História Forever Yours - O Diagnóstico

–Jeon Jungkook eu vou te dar dez segundos pra me dizer o que está acontecendo! –A expressão do homem avermelhou-se instantaneamente, sem saber para quem olhar ou se sequer desviava o olhar, enquanto os rapazes saíam de sua cama aos pulos em busca das camisetas. Ali tinha um consolo mínimo de que não estavam totalmente nus.

– N-Não pai, a gente só tava... –O filho mais velho aproximava-se dele sendo seguido pelo amigo de cabelos verdes.

–Quieto! Deixa ele falar! –Jungkook engoliu seco, com medo do que falar pro seu pai, e abriu a boca no intuito de tentar amenizar a situação, mas foi em vão.

–Err... Hã... A gente só estava... –Taehyung por outro lado não estava tão nervoso quanto os outros quatro, voltou para junto do grupo aos risos assim que encontrara a peça de roupa que lhe faltava.

–Nós estávamos transando, você mesmo viu tio! Não é mesmo gente?!

–COMO É QUE É?! E AINDA MAIS AQUI?! O QUE VOCÊS TINHAM NA CABEÇA?! FOI ISSO QUE ENSINEI PRA VOCÊS DOIS?! HEIN?! – A cada frase solta, ele irritava-se mais, mesmo sabendo que não era essa a forma correta de resolver algum problema sem antes compreender o que levou os dois àquilo, era o que Seokjin sempre dizia. Ele ia até o filho com a expressão irritadíssima, ignorando Hoseok que tentava segurá-lo.

–É mentira pai! É só uma piada idiota! Estávamos jogando verdade ou consequência e na hora nós pensamos que...

–Eu não achei que eles fossem cumprir, foi minha culpa tio Nam. –Yoongi admitiu ainda mantendo certa distância apenas por precaução, Jungkook estava paralisado, não sabia o que dizer e nem como reagir, além é claro de permanecer com os olhos arregalados observando a situação.

–Sr. Kim, era apenas uma brincadeira, um desafio! N-Não foi de verdade e...

–Eu passo o maior susto com seu pai no hospital e vocês fazem isso... Quer saber? Arrumem essa bagunça, vou pegar o que preciso e voltar. –A expressão decepcionada dele partia o coração do filho mais velho, que tentava segui-lo assim que ele saía.

–P-Pai... Por favor... –Em uma tentativa de chamar atenção de Namjoon, o garoto se levantou devagar da cama, tentando alcançá-lo. –Pai! Espera!

–Por que você falou aquilo Tae? Ficou maluco? –Jimin voltava a realidade ficando extremamente envergonhado.

–Mas não é verdade? –O rapaz continuava a rir ainda interpretando aquilo como apenas uma brincadeira.

–Claro que não porra! Agora os dois vão se foder por sua culpa seu anencéfalo!

Yoongi resolvia voltar com alguns palavrões, sabia que só assim o amigo poderia compreender o que havia feito, os três já vestidos resolveram voltar ao quarto do filho mais novo afim de deixar os dois sozinhos com o pai. Ainda estavam atônitos e muito envergonhados. Namjoon entrava no banheiro no fim do corredor, a poça com o sangue de Jin estava começando a secar, fechou a porta e se dispôs a limpar.

–Que droga Kook! E o que a gente faz agora? –Hoseok enterrou os dedos nas mechas de cabelo os fazendo desaparecer pelo negro dos fios, visando um nervosismo que beirava o desespero.

–Sei lá! Pedimos desculpas?  –O garoto finalmente se pronunciava, não conseguia raciocinar qualquer tipo de solução àquela altura, só pensava em importunar o pai com suas desculpas, mesmo que fosse provável não adiantar. –Espera... Vocês esconderam as garrafas?

  –Sim, mas mesmo assim ele deve saber, acha que ele nunca jogou isso na vida? –O mais velho suspirava repetidas vezes contando alguns segundos enquanto os pulmões seguravam o fôlego, era a única forma de manter-se calmo até o pai sair do banheiro. Que, a esta altura, estava quase totalmente limpo. –Temos que pedir desculpas de verdade, não só importunar ele.

–Você sabe que o pai não gosta de bebidas, se ele tivesse lembrado, nós já estaríamos mortos! –Jungkook respirava novamente de modo ofegante, temendo que a situação piorasse.

–Mas era verd... –Jimin esforçava-se para censurar as tentativas de Yoongi de agredir Taehyung.

–Não, não era verdade! Nós apenas fingimos okay? E melhor você ficar quieto.

–Agora os dois vão ter um problema sério por sua culpa. –Namjoon terminava de limpar o banheiro e suspirava preocupado lembrando-se daquela cena que encontrara ao chegar em casa mais cedo. Por fim saiu passando reto pelos filhos, que prontamente o seguiram.

–Pai, espera! Por favor. –Jungkook estava desesperado pela atenção do pai, realmente se sentindo mal. –Eu só quero falar, eu só quero pedir desculpas! Por favor me perdoa por ter tentado mentir pra você, eu só estav...

Namjoon se virava para ele e Hoseok, havia sentido um leve cheiro de álcool vir de algum dos quartos, mas queria ver até onde iria a sinceridade deles como uma forma de teste. –Sou todo ouvidos.

–Nós... Estávamos brincando de verdade ou consequência e Yoongi nos desafiou a simular uma cena de sexo a três, e acabou que você chegou quase na mesma hora. –O irmão mais velho conseguia controlar-se o suficiente para que a frase saísse de modo claro e sem parecer omitir nada. Falava pausadamente, tentando não falar algo que os prejudicasse mais tarde, e, obviamente, escondendo ao máximo o fato de terem bebido.

–Nos perdoe pai, por favor, nós estávamos preocupados com o Omma e tentamos algo para divertir e nos acalmar, os meninos não tem culpa de nada, só queriam nos ajudar. Nós... Nós bebemos um pouco além do que a gente esperava, mas eu juro que não vai mais se repetir. –Hoseok engoliu seco com as palavras do irmão visto que não esperava que uma sinceridade daquelas pudesse vir dele, e sua mente começou a entrar em colapso, imaginando que Namjoon iria os punir severamente por terem bebido.

–JUNGKOOK!! NÃO ERA PRA VOCÊ TER FALADO! MEU DEUS PAI... POR FAVOR NÃO NOS MATE, EU... EU SOU NOVO AINDA PRA MORRER! –Lágrimas de puro medo começaram a escorrer por seu rosto, enquanto encarava seu pai com um semblante assustado enquanto o irmão retrucava.

–EU TINHA QUE FALAR A VERDADE!

–QUIETOS OS DOIS! Eu estava esperando mesmo pra ver o quanto vocês iam falar a verdade. –A expressão dele mudava minimamente para uma mais tranquila, Jungkook não soube o que responder, e também não quis presenciar outro grito do pai caso abrisse a boca. Apenas respirou fundo e cerrou os punhos com força. Viram o pai suspirar e sorrir, logo em seguida aproximar-se os abraçando.

–Eu entendo que queiram se divertir para se distrair, essa situação do pai de vocês está difícil, mas só não me escondam nada ta bem? Tentarei relevar o caso da bebida, é bom mesmo que não se repita.

–Sim, pai... Desculpe. –Ambos disseram quase o mesmo tempo, sentindo como se um enorme peso saísse dos ombros de ambos ao ver o pai assumir uma pose mais tranquila. Mas, isso não mudava o arrependimento que tiveram assim que viram-no com a face decepcionada.

–Como está a Omma? Está bem? –O garoto fitou os pés, engolindo seco e relaxando por um momento.

–Ele está melhor, mas estou com um pouco de medo, um pressentimento ruim que não sabe explicar o que é, como quando ele tinha aqueles sonhos malucos. –Ele se soltava do abraço sacudindo levemente a cabeça para afastar aquele pensamento, disfarçando-o com um riso soprado.

–Não precisam se preocupar, ele vai ficar bem meninos.

–Tem certeza pai? Ele não parecia nada bem quando o vimos. –Hoseok perguntou prontamente aproveitando-se da mudança de assunto, já o mais novo suspirou aliviado, encolheu os ombros e desviou o olhar dos dois. –Quando ele pode voltar pra casa? Podemos ir com você?

–Ainda não sei, e vocês podem ficar aqui com os meninos, ele vai ficar bem eu prometo ta? –Era possível sentir a incerteza em sua fala, mas naquele momento ninguém proferiu nada sobre a tal desconfiança. Mesmo com essa sensação Hoseok continuou.

–Tudo bem, podemos compensar isso que aconteceu. Nós vamos arrumar tudo. –Um pequeno sorriso surgiu em seu rosto, mas nada muito animador, voltando a olhar nos olhos de Namjoon.

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Seokjin não definiria a si mesmo como uma pessoa reflexiva, depois que Namjoon saíra seu sono pareceu ter ido embora junto, ocasionalmente uma enfermeira vinha para monitorar seus medicamentos, mas naquele instante encontrava-se sozinho.

O corpo levemente virado, uma mão sobre o colo e a outra à frente do rosto, seus olhos se concentravam na pouca luz que atravessava a janela, devia estar próximo das seis da tarde, seus pensamentos focavam-se de repente nos sonhos que tivera dias antes e, quase que automaticamente, seu peito enchia-se de preocupação.

Não só pelos seus filhos cujos não fazia a mínima ideia de como estavam, mas pelos sintomas que, se os associasse ao que conhecia sobre medicina, esperava algo realmente grave. Seokjin era formado em psicologia e muito bom no que fazia, mas mesmo que fosse uma profissão muito bonita e agradável de praticar-se para ele, preferiu ficar em casa com sua família, ele e Taekwoon fizeram faculdade juntos antes de seguirem suas especializações. No momento era a única pessoa que podia ajudá-lo.

–O-Oi Jin. –Taekwoon entrava no quarto devagar, sorriu levemente ao ver o amigo acordado. Seokjin fitou a porta ao ouvir aquela voz, e abriu um pequeno sorriso ao ver o amigo.

–Olá Taek.

O médico suspirava nervoso, havia conseguido os diagnósticos mais depressa mesmo sabendo que o marido ficaria magoado consigo. Mas naquele momento não podia deixar de ajudar.

–Como está se sentindo?

Seokjin percebeu o nervosismo do médico, mas deixou quieto, apenas se endireitou na cama e apertou os lençóis com uma mão. –Estou bem, não estou sentindo mais tantas dores.

–O Namjoon me avisou que iria sair e logo voltava, queria falar com você sozinho primeiramente. –Aos olhos analistas expressão nervosa dele denunciava o assunto seguinte.

Jin suspirou e apenas assentiu com a cabeça, não dizendo mais nada, apenas por já entender do que se tratava aquela aparição do médico. –Eu... Eu já tenho os seus resultados.

Ele sentou-se a beira da cama e respirou fundo.

–Os exames indicaram isquemia cardíaca. Você estudou comigo Jin, sabe o que significa.

–Isso... E-Eu não tenho muito tempo, não é? –Engoliu seco, e abaixou a cabeça quando percebeu que sua visão acabou ficando turva por causa de meras lágrimas escorrendo por seu rosto.

–Um dos ventrículos do seu coração é menor que o normal, o sangue não é filtrado corretamente e coagula mais rápido, isso causa a sua dor, os sangramentos e os enjoos, posso tentar um tratamento com anticoagulantes, mas receio que só prolongue seu sofrimento. –Ele suspira longamente e continua a falar. –Seu coração está sobrecarregado e sujeito à arritmias repentinas, você tem de seis meses a um ano.

Seokjin engoliu seco, e mais lágrimas começaram a cair, ele sentiu um aperto no peito, mas não era como dor, e sim, medo. –Quando que eu vou poder sair daqui? –Respirando ofegante por causa do choro, apertou ainda mais o lençol que segurava e fitou o médico.

–Eu... Eu... Como... O que vou fazer agora? E o Nam? E os meus filhos?!

–Tem que dizer isso a eles o mais rápido possível, vamos tentar o tratamento, você deve tomar os remédios à risca. –O médico ajeitou os cabelos morenos discretamente, mas sem esboçar nada além de tristeza e um notório sentimento de fracasso, queria poder ter feito mais por ele. Mas no momento só o que poderia fazer seria tentar consolá-lo.

Portanto, não hesitou em abraçá-lo.

–O que for preciso... Eu só... Eu só quero aproveitar o tempo que eu ainda tenho com a minha família, apenas isso. –Apertou os olhos enquanto limpava o seu rosto no jaleco dele, já que de qualquer maneira não conseguiria amenizar sua tristeza. Via tudo ao seu redor desmoronar sem poder fazer nada a respeito. –Mas... Mas eu não faço ideia de como direi isso pros meus filhos, como vou contar isso pra ele?