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História Fora da Página -Seu amor pode ultrapassar os limites? - Dois


Escrita por: beeturine

Capítulo 2 - Dois


Fanfic / Fanfiction Fora da Página -Seu amor pode ultrapassar os limites? - Dois

A lua chora esta noite.

As estrelas são ocultadas por nuvens negras de luto e as lagrimas da lua caem com calma, como se soubessem que almas deveriam ser lavadas. Solene e benevolente, ela brilhava sobre a minha pobre alma. O celular já se encontrava em pedaços no chão, assim como meu coração. Abri a janela de meu quarto e sentei na varanda, e aquele ato pareceu insultar o céu que trovejou e relampejou sem cerimônia. A chuva já encharcara meu pijama e enrugava minhas mãos. Então o choro veio. Alto e sem censura, com berros e soluços para que todos sintam minha dor, meu desespero.

Não importava o quanto as lágrimas misturadas com a chuva caíam, não parecia ser suficiente, nada parecia. Um grito horrendo me arrepiou. Era meu grito. Era minha alma querendo escapar.

-Por quê?! -solucei e deitei em posição fetal na varanda, escutando as batidas infinitas do meu coração.

Ninguém sabe a dor da morte. Ninguém quer que levem. Mas levam. Pessoas ruins, descuidadas levam o amor embora, a alegria de uma vida.

Escutei meu celular tocando no chão e, essa porcaria ainda está prestando?

Primeiro, pensei em meu irmão. No Luís. Nas piadas que fazíamos, na sensação que foi estar em seus braços depois dele ter sumido, seu cheiro tão familiar, e meu pai, que sempre brincou comigo, me encheu de beijos e carinhos, me ensinou tudo que sei da culinária, que contou mais de dezena de vezes como conheceu minha mãe. Mamãe. Oh, mamãe. Meu choro ficou mais alto. Seus braços bronzeados fortes me abraçando, sua risada... E meus irmãos. Lorena e Loreta que sempre desejaram meus olhos e meus cabelos, que implicavam para saber como era beijar alguém, que deduravam quando eu comia uma colher de brigadeiro primeiro que elas. E o pequeno Carlos. Tanto para viver ainda, para se aprender. Sempre ajudou os outros, pensando no melhor de todos.

Vovó Maria! E essa mulher? Que disse que toda moça deve saber quebrar um braço e não bajular um cara, que os aliens existem e deveriam vir em breve, Rihanna era a encarnação da deusa Afrodite, Jesus vai voltar, Spotify é coisa abençoada e "que nada se encontra e nada se acha, tudo se perde". 

Lembro que chorava por não ser igual ao papai e a mamãe. Ela me pegou no colo, sacudiu os cabelos -na época- roxos e me olhou bastante indignada com os olhos verdes.

-Menina tola! Seu pai é um tremendo de um feioso! Ele teve sorte de encontrar uma indígena MA. RA. VI. LHO. SA. Como sua mãe.

Lembro de franzir o cenho. Ela bufou irritada.

-Sarah! Você é igual a mim quando mais nova. Só os olhos. Eles são do seu avô. Aquele velho perfeito. Pense num homem bom na... Desculpa. -ela se interrompeu e agora, sei o que ela queria falar.

Quero minha família de volta. Quero tudo de novo.

O celular tocou pela terceira vez e levantei deveras irritada. Atendi e minha voz estava um lixo.

-Alô?

-You're fired.

-Quê?! -gritei quando escutei a voz de Spencer.

-Desculpa florzinha, mas realmente não estou te demitindo. -ele falou tranquilamente. Deus, tinha algo de errado.

-Então... O que houve? -meu coração acelerou. Aquele emprego é tudo que eu tenho agora!

-Bem, tenho que voltar para os Estados Unidos. Jessica quase me bateu quando avisei sobre isso. Mas ela vai vir comigo. -ele parecia destroçado.

-Mas... Spencer... Porquê? -já estava chorando de novo.

-Sarah? Sarah! Você está chorando? Shit! Por favor, não chore! Desculpa, é que aconteceu uns problemas...

Desliguei o celular e fiquei olha do para ele por algum tempo. A tela totalmente trincada, a chuva molhando meu quarto, mil sentimentos borbulhando dentro de mim, e eu pareço um poço de tranquilidade.

-Seu pedaço de merda! -berrei e lancei o celular contra a parede. Ele provocou uma rachadura na estrutura de gesso (não grande o suficiente para desmoronar, nem pequena demais para não ser notada). E senti que era assim que eu estava: Putamente rachada. Nunca xingo, mas agora, quem vai me repreender?

Me joguei na cama e chorei até dormir.

 

 

                        •        •        •

 

 

Acordo com o sol batendo em meu rosto e Sexta Feira 13 deitada no meu colo. Acariciei o pelo da gata negra e suspirei extremamente cansada. Saí da cama e xinguei a Sarah de ontem por ter largado a droga da janela aberta. Entrei no banheiro e a triste visão do meu rosto me fez querer desabar em lágrimas. Quer dizer, olha para isso! Estou horrorosa! Não que eu ligue muito para minha aparência mas se visse alguém com essa cara agora, teria saído correndo. Ou ajudado. Possivelmente, a primeira opção .

Despi minha roupa e entrei no chuveiro com tanta animação que bati a testa no box de vidro.

-Parabéns, Sarah! -exclamei irritada. Que bosta.

Agora sim, entrei no chuveiro e lavei toda a tristeza do meu corpo, coisas como ranho do nariz, lagrimas secas, sujeira da varanda mas, parecia ter se afeiçoado a minha pele. Sequei os olhos e o resto do corpo, enrolando meu cabelo na toalha. Ali, nua, de frente para o espelho, me fez ter certeza que sou um lixo. A ultima Bertazzi. E totalmente desprovida de dinheiro e comida. QUE BELEZA!

Saí do banheiro e coloquei uma muda de roupa íntima. O que se usa quando se está de luto? Preto? Deus, nem roupas pretas eu tenho. Puxei um short jeans desbotado e uma blusa rosa com desenhos pretos que era mais velha que eu. Era o pior que tinha. Calcei meus sapatos mais feios e amarrei o cabelo em meu clássico rabo de cavalo. Estava sentindo falta de alguma coisa. Olhei para Sexta Feira 13 esticada na cama, implorando por atenção e... Essa gata sempre pareceu um borrão? É claro! Meus óculos! Sorri de leve antes de lembrar do fato "depressão imediata do luto".

Fechei a minha janela sem se importar com a água empoçada, catei "Pinturas da Lua" de cima do criado mudo, passei pela minha salazinha (sala mais cozinha, uma invenção do Carlos. Argh, que merda). Desci as escadas e acelerei meus passos para evitar olhar o restaurante Bertazzi's. Dobrei na direita e caminhei até parar na Magic's Cakes.

-Deus, odeio esse nome. -bufei e puxei uma chave do bolso traseiro e entrei, sendo logo arrebatada pelo cheiro doce e inconfundível de bolo. Tranquei a porta atrás de mim, baixei as persianas e em passos lentos caminhei até o balcão, por onde deslizei os dedos como se fosse um instrumento. Contornando-o, sentei no chão e deixei as lagrimas rolarem, quentes e grossas, pelo meu rosto. O soluço alto veio logo em seguida. E depois gritos de raiva. Muitos gritos. Não que alguém se importasse, mas eram gritos terríveis e esgoelados, como um gato morrendo.

Um lindo xingamento para você mundo, que me fez sofrer.

Outro para você Spencer por me largar nessa merda de mundo que também me fez uma bela largada.

-E um imenso e nada elegante foda-se para todo mundo! -exclamei furiosa e abri a prateleira no balcão onde ficavam os cupcakes.

Aquilo me deixou tão irada! Tão bonitinhos, sem se preocupar com nada já que não estão vivos. Puxei não um, mas todos, fazendo-os cair na minha roupa e sujando meu cabelo. Comecei a guinchar como um porco enquanto destruía os cupcakes com a mão e comia-os sempre que possível. Aquele gosto doce descendo pela minha garganta era sem dúvida a melhor ironia que já vivi. E havia glacê no meu nariz, chocolate no cabelo e muito bolo em toda minha roupa.

Então minha destruição foi perdendo força, e as lágrimas retornaram.

Eles estão mesmo mortos.

Peguei um pouco do meu massacre e levei a boca.

-Ah, meu Deus, é um dos favoritos da mamãe. -gemi e chorei de novo.

Resumindo: tudo se resume em chorar, porque resumindo tudo, é só lágrimas.

Levantei cambaleante e caminhei até a antiga sala dos funcionários. Pendurado num pêndulo gancho, encontrava-se um sobretudo marrom  de Spencer. Toquei ele lentamente e puxei, jogando sobre minhas roupas horríveis e manchadas.

-Seu cretino! -berrei. Spencer também tinha me abandonado. Me deixado as custas da própria sorte.

Voltei para o balcão e abri a caixa registradora. Ainda havia dinheiro ali.

-Você foi embora e nem pagou meu salário. Seu merda. -resmunguei, peguei todo o dinheiro e saí da loja sem limpar minha sujeira, mas fazendo questão de trancar a porta da frente.

 

 

Estava chovendo.

E, particularmente, desde ontem a chuva se tornou uma desgraça da natureza. Voltei em casa apenas para pegar um guarda chuva (ah, detalhe: era um guarda chuva preto). E andei totalmente sem rumo pela minha cidadezinha. Starbucks, McDonalds, o cinema é sem graça e extremamente pequeno, pelo menos passa as estreias de filmes decentes. E a velha pracinha, onde parei e sentei no banco debaixo da cerejeira.

Engatei o guarda chuva debaixo do braço e abri "Pinturas da Lua" e Lizandra já queria se envolver e o amor da minha vida, Carter está narrando.

 

“Lizandra jogou os cabelos negros para o lado e me direcionou um sorriso malicioso.

-Walker. Que surpresa. -seus lábios vermelhos eram uma tentação.

-Lizandra Pietra Theresa. Se não me falha a memória. -devolvi o sorriso e senti um braço passar pela minha cintura. Uma loira com mechas azuis me deu um beijo na bochecha. Desvencilhei dela e encarei Lizandra com um ódio mortal. Ela estava atracada com um homem loiro que explorava suas generosas curvas com os olhos.

-Não seja possesso. -Donna sussurrou e caminhei com a tranquilidade de um boi na direção do "casal". Lizandra arregalou os olhos quando me viu e a puxei contra a parede de um , sem ver a reação do cara.

Seus olhos esverdeados pareciam arder em medo e desejo, e meu Deus, como amo seus olhos.

Beijei-a sem nem pensar e ela retribuiu. Sua boca era tão familiar, combinava tão bem e me fazia sentir bem também. Lizandra me empurrou e tropecei um pouco.

-Você é louco? -ela perguntou. Segurei seus braços e acariciei-os com os dedos. Sua pele... Tão macia...

-Lizandra. -minha voz já estava rouca. -Por favor, não me faça parar. Eu preciso loucamente de você.

Seus olhos brilharam mais intensos e  ela mordeu o lábio inferior para não sorrir.

-Não faça isso, eu fico louco com garotas fazendo isso. -sussurrei e a peguei no colo.

Ela sorriu e me abraçou.

-Faça o que quiser, Walker. -sua voz era como a canção dos anjos. Hesitei por alguns segundos e depois disparei para meu carro, onde joguei-a no banco traseiro e comecei a beija-la com tanta intensidade que fazia meu corpo inteiro tremer e se contorcer de paixão. As mãos de Lizandra tiravam minha camisa e eu lutava contra o zíper de seu vestido, mas nossos  beijos continuavam e meu membro latejava. O seu vestido escorregou pelas suas pernas e eu queria tanto possui-lá de novo. Naquele carro mesmo. Ali no estacionamento de um parque de diversões. E minhas mãos  espalmavam seus fartos seios e Lizandra gemia e se debatia contra meu membro e estava certo que essa garota me levaria à loucura.

-Ei! Tem alguém aí?!

Paramos e olhamos para janela onde alguém tentava ver o que tinha dentro. A voz era totalmente abafada pelo vidro mas ainda era irreconhecível: Donna.

-Porra Donna. -murmurei e olhei para Lizandra que tentava vestir o vestido e ela nem chegou a fechar o zíper quando abriu a porta e saiu correndo. Porra. Porra. PORRA!

Bati com força no volante e sentia o sangrou quente. Quase transamos no banco de trás em um estacionamento lotado! A gente comeu merda? Porra!

Liguei o carro e saí cantando pneus pela estrada, tentando esquecer  o que quase fui capaz de fazer.

A estrada estava deserta, então puxei a camisa cinza do banco da frente e passei pelo pescoço, o braço e já estava praticamente vestido quando...”

 

 

Uma gota pingou na página.

Olhei para o guarda chuva e ele estava tombado um pouco para o lado e a chuva aumentara drasticamente.

Fechei o livro e levantei, o sobretudo já estava pesado da água e saí da praça, pisando  em todas as poças, encharcando o tênis ainda mais. Até senti as meias fazendo "plop plop". 

Por que sempre chove quando acontece algo triste? Universo, querido! Isso aqui não é livro ou filme romântico para colocar essa chuvinha de merda!

Olhei para o lado e vi a garota gótica que comprou o cupcake na loja passando. Ela olhou para mim e jurei ter visto-a sorrir. Um arrepio percorreu a espinha, levantei o pé para dar um passo, algo no chão me fez parar.

Uma caixa de madeira escura, totalmente envernizada recebia os pingos fortes da chuva. Peguei e olhei  ao redor.

-Certo... -meti a caixa dentro do sobretudo e disparei para minha casa. Segredos se revelarão hoje, e ninguém está mais ansiosa do que eu.

 

 

 

Cupcakes.

O segredo são dois cupcakes.

Cheguei em casa molhando tudo (escorreguei duas vezes, mas isso não vem ao caso), jogando Pinturas da Lua no sofá, e largando o sobretudo na porta de entrada.

E foi quando abri a bosta da caixa e tinha dois malditos cupcakes.

Cupcakes!

Puxei um que tinha a cobertura azul com granulados rosas. Em sua forminha, vinha um papel pendurado. Abri com calma e li:

 

 

"Coma-me e traga o personagem para a vida real."

 

Noooooossa!

Até parece que comendo um cupcake , o amor da minha vida (vulgo Carter Walker) vai parar na vida real.

Mas... Não deu certo com a Alice no País das Maravilhas e com aquele cara do Matrix? Por que não pode dar certo com uma garota normal de uma cidade normal em uma vida não tão normal, já que toda a sua família morreu?

Devolvi o cupcake azul e peguei um de cobertura vermelha e calda de chocolate quente. Puxei o papel que vinha com ele e li.

 

 

"Coma-me e vá para o mundo do seu livro."

 

Devolvi o cupcake para a caixa e sentei no chão.

Tá. Agora sim, eu, a pessoa que vos fala, fiquei curiosa. Será que é verdade? Ou...

-Seja adulta Sarah! Isso não é os livros que você lê! Carter Walker nunca será seu! Nunca! -berrei e escondi o rosto nas mãos. Estou irritada. Estou cansada. Estou fula da vida.

-Que inferno! -xinguei e olhei para os cupcakes dentro da caixa e puxei o azul. Senti uma raiva tão grande pelo maldito bolo que dei uma mordida generosa e pensei enquanto meus lábios pronunciavam:

-Carter Warker, porra!

É uma escuridão sem fim me acomodou. De novo.

 

 

 

Acordei e percebíveis estava na minha cama, Sexta lambia meus dedos e eu usava uma roupa que eu tenho certeza que não estava vestindo. Levantei e senti uma  dormência na língua, mas nada que eu não pudesse dar um jeito.

-Acho que a mamãe sabe um remédio... -e comecei a chorar.

Minha mãe morreu, tá? E meu pai e meus irmãos. Então nem venha falar nada!

Levantei e eu usava um short pequeno demais e uma regata branca sem sutiã. Revirei os olhos e fui até a cozinha, onde tirei dos armários o pacote de farinha de trigo, leite, chocolate em barra, manteiga, ovos... E comecei a fazer uma fornada de cupcakes.

-Minha vida de merda se resume em cupcakes. Que maravilha.

Comecei a chorar e cantar músicas tristes enquanto colocava a cobertura e o recheio.

-Ai meu Deus, Sarah, não vá derramar lágrimas e ranho na porcaria do recheio. -solucei e escutei a campainha tocar. Passei as mãos nos olhos e desci as escadas. Abri a porta e um homem alto me encarou.

Tinha faiscantes olhos verdes com castanho e me inspecionou de cima a baixo. Engoli em seco e olhei para ele também.

Tinha uma camiseta cinza colocada de mal jeito, cabelos bagunçados e os lábios vermelhos. Percebi músculos definidos por debaixo da blusa e sabia que se tratava de um bad boy de merda.

-Oi... Ahn... Vai parecer estranho... -ele começou e o som de sua voz me fez arrepiar. -Mas não faço ideia de onde estou. Estava em uma estrada deserta e do nada apareço nesta rua. -ele deu de ombros e ficou seus olhos em mim. -Sou Carter Walker. Pode me ajudar?

 

 

 

 

 

 

 

 

 



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