História Forbidden love (HIATUS) - Capítulo 2

"Em sonhos agitados eu caminhei só por ruas estreitas e pavimentadas. Sob o halo de uma luz de rua."

- Disturbed

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Involuntariamente meu sexto sentido se encontrava ligado, sabia que algo de ruim estava preste a acontecer. Sentia que estava sendo perseguido, monitorado, observado ou ameaçado por outra pessoa. Os calafrios afetavam meu caminhar de uma forma estranha, já não tinha coragem de olhar para trás. Meus passos eram longos e no mesmo tempo pequenos. Não sabia diferenciar o frio que sentia, se era o próprio frio da madrugada ou o frio do medo. Na verdade, acho que devia ser os dois.

Me sentia vulnerável, não sabia lutar, não sabia correr rápido e a casa era de uma distância amedrontadora e totalmente desnecessária naquele momento.

Nunca senti meu corpo tão pesado, nunca senti minha cabeça tão atordoada com seus próprios pensamentos e conclusões. Me perguntava o porquê. Ontem meu dia tinha sido tão bom, que nem parecia real. 

Tudo que é bom dura pouco.

Mas, por que durar tão pouco assim? Cometi algum erro, Deus? Falando em Deus, eu chamava por ele em cada alongamento de perna para efetuar a caminhada. Rezava tanto mentalmente, que ocupava lugar com os barulhos estranhos em cada entrada que passava. Por um tempo tentei acreditar que tudo passava de uma paranóia, porém, eu sabia que nunca seria uma paranóia.

- Pai Nosso que estais no céu - tentava controlar as lágrimas que existiam em descer ladeira abaixo pelo meu rosto - Santificado seja o Vosso nome - expressava a confiança que tinha nele, que, se pedisse alguma coisa, segundo a minha e/ou a sua vontade, ele nos ouve. E, se sabemos que nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que alcançamos as petições que lhe fizemos? Não. Está completamente errado - Venha a nós ao Vosso reino - Não aguentava mais, iria explodir! Clamava com as mãos juntas, respirava ofegante e caminhava mais lento. Tudo isso para tentar ser ouvido, Deus dormia? - Seja feita a Vossa vontade, assim na Terra como no Céu - Naquele momento percebi que agora estava na mão dele, a vontade dele seria feita

- O pão Nosso de cada de cada dia nos daí hoje - Antes que pudesse terminar escuto uma voz grossa ao meu lado, já havia deduzido a vontade de Deus, não seria nada boa - Você quer ajuda? - congelei. - Nem precisa responder. Perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. - Sorrio, aquele sorriso, nunca poderia esquecer aquele sorriso escroto e nojento - E não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal, amém. - Pude ouvir o tamanho deboche em cada palavra dita por aquele ser humano desprezível - Acho que depois de orar já podemos agir, não é? Passa tudo, garoto. - E como um raio, sacou a arma em minha direção

- Eu não tenho nada, só roupas e alguns acessórios, nada além disso - tentei ser o mais neutro possível, escondia meu medo

- Você realmente acha que vou aceitar isso? Para o escolhido da noite deveria ter muito mais que essas migalhas - aproximou-se - já que só tem isso, vai isso mesmo. - arrancou com toda força a mochila de minhas mãos, em seguida a abriu rápido para verificar se tudo que foi dito realmente tinha lá

Estava em pânico, tinha medo de a qualquer momento sair gritando e levar o tiro nas costas, afinal, nunca fui sortudo. Então, não ficaria surpreso de morrer ali mesmo. Porém, naquele momento só conseguia sentir nojo dos humanos, sentia ânsia. Nem imaginava que o pior estava por vim.

Não imagina que seria espancado e deixado a ver navios.

- Tem uma cara de rico nojento, mas não tem nada de valiosa na droga dessa bolsa! - Assustei-me quando escutei os gritos raivosos vindo do outro - Ah, cara, eu andei muito, você tem noção? Porra, caralho, merda! Tenho raiva de ti, sabe como desconto a raiva? Agredido. - Segurou meu braço com tamanha força que me fez gemer de dor - Poderia te estuprar, mas não quero ser chamado de "viadinho" pelo meus colegas, só que vou te bater tanto que você irá sangrar até pelo pinto.

Rapidamente senti minha cabeça bater contra a parede de uma casa, a batida foi tão forte que imediatamente deixou um corte no local, já começava a sangrar. Era tão fraco psicologicamente e fisicamente que deixava o outra agredir sem ao menos resistir, mas afinal, era o certo, não? Ele tinha uma arma.

Sentia vários chutes em meu abdômen, já cuspia sangue pela boca e involuntariamente saia pelo nariz. Queria socar a cara do outro de volta, com todas as forças, como queria. Contudo, infelizmente querer nunca foi poder. Sentia minha garganta arranhar pelas pisoteadas que levava no pescoço. Sempre indefeso e sozinho. Como chorava enquanto levava murros e chutes sem pena ou dó.

Quando começou a enforcar já imaginava que não sairia com vida e se escapasse levaria uma grande lembrança. Sentia meu corpo ser apertado, empurrado e surrado como se fosse um saco plástico, como se não fosse gente. Naquele momento me sentia como um bicho, considerava o outro como a sociedade. Uma parte de mim sabia que séria a pessoa que apanharia até não aguentar mais e/ou morrer.

Queria gritar, mas não tinha força para nada. Já tinha desistido de conseguir reagir, apenas chorava baixo. Me sentia um lixo. Eu era um lixo. E aquela situação só deixava tudo bem mais específico 

Depois de um tempo já sentia minha visão embasada, não conseguia enxergar mais nada ao meu redor, só podia sentir o cheiro da ferratina e o vento frio que gelava meu corpo enquanto estava no chão.

Olhava o céu pedido misericórdia, apesar dos pesares ainda queria acreditar que sairia dali bem.

Realmente era tolo e ingênuo.

Sabia que Deus não ajudava quando era preciso, só que sempre fazia questão de chamar por ele. Meu corpo já tinha desistido de se importa com a dor e desistido de Deus.

Eu fechava meus olhos e entregava meu corpo, não importa se iria continua a apanhar ou até mesmo morrer. Quando minha visão ficou literalmente preta, desisti de lutar.

 Foi nessa madrugada que aprendi que seres humanos são imundos.