, eu nunca fui boa o bastante, encontrei Sofia e foi um Up na minha vida, eu achei um motivo pra rir, pra me aceitar, pra gostar de mim, do meu corpo, mas aí… a dor dilacerante, seus sorrisos pra eles, seus abraços neles, vamos fazer seis meses e… e acabou. Seis meses foi o suficiente pra ela me rejeitar, estava bom demais, eu estava feliz demais, minha vida estava indo em um rumo muito perfeito. Uma buzina, ergui meu olhar e vejo o carro da mãe Camila, a porta do passageiro aberta e ela me olhava, peguei meu celular e corri pro carro me jogando lá dentro, fechei a porta e a abracei… seu abraço era o melhor de todo o mundo, eu me sentia segura, me sentia amada e protegida, era como uma bolha e que nada me atingisse, porém a dor estava dentro de mim e ela não tinha como tirar…

-Acabou mamãe -digo sussurrando e ela se afastou me olhando. Tirei as alianças do bolso e mostrei pra ela que suspirou. -eu peguei no armário dela. Nem usando isso ela tava. -digo e soluço logo em seguida, ela limpa meu rosto e beija minha testa.

-em casa conversamos eu, você e sua mãe, tudo bem? -assenti, ela engata a marcha e acelera saindo dali.

-Oh meu bebê -Ouço a mãe Lauren assim que entro em casa, me jogo em seus braços e ela me aperta, outro abraço perfeito, o dela e o da Camila é tudo.. tudo que eu já sonhei. -vai ficar tudo bem, loirinha… shhhh -disse baixinho afagando minhas costas e meus cabelos.

-Filha… vem… vamos pro quarto. -assenti e soltei a Lo.

-quer colo? Eu te levo -disse ela e eu ri fraco, ergui os braços pra cima e ela riu, achei que fosse brincadeira até que ela me pegou -me abraça macaquinha -Ouço e eu ri.

-eu sou pesada, não precisa mãe -digo e fui descer porém ela me apertou mais.

-você é meu bebê hoje. Então fica quietinha, porque ainda posso te dar uns tapas - Só elas pra me fazerem rir, a abracei apertado e olhei a mãe Camila por cima do ombro da mãe Lo e ela sorria largo mas… não era um dos seus melhores sorrisos… me senti mal por só encher elas com meus problemas e não perguntar se estava tudo bem… subimos as escadas e eu pirei na força da Lauren… fomos pro meu quarto e ela me jogou, sim, jogou, na cama, rimos. Me sentei e olhei elas ir me olhavam ternamente.

-Eu amo vocês -digo e elas sorriram.

-nós também te amamos, filha. Que tal você contar o que houve hoje, hum? -disse Lauren e eu suspirei. Me joguei pra trás me deitando e logo sinto elas deitando comigo ao meu lado me deixando no meio delas.

Dois dias depois

-Filha.. você tem que comer -Ouço a mãe Camila dizer, eu estava em posição fetal em minha cama, de moletom, meias e em meio aos meus edredons.

-estou sem fome. -digo com o olhar perdido na parede a frente.

-você precisa sair do quarto, meu amor- sua voz suave e mais perto ecoou. Suspirei.

-não vou voltar para aquele colégio. Por favor não me faz ir -meus olhos se encheram.

-shhh.. tudo bem…  Ahn, o que você acha de estudar em casa? Ou… ahn.. em outra escola. -disse receosa e eu a olhei… -ou não sei… estava conversando com sua mãe sobre, e achei que fosse mesmo querer ficar longe de todo aqueles…

-mamãe -ela para e me olha, eu sorri de lado -eu podia pagar uma governanta com a minha mesada? -pergunto e ela riu, deixou a bandeja com comida ao lado e subiu na minha cama, se enfiou debaixo das minhas cobertas e me abraçou.

-não filha, mas eu e sua mãe podemos pagar. Sua mesada é sua mesada, se não gastar, você guarda. Ok? -disse e eu assenti

-posso pedir uma coisa? -pergunto receosa mesmos sabendo que ela não me negaria nada.

-claro que sim. -disse confirmando meu pensamento.

-não arruma uma velha mais velha que os dinossauros não, por favor. -digo suplicando e ela riu alto me fazendo rir também…

-sabe o que sua mãe disse? Aquela cara de pau? -neguei com a cabeça olhando ela -que ela vai arrumar a mais nova e a mais gostosa pra te dar aula. -fechou a cara e eu ri.

-IIINHAAA -escuto um grito, logo Lauren e Henri entra correndo dentro do quarto, Henri ria gostosamente alto -Inhaa -disse outra vez.

-oi bebê -digo e ele tapou os olhinhos.

-e essa cara amarrada? -pergunta Lauren e eu olhei Camila, ela ainda estava com a carranca.

-você, querendo uma gostosa pra dar aula pra sua filha -disse raivosa e eu segurei o riso.

-porque sinto que já tem alguém em mente? -pergunta mãe Lo.

-porque talvez, minha querida, eu conheça uma governanta gostosa -disse mãe Camila e eu ri.

-então você acha outra mulher gostosa? -perguntou Lauren brava… mas sei que isso é só teatro. Espera só.

-talvez… mas sabe.. ela não vem com brinde -disse mãe Camila, olhei pra ela que mordia o lábio inferior, arregalei os olhos entendendo e elas explodiram na gargalhada.

-vocês são maluquinhas -digo e elas riram.

-Inhaaaa -Ouço Henri birrento se esperneando. -daa miim -disse ainda birrento se espremendo e se esticando nos braços da mãe Lo. Comecei a rir, ele queria meu lanche.

-pega, seu monstrinho -digo e me sento, pego um pedaço do sanduíche e entrego pra ele que mandou um beijo e começou a chupar o pão. -Morde, mastiga e engole. -digo e ele negou ainda chupando o pão junto com o queijo ali dentro.

-Vida.. -Ouço Lauren chamando a mãe Mila… olhei pra ela e ela apontou com uma careta pro Henri, olhei e ele estava alisando a cabeça dela, o cabelo dela estava nascendo e daí ele ama ficar passando a mãozinha nos fios espetados, começamos a rir.

-No, no, no -disse Henri e voltou a babar no pedaço do sanduíche.

-seu sapeca -digo e sinto minhas mães em silêncio. Olhei mãe Camila e ela olhava o celular, franzi o cenho.

-ahn… preciso fazer uma ligação. -levantou -ó, é pra comer -disse brava e eu assenti. Ela passou por Lauren.

-sabe, vou procurar algo pra gente fazer… tipo, um esporte ou sei lá… tipo mãe e filha, sabe? -disse -sempre quis fazer isso… mas olha o tamanho desse trem aqui -disse se referindo ao Henri que fechou a cara pra ela e eu ri, logo ele riu também.

-poderíamos fazer hipismo. Eu vi um haras no caminho pra sua casa de praia que é maravilhoso. -digo lembrando -e eu amo cavalos- mãe Lo sorriu.

-sim, isso Valerie. Hipismo. Diferente e… irado. Depois podemos ir até lá, o que acha? -assenti. Elas estão fazendo de tudo para o assunto “Sofia" não seja falado, elas tentam me distrair a todo momento, mas eu sempre lembro dela, do amor que eu sinto, dos seus beijos, seus abraços, seus olhares lindos e brilhantes pra mim, seus sorrisos felizes, das vezes que nos amamos… acho que aquele dia foi uma despedida e só eu não notei… mas eu ainda não entendo… porque… quando estávamos quase pegando no sono eu ouvi “Eu te amo tanto" vindo dela em um sussurro quase sem forças… Então ela me abraçou e eu peguei no sono sorrindo. Só queria saber o que está acontecendo, eu sei que algo está acontecendo… porém eu não tenho forças pra remar contra a correnteza.