História Forever is a long time... - A profecia

Narrador Desconhecido:

O sol entrou convidativo pela janela do quarto. Maya dormira por apenas algumas horas, antes de se levantar e passar meia hora na banheira. Se sentia permanentemente suja e indesejada. Não viu sentido em se arrumar toda como sempre. Simplesmente, amarrou o cabelo num coque desarrumado e deitou encolhida na cama novamente. Seu quarto parecia o único lugar seguro em sua opinião.

Muitos bateram à sua porta naquela manhã. Sif, Fandrall, Thor, Jane, Daniel... Ela rejeitara um por um. Nem sequer respondeu. Apenas se manteve imersa em seus próprios pensamentos silenciosos.

Às 10:18 da manhã, alguém entrou sem bater. Loki entrou lentamente no quarto, e observou a jovem. Seus olhos estavam fechados, mas ele sabia que ela não estava dormindo. Se acostumara a vê-la usando vestidos longos e esvoaçantes, logo estranhou sua escolha de vestuário. Ela usava um pequeno short rosa claro e uma camiseta cinza. Mechas do cabelo loiro lhe caíam sobre a face, o coque quase se desfazendo.

Loki caminhou até a cama, e se abaixou perto de seu rosto.

- Ei, você - Sussurrou. Maya abriu os olhos vagarosamente, e sorriu ao vê-lo.

Ela deslizou uma das mãos por seu rosto, e ao sentir seu toque quente ele fechou os olhos. A garota estava profundamente destruída, mas ao simplesmente vê-lo ali com ela, sentia que aquele não era o fim.

Ele segurou sua mão, e beijou seus dedos. Entendia sua dor mais que qualquer um. Sabia o quanto ela estava sofrendo.

- Acho que eu me odeio agora - Murmurou ela.

- Tudo bem, eu também me odeio - Confessou ele. A princesa riu, baixinho.

- Como está indo sua relação com o... - Ela parou pensando em qual palavra usaria.

- Seu pai - Afirmou Loki - Maya, eu aprendi tarde demais que "pai" é quem cuida. Não cometa o mesmo erro que eu.

Ela o encarou incrédula, mas assentiu entendendo o que ele queria dizer. Loki sabia das coisas.

- Respondendo sua pergunta, Thor ainda está agarrado à ideia de que eu fui o responsável pela morte de Odin - Disse, por fim - Nem se eu provar o contrário, ele admitirá que estava errado. Acho tão interessante o quê o orgulho faz com alguns homens.

Maya assentiu, sem prestar muita atenção ao que ele dizia.

- Você sabia? - Perguntou aleatoriamente. O deus franziu as sombrancelhas - Sabia que eu...

- Sim - Respondeu ele, sem rodeios - Eu estava aqui quando Litócles atacou Asgard. Fui eu quem o ajudou.

Os olhos da menina se encheram de lágrimas. Ela simplesmente não sabia mais em quem confiar.

- Mas isso foi muito antes de te conhecer, você sabe - Acrescentou, quando ela ameaçou se levantar - Se ele não tivesse feito o que fez você não estaria aqui, e eu também não. Provavelmente, ainda estaria naquela maldita cela, esperando a cada dia que aquilo já tivesse acabado.

Maya ficou em silêncio. Ele estava certo. Não valia a pena se aborrecer mais ainda por algo que já acontecera.

- É, tem razão - Murmurou, deixando escapar uma lágrima indesejada.

- Ei - Sussurrou ele, segurando seu queixo entre os dedos - Eu amo o seu sorriso, mas odeio suas lágrimas. E as lágrimas caem voluntariamente, e você provavelmente não quer que eu complete esse raciocínio, certo? - Maya deu uma risada.

- Não mesmo - Riu ela - A última coisa que desejo é ser odiada pelo deus da trapaça.

- E o que a princesa deseja agora? - Loki perguntou, sorrindo maliciosamente.

- Hum... - Ela se aproximou dele, parando à centímetros de seu rosto - É segredo.

- Eu discordo - Sussurrou ele, encontrando os lábios dela com suavidade.

Ele sabia até onde podia ir. Obedeceria com afinco os limites que ele mesmo se impusera. Maya ainda era apenas uma jovem inocente, e ele sentia ser errado que seu nível de interação passasse para um contato mais íntimo. Pelo menos, por enquanto. Sim, ele era perdidamente apaixonado por aquela garota, mas não se via no direito de destruir sua inocência como fazia com tudo em que tocava.

Maya se sentou na cama, os braços ao redor do pescoço de Loki. Esperava por aquela momento desde a primeira vez que o vira sorrir. Ele a segurava contra si como se soltá-la significasse perder parte de si. Quando as coisas se tornaram um pouco mais intensas, ele reuniu o pouco de juízo que ainda tinha e se afastou lentamente.

- Eu tenho que ir falar com seu pai - Mentiu - Nos encontramos mais tarde, está bem?

- Sim, claro - Concordou Maya - Obrigada por vir até aqui.

- Princesas lindas não deveriam chorar, mas ver você chorar já é uma ofensa à minha pessoa - Ele se levantou da cama, e caminhou até a porta ouvindo-a rir timidamente.

- Ei - Chamou Maya. Loki se virou - Eu te amo.

Ele a olhou por um tempo, sorrindo. Nunca pensou ouvir uma voz tão doce dizer aquelas palavras para ele. O deus caminhou até ela, e deu um beijo suave no topo de sua cabeça.

- Eu também te amo, princesa - Disse, sincero.

[ … ]

Enquanto Loki andava sorridente pelos corredores, Daniel vinha na direção oposta à sua. Sua raiva minuciosamente bem contida foge de seu controle, e o príncipe faz questão de esbarrar no ombro do deus.

- Você não é um príncipe fantasma para esbarrar em mim, e sair como se nada tivesse acontecido - Provocou ele. Daniel parou de andar, mas não se virou - Conhece física? A física diz que dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo.

O príncipe, indignado, se virou.

- É melhor parar com as suas gracinhas. Se acha que eu sou à favor do seu envolvimento "amoroso" com a minha irmã, está muito enganado - Disse - Você não vai ficar impune para sempre.

- Impune? - Loki riu - Você é exatamente como o seu pai, meu Deus. Maya é a única que salva a personalidade geral dessa família.

Daniel avançou como uma cobra dando o bote, enforcando o deus com as mãos.

- Eu não faria isso se fosse você... - Replicou ele, a voz estrangulada - Sabe que eu sou o único capaz de achar um jeito de salvar Maya da profecia.

- É só por causa dela que eu não acabo com você aqui mesmo - Avisou o príncipe, soltando-o relutante.

Loki o observou caminhar para longe, recuperando o fôlego. Era um jovem forte para a idade que tinha.

Quando chegou na biblioteca - seu destino antes de trombar com o príncipe - ele encontrou a rainha que já o esperava impacientemente. Ela nada disse quando o viu, apenas tirou um dos livros de uma grande prateleira. Atrás havia uma espécie de leitor de digitais que leu as de Jane e ela tirou de lá um pergaminho.

- Foi escrito pelo pai de Litócles - Contou ela - Pouco antes de morrer, ele ordenou ao filho que matasse Odin. Mas seu ódio estava centrado em Thor.

- Seria difícil alguém não ter ódio do seu marido - Desdenhou Loki. Ela revirou os olhos, e abriu o pergaminho sobre a mesa.

- Aqui está... - Murmurou - A profecia.

" Duas crianças nascerão. Uma desejada e outra, filha do pecado. Destinos diferentes, ambições iguais. Contaminada e apaixonada pelas trevas uma será. Envenenado pela discórdia o futuro rei permanecerá. Nas profundezas de Owen o inimigo irá surgir. Tão forte que nem aquela que de início derrotou o mal conseguirá vencer. Somente a prole do condenação e da pureza poderá salvar Asgard do doloroso fim que se aproxima. Aquela que de olhos brilhantes como ouro, com a flecha do arqueiro, sob a destruição sucumbirá. " 

- Ygnel era um grande profeta - Loki disse ao terminar de ler - Não me admira que tenha sido tão vago em suas palavras.

- Você vai salvá-la, não vai? - Perguntou a rainha, o desespero aparente em sua voz. 

- Vou morrer tentando.