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História Forms of Fear - Preparações


Escrita por: Ella13

Capítulo 10 - Preparações


Outubro

Minha mãe estava em casa, o que significava que eu precisava tomar bastante cuidado com qualquer coisa que eu falasse, era mais ou menos um campo minado. Nesses momentos, todo cuidado é pouco.

Mamãe e papai arrumavam as malas, o papai fazia visitas ao seu clube uma vez por mês, e a mamãe ao que parece precisa relaxar uns dias no spa.

Fui ao quarto da minha mãe avisa-la que estava indo para a escola. Hoje é sábado, mas logo começará os interclasses, por isso está tudo uma correria, precisamos organizar as quadras, as salas onde haverá torneios, as salas que servirão de hospedaria aos alunos de outras cidades.

- Mãe? – Falei entrando no quarto.

Ela estava tentando abrir a mala, mas parecia que algo prendia o zíper.

- O que? – Ela disse com a respiração cansada.

- Eu vou até a escola. – Falei olhando-a. – Volto a tempo de me despedir de vocês.

- Tá. – Ela disse forçando a mala para baixo com uma mão e com a outra puxando o ziper.

- Deixa eu te ajudar. – Falei me aproximando.

Fiquei ao lado dela e puxei o zíper com toda a minha força. Escutei um som parecido com um rasgão. A boa noticia é que abri a mala, a má é que ela estava presa a uma blusa da mamãe, que acabou sendo rasgada pelo zíper.

- ótimo, Eloá. – Ela disse com a mão na testa. – Quer estragar mais alguma coisa em minha vida?

Ela disse com o olhar cansado.

- Ei, eu só queria ajudar. – Falei me defendendo.

- Você sempre quer ajudar. – Ela riu. – Mas só atrapalha.

Fiquei calada. Não dava para acreditar nisso.

- Olha. – Ela disse calma. – melhor você ir logo para a escola. Lá você será mais útil.

- É. – Falei irritada. – Também acho.

Dei as costas a ela e sai do quarto, bati de cara com meu pai nas escadas, mas continuei andando.

- Eloá? – Papai disse. – Vai pra onde?

- Não enche! – Gritei já no fim das escadas

Peguei meu casaco em cima do sofá e sai de casa. Caminhava lentamente pelo calçamento, a rua era bem calma. O sol me incomodava, não era algo que eu estava acostumada.

- Quer carona? – Caleb disse ao meu lado, me assustando. Ele estava na sua moto.

- A gente tá bem? – Sorri ao perguntar e continuei andando. Ele me acompanhava com a moto.

- Eu não disse isso. – Ele disse, sua voz estava abafada pelo capacete.

- Então... Como a gente tá? – Perguntei parando na calçada e cruzando os braços.

Fazia quase um mês que eu e o Caleb não nos falávamos direito. Passávamos lado a lado e abaixávamos a cabeça para evitar o contato visual ou um ‘bom dia’.

- A gente é colega. – Ele disse simples. Isso só podia ser drama.

- Olha, eu vou a pé. – Falei cansada. – Assim evito problemas com o Tyler.

- Tá. – Ele disse, descendo da moto. – Você quem sabe.

- O que você tá fazendo? – Perguntei ao vê-lo empurrar a moto ao meu lado.

- Indo para a escola. – Ele disse sem me olhar.

Ele foi caminhando ao meu lado em silencio.

- Como seus irmãos estão? – Perguntei, algo dentro de mim me obrigava a puxar assunto com ele.

- Paul  está gripada. – Ele disse. – Mas ele melhora rápido.

- Depois posso fazer uma visita? – Perguntei tímida.

- Claro. – Ele sorriu de lado. – Se o Tyler deixar.

- Caleb. – Revirei os olhos.

- Tá preparada para os interclasses? – Ele disse rindo. Sabia que eu detestava esportes, com exceção de vôlei, vôlei com certeza é o melhor esporte.

- Nasci preparada. – Falei sorrindo.

- Talvez você jogue contra a Julie. – Ele disse.

- Ela tem quantos anos? – Eu não ligava se ia jogar contra a irmã dele, apenas queria continuar a conversar com ele.

- Quinze. – Ele disse. – Bom, na verdade ela vai fazer quinze mês que vem.

Ele falava dela sorrindo, me lembrava um pouco do TJ quando falava de mim para os amigos.

Vi a escola e comecei a reduzir os passos. Queria ficar mais um tempo conversando com o Caleb.

- Você ficou com a Poliana na primeira semana, não foi? – Dei uma verde para ver o que acontecia.

Ele franziu a testa.

- Ficar? – Ele testou a palavra.

- É. – Fiz um bico. – Tipo, se beijaram, se pegaram ou algo assim.

Ele riu e ficou levemente vermelho.

- A Poli é legal. – Ele disse. – Mas a gente é só amigos. Nunca rolou nada.

- Entendi. – Quando me dei conta já estávamos na entrada da escola. O Caleb foi para o estacionamento deixar a moto e eu fui até a cantina, para saber o que eu faria.

Me surpreendi ao ver o Connor sentado em uma cadeira enquanto a Blair massageava suas costas. Depois que o Denzel parou de ser nosso professor e passou a dar aula aos menores, eles ainda continuaram se vendo, e ela não me falou nada a respeito deles terem terminado, ou seja lá o que for.

- Oi. – Falei chegando perto deles.

- Você vai desocupar as salas do ensino médio. – Connor falou apontando para mim. – Tirar tudo, as estantes, carteiras, birro, só deixa mesmo as cortinas.

- A tá. – Fiz uma carreta. – E vou fazer isso sozinha?

- Não, né? – Ele revirou os olhos. – Você, a Camila do 2º, o Toddy do 2º e o Caleb.

- E pra onde a gente vai levar essas coisas? – Falei irritada. Eu podia ficar com a decoração, com as comidas, com qualquer coisa, fui ficar logo com a desocupação de uma sala.

- É para trazer aqui para a cantina. – Ele disse como se fosse obvio. – Bota no canto da parede e etiqueta elas para saber de qual sala foi retirada.

- E a Blair? – Falei irritada. – Ela não tá fazendo nada.

- Meu bem. – Connor se levantou. – Você está cega ou o que? Ela é minha massagista titular. Ser chefe cansa.

Ele disse pegando a mão dela e dando um beijo.

- Blair! – Falei irritada e batendo o pé no chão.

- Cada uma usa as armas que tem. – Ela disse piscando para mim e abraçando a cintura do Connor.

- Certo. – Revirei os olhos. – E o Tyler? Onde ele está?

- Ele está encarregado de pegar as autorizações e inscrições nas outras escolas. – Connor disse. – Olha aí o Caleb. Vocês estão juntos.

Connor disse me fazendo ficar vermelha e sem jeito.

- Juntos no trabalho, ok? – Ele berrou me deixando pior ainda.

- Eu entendi. – Berrei de volta. – Vem, Caleb.

Segurei o pulso dele e o puxei até o elevador.

Ele se encostou de um lado do elevador e eu fiquei do lado oposto de rosto baixo. Sabia que ele estava me olhando, e parecia fofo.

- Não precisa ficar nervosa com o Connor. – Ele disse baixinho o que fez sua voz sair rouca.

- Eu sei. – Sorri. – Ele é idiota, só isso.

As portas do elevador se abriram, entramos na sala do primeiro ano e pude ver dois alunos.

A Camila eu já conhecia, ela era uma garota alta de cabelos longos, usava óculos e sempre andava bem vestida. O Toddy jogava futebol americano, o irmão dele tinha estudado com o TJ, nós nunca nos falamos.

- Oi. – Camila disse sorrindo e vindo me abraçar. Era típico dela isso. Ao Caleb ela apenas estendeu a mão.

- Vamos começar? – Falei sorrindo por ter ficado com pessoas legais. Melhor que com a Gwendoly.

- Na verdade já começamos. – Camila subiu os óculos. – Eu e o Toddy já etiquetamos metade das bancas.

- A gente pode dividir as tarefas. – Toddy disse. – Pra acabar mais rápido.

- Por mim, tudo bem. – Caleb falou.

- Que tal assim. – Toddy continuou. – A Cami continua fazendo as etiquetas, a Eloá pode colar nas bancas que faltam, enquanto isso eu e você vamos levando as bancas já etiquetadas para perto do elevador e lá a gente resolve como faz para ir levando para a cantina.

- Tem que levar para a cantina? – Caleb disse com cara de nojo.

- O Dr Connor não teve tempo de te explicar. – Falei. – Acho que o poder o deixou louco.

- Não, de boa fazer isso. – Caleb disse. – O problema é que tem pouca pessoa.

- Foi o que eu disse. – Camila sorriu.

- Vamos? – Toddy disse e assumimos nossas posições.

Peguei uma fita com várias etiquetas já prontas e comecei a colar nas bancas e cadeiras. Não demorou muito até estarmos na sala do 3º ano. Meu celular começou a tocar e fui atendê-lo.

- É sua mãe. – Camila disse olhando a tela do celular.

- Obrigada. – Sorri e atendi.

- Eloá? – Minha mãe falou calma.

- Oi. – Falei no mesmo tom que ela. – Estou quase acabando aqui para ir pra casa.

- Não será necessário. – Ela disse simples. – Eu e seu pai já saímos de casa. A Naomi vai levar comida preparada para você as 13 hrs, eu e seu pai voltamos na terça.

- O que? – Falei decepcionada. – Você sabe que eu queria me despedir.

- Não tínhamos tempo, Eloá. – Ela disse calma. – Espero que entenda.

Ela disse me fazendo ter forças para não chorar.

- Entendo sim. – Falei com fúria.

- Certo, então nos vemos... – Desliguei antes que ela finalizasse a ligação.

Respirei fundo para não surtar.

- Você tá bem? – Camila me perguntou calma.

- Parece que to bem? – Gritei-a e sai da sala chutando algumas bancas.

Passei pelo Caleb e fui em direção ao banheiro. Bati a porta com força.

- Eloá? – Caleb falou dando leves batidas na porta. – Quer conversar?

- Não! – Berrei irritada. Estava agarrada a meus joelhos, prendendo com força as lágrimas. Ele não podia me ver assim.

- Tá. – Ele disse adentrando no banheiro.

- Tá maluco? – Me levantei rapidamente. – Você não pode entrar aqui! Se alguém ver...

Ele me abraçou, fiquei tão surpresa que não terminei minha fala. O abracei de volta. Ele era quentinho. Uma lágrima passeou pelo meu rosto até pousar na camiseta azulada dele.

- Vai ficar tudo bem, ok? – Ele disse me olhando.

- Tá. – Sussurrei lambendo meus lábios e passando a mão pelo rosto.

- Quer falar o que houve? – Ele pediu me olhando carinhosamente.

- Minha mãe e meu pai viajaram sem nem ao menos se despedirem de mim. – o abracei com força. – Isso era importante.

Falando em voz alta parecia uma grande bobagem.

- Eu entendo. – Ele disse me surpreendendo. – Quer passar a tarde lá em casa?

Ele disse. Sai do abraço dele e o olhei nos olhos. Ele tinha um olhar meigo e até um pouco perdido.

- Sua mãe não iria gostar. – Falei sem jeito.

- Ela não liga. – Ele disse simples. – O pessoal tá sempre lá em casa, ela adora.

- Vai ter muita gente? – Falei ansiosa.

- Não. – Ele disse calmo.

- Tá. – Sorri. – Acho que eu vou.

- Tá. – Ele sorriu de volta. – Qualquer coisa a gente passa na sua casa.

Ele segurou minha mão e alisou-a.

- Caleb! – Camila disse entrando no banheiro. – A vice diretora Jade vai acabar descobrindo que você entrou aqui.

- Certo. – Caleb sorriu. – Já to de saída.

- Ok. – Ela se virou e foi em direção a porta.

- Camila. – Falei sem jeito. - Desculpa por como te tratei.

Ela me olhou desconfiada e sorriu.

- Relaxa. – Ela disse. – Todo mundo tem seus maus momentos.

Caleb olhava da porta para mim. Não foi tão difícil pedir desculpas. Minha mãe não devia ter agido dessa forma, não mesm.

 



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